-O APOIO RELIGIOSO NA I GUERRA.
OS CAPELÃES MILITARES DE ALCOBAÇA-
Fleming de Oliveira
Logo que Portugal
entrou na Guerra, a imprensa católica iniciou uma campanha no sentido de
incorporar no CEP, um Corpo de Capelães
Voluntários, que acompanhasse os soldados e lhes prestasse apoio religioso. Os governos da República entendiam que a religião dizia
respeito ao foro íntimo de cada um, devendo estar afastada de instituições, tal
como a Escola e o Exército. Porém, numa conjuntura como esta, era difícil ao
Governo incorrer no desagrado da maioria da população em matéria tão sensível,
pelo que os católicos conseguiram ter na frente de batalha, como voluntários,
os seus Capelães. No enorme caldeirão da guerra, debateram-se
livres-pensadores, que viviam a descrença com um fervor nada inferior a
militantes crentes, capelães católicos e protestantes, o que permitiu que
militares portugueses e ingleses rezassem em conjunto ou que capelães
portugueses oficiassem junto de civis franceses, ao lado do clero local.
Só após a partida do
primeiro contingente do CEP, o Corpo de Capelães foi organizado, sendo estes
graduados em Alferes, sem direito a soldo, situação que se manteve até que
Sidónio Pais, determinou que fossem abonados com o soldo correspondente ao
posto. Para suprir esta situação, foi constituída uma Comissão de Assistência
Religiosa/CCAR, presidida pelo Cardeal Patriarca, D. António Mendes Belo, a fim
de angariar fundos para subsidiar os capelães e custear as despesas de culto e
assistência.
A CCAR pediu a intervenção
do Papa Bento XV, para os Capelães Militares, que a concedeu em conjunto com
outras faculdades, para exercerem o seu múnus, enquanto durasse a guerra,
nomeadamente no respeitante às confissões, à celebração da Missa, às bênçãos, à
récita do ofício e apoio psicológico.
A CCAR ainda
solicitou ao Papa, no seguimento dos combates de Abril de 1918, em que muitos
portugueses foram feitos prisioneiros e levados para a Alemanha, que
interviesse a favor da sua sorte. Refira-se que existiram campos de prisioneiros
para oficiais e outros para praças, campos disciplinares para oficiais e outros
para praças, mas muito da vida dos prisioneiros de guerra portugueses, não
decorria nesses campos, outrossim em trabalhos pesados como mão de obra barata,
operários fabris, mineiros, ou em trabalhos agrícolas, se bem que os oficiais
não eram obrigados a prestar trabalho.
Os soldados na I Guerra estavam, em teoria,
protegidos pela Convenção de Haia de 1907, que continha as primeiras regras
internacionais de tratamento de prisioneiros de guerra. A 12 de Abril de
1918, encontravam-se em Lille, cerca de 3.000 prisioneiros portugueses, dos
quais 230 eram oficiais, a aguardar o envio para campos na Alemanha e, aquando
do armistício, cerca de 6.500. Os prisioneiros de guerra portugueses admitiram,
quando libertados, que, no momento da captura, pensaram que iriam morrer.
Este receio decorria, em parte, das informações sobre a prática de atrocidades
cometidas pelo alemão sobre soldados e civis, criando-se a consciência que a
sobrevivência dependia da boa vontade daquele.
A sobrevivência dos prisioneiros internados
em campos, deveu-se em muito à ação da Cruz Vermelha Internacional, que lhes
fazia chegar encomendas, com comida, tabaco e agasalhos. Em Portugal, o envio
dessas encomendas, dependeu de iniciativas desenvolvidas pela Associação
Cruzada das Mulheres Portuguesas, Cruz Vermelha Portuguesa, Triângulo Vermelho
Português ou O Século. O Governo Português criou o Comité de Socorro aos
Militares e Civis Portugueses Prisioneiros de Guerra, como forma de organizar
as iniciativas, e coordenar ações humanitárias com as estruturas dos Aliados.
Em Alcobaça, a
Sub-Comissão da Cruzada das Mulheres Portuguesas, sob a orientação genérica de
senhoras conotadas com o Centro Republicano, vinha distribuindo alguns pequenos
fundos pelas famílias mais necessitadas de mobilizados do concelho, com pensões
que variavam de 1$000 a 5$000 mensais, bem como fornecia alguns materiais
doados para confeção de roupa quente.
De um modo geral, o
público que não tinha familiares na Guerra, graças à forte censura ignorava a
penosa vivência por que passavam os prisioneiros portugueses, sujeitos a maus
tratos físicos e psicológicos. Se a grande maioria, passou por um período médio
de nove meses de cativeiro, muitos estiveram mais de um ano detidos até
voltarem a Portugal. Os prisioneiros eram forçados a depender da comida
fornecida pelos guardas, o que acarretava um estado permanente de carência
alimentar. A fome causava nos prisioneiros depressão física e psicológica, que
por vezes levava a que se confrontassem entre si, além de acarretarem doenças
intestinais e de estômago. Em 1918, a Alemanha alimentava com dificuldade a sua
tropa e população civil, o que deixava muito pouco para os prisioneiros. A capacidade de resistência
da população civil, começava a sofrer grande desgaste, com efeitos na coesão
interna, apesar dos apelos nacionalistas do Kaiser e de alguns militaristas
oficiais superiores. Houve também Capelães Militares portugueses feitos
prisioneiros, o que viabilizou alguma assistência religiosa aos militares. Para
o ofício da Missa faltava, porém, o vinho branco, terá comentado o Pe. Manuel
Caetano quando regressado a Portugal, embora não tivesse passado por essa
situação de prisioneiro.
Se é possível afirmar que os Capelães Militares não
estiveram de facto tanto tempo nas trincheiras como os demais soldados
portugueses, viveram, todavia, as mesmas condições, não só nos longos períodos
de espera, como situações de combate. Aquando da Batalha de La Lys pelo menos
6, encontravam-se na primeira linha de trincheiras, o que justificou que
viessem a ser louvados e condecorados, pelo espírito de desinteresse,
abnegação e sacrifício com que se tem dedicado ao desempenho da sua missão.
-OS VALOROSOS CAPELÃES MILITARES (ALCOBACENSES)-
Manuel Rodrigues Silvestre, filho de José Rodrigues
Silvestre e de Marcelina da Piedade, nasceu a 17 de Janeiro de 1869, tendo no
dia 6 do mês seguinte sido batizado na igreja de S. Simão da Brogueira/Torres
Novas (embora em certos registos militares apareça, identificado como Manuel
Roiz da Silveira, seguramente por lapso). A partir de Outubro de 1882, iniciou
estudos preparatórios e prosseguiu depois com o curso teológico, no Seminário
de Santarém. Neste contexto, recebeu a tonsura e as ordens menores a 21 de
Dezembro de 1889, o subdiaconado a 21 de Fevereiro de 1891 e o diaconado a 14
de Março do mesmo ano. A sua ordenação para presbítero ocorreu a 19 de Setembro
de 1891. É recordado na Cela por, ainda novo, ter começado a sentir o peso da
vida, reconhecendo que necessitava de lutar sem o auxílio estranho, sem cruzar
armas, sem se entregar ao desânimo. Foi corajoso, trabalhou e… venceu. O Pe.
Manuel Rodrigues Silvestre desempenhou o cargo de pároco, nomeadamente em Serra
do Bouro e Tornada, Eira, Bucelas e Cela/Alcobaça, aqui falecendo a 15 de Junho
de 1936. O Pe. Silvestre, adepto da República que se ofereceu em 2 de Fevereiro
de 1917 para acompanhar o CEP, conjuntamente com outros capelães militares,
criticou severamente o comando português, pelo facto de os cadáveres de
militares nacionais estarem a ser cobertos com a bandeira inglesa, o que
contribuiu para ser alterado esse estranho procedimento, que causava mal estar,
bem como o que reputava de alguma indiferença ou incompreensão pelo seu
trabalho e sacrifício no front. Valente,
esforçado e abnegado, sofreu ao lado dos militares, e como eles, o esforço da
guerra, tendo sido ferido no abdómen e braço na explosão de um engenho. Embora
não gaseado, foi abatido em 14 de Janeiro de 1918, ao Corpo de Capelães
Militares, o que muito o entristeceu. Regressado a Portugal, continuou a sua
missão sacerdotal na Cela, sem que o governo da República, haja feito por ele
mais que lhe prestar alguma assistência hospitalar, em Lisboa. Faleceu a 15 de
Junho de 1936, encontrando-se sepultado em campa rasa, no cemitério da Cela, ao
lado dos pais de Francisco Leonardo Eusébio que, por sua vez, informou que foi
ainda por ele batizado em 1935. Ao que consta, o Pe. Manuel Silvestre, nunca se deu bem com o conservador e regressado Pároco de Alcobaça/Ribeiro
d’Abranches, os Párocos da Benedita/Manuel dos Santos Canastreiro, de
Aljubarrota/José António de Campos Júnior e de Caldas da Rainha/José Augusto
Rosário Dias, a quem imputava não se terem oferecido como capelães militares.
Manuel dos Santos Canastreiro, nasceu a 14 de Abril de
1882. Com treze anos, ingressou no pequeno Seminário do Patriarcado de Lisboa
e, mais tarde, cursou teologia no Pontifício Seminário Romano e Colégio
Português em Roma. Na Pontifícia Universidade Romana obteve a licenciatura em
filosofia, teologia e direito canónico. Foi ordenado em Lisboa, no dia 17 de
Dezembro de 1910 pelo Bispo D. António Mendes Belo, ficando incardinado nesta
diocese. O Pe. Manuel dos Santos Canastreiro, que não gozava de muita saúde,
foi pároco encomendado na Benedita a partir de 1916 até 1930. Posteriormente
paroquiou em Alcobaça e Maiorga. Esteve ainda à frente da paróquia da
Pederneira, tornou-se vigário da Vara de Alcobaça e ocupou o cargo de Reitor do
Santuário de Nª. Sª. da Nazaré. Enfim, era um inteletual e gostava de se
assumir como tal. Faleceu subitamente no dia 5 de Agosto de 1944 em Lisboa,
sendo pároco do Campo Grande.
José António de Campos Júnior, natural da freguesia de
Alcobaça, era filho de José António de Campos, ferreiro de profissão, e de
Gertrudes de Campos. Frequentou o seminário de Santarém e após a sua ordenação
paroquiou em S. Vicente de Aljubarrota, entre 1908/1920. José António de Campos
Júnior acumulou Pároco de Nª. Sª. dos Prazeres, em Aljubarrota entre 1919/1920.
Gostava de ir à caça, mas afirmava-se radicalmente contra a guerra,
inclusivamente com a participação portuguesa e Afonso Costa, que classificava
como vendedor de carneiros, mesmo a partir do púlpito.
Por sua vez, José Augusto Rosário Dias, nasceu a 11 de
Novembro de 1882. Com 14 anos, ingressou no seminário de Coimbra para efetuar
os cursos preparatórios e de teologia. Com vinte e dois anos, foi ordenado
presbítero e no mês seguinte admitido no Patriarcado de Lisboa. Nesta diocese,
foi capelão no Hospital de Caldas da Rainha, coadjutor e pároco encomendado na
paróquia das Caldas da Rainha, chegando a ser vigário da Vara. Dizia que a sua
grande vocação era o ensino e que gostaria de ser professor se não fosse
sacerdote. Também se assumia como contrário à intervenção de Portugal na
Guerra, o que lhe acarretou alguns problemas com as autoridades civis. Faleceu
a 29 de Novembro de 1939.
O Pe. Manuel Silvestre foi Presidente da Junta de
Freguesia da Cela, tendo nessa qualidade mandado restaurar a igreja e subir a
torre sineira, aonde existe uma placa alusiva. F. Leonardo Eusébio pretende vir
a ser sepultado ao lado dos pais e do Pe. Silvestre, tendo já comprado o espaço
necessário. Este, pela sua extraordinária afabilidade, deixou muitas e
interessantes lembranças, nomeadamente quanto à forma de se deslocar. Numa
altura em que já era relativamente vulgar as pessoas, com certo estatuto,
deslocarem-se de carro ou mesmo de bicicleta, o Pe. Silvestre persistia em
faze-lo de mula. Era proprietário da Quinta da Laranjeira, que explorava com a
colaboração da governanta Joaquina Santa, vulgarmente conhecida por Joaquina Cebola. Esta, por vezes, não tinha
dinheiro para pagar ao pessoal assalariado da quinta ou para fazer compras na
mercearia pois o Padre, segundo lhe dizia, tinha gasto o dinheiro com pessoas
carenciadas, pelo que lhe sugeria que pedisse fiado na venda, o que nunca foi
recusado. A sua bolsa, que não seria provavelmente muito grande, apesar de se
reclamar de ter o espaço do razoável, era um campo aberto a cobiças e não havia
na Cela ou Bárrio, caloteiro de boa fama ou parodista na penúria, que não fosse
à sua procura em busca de o enganar ou comover. Ele olhava a pessoa, que se lhe
dirigia e só sabia perguntar, puxando de um rolinho onde trazia dinheiro: Quanto é ?
De Alcobaça,
ofereceu-se ainda em 25 de Fevereiro de 1917 como Capelão Militar o destemido e
republicano Pe. Manuel Caetano, Pároco de Coz, tendo o Ministro da Guerra
deferido o requerimento para ir prestar, como padre católico, os socorros
espirituais aos nossos soldados que em França vão combater contra os nossos
inimigos. Foi este sacerdote, quem tomou a iniciativa de tornar público via
jornais, os nomes dos eclesiásticos do Concelho de Alcobaça, que se ofereceram para acompanhar os soldados
portugueses que à admirável França vão defender a liberdade e a civilização
contra o despotismo boche. À data da Batalha de La Lys, assegurava
assistência religiosa à 6ª Brig. Inf.6 onde tinha o posto de Capitão Militar, na 2ª.
Divisão, que era constituída pelo Batalhão Inf.1-Lisboa, Batalhão Inf.2-Lisboa,
Batalhão Inf.5-Lisboa e Batalhão Inf.11-Évora, sem
prejuízo de fazer serviço de socorrista debaixo de fogo. Na sequência
da Batalha de La Lys e no cumprimento de uma arriscada missão de que fora
encarregado, encontrou um oficial português gravemente ferido no rosto,
inanimado, sem dar acordo. Conseguindo estancar-lhe o sangue, foi cumprir a
missão cometida, pelo que depois, voltando ao local onde deixara o ferido, que
continuava inanimado, carregou-o às costas até ao Posto de Socorros, aliás
bastante distante, enquanto ia dentro do possível ajudando outros camaradas em
dificuldades. O dito oficial veio a recuperar, embora tivesse ficado para o
resto da vida com uma profunda e feia cicatriz que lhe marcava o rosto todo.
Quando procurou saber a quem devia a vida, apenas apurou que se tratava de um
capelão militar, e só muito mais tarde o respetivo nome. O oficial em questão,
era o Alf. Jaime Trancoso Leote do Rego, filho do Comandante da Marinha de
Guerra, Daniel Leote do Rego. Quando a guerra acabou o Pe. Caetano foi colocado
em Alcanena, onde a perseguição e o ódio à igreja chegaram ao ponto de queimar
a igreja paroquial e o prender. Mal a notícia chegou à Escola Prática de Torres
Novas, onde o agora Ten. Leote do Rego fora colocado, este deslocou-se
imediatamente a Alcanena, com um esquadrão de cavalaria[FdO1] , abraçou-o e soltou-o, perante o espanto popular. A partir
deste incidente, o Pe. Caetano passou a ser visto de maneira muito diferente,
nomeadamente por parte dos que o haviam perseguido rudemente e encarcerado. O
Pe. Manuel Caetano foi louvado em Ordem
de Serviço do CEP, de 5 de Junho de 1918, condecorado com a Cruz de Guerra de
2ª Classe e feito Cavaleiro do Ordem de Cristo com Palma. Foi este sacerdote
quem promoveu a colocação de uma lápide na fachada do Mosteiro de Coz, contendo
o nome dos militares da freguesia que combateram na Guerra, distinguindo entre
eles os que sobreviveram e os que faleceram. O Pe. Manuel Caetano, filho de
João Caetano e de Maria de Jesus Noiva, nasceu a 2 de Outubro de 1885, tendo
sido batizado no dia 15 desse mês. Recebeu a primeira tonsura e as ordens
menores a 16 de Março de 1907, a 6 de Novembro de 1909 efetuou a habilitação de genere
e no dia imediato tomou a ordem de sub diácono. A 12 de Março de 1910, ascendeu
ao diaconado e a 25 de Junho de 1911, pelas mãos do Bispo (futuro Cardeal
Patriarca) D. António Mendes Belo, foi ordenado presbítero, ficando ao serviço
da diocese de Lisboa. Exerceu o cargo de pároco em diversas freguesias do País,
como Santa Eufémia de Coz, Lapas, Alcanena, Cem Soldos/Tomar, Santa Madalena de
Tomar, Atalaia, Barquinha, Tancos, Praia do Ribatejo e Azeitão. Veio a falecer
a 8 de Março de 1958, em Mira de Aire, terra de onde era natural.
O Pe. Caetano esteve
em França ao mesmo tempo que o seu conterrâneo sold. Francisco Amadeu Soares,
que foi ferido em combate. De volta à vida civil, Soares veio a fixar-se em
Lisboa, e numa vida errática acabou a viver numa barraca nos arredores da
cidade. Durante a década de 1950, sofreu um AVC e tendo sido hospitalizado, foi
aproveitada a ausência para a mesma ser ocupada e mais tarde demolida. Sem
pouso para viver, acabou por ser recolhido no Asilo de Mendicidade de Lisboa/Lar
Residencial de Alcobaça, tendo aí sido visitado pelo Pe. Caetano. Em Dezembro
de 1911, diziam os republicanos através do Semana
Alcobacense que em Coz o povo da freguesia estava a sofrer um castigo
aplicado pelos Patriarca de Lisboa e Vigário da Vara, porque tendo sido mandado
retirar o pároco, que recolhia muita simpatia popular, a população não quis
aceitar o outro que para ali foi mandado. Também diziam, que depois desta
reação, não virá tão cedo outro padre para Coz, pelo que continuava a não haver
missa no Mosteiro, para castigo do povo. Todavia, comentavam, embora sem graça
e com acinte, que o Patriarca e o Vigário da Vara são excelentes cristãos ao
darem ao povo castigos tão bons, pois que ao não haver missa, as pessoas
almoçam melhor e com mais descanso, pelo que faziam votos porque sejam estes
afinal os maiores males que venham à freguesia e aos seus habitantes.
Também se ofereceu
em 11 de Fevereiro de 1917, para acompanhar o CEP com a 4ª Brigada de
Infantaria coim quem seguiu em 27 de Abril de 1917, o Pe. Martim/Martinho Pinto
da Rocha, Pároco de Alpedriz (nascido a 2 de Maio de 1877 em Proença a Velha),
repatriado em Agosto seguinte, por motivos de saúde dado ter sido gaseado (foi
julgado incapaz em 17 de Setembro de 1917), o que o não impediu de viver alguns
anos, embora com sérias dificuldades pulmonares e sem apoio do Estado. O Capelão Martim/Martinho Pinto da Rocha, ao ser
repatriado em 1 de Agosto de 1917 foi substituído pelo Capelão António Tavares
de Pina, o qual, voluntário em 29 de Jan. de 1917, seguiu em Junho para França.
Em telegrama do comandante do CEP, endereçado ao Chefe da assistência religiosa
Pe. José do Patrocínio Dias, cónego da Sé da Guarda, que à data da Batalha
de La Lys, assegurava assistência religiosa no Hospital de Sangue n.º 2,
datado de 22 de Novembro de 1918, indicava que os Pes. Ângelo Pereira
Ramalheira (à data da Batalha de La Lys assegurava a assistência religiosa à
5ª. Brigada de Infantaria), e António Tavares de Pina ficavam adidos à
tripulação de navios que evacuavam doentes.
Se a participação
dos Capelães Militares foi, em geral, notável honrando o Igreja e o Exército,
outros houve, embora em número reduzido, que não mereceram estes
qualificativos. Em Outubro de 1917, o Capelão Militar
Pe. Alexandre Pereira de Carvalho, foi expulso do CEP, na sequência de
troca de correspondência, alegadamente, menos respeitosa. Realmente, mesmo
então incomodava, ver penalizado
gravemente, um ministro da religião católica, homem a quem competiria seguir
uma vida de virtudes, de mansidão e de paz, de obediência e tolerância. Só
nessa condição pode o sacerdote atrair e conservar o respeito devido à sua
elevada missão e obstar a escândalos, por mais breves que sejam, desvirtuar a
sua classe.
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