Regedor
era a designação da autoridade administrativa do grau mais baixo, a qual
funcionava em cada freguesia, subordinada ao Presidente da Câmara Municipal que
livremente o nomeava e exonerava.
O
termo regedor serviu, outrora, para a designação de altos cargos como Regedor
de Justiça, que presidia ao Tribunal da Casa da Suplicação. Mas o Regedor,
durante a I República e o Estado Novo, era um vulgar cidadão, com a missão de
manter a ordem na pequena circunscrição, que é a freguesia. O Regedor tinha as
atribuições definidas no Código Administrativo, de natureza administrativa e
policial.
No
atual ordenamento jurídico, já não existe a figura do Regedor.
O
Regedor fazia um relatório das atividades que entregava com regularidade na
Câmara Municipal, que depois encaminhava para o Governo Civil. O Regedor tinha a função de zelar pelas
pessoas e pelos bens da freguesia. Não recebia ordenado por um trabalho que lhe ocupava muito tempo. Quando
havia necessidade de prender alguém, o Regedor era o responsável pelo preso,
tinha que o levar a Alcobaça a pé. Se a prisão acontecesse à tarde, ficava toda
a noite a vigiá-lo e a esposa mantinha o lume aceso para se aquecerem, e fazer
café para não adormecerem. Havia casais que discutiam ou brigavam, pelo que
acontecia por vezes um deles ir queixar-se ao Regedor, que assim fazia de
conselheiro matrimonial. O Regedor era testemunha, juiz, e a sua palavra
valia mais do que um documento.
Mário
Fadigas (da Maiorga), gostava de recordar a pequena história do último Regedor
da I República, na sua freguesia.
Seu
pai, António Fadigas da Silva, nunca frequentou a escola, tendo realizado o
exame da 4ª. Classe (2º. grau) na tropa, depois de ter aprendido a ler com os
serralheiros da Companhia Fiação e Tecidos de Alcobaça, para onde foi trabalhar
com 10 anos.
Republicano,
reviralhista (todavia pouco interventivo politicamente) e, ao que se diz,
maçon, esteve como 2º. Sargento de Artilharia de Costa, em França com o CAPI
durante a I Guerra. Felizmente não foi gaseado, tendo-se oferecido, dada a
admiração que nutria por Afonso Costa.
Apesar
de simpatizante do Partido Democrático, nunca se inscreveu nele e embora
vivesse num meio rural, não sabia plantar
uma batata, nunca foi agricultor. Era essencialmente um serralheiro.
António
Fadigas da Silva, com trinta anos de idade, foi nomeado por Alvará (escrito à
mão em papel azul e com selo branco do Governo Civil de Leiria, datado de 8 de
maio de 1925), Regedor Efetivo da Freguesia da Maiorga, sob proposta do
delegado do governo em Alcobaça,
tendo tomado posse no dia 14. Porém não ocupou o lugar por muito tempo pois,
com o 28 de maio, pediu a imediata exoneração, tendo-lhe a mesma sido concedida
por Alvará do novo Governador Civil de Leiria, Cap. Henrique Pereira do Vale
(natural da Cela-Alcobaça), datado de 24 de junho de 1926.
Mário
Soares pediu-lhe quando uma vez o visitou em sua casa na Maiorga, que
oferecesse ao Museu da República, os Alvarás de Nomeação e de Exoneração de seu
pai, que ainda guardava ciosa e cuidadosamente.
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