O PIPO
AMOROSO, AS FESTIVIDADES DE STª.
MARTA e S. VICENTE NOS MONTES/ALCOBAÇA, OURO…MAS DO AMARELO
Fleming
de Oliveira
O Zé
Narciso, que fez vida no Canadá, de onde regressou aos Montes/Alcobaça, e se
fosse vivo teria bem mais de noventa anos, grande conversador e contador de
histórias, era de uma família de 5 filhos, dois rapazes e 3 raparigas. Para a
festa de casamento de uma das irmãs, o pai preparou com alguma antecedência um
piparote de tinto, feito amorosamente com uvas especiais, ficando contente só
de ve-las.
Para
ele, a vinha e a uva (esta no seu fugaz e belo reinado, graças à forma, cor,
brilho, tamanho) era como o símbolo da acabada perfeição do mundo. Posto o
vinho a recato na adega, não obstante os rapazes insistirem no sentido de o pai
os deixar experimentar, para confirmarem se afinal era tão bom quanto se dizia,
ele resistia, dizia rotundamente que não, isto
é para o casamento da vossa irmã, e afugentava-os da fonte da tentação. A
verdade é que cerca de duas semanas antes do casamento, o velhote desafiou os
filhos a irem ver, afinal, como estava o tinto. Preparou-se um alguidar, para
que quando se abrisse a torneira não se perdesse nenhuma pinga. O velhote
sentou-se em frente ao pipo, num tripé de madeira de pessegueiro, com pompa,
solenidade, reverência e cuidado abriu a torneira. Mas nem uma pinga jorrou.
Muito aborrecido comentou, para que é que
utilizei esta torneira que está entupida, logo que tenho outras tão boas.
Com um arame começou a mexer na torneira na ânsia de a desentupir, mas nada, do
piparote não saía vinho. Perante isto, em desespero de causa, retirou a rolha
de cima e devagar introduziu uma cana para chupar o vinho, de modo a o não
turvar ou sair com borras. Mas, nem assim, o pipo dava o tinto. Desesperado,
constatou que, afinal, o piparote em vez de tinto estava cheio de canas,
utilizadas pela mulher (?) e filhos (rapazes) que haviam efetivamente
assegurado a sua excelente qualidade, sem aguardar pela festa.
Com
altos e baixos, até aos anos sessenta, a cultura de vinha em centenas de
hectares dispersos, foi predominante na zona de Montes, com mais de 15.000
pipas segundo se diz, e a grande fonte de rendimento. Algumas famílias (num
todo de cerca de 200 fogos), puderam mandar estudar os filhos para fora, até
mesmo para Coimbra. Inácio Catarino, que sabendo fazer vinho, não bebia álcool,
lembra-se das grandes surribas que se faziam no verão para plantar o bacelo,
por vezes com mais de um metro de fundura, razão porque até se tinha de ir
contratar pessoal de fora, o que nem por isso evitava que a vindima se
prolongasse por mais de um mês. De facto, a terra dos Montes é boa para o
vinha, rica em potássio. Em casa do Dr. Amílcar Magalhães, que quase só
produzia vinho tinto que chegou a engarrafonar, as castas mais utilizadas eram
João de Santarém, Mourisco ou a Louriçal. Vinho branco era pouco, além de que
valia menos.
Ti Zé das Tojeiras, nos seus quase noventa
anos, nascido no tempo da maria cachucha
como gosta de dizer, lembra-se da festa que era a da Stª. Marta, padroeira dos
Montes, a 29 de Julho, quando era um acontecimento social, uma vivência
coletiva, com origem religiosa. Falou da maria
cachucha, mas não sabia de onde vem esta expressão popular que gostava de
utilizar para salientar a sua idade.
As
festividades, em honra de Stª. Marta, começavam a manifestar-se alguns dias
antes. Os festeiros iniciavam com antecedência a colocação dos arcos que
enfeitavam parte das ruas onde iria passar a procissão. Os andores enfeitados e
os estandartes eram colocados, atempadamente, nos lugares, para depois
saírem.
As
festas populares, as romarias do antigamente, eram importantes para manter viva
a moral e os bons costumes. Penitência, devoção e algum divertimento controlado
(umas pequenas rixas ou algazarras, fruto de uns copos, divertimento mais ou
menos aceitável nos homens), inseriam-se na exaltação de um ruralismo, que não
devia fazer perigar o trabalho do dia seguinte.
Como
festa verdadeiramente tradicional, a Stª. Marta constava de duas partes. Muitas
vezes, e hoje cada vez mais, misturavam-se os interesses profanos com os
valores religiosos. A religiosa, com missa e sermão, seguida de procissão, e a
parte profana, com os almoços e jantares para a família e convidados. E claro,
não faltava o foguetório. A Banda de Música, a abrilhantar a procissão
(antigamente até tocava no arraial) e os conjuntos, eram motivo para o baile
animado. Dita a missa e ouvido o sermão, por um pregador convidado e especializado,
sobre uma temática, ou na que melhor evangelizará os crentes, chamando ao
sentimento, os montenses preparam-se para a procissão. A procissão saía para o
adro. Organizavam-se os andores e estandartes, segundo uma ordem tradicional,
que ninguém ousava contestar. Carregar o andor, era uma tradição pela qual as
famílias da terra se batiam, por vezes renhidamente, mas não era só o nome de
família que contava para se obter essa honra, pois eram escolhidos os mais
fortes da sua geração. Na
procissão, ocupava um lugar de destaque o pálio, os andores dos santos e os
estandartes religiosos. As opas coloridas,
muitas vezes azuis celestes, equilibravam a plataforma onde iam as imagens. Os
transportadores aprontavam-se para o andamento ritmado ou livre pelas ruas. Iniciava-se
a procissão com alguns cânticos religiosos. De seguida a Banda, dava os
acordes, próprios do sacro momento. Na época das festas religiosas populares de Alcobaça, muitas
comunidades davam grande importância à procissão da festa. Quase sempre as procissões
tinham mais afluência do que a Eucaristia solene.
Ouvimos algumas pessoas hoje idosas (e não apenas mulheres),
dizer que o contacto com uma procissão, constituiu para um despertar da Fé.
Descobriram então uma dimensão oculta ou esquecida, viram ou intuíram a
dimensão transcendente da precária vida humana. De facto, as procissões
tradicionais conferiam visibilidade à
Fé, situavam-se na pedagogia da Encarnação, pela qual a humanidade de Cristo
deu visibilidade ao mistério de Deus.
A Fé precisa de sinais visíveis (não apenas S. Tomé) que manifestem em imagens,
o mistério invisível em que se acredita. Os
meus olhos viram a salvação, exclamou também o velho Simeão, quando recebeu
o Menino Jesus no Templo. Numa civilização como a nossa que tradicionalmente
tem privilegiado a imagem, as pessoas precisam de ver. Não basta ouvir o anúncio do Evangelho, pois a Palavra da
Verdade precisa do apoio de elementos visíveis, que a tornem concreta e
relacionada com a vida. Encontramos essa pedagogia muito propriamente no Novo
Testamento. O anúncio do Evangelho foi acompanhado de sinais (gestos, curas,
estilo de vida de Jesus e Apóstolos) que confirmaram e deram visibilidade à
palavra.
As
janelas e varandas das casas encontravam-se engalanadas com as melhores
colgaduras, retiradas das arcas. Algumas senhoras deitavam pétalas, à passagem
do andor. Hoje, em geral, não se fazem, nem pagam promessas. Se, antes do 25 de
Abril, as havia com frequência, eram feitas normalmente por soldados
regressados ou ainda no Ultramar.
As
raparigas recortavam papéis coloridos, para engalanarem as ruas ou ornamentarem
os andores, colados com farinha de trigo. Os rapazes pediam para a festa, nas
redondezes, mesmo em Alcobaça. As Filarmónicas de Pataias ou a da Maiorga, umas
vezes com mais, outras com menos elementos, tocavam a acompanhar o peditório.
Noutros tempos, quando o poder económico da gente do campo, não consentia
excessos ou folias, a festa profana tinha as suas limitações. O peditório,
pelas casas de família, nunca foi decisivo para o orçamento. Mas, a festa era
uma animação tanto para adultos como para crianças. Propiciava divertimentos e
alguns sinais (aparentes, momentâneos pelo menos) de desafogo. A criançada em
férias, ansiava pela festa da Stª Marta, pois era a altura de receber uns
trocos dos pais ou padrinhos, comprar umas bugigangas ou um doce nas doceiras,
que frequentavam o arraial. Para quem o viveu, lembra-se que, nesses dias
(há mais de 60 anos), receber 2$00 ou 2$50, era uma grande prenda, que dava
para extravagâncias ou excessos, que não se podiam repetir ao longo do ano.
Todos os caminhos iam dar ao largo da Igreja. Faziam-se alguns cumprimentos e
punha-se a conversa em dia. No Domingo, após os preparativos caseiros,
escolhidas as melhores vestimentas (a apresentação é também um ponto de honra),
as famílias preparam-se para a função, comandadas pelo pai. No recinto,
encontravam-se as barracas de tiro ao alvo, dos furinhos, sendo muito procurada
aquela que tinha uma pirâmide de latas para deitar abaixo, usando-se bolas de
trapos. O desporto foi atividade sem
preponderância até meados do século XX. Os rapazes não deixavam, porém, de ter
os seus entretenimentos que, embora com características lúdicas, davam origem a
disputas e contribuíam para o desenvolvimento das suas aptidões físicas e
estéticas. Os jogos então praticados faziam parte integrante da cultura do povo
e suas tradições e tinham os seus pontos altos nos festejos de outros tempos.
Tudo isto porém passou de moda, é a roda da vida.
Também
se recorda Ti Zé, dos rapazes dos Montes a disputarem a subida ao poste
ensebado, para apanhar o bacalhau ou o garrafão de tinto, e do mulherio a
comprar rifas, na esperança de sair uma fruteira de faiança, uma travessa de
barro ou um tacho. Era aquele um divertimento antigamente muito usual nas
festividades do Concelho de Alcobaça, como pelo País além. Um mastro ou tronco
liso com 6 a
8 metros
de altura. O mastro podia estar todo untado ou apenas a partir dos dois metros
de altura, (um pouco acima da altura normal de um homem). No topo do mastro
encontravam-se os prémios (um garrafão de vinho, um bacalhau, etc.). Colocado o
bacalhau ou o garrafão no alto de um mastro, ganhará quem o conseguir ir
buscar. Ora, como se sabe, estando o pau bem ensebado, o sebo vai-se agarrando
à roupa, o que torna cada vez mais difícil e escorregadia a subida do
concorrente ao cume. O concorrente não podia mudar de roupa após a primeira
tentativa. Só era permitida a subida individual, isto é sem apoios. A competição, aguardada com expectativa,
trazia sempre momentos de gáudio e boa disposição entre os assistentes, pois, a
par dos trepadores exímios (e bonitões), havia os que, apesar de terem pouca
destreza e traseiro pesado, não se continham e, não resistiam à tentação de tentar
impressionar o pessoal feminino, o que redundava num solene bate cu. O bar ficava pronto a servir os
primeiros copos e tremoços. As rifas, as quermesses estão expostas. Os
festeiros fazem a sua publicidade, incitando à compra. O conjunto iniciava os
acordes para animar o pessoal. A briga também tinha o seu momento, quando os
forasteiros, no bailarico iam, em ares de provocação, convidar as moças da
terra para dançar. Estas, salvo raras exceções, só dançavam e namoricavam com
os rapazes da terra.
Festa
rija, sem insultos, alguma bordoada não tinha graça, pois não Ti Zé?, além de
que no ano seguinte, já ninguém se lembrava da anterior.
Mas
momento importante, importante mesmo, era quando chegavam os prestimosos,
sorridentes e corteses ourives ambulantes, como o Maneca do Ouro, dos Leitões (terra perto de Cantanhede), abrindo os
expositores em malotes de madeira, cheios de anéis, brincos, pulseiras, ouro
faiscante, ou pelo menos prata. Senhores
e Senhores, o metal é o bem mais importante, que mais se valoriza e duradouro
que existe, assegurava ele, jurando tudo ter os anunciados quilates de lei
e os contrastes de garantia, ao mesmo tempo que falava das dificuldades da
vida. As mulheres gostavam muito de sentir nas mãos o peso do ouro, que ele lhes passava na esperança de ganhar em troca
umas notas, que ainda o iriam fazer sorrir e ser mais gentil. Mas o povo que
não tinha direito a reforma, nem a gozar férias, que bebia um copo e comia
tremoços e pevides, como poderia comprar ouro? Mas a verdade é que comprava,
pois era um enraizado hábito, uma necessidade
ancestral. Como assim?
O ouro
para muita gente está ligado de perto a amuletos. Os amuletos, assentam no
princípio de que tudo o que é mau é proveniente de seres sobrenaturais, com
enorme poder, capazes de produzir as mais variadas doenças e males. Para quem
acredita, os amuletos atuam repelindo os espíritos que atormentam os vivos e os
bons, trazem benesses, por vezes de forma positiva.
O
amuleto é segundo a tradição popular um instrumento de caráter passivo, que
protege contra os males e perigos, mas também instrumento ativo, quando
produz efeitos maléficos a quem se quer mal. O feitiço é um elemento do mafarrico que atua, tanto para o bem,
como para o mal.
Figas,
cruzes de David, elefantes com a tromba para baixo ou para cima, ferraduras,
trevos de 4 folhas, trezes,
corcundas, quartos de lua, porcos, patas de coelho, cornos de animais, budas,
olhos, um sem fim de objetos semelhantes, são exemplos de amuletos.
Marta
Dionísia recorda ainda o antigo hábito de no primeiro banho do recém-nascido,
se lhe juntar moedas ou peças em ouro, convicta a mãe que isso poderia
proporcionar um futuro de saúde e benesses materiais. As mães colocavam ao
pescoço, no berço ou à cintura das crianças, medalhas, figas, etc., para as
defender de influências maléficas, bruxas ou mau olhado, pois são seres
indefesos e especialmente vulneráveis a influências sobrenaturais.
A cor
amarela do ouro tal como a do sol, sempre fascinou e deslumbrou a humanidade.
Com frequência, tudo o que rodeava o homem e não se conseguia explicar, pelas
benesses ou males que acarretavam, era objeto de veneração. Para alguns povos
muito antigos, o local do nascimento do sol era considerado como a Casa de
Deus. O ouro, pela sua semelhança com a cor do sol, era tido como parte do
corpo de Deus, venerado como tal. O sol na sua rotação nascente-poente, ia semeando bocados do seu corpo e
criando a convicção de ser esta a origem do ouro, que por isso
era adorado e guardado, não como mero pecúlio económico, mas como objeto
sagrado. Sendo divina a essência do ouro, grande parte das divindades
orientais, incluindo o Buda são recamadas a ouro, o mesmo acontecendo com os
santos, altares e paramentos dos dignitários da religião católica.
Imperadores e reis, reclamando a origem divina do seu poder, cobriam-se de
ouro.
A
gente das nossas aldeias, quase sempre rejeitou o ouro polido, avermelhado, e
quando o ourives argumentava para a venda de artefactos com esta cor, a
resposta saía de imediato, isso não é
mesmo ouro que queremos. A cor natural do ouro não é a vermelha, branca,
esverdeada, mas sim a amarela e vem daí a tradicional preferência das pessoas.
O amarelo é talvez a mais ardente das cores e os raios rasgam o azul dos céus
manifestando o poder dos Deuses.
E os
homens para compensar o que haviam
gasto com as mulheres, reuniam-se no bar do arraial, na adega ou na taberna,
pois a sede ao fim da tarde é sempre muita. Não há dia de festa sem bebedeira,
nunca é cedo para começar, nem tarde para acabar. Ao início da tarde, ainda
estavam mais ou menos... Bebidos mais uns copos de tinto ou de água-pé, vinham
para a rua e viravam-se mesmo contra qualquer parede, para satisfazer uma
premente necessidade. A hora do jantar chegou e com ela um momento de coesão e
solidariedade social e familiar. Pelas 22 horas, o conjunto retomava a sua
função. As ruas são novamente ponto de encontro, a festa prolonga-se até às
tantas. Os mais resistentes continuavam o baile pela madrugada adentro. É povo
que trabalha e reza, povo que ama, folga e se diverte como e quando (o que é
raro) pode. Após garantir o sustento, após orar e agradecer à divindade, o
montense/alcobacense/português dava largas ao seu ludismo, expandia os
impulsos, entregava-se à diversão e à folia possíveis. Assumindo até certo
ponto uma função de escape ao quotidiano monótono da aldeia, o bailarico
permitia, a aproximação entre os sexos e era, por isso, momento bem apetecido
pela mocidade. Desde sempre, foi assim e, excetuando as danças rituais, as
danças populares tiveram e têm essa finalidade. Função, de resto, socialmente
importante nas comunidades rurais, como os Montes, muito fechadas e pouco
permissivas, onde a pressão social se fazia sentir, com rigor. Assim, as
ocasiões eram aproveitadas pela mocidade (mas não só) para armar a bailação. As
festas e os círios vinham em primeiro lugar, depois, os casamentos, as sortes, as feiras e mercados, as
descamisadas do milho, as adiafas da vindima, a Santa Marta (principalmente), o
Carnaval.
E as
Festas de S. Vicente, em Janeiro? José Bento Ramos Montes, diretor interino do
efémero jornal Voz dos Montes, na
pendência doença de Joaquim Gomes Loureiro, jornal que adiante iremos referir,
escreveu em 1925, a
partir de Lisboa, um texto interessante sobre esta festa, que vamos transcrever
em parte.
No
Sábado, como de costume foram precedidas
estas festas de uma fogueira feita no largo fronteiro à Igreja, que principiou
as 9 horas da noite. Em redor juntaram-se grupos de rapazes e raparigas,
tocando e cantando as suas modas
regionais que se prolongaram pela noite fora. Domingo, logo de manhã fomos
despertados pelos morteiros, anunciando a alvorada, dando as salvas do estilo,
percorrendo a filarmónica da Maiorga as ruas da terra, tocando algumas peças do
seu vasto repertório. Ao meio dia toda a gente se dirige para a capela,
dando-se início à cerimónia religiosa. Pregou a meio da missa um brilhantíssimo
sermão, o reverendo desta freguesia senhor António Ferreira, que foi ouvido no
meio do mais completo silêncio e atenção de todos os crentes que enchiam por
completo o templo. O sermão, embora dentro da filosofia e dos preceitos da
religião, foi revestido de um carácter moralizador e muitos dos que julgam
desnecessária a fé e a religião num povo, tirariam dele bons proveitos. Às 2 da
tarde, saiu a procissão percorrendo as ruas que circundam a Igreja, levando os
andores da Senhora da Conceição, Coração de Jesus, Santa Marta e S. Vicente,
incorporando-se nela todo o povo da terra e inúmeros forasteiros das povoações
próximas. Terminada a procissão que decorreu na melhor ordem, foi executado um
concerto pela Filarmónica da Maiorga, havendo danças, venda de fogaças, etc.. À
noite queimou-se um vistoso fogo de artifício , terminando assim as festas sem
facto algum desagradável e com completa satisfação de todos.
Alguns
padres havia que bem sabiam (quem melhor que eles?), que este mundo é um
inferno, pois já se está nele, mas nem por isso prescindiam de ameaçar o povo
com outro inferno. Bom seria que, em lugar de tanta moralização, ensinassem os
portugueses a sair dele. Mas isso era coisa que ou não interessava como vimos
ou não sabiam.
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