Recebi
da Chiado Editora, para emitir
opinião, o livro A Virtuosa Arte de
Reinar nos Parabéns à Rainha Dona Maria I Pelo seu Confessor.
Não
sou crítico (literário), pelo menos profissionalmente ou no seu sentido mais convencional.
Para mim, a crítica literária,
é desde logo a avaliação, uma forma de expressar a opinião e o julgamento sobre uma
situação, personagem, ou obra escrita.
O escopo da minha crítica, é tanto a análise a respeito de um
aspecto desta obra e/ou toda ela, e envolve necessariamente o desmembrar das
partes e avaliar como elas se encaixam para alcançar os propósitos do autor.
A crítica literária
é, normalmente, feita por estudantes,
académicos ou críticos da área (o que não é o meu caso), mas admito, não
obstante, poder analisar literatura.
Tenho dúvidas que esta obra, seja mesmo considerada como obra literária pois como desde tenho
entendido, não é um simples reconto de acontecimentos (o qual seria um
relatório ou uma lista), mas a que deve imprimir à narração elementos
característicos que a tornam, esclarecedora, atrativa e sentida por aqueles que
a leem ou conhecem.
Seja
como for, o texto não se revela atrativo e sentido.
Decidi transmitir, aqui, o que penso a respeito do que o
autor passou a escrito e acho que ele não foi bem-sucedido.
Este
livro peca, quanto a mim, por vários vícios:
-Não
percebo bem a que público se destina, académico, culto, informado, ou
-Meramente
interessado por História em geral.
Se
é para académicos, parece-me que revela pouca profundidade, apesar de aturada
investigação do autor em arquivos, como a BDP ou a TT. O texto, como é
apresentado, torna-se de difícil leitura, pois as notas de rodapé são tantas e
tão extensas que lhe retiram a sequência desejável e deixam por isso de ter
essa característica ou função. Como texto para académicos e estudiosos, pode
ter interesse quando dá à luz
documentos esquecidos ou de difícil acesso, embora não tratados. As citações, abundantes
e pretensamente esclarecedoras, são usadas integral, textual e frequentemente
sem o devido enquadramento ou tratamento, dando a ideia que a autora pretende
revelar erudição.
A
obra em análise, está longe de dar a um público meramente interessado em
História, uma visão, ainda que circunscrita, do período histórico que
alegadamente quereria abranger. Os Parabéns que o Jesuíta dirigiu à real discípula
são aqui recuperados, sem colocar à disposição do leitor a adequada revisitação
histórica de um tempo cheio de controvérsia.
O
título é confuso e enganador e o papel atribuído ao jesuíta Timóteo de Oliveira
encontra-se mal definido, mestre e primeiro confessor
da Princesa do Brasil e futura Rainha D. Maria I e das irmãs. Diz o autor, ser ele
dono de uma figura discreta, porte elegante e um gosto apurado, e que frequentou
a corte de D. João V, por onde iniciou a carreira, talhado eventualmente para
altos voos, se o destino não lhe pusesse no caminho o Marquês de Pombal. Alvo
como os seus companheiros da fúria do Marquês, diz-se que sofreu vinte anos de
privação da liberdade, no presídio do Forte da Junqueira, donde saiu com a
subida ao trono de D. Maria I e a queda daquela.
Desconheço
os méritos académicos da autora, nomeadamente a sua bibliografia que parece ser
abundante.
Em
suma e com alguma simplicidade, terminada a leitura do livro, não recolhi nada que me tivesse
especialmente interessado e sem exagero considero-me razoavelmente informado
sobre História de Portugal.
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