quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

-PAIVA COUCEIRO E O PRIOR DE TURQUEL/ALCOBAÇA, NOS PRIMEIROS TEMPOS DA REPÚBLICA-

-PAIVA COUCEIRO E O PRIOR DE TURQUEL/ALCOBAÇA, NOS PRIMEIROS TEMPOS DA REPÚBLICA-

Fleming de Oliveira


Alguns conservadores convenceram-se de que o anticatolicismo e o exclusivismo político da República tinham criado espaço para derrubar o novo regime, como foi o caso do ex-Governador de Angola, o Cap. Paiva Couceiro, um dos poucos que em Outubro de 1910, combateram os republicanos em Lisboa.
A partir da Galiza, entrou no País por duas vezes, da primeira em 3 de Outubro de 1911 e da segunda em 6 de Julho de 1912. Na primeira vez, atravessou a fronteira, ocupou a pequena povoação de Vinhais, proclamou a Monarquia mas, atacado por forças republicanas, com pessoal mal armado e municiado, não pode resistir e retrocedeu para a Galiza. O Pe. José Pereira dos Santos, Prior de Turquel, deslocou-se ao Porto para apoiar Paiva Couceiro. Regressado à paróquia, do respetivo púlpito, fez veementes apelos à revolta contra a República, o que lhe valeu que a solicitação do Centro Republicano fosse preso por uma força militarizada do Quartel composta por 6 homens e encarcerado na cadeia comarcã, ao lado de presos de direito comum. Paga a fiança por um amigo (alegadamente não tinha meios para isso), voltou à paróquia onde prosseguiu com os incitamentos. José Ferreira Chumbo, um turquelense com estabelecimento de porta aberta em Lisboa, fez um enérgico protesto, contra a estadia do Pe. José Pereira dos Santos, manifestando a estranheza pela impunidade e benevolência de que tem gozado, solicitando a sua expulsão por inadaptação à nova ordem.
Na segunda vez, os monárquicos passaram a fronteira em três pontos distintos do Minho e de Trás-os-Montes. A coluna da Paiva Couceiro rumou a Chaves, onde ocorreram os combates mais violentos e se fizeram numerosos prisioneiros monárquicos.
Depois destes mal sucedidos ataques, os monárquicos ainda se envolveram noutras conspirações, contribuindo para aumentar a instabilidade política. Esperava suscitar uma insurreição geral, mas constatou apenas a indiferença apática dos monárquicos. O Exército manteve-se fiel à República enquanto proliferaram grupos armados de defesa da república, bandos chefiados por revolucionários profissionais, sediados nos cafés da baixa lisboeta, e disponíveis para fazer o trabalho sujo de intimidar, calar ou liquidar os reais ou supostos inimigos do novo regime.
O Governo Provisório, gozou de amplos poderes até à abertura da Assembleia Constituinte, em 19 de Junho de 1911. Nesse momento, o Presidente do Governo Provisório, Teófilo Braga, transmitiu à Assembleia Constituinte os poderes que lhe haviam sido conferidos a 5 de Outubro de 1910. A Assembleia Constituinte aprovou por aclamação a proposta apresentada ao Congresso pelo seu Presidente,  Anselmo Braamcamp Freire: A Assembleia Nacional Constituinte confirma, até ulterior deliberação, as funções do Poder Executivo ao Governo Provisório da República.
Dois meses mais tarde, com a aprovação da Constituição e a eleição do primeiro Presidente da República, Manuel de Arriaga (24 de Agosto), o Governo Provisório apresentou a sua demissão.
Começava em Portugal a acidentada I República, que ao invés de optar por pequenas mudanças que melhorassem a concreta qualidade de vida dos portugueses, foi no sentido das transformações radicais numa montanha, que não mexia quase nada, nem empurrada.


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