quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

-O PROSCRITO D. MIGUEL II (neto de D. Miguel I), VISITA ALCOBAÇA-




 -O PROSCRITO D. MIGUEL II (neto de D. Miguel I), VISITA ALCOBAÇA-

Fleming de Oliveira
Em Janeiro de 1901, proveniente de Caldas da Rainha, veio de trem e com um pequeno séquito de quatro pessoas, visitar Alcobaça o príncipe D. Miguel II, neto de D. Miguel I. Este, havia falecido a 26 de Outubro de 1866, sem ter podido voltar a Portugal desde que foi exilado, com essa expressa cominação. D. Miguel I deveria abandonar a Península Ibérica,  dentro do período de quinze dias subsequente à assinatura da Convenção de Évoramonte, a bordo de um navio estrangeiro, devendo ainda assinar uma declaração pela qual se comprometia a jamais regressar a território português, metropolitano ou colonial, nem a intervir nos seus negócios políticos ou, de qualquer outra forma, contribuir para desestabilizar o País. Em 1967 foi, porém, sepultado no Panteão Nacional de S. Vicente de Fora. A 19 Dezembro de 1834, pela Lei do Banimento, D. Maria II declarou proscritos para sempre, D. Miguel I e descendentes, sob pena de morte. Após a proclamação da República, a Lei de 15 de Outubro de 1910 estendeu este exílio a todos os ramos da Casa Real. Em 27 de Maio de 1950, a Assembleia Nacional revogou as leis de exílio/banimento pelo que, D. Duarte Nuno de Bragança (pretendente, chefe da Casa Real), pode regressar a Portugal.
Como os jornais de Lisboa houvessem noticiado a ida de D. Miguel II para Espanha, a notícia da sua estada em Alcobaça causou surpresa e foi recebida com alguma incredulidade tanto por conservadores como republicanos. O príncipe, que aliás falava mal português, e os quatro acompanhantes chegaram de carro, pela três da tarde, dirigindo-se à Igreja da Mosteiro, por onde andaram algum tempo, visitando de seguida o quartel. Possivelmente por força da sua condição de exilado/proscrito, D. Miguel II furtou-se à curiosidade dos populares, sendo apenas visto de perto por alguns na ocasião em que se dirigia ao trem, para se ir embora, rumo a Leiria.
Manuel Vieira Natividade, acima de preconceitos ou picardias, ofereceu-lhe um exemplar da sua obra Mosteiro de Alcobaça, que fez chegar, discretamente em mão, através do filho António.


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