O debate sobre as cores
da Bandeira Nacional será um bom momento para Sampaio Bruno refletir sobre a
compatibilidade da tradição com a revolução. Dez dias após o 5 de Outubro,
defendeu que a bandeira vermelha e verde
era a bandeira da Revolução rompendo com a tradição nacional, correspondente ao
período revolucionário e à memória republicana, e a bandeira da Nação
renovando a tradição nacional, tinha que
continuar a ter as cores azul e branco, substituindo a coroa monárquica, por
uma estrela de ouro republicana: (…) a bandeira azul-e-branca, com o seu escudo
e disposição, é a única que o preto de África conhece como representativa da
soberania de Portugal. (…) é o
símbolo de Portugal para o indígena das nossas colónias. É a única que ele
conhece. Fazê-la desaparecer implica comprometer a nossa soberania colonial
(…).
Após a implantação da
República, foi nomeada uma Comissão para apresentar um projeto de bandeira que
representasse a ligação entre o Regime Republicano e a História, que resumisse
a vontade nacional.
Vários projetos foram
analisados, mas com a primeira apresentação pública da bandeira a dia 1 de
dezembro de 1910, foi este dia declarado o da Festa da Bandeira. A cor vermelha
que já estava presente no estandarte português desde D. João II, era uma cor
viril, a cor da conquista e do risco e o verde a cor da revolução e do futuro.
O escudo das quinas, com a esfera armilar, interpretava o génio aventureiro
português.
Em 7 de dezembro de 1910, a Câmara Municipal
de Alcobaça deliberou encarregar um vereador de adquirir em Lisboa uma Bandeira
Nacional, para ser hasteada em dias solenes nos Paços do Concelho. Todavia, foi
Alberto Vila Nova quem fez essa aquisição, aquando de uma deslocação à capital.
A Junta da Paróquia de Maiorga, só em
setembro de 1911, teve condições materiais para adquirir na Cordoaria Nacional,
uma bandeira nacional, a qual foi hasteada na sua sede depois de uma missa
solene, numa cerimónia onde se deram, Vivas à Pátria, à República e ao Governo
Provisório, se lançaram foguetes, abrilhantada pela Banda de Música local que
interpretou A Portuguesa, e ainda pelo discurso do Pároco Pe. António Duarte
Patoleia, que enalteceu a ideia da República associada à de Pátria.
Realizada a parte principal da festa, música
e povo percorreram algumas ruas da localidade em boa ordem, dirigiram-se à
habitação do Pe. Patoleia, onde foi servido um lanche a alguns convidados.
Outras Juntas de Paróquia também adquiriram
a Bandeira Nacional.
Nalguns casos mediante subscrição popular.
Sem comentários:
Enviar um comentário