NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Coelho,
Ernesto Joaquim, vulgo Cristo, foi amador teatral, jogador de
futebol, cofundador do Rancho do Alcoa e sem saber uma nota de música,
instituído maestro vitalício da Banda
da Festa da Sr.ª dos Enfermos (Banda do Mestre Arnesto).
Teve
um pequeno comércio, na vulgarmente chamada Rua de Baixo, Alcobaça, aonde
vendia mesmo a quem não pudesse pagar, na esperança de um dia vir a receber.
A
alcunha Cristo, por que era
geralmente conhecido, já vem de antepassados.
Esta
é uma festa muito antiga. Manuel Vieira Natividade faz-lhe referência in O Povo da Minha Terra (1917), realçando
a romaria mais original da sua terra. Por sua vez, José Diogo Ribeiro, in Turquel Folclórico (1928) dá-lhe um
certo destaque e cita algumas rimas ingénuas e populares, na boa tradição
nacional,
Ó Senhora dos Enfermos://Aqui vimos,
aqui estamos,//P’ra o ano, se formos vivos//Ainda cá tornaremos.
Tradicionalmente
invocada pelos doentes, como já afirmava o Padre
António Vieira, no
Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: Perguntai
aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para
Senhora da Saúde, tornou-se particularmente cultuada a partir dos finais do
século XVI, sendo-lhe atribuída a intervenção
miraculosa que levou ao fim de vários surtos de peste,
ocorridos em Portugal.
Em
sua honra, foram-lhe erigidas igrejas ou dedicadas velhas capelas
preexistentes. O culto da Nossa Senhora da Saúde ou dos Enfermos espalhou-se
pelo país, chegando também a Alcobaça. A uns quilómetros acima de Chiqueda, à
beira da estrada, em dia de festa, um sinal indicava o caminho Ataíja de Baixo
– Festa. E a pé, de burro, de carroça, de bicicleta ou motorizada, de automóvel
ou trator, muita gente para lá se encaminhava. Cumprindo ainda alguma tradição,
a festa da Senhora dos Enfermos tinha os atrativos habituais, cerimónia
religiosa, música no coreto, quermesse, barracas de comes e bebes, alguns jogos
tradicionais, o fotógrafo a la minute e a imprescindível presença da Charanga do Mestre Arnesto, onde apenas
dois ou três sabiam tocar qualquer coisa, e que de manhã, antes de partir, não
deixou de dar uma volta pelas ruas de Alcobaça. A festa, ao longo dos anos, foi
perdendo caraterísticas, sendo que após o círio ter-se deixado de efetuar,
ainda participavam na procissão alguns burricos muito enfeitados, que
realizavam três voltas à capela.
Entre
as oliveiras do arraial, no meio do campo da serra, reinava a confraternização
e o bom apetite.
Grupos
almoçavam, oferecendo comida e bebida aos passantes, sardinhas, carapaus secos,
morcelas.
-Ernesto
Coelho, Cristo, ao fazer 71 anos
mereceu o jantar de convívio, congratulação e homenagem que um grupo de amigos
empreendeu.
A
sala de um dos maiores restaurantes da vila, encheu-se de homens e mulheres que
prestaram a esse homem, generoso e simples, uma bem merecida homenagem.
Ernesto
Coelho foi um bairrista que nunca disse
não e sempre deu um passo em frente, quando foi chamado a servir a sua terra.
Isso
foi destacado pelos vários oradores que deixaram falar o coração, como Fernando
Pires (em nome da Comissão Organizadora), Orlando Pedrosa de Carvalho, José
Tempero, Domingos Arinto e o Presidente da Câmara Municipal, Joaquim Rui
Coelho. O homenageado, muito comovido, tal como a esposa, recebeu prendas e um
abraço apertado dos presentes. Obrigado e até sempre! Foi lida uma carta do Dr.
António Sanches Branco que, por motivos de saúde, não pode estar presente.
A
festa terminou com uma sessão de fados em que intervieram Olegário do
Nascimento e Manuel Alberto Tomás Correia.
-Ernesto
Cristo, faleceu a 7 de março de 1996
e, ainda hoje, é considerado uma figura carismática de Alcobaça.
Coelho,
Fernando Manuel Pinheiro,
vulgo Fernando Caréu, antigo
dirigente do Ginásio Clube de Alcobaça, faleceu aos 57 anos, no dia 23 de
outubro de 2016, vítima de doença prolongada, tendo sido sepultado no dia 24,
no cemitério de Alcobaça.
Era
conhecido pelo empenho e dedicação ao principal clube do concelho de Alcobaça
durante três décadas, cargo que acumulou com a atividade profissional
desenvolvida na extinta empresa de comércio de automóveis, Tomás Marques.
Coelho,
Floripo,
nasceu em 22 de junho de 1927 em Pernes/Santarém, afilhado de D. Floripes
pessoa que, de certo modo, foi a responsável pelo nome que recebeu.
Floripo
Coelho veio para Alcobaça com cinco anos e aos dez já trabalhava para o Dr.
João Lameiras de Figueiredo, a ferver seringa e mudar pensos, ganhando segundo
contava mais tarde 30 escudos por mês. De seguida, foi trabalhar para o
estabelecimento comercial de Raimundo Ferreira Daniel. Na ânsia de mudar e
melhorar a vida, trabalhou para Ernesto Laurentino e para Diamantino Romão de
Almeida. Por alturas de 1958, estabeleceu-se por conta própria, no ramo de
mercearia, passando posteriormente para a confeção de vestuário, sendo um dos
fundadores de Lopo & Floripo Ld.ª,
com estabelecimentos em Alcobaça, Nazaré e São Martinho do Porto.
Nas
horas disponíveis, pertenceu ao Rancho do Alcoa, fez uma breve passagem pelo
Orfeão de Alcobaça (no tempo em que era dirigido pelo Dr. Daniel), tendo como
companheiros, entre outros, Gilberto Coutinho, Faria Borda e João Vasco Teve.
Teve
intervenção no recenseamento de 1975, foi o primeiro Presidente da Junta de Freguesia
de Alcobaça, depois de 25 de abril, eleito em dezembro de 1976 e Vereador nos
mandatos de João Raposo de Magalhães (1979) e Joaquim Rui Coelho (1983), sempre
em listas do PS.
-Apesar
das eleições a 25 de Abril de 1975 e de se saber com razoável margem de certeza
o que o Povo não queria para o País, nem por isso o PC e seus satélites
deixaram de viciar as regras
democráticas, com a escolha dos elementos para integrar a nova CA da Junta de
Freguesia de Alcobaça.
Assim,
perante manifesto descontentamento político e social, veio a tomar posse na
CMA, pelas 21h do dia 27 de Maio de 1975, perante José Pinto Júnior (Presidente
da CA da Câmara Municipal), secretariado por José Pires Nunes, uma CA para a
Junta de Freguesia de Alcobaça, constituída por Amílcar Salgueiro Antunes
(Presidente), bancário (MDP/CDE), Floripo Coelho (Vogal), comerciante (PS),
Georgina da Silva Freitas (Secretária), funcionária do Posto de Turismo (PCP),
e António Carvalho Rainho (Tesoureiro), Técnico de Contas (PPD), nomeados por portaria
do MAI, datada de 25 de Maio, a qual entrou imediatamente em exercício de
funções, embora não reunisse muitas vezes, por falta de liderança capaz. Esta
CA pediu a demissão em bloco, no dia 22 de Julho de 1975, no seguimento dos
incidentes da ocupação da CMA e assalto à sede do PCP, mas manteve-se a
assegurar a gestão corrente até às 18h, do dia 3 de Maio de 1976, altura em que
foi substituída por uma outra presidida por Floripo Coelho e empossada por
Miguel Guerra, na qualidade de Presidente da CA da CMA, que havia substituído o
contestado (comunista) José Pinto Júnior. Da nova equipa faziam parte José dos
Santos Lourenço (Tesoureiro), empregado de escritório, João José Ribas Peralta
(Secretário), bancário, Adriano Pedro da Silva (Vogal), empregado de escritório
e José Veríssimo dos Santos (Vogal) empregado comercial.
-Floripo
Coelho faleceu com 79 anos em 13 de fevereiro de 2007, no Lar da Misericórdia
de Alcobaça, depois de ter lutado durante cerca de 20 anos contra a doença.
Coelho,
José Amílcar de Carvalho, que
usa abreviadamente Amílcar Coelho,
nasceu em 1953 em Cumeira de Baixo, a escassos quilómetros de Alcobaça.
Começou
a vida profissional como operário de cerâmica (pintor), em meados dos anos de
1960. Aos 20 anos de idade, na Escola Prática de Cavalaria (Santarém), conheceu
o capitão Salgueiro Maia, de quem foi amigo, tendo com ele saído para Lisboa,
na madrugada do 25 de Abril.
Fez
grande parte dos estudos no ensino nocturno, concluiu o curso de Filosofia na
Universidade de Coimbra, em 1980 com uma tese sobre o pensador português Luís
António de Verney (orientada por Miguel Pereira Baptista), o mestrado (uma tese
sobre o pensador português António Sérgio, orientada por Joel Serrão, com
arguência de Eduardo Lourenço) e o doutoramento (uma tese sobre os valores da
pessoa humana e os horizontes da cidadania, orientada por Cassiano Reimão, com
arguência de Viriato Soromenho Marques), na Universidade Nova de Lisboa,
respectivamente em 1985 e 2005. Foi professor da Faculdade de Ciências nos anos
80, da Escola Secundária D. Inês de Castro nos anos de 1990 e do ISET (Lisboa e
Porto) no final dos anos de 1990 e parte da primeira década do século XXI,
tendo voltado a Alcobaça em 2009, onde foi professor e diretor do Centro de
Formação da Associação e de Escolas da Nazaré e Alcobaça, de onde saiu, em
2012, para assumir o lugar de Presidente e Secretário Executivo da UGT de Leiria.
Nos
anos de 1990 exerceu funções autárquicas, como Presidente da Assembleia
Municipal de Alcobaça e chegou a ser eleito vereador, lugar de que abdicou.
Neste período, liderou um projeto de jornalismo regional, no qual participaram
destacadas figuras do meio empresarial, político e educacional de Alcobaça e
Nazaré.
Adepto
de uma filosofia da espiritualidade, inscrita na matriz crítica que vai de Kant
e de Nietzsche, a Heidegger e Foucault, J. Amílcar Coelho publicou trabalhos,
entre os quais se destacam livros consagrados à investigação de temas como a
teoria das controvérsias, a filosofia do espaço, a educação, a cidadania e a
política. Alguns dos trabalhos foram publicados no estrangeiro, nomeadamente em
Espanha e Brasil.
Na
opinião deste investigador e homem de ação, o
“sujeito” constitui a pedra de toque de todas as mudanças económicas, políticas
e sociais. A questão fundamental deve passar pelo “pensar crítico”,
contextualizado e aberto aos problemas do tempo presente. As sociedades actuais
conheceram transformações radicais no âmbito do conhecimento, da informação,
das tecnologias, mas também a respeito da vida quotidiana e dos valores
fundamentais das pessoas (incerteza, errância, consumismo, angústia, etc.). O
grande desafio da “actualidade” é o “nosso” acesso à verdade, à constituição de
cada um enquanto “sujeito ético de veridição”, quer dizer, que “verdade” é essa
que está a ser criada e promovida como “perspectiva da actualidade” - e como é
que tais “conjecturas” e “jogos de verdade” têm que modificar profunda
radicalmente por “dentro” e por “fora” o “sujeito”, tornando-o mais competente
(e mais “sensível”) em termos de “cuidado de si mesmo” e do “cuidado dos
outros”. É preciso que o pensar crítico, a acção clarividente, constituam,
previamente a qualquer marca ideológica ou significação político-social, uma
nova dimensão de recriação estética e ética da pessoa humana, reconfigurando
(viabilizando), à luz dos valores fundamentais da democracia humanista e
do “ser espiritual”, a grande gama dos “projectos existenciais” que não deixam de
renovar o sentido da busca da “subjectivação da verdade” (a verdade construída
pela pessoa e a verdade dessa construção que dá sentido às práticas e valores), tendo em conta os grandes “desafios”, as grandes “opções estratégicas” susceptíveis
de abrir novos caminhos de desenvolvimento e felicidade.
Amílcar
Coelho, atribui especial importância aos seus anos de juventude, nos quais foi
operário, pintor de louça e estudante do ensino noturno.
É
autor de inúmeras publicações em revistas e jornais, nacionais e estrangeiros,
bem como de livros, sendo o último um conjunto de contos Eles não esperam por
cães que mancam.
Também
entende que tem quase meio século de
práticas filosóficas e políticas ao serviço dos cuidados do saber, da educação
e da cidadania.
J.
Amílcar Coelho é referido ainda várias vezes neste Dicionário.
Coelho,
José Luís Ribeiro, nasceu em Cumeira de Cima/Juncal
a 5 de outubro de 1952 e reside na Marinha Grande.
Diz que, comecei
a nascer ao sábado e acabei no domingo dia 5 de outubro de 1952, fui tirado a
ferros pelo Dr. Ferro, de Alcobaça, no lugar de Cumeira de Cima, freguesia do
Juncal, concelho de Porto de Mós.
Fui o primeiro de 8 irmãos, tendo
ficado órfão de pai em 1971.
Cresci na rua e no campo como todos os
meninos do meu tempo. Grande parte das nossas formas de brincar era cumprindo
tarefas, tais como: guardar as ovelhas e quando ia armar ratoeiras aos pássaros
tinha por missão regar o milho, o feijão, etc.
Aos 14 anos, iniciei o preparatório na
oficina do Sr. Narciso Alves, em Porto de Mós, tendo como meio de transporte, a
bicicleta. Mais tarde fui para Alcobaça, onde iniciei o secundário na oficina
do Sr. João Pereira Sampaio.
Em 1971, vou para a Marinha Grande onde
tirei a licenciatura e por lá fiquei, sinto e afirmo que sou o marinhense, mais
alcobacense de Porto de Mós.
Fui combatente em Angola ao serviço da
Pátria.
Tenho como passatempos: o automobilismo
tendo participado em várias provas de todo o terreno e sou colaborador do Clube
Automóvel da Marinha Grande; fiz ciclismo e ainda me encontro ligado ao teatro.
O meu gosto pelas letras vem do tempo
em que o meu pai me fazia faltar à escola para as ir pagar ao Banco Raposo
Magalhães, sito em Alcobaça.
Sou membro do Grupo de Teatro do Sport
Operário Marinhense, desde 1990 onde iniciei com orientação da Dra. Helena
Rocha, mais tarde por Norberto Barroca, João Lázaro e muitos outros.
Contracenei com algumas figuras do
Teatro Nacional, Vítor de Sousa, Joel Branco, Igor Sampaio e Estrela Novais na
peça de teatro “ A Vida e Obra de Marquês de Pombal”, esta, foi representada na
Marinha Grande, Fundão, Pombal, Vila Real de Sto. António e Oeiras.
Em 1992, participei ativamente nos “
Espetáculos de Luz e Som” no Mosteiro de Alcobaça, Batalha e Castelo de Leiria,
com encenação de Norberto Barroca.
Em 2014, fui convidado pela minha tia
Amélia Cordeiro a participar num “ Encontro dos Amigos das Letras”.
Gosto de ler poesia e desde então não
deixo de participar, não sou escritor, mas interpreto o que os outros escrevem.
Mais recentemente, fui convidado para a
Direção da Associação dos Amigos das Letras, o que aceitei sem reservas, pois
sinto que entre todos existe um grande espírito de partilha e dedicação à causa
da cultura. Espero, assim como desejo, que esta recém nascida Associação, seja
uma mais-valia para a cidade e seus munícipes.
É com esse prepósito que me disponho a
servir nesta área a quem muito devo, por todos os ensinamentos que me tem
transmitido.
O teatro e a leitura fazem de mim, o
Homem que sou hoje e que de outra forma não o seria.
Coelho,
José Rebelo, que se considera um beneditense
no mundo, tem as raízes na Benedita, onde nasceu há 75 anos, numa família
de 9 filhos, que lhe transmitiu valores que tem sido pilares na vida.
Concluída
a escolaridade primária (era o tempo em que os exames da quarta classe se
realizavam em Alcobaça) e como não havia possibilidade de prosseguir, como era
seu desejo, a escolaridade na Benedita, inscreveu-se num curso comercial, por
correspondência. Na adolescência, a leitura do livro O Personalismo, de
Emmanuel Mounier, teve influência considerável no seu itinerário de vida.
Aos
20 anos deixou a Benedita para cumprir o serviço militar. Não mais lá viveu,
mas todos os anos vai visitar os familiares e amigos que lá tem. Durante o
serviço militar (graças à especialidade
que lhe foi atribuída, escriturário, não foi mobilizado para a guerra nas
ex-colónias), iniciou, como aluno externo, os estudos do curso liceal,
concluído alguns anos mais tarde, quando era empregado de seguros.
Paralelamente à atividade profissional e dos estudos, foi dirigente diocesano
da Juventude Agrária Católica, e trabalhou como voluntário na área social,
tendo criado, com outros jovens a Associação de Jovens de Promoção Social, que
exercia ação nos bairros de lata na periferia de Lisboa.
No
final de 1968, deixou Portugal rumo à Bélgica, para frequentar a Universidade
Católica, de Lovaina, que tinha visitado em Maio desse ano, aquando de uma
deslocação a Paris para assistir ao que ficou conhecido por Maio de 68 e que influenciou a decisão de deixar o
País. Tendo começado por frequentar
Sociologia, ao fim de dois anos, mudou para o curso de Direito, que terminou em
1975, com a especialidade em direito internacional privado.
Embora
no estrangeiro, e tal como aconteceu com a maior parte dos portugueses, viveu com imensa alegria e esperança a
Revolução do 25 de abril, que trouxe aos portugueses a liberdade, a
democracia e a melhoria das suas condições de vida, bem como o desenvolvimento
socioeconómico do País, que veio a servir durante trinta anos, como Cônsul de
Portugal em Liege, depois nas mesmas funções em Antuérpia (até ao encerramento,
do consulado português) e finalmente como Conselheiro para as questões sociais
e jurídicas nas Embaixadas de Portugal em Berna (Suíça), Bruxelas (Bélgica) e
Berlim (Alemanha).
Nessas
funções, as comunidades portuguesas ocuparam uma parte importante da sua
atividade profissional, quer no que respeita à defesa dos seus direitos, quer
na sua valorização profissional, social e cultural. Aliás, a temática da
emigração (portuguesa ou estrangeira), sempre mereceu da sua parte uma atenção
particular. Nesse contexto, é autor de vários trabalhos científicos sobre
questões relacionadas com a emigração e, já depois de aposentado, escreveu A Pátria e os Outros Portugueses,
reflexão sobre a forma como a Pátria (Estado e sociedade civil) tratam os seus
compatriotas residentes no estrangeiro e a forma como estes vivem a sua relação
afectiva com a Pátria.
Define-se
como um português na alma e cidadão do
mundo no espírito. Gosta imenso de Portugal, que é a sua Pátria de origem e
donde herdou uma parte importante da sua cultura e identidade. Contudo, e graças aos conhecimentos obtidos
nas viagens efetuadas através dos cinco continentes, a consciência de que o
Mundo é uma grande aldeia tornou-se uma constante na maneira de encarar a
vivência humana. Nalgumas dessas viagens, que passaram pelas rotas dos
navegadores portugueses, pôde também constatar que, não obstante terem
decorrido cinco séculos, Portugal
desfruta de uma boa imagem e de um sentimento de simpatia em terras longínquas
onde os portugueses foram pioneiros ocidentais, tendo deixado, entre outras
coisas, muitos vestígios culturais.
Outrora
grande entusiasta do projeto europeu (aliás,
a sua família é um exemplo de agregado europeu, na qual coabitam quatro
nacionalidades e falam-se cinco línguas europeias), hoje tem dúvidas sobre
o futuro da Europa, como espaço de liberdade e de solidariedade.
Acha
que os egoísmos nacionais, a
intolerância, a construção de muros e vedações nas fronteiras, construídos em
vários países membros, são incompatíveis com os princípios que ditaram a
criação da União Europeia. Confia nas novas gerações que, menos tentadas pelas
visões nacionalistas e retrógradas, venham a conseguir construir a Europa de
que sonharam os pais fundadores do projeto europeu.
-Vive
em Bruxelas, que reputa capital da Europa.
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