NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
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Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Barros, António Jorge Pinto da Costa, mais conhecido por Jorge Barros, informou que nasci a 8 de outubro de 1944 em Alcobaça,
onde frequentei, entre 1951 e 1957, o ensino primário, o ciclo preparatório e o
curso geral de Comércio, e onde trabalhei como empregado de escritório
(1958-1981) em empresas da família Raposo de Magalhães.
Igualmente em Alcobaça, fui colaborador
dos jornais O Alcoa (1962-1968) e A Voz de Alcobaça (1974-2012), cofundador da
Casa da Amizade e do Interact Club – ao qual presidi em 1963 – sócio e animador
da Cooperativa de Consumo e Progresso Alcobacense (1966-1968), fundador e
membro da Associação de Defesa do Património de Alcobaça – ADEPA (1976), além
de corresponsável pelos Encontros de Fotografia no Mosteiro de Alcobaça, com a
exposição “As Pedras e as Gentes” (1980).
Sócio fundador da cooperativa de cinema
Virver (1975) e assistente de realização do filme Bom Povo Português, de Rui
Simões, colaborei em A Confederação, de Luís Galvão Teles, e no documentário
Lisboa – Rossio, de Fernando Lopes, sendo, na televisão, produtor executivo da
série Histórias de Cidades, de José Hermano de Saraiva, e colaborador da série
Os Descobrimentos Portugueses (1983).
Iniciei-me na fotografia em 1961, tendo
como mestres e mentores o fotógrafo Antero, João da Bernarda, Maria Alice, José
Manuel Almeida e Ernesto Luís, Victor Tomaz e José Nuno Câmara Pereira, que me
incentivaram a continuar – o que fiz.
Assessor técnico da XVII Exposição de
Arte, Ciência e Cultura, do Conselho da Europa (1983), colaborei mais tarde com
Henrique Cayatte nas publicações de apresentação da EXPO’98 e no seu catálogo de
animação de rua, dando também formação sobre fotojornalismo no CENJOR
(1995-1997).
A par de fotografia realizada para
capas de livros e edições musicais, colaborei com jornais e revistas como JL,
Público, Diário de Notícias, Expresso, Dirigir, Formar, Tempos Livres, Egoísta
e Atlantis/TAP, entre outros títulos, mantendo em paralelo, entre 1974 e 1982,
colaborações com os grupos de teatro A Comuna, A Barraca e O Bando.
No domínio filatélico, sou autor de
imagens publicadas em selos alusivos a uma vasta seleção de temas, em parcerias
com designers tão consagrados como Luís Filipe Abreu, João Machado, Acácio
Santos, Luiz Duran.
Pertenci, entre 2003 e 2006, à Direção
da Sociedade Portuguesa de Autores.
Exposições de trabalhos meus decorreram
em Lisboa (no âmbito da XVII Exposição do Concelho da Europa -1993 e da
EXPO’98), Alcobaça, Póvoa de Varzim, Açores, Paris e no continente americano.
Como autor ou coautor estou ligado a
dezenas de livros – na sua maioria com a chancela de editoras bem conhecidas –
nos quais o meu conceito de fotografia é amplamente sublinhado. Tive, assim,
oportunidade de criar um intenso diálogo fotográfico com textos de escritores
tão marcantes como Fernando Pessoa, Raul Brandão, Eugénio de Andrade, Miguel
Torga, José Cardoso Pires, Manuel Alegre, Fernando Assis Pacheco, Fernando
Dacosta, Lídia Jorge, Armando Silva Carvalho, Mário Cláudio, Hélia Correia,
João de Melo ou Francisco José Viegas, por exemplo. E, em paralelo, tive
igualmente o privilégio de desenvolver uma estreita colaboração com figuras tão
influentes da cultura portuguesa das últimas décadas como José Hermano Saraiva,
Helena Vaz da Silva, Luís de Albuquerque, Francisco Hipólito Raposo, Martins
Barata, Rui Rasquilho, Carmo Reis, Júlio Resende, Manuel Vilas Boas, José
Aurélio, Soledade Martinho da Costa, Jorge Martins, António Valdemar, Maria
Beatriz Rocha-Trindade, Paulo Pereira, Agostinho da Silva ou Benjamim Pereira.
Eis a síntese de um convívio feito de experiências e contributos de que
naturalmente me orgulho.
Quero continuar a partilhar mais
vivências, sonhar e concretizar ideias no percurso de vida que ainda me resta.
-Sobre
Jorge Nogueira Silvestre, Jorge Barros, escreveu no Voz de Alcobaça, de 27 de dezembro de 2012 que iniciámos a nossa amizade fraterna nas escadarias da Escola Primária da
Roda e fomos colegas de carteira sob a batuta do professor Adão, a partir de
1952. Partilhámos na adolescência e juventude, convívios, brincadeiras, serões
e madrugadas, animados por causas que criaram em nós a ilusão e a esperança de
um mundo melhor. Partilhámos iniciativas e atividades, nos anos 60 e 70 do
século passado, ora no Interact Clube, ora na Cooperativa de Consumo Progresso
Alcobacense, ora na campanha eleitoral de 1969, onde ele foi candidato pela CDE
pelo distrito de Leiria, comungando uma dinâmica desinteressada e ao serviço da
comunidade. (…) Partilhámos a alegria
do 25 de abril e estive com ele no espírito de solidariedade cívica quando se
preparou a sua participação na Comissão Administrativa eleita para a Câmara
Municipal de Alcobaça a que presidiu em 1974. Contrariei a sua saída para um
cargo político no Ministério da Agricultura para o qual foi convidado, mas não
me valeu de nada. Continuo a pensar que o nosso concelho perdeu então um
elemento muito válido, pela sua inteligência, e sentido de responsabilidade,
rigoroso e consensual nas suas propostas, sensato e leal duma enorme
honestidade intelectual e política. (…)
Leia-se aqui Jorge Silvestre.
Barroso, Emília Maria Marques, nasceu em 19 de março
de 1957, em Lisboa, filha de Luís Pereira Barroso e de Corina Luz Marques
Barroso, ambos naturais de Riachos/Torres Novas.
Viveu até aos 5 anos
em Lisboa, tendo depois acompanhado o pai, oficial da PSP, nos diversos
destacamentos, Guimarães, Bissau, Viana do Castelo e Porto, localidades onde
frequentou os estabelecimentos de ensino adequados à idade.
No Porto, ingressou na
Cambridge School, tendo concluído o Certificate in English e frequentou o
Goethe Institut, com conclusão do exame Mittelstufe.
De junho a novembro de
1974, viveu em Londres.
Em 1977, foi-lhe
oferecida uma Bolsa de Estudo, com viagens, estadia e curso intensivo de dois
meses, no Goethe Institut de Rothenburg ob der Tauber, na Baviera/Alemanha.
Em 1980, concluiu a Licenciatura
em Filologia Germânica, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Nesse ano, a convite
de Gonçalves Sapinho, iniciou atividade no Externato Cooperativo da Benedita,
como professora do então designado 9.º Grupo/Inglês e Alemão, atividade que
ainda exerce, tendo no ano de 1989 concluído a Profissionalização em Serviço.
Desempenhou naquele
estabelecimento de ensino, os cargos de professora de Inglês e de Alemão, de
diretora de turma, de delegada de grupo, de coordenadora de diretores de turma,
de coordenadora do projeto de grupos de nível em parceria com o Gabinete de
Psicologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, de diretora de
ciclo dos cursos científico-humanísticos do ensino secundário e de membro do
secretariado de exames.
-Desde 2012, é
professora de inglês na Universidade Sénior da Benedita.
Pessoal e
profissionalmente muito respeitada e considerada, alguns antigos alunos
referem-se a ela nestes termos:
Carlos Pires (Advogado em Braga):Como diria o poeta, o valor das coisas não está no tempo
em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem; por isso existem
momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. E há
pessoas assim, que têm o poder de transformar as nossas vidas. A Drª. Emília
Barroso, my english teacher, foi uma destas pessoas. Mais do que uma
professora, foi alguém que me inspirou. Mais do que as palavras com que me
ensinou, foram as suas ações, a sua dedicação ao trabalho com tanto entusiasmo
e verdade que me ficaram de exemplo. Obrigado por me ter feito sentir especial
e capaz de alcançar os sonhos. Obrigado por me ter ensinado a compreender que
não posso conseguir tudo, mas que devo lutar por tudo o que quero, sem nunca
desistir. Com coragem. Com serenidade; a mesma serenidade que tantas vezes vi
nos seus olhos. As lições que aprendi com a Drª. Emília estarão para sempre
comigo, por isso, ela é a minha eterna teacher.
Adriana
Passarinho (estudante, Benedita): One looks back with appreciation to the brilliant
teachers, but with gratitude to those who touched our human feelings.
The curriculum is so much necessary raw material, but warmth is the vital
element for the growing plant and for the soul of the child (Carl
Jung). Quando me perguntam quais as línguas que aprendi com a Professora
Emília Barroso, não hesito na resposta: português, alemão e inglês. Depois,
revelo a parte realmente importante. A Professora Emília não é apenas uma
excelente professora de línguas, a Professora Emília é a melhor professora das
linguagens da compreensão, da tolerância, da compaixão, do afecto, do respeito,
do amor e de tantos outros valores que parecem esquecidos na sociedade dos
nossos dias. Ela não ensina apenas alunos, mas sim seres humanos, colegas,
amigos, a agirem como tal. Com a gramática e o
vocabulário que me ensinou, aprendi a questionar tudo o que era assumido como
certo e a afirmar coisas que, à primeira vista, pareciam improváveis. A paixão
e entusiasmo pela profissão que exerce têm inspirado tantos alunos que, tal
como eu, decidiram seguir as suas passadas e licenciar-se em Línguas – Vertente
de Inglês e Alemão.
Por tudo isto e, acima de tudo, pelo prazer de ter sido sua
aluna e agora grande amiga: Muito obrigada! Thank you so much! Vielen Dank!
Beatriz Mateus (Estudante de Design
Industrial, Delft/ Holanda): Para mim, Emília nunca será o seu nome. Haverá sempre
professora antecedendo, apesar de eu nunca ter sido oficialmente sua aluna. As
aulas que tive foram no seu escritório, onde conversávamos sobre qualquer
assunto. Eu trazia as questões e ela ensinava-me a responde-las. É isso que
qualquer aluno que ‘pelas mãos’ lhe passa aprende – mais do que qualquer
Inglês, Alemão ou outra disciplina – aprende a pensar!
-É casada com o Avogado José Ferreira Belo, aqui
referenciado.
Barroso, Fernando José
Faustino Paula, nas suas palavras, nasceu
em Alcobaça, na Pensão Central, a 16 de Fevereiro de 1959.
Frequentou o Jardim Escola João de Deus
em Alcobaça.
Fez o ensino primário na escola
primária local, do 2º ao 4º ano sempre com o mesmo professor,
Senhor Professor Adelino Costa. Depois o Ciclo Preparatório, ensino
secundário concluído em 1976 (tendo passado como muitos pelo Colégio de
Alcobaça) e depois de novo na então Escola Técnica de Alcobaça. Viveu algumas
aventuras do ensino em Portugal (Serviço Cívico Estudantil, Ensino Propedêutico
até que ingressou no Ensino Superior em Coimbra no ISEC (Instituto Superior de
Engenharia de Coimbra). Mais tarde e porque a Engenharia não daria o espaço de
criatividade que sentia necessária mudou para o curso de Arquitetura.
Em 1981 iniciou a sua carreira de
docente (que ainda mantém) em artes.
Durante os anos de docência em
Alcobaça, fez a sua ligação ao teatro como um sonho de criança. O neto do
Faustino sempre com as suas teatrices. E foi como neto do Faustino que comecei
a conhecer-me. O meu quintal era todo aquele parque fantástico da Gafa (onde
muitos certamente recordarão o pequeno café do Faustino). Nesse meu quintal
aprendi: a subir e a descer das árvores; a andar de bicicleta; a andar de
patins. Foram incontáveis as manifestações de carinho que recebia de todos
aqueles que por aquele parque se movimentavam. Alguns nomes que recordo: Daniel
Mesquita, Brígida Semião, Silva da Algarminha, Guilherme, Luís Gavião e tantos
outros que partilharam com meu avô histórias soberbas enquanto, sempre atentos,
vigiavam as crianças. Deixo-vos um episódio: certo dia andávamos eu e meu primo
António José Justino de Sousa a saltar a vala que existia junto ao Café muito
perto do lago que ainda hoje existe, eu na última vez consegui saltar mas o meu
primo (um ano mais novo) não conseguiu saltar. Eu parei (soube depois que
fiquei em choque) enquanto o To Zé fazia um sobe e desce. O Daniel Mesquita
saltou do interior do café e realmente salvou-o.
Cresci e passei a ser o filho do Engº.
Barroso. Posteriormente a ser visto como o Prof. Barroso.
Em 1996, ajuda a fundar o Grupo de
Teatro Prata da Casa, na Filarmónica da Vestiaria, com o saudoso encenador,
Quiné. Participou posteriormente nos grupos de Teatro Bonifrates, Coimbra e
GATT (Grupo Amador de Teatro de Taveiro, também em Coimbra
Levou a palco como ator várias peças:
do Cinismo e Honra no grupo de Teatro Prata da Casa, até ao Principezinho de
Exupéry com o Grupo Bonifrates. Fez várias formações e performances, em Teatro,
com a Inatel, Coimbra.
No ano letivo de 2015-2016, bem como no
de 2016/2017, leciona a disciplina de Teatro na Universidade Sénior de Pataias.
É fantástico poder partilhar com todos os alunos esta experiência. Enriqueço
com eles todos os dias.
Com o nome de autor de Fernando Paula
Barroso começou o seu percurso nas letras, assim: no ano 2001 editou o seu
primeiro livro de poesia Um Olhar… Uma Lágrima… Um Sorriso!, pela Pé de Página
Editora, em 2002 e pela mesma Editora publica um conto infantil Os Amigos e a
Amizade e integra a Coletânea de Autores da mesma Editora.
Mais tarde, em 2014 publica mais um
livro de poesia Amor… Na ponta dos dedos!!!, Edição de autor. Integrou
posteriormente as Antologias de Poesia: da Chiado Editora “Entre o sono e o
sonho” e do Grupo Múltiplas Histórias a Antologia Perdidamente.
Depois de uma breve passagem pelo
desenho de Mobiliário e Tapeçaria Contemporânea, dedica também algum tempo à
imagem quer pela fotografia quer pela pintura.
No momento, integra o grupo de autores
do Concelho Alcobaça: Os Amigos das Letras, e participa sempre que pode,
nas atividades do grupo S.O.S Contadores de histórias. Este último grupo que
têm como finalidade a deslocação a hospitais e locais onde as histórias
ajudem a sorrir. Hoje conheço-me em alguns locais como o pai da Andreia. É
fantástico este crescer à medida que aparecem as cãs. É uma forma de ver a vida
sem olhar a distância temporal.
Bastos, Hernâni
Correia, assumidamente
pessoa de direita, diz que foi preso e
levado para Caxias pelo COPCON, em
julho de 1975, conjuntamente com outros alcobacenses, por indicação de Gilberto
de Magalhães Coutinho, com que até não se
relacionava mal, embora este (segundo
conta) lhe tivesse dito uma vez que um
comunista não tem família, amigos ou sentimentos que o façam transigir. Coutinho
negava esta imputação que dizia maldosa. Hernâni
Bastos, pessoa extravagante, nem sempre era cuidadoso nas expressões e
atitudes, o que lhe acarretou alguns dissabores.
Leia-se com detalhe Fleming de Oliveira
em No Tempo de Soares, Cunhal e Outros e aqui Carlos Leão da Silva
(Carangueijo), Luís C. Serrenho (Capador), Mário Amaral e Tarcísio Trindade.
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