terça-feira, 4 de abril de 2017

A Virtuosa Arte de Reinar nos Parabéns à Rainha Dona Maria I Pelo seu Confessor, opinião

Resultado de imagem para Reinar nos Parabéns à Rainha Dona Maria I Pelo seu Confessor

Recebi da Chiado Editora, para emitir opinião, o livro A Virtuosa Arte de Reinar nos Parabéns à Rainha Dona Maria I Pelo seu Confessor.
Não sou crítico (literário), pelo menos profissionalmente ou no seu sentido mais convencional.
Para mim, a crítica literária, é desde logo a avaliação, uma forma de expressar a opinião e o julgamento sobre uma situação, personagem, ou obra escrita.
O escopo da minha crítica, é tanto a análise a respeito de um aspecto desta obra e/ou toda ela, e envolve necessariamente o desmembrar das partes e avaliar como elas se encaixam para alcançar os propósitos do autor.
A crítica literária é, normalmente,  feita por estudantes, académicos ou críticos da área (o que não é o meu caso), mas admito, não obstante, poder analisar literatura.
Tenho dúvidas que esta obra, seja mesmo considerada como obra literária pois como desde tenho entendido, não é um simples reconto de acontecimentos (o qual seria um relatório ou uma lista), mas a que deve imprimir à narração elementos característicos que a tornam, esclarecedora, atrativa e sentida por aqueles que a leem ou conhecem.
Seja como for, o texto não se revela atrativo e sentido.
Decidi transmitir, aqui, o que penso a respeito do que o autor passou a escrito e acho que ele não foi bem-sucedido.
Este livro peca, quanto a mim, por vários vícios:
-Não percebo bem a que público se destina, académico, culto, informado, ou
-Meramente interessado por História em geral.
Se é para académicos, parece-me que revela pouca profundidade, apesar de aturada investigação do autor em arquivos, como a BDP ou a TT. O texto, como é apresentado, torna-se de difícil leitura, pois as notas de rodapé são tantas e tão extensas que lhe retiram a sequência desejável e deixam por isso de ter essa característica ou função. Como texto para académicos e estudiosos, pode ter interesse quando dá à luz documentos esquecidos ou de difícil acesso, embora não tratados. As citações, abundantes e pretensamente esclarecedoras, são usadas integral, textual e frequentemente sem o devido enquadramento ou tratamento, dando a ideia que a autora pretende revelar erudição.
A obra em análise, está longe de dar a um público meramente interessado em História, uma visão, ainda que circunscrita, do período histórico que alegadamente quereria abranger. Os Parabéns que o Jesuíta dirigiu à real discípula são aqui recuperados, sem colocar à disposição do leitor a adequada revisitação histórica de um tempo cheio de controvérsia. 
O título é confuso e enganador e o papel atribuído ao jesuíta Timóteo de Oliveira encontra-se mal definido, mestre e primeiro confessor da Princesa do Brasil e futura Rainha D. Maria I e das irmãs. Diz o autor, ser ele dono de uma figura discreta, porte elegante e um gosto apurado, e que frequentou a corte de D. João V, por onde iniciou a carreira, talhado eventualmente para altos voos, se o destino não lhe pusesse no caminho o Marquês de Pombal. Alvo como os seus companheiros da fúria do Marquês, diz-se que sofreu vinte anos de privação da liberdade, no presídio do Forte da Junqueira, donde saiu com a subida ao trono de D. Maria I e a queda daquela.
Desconheço os méritos académicos da autora, nomeadamente a sua bibliografia que parece ser abundante.

Em suma e com alguma simplicidade, terminada a leitura do livro, não recolhi nada que me tivesse especialmente interessado e sem exagero considero-me razoavelmente informado sobre História de Portugal.

Sem comentários: