segunda-feira, 31 de março de 2014

UMA BOMBA PARA SALAZAR (1937)



 

UMA BOMBA PARA SALAZAR (1937)

Fleming de Oliveira

Em 3 de Julho de 1937, o Cardeal Patriarca, Manuel Gonçalves Cerejeira ofereceu um crucifixo de marfim ao seu amigo António Salazar e convidou-o a no dia seguinte ir à missa dominical no Patriarcado. Este preferia, por razões de segurança, assistir à missa, celebrada pelo padre Abel Varzim, numa capela particular em casa do musicólogo Josué Trocado, na Avenida Barbosa du Bocage, 96-Lisboa. O prédio fora, como de costume, revistado no dia anterior por agentes da PVDE.
No atentado a Salazar que se seguiu, foi utilizada uma bomba artesanal, uma garrafa de ferro de uso industrial, cheia de explosivos, colocada sob o pavimento no local onde o automóvel conduzido pelo fiel motorista Raúl deveria parar. Apesar de grande cratera, com cerca de 24m de diâmetro, que abriu no pavimento mal Salazar pôs os pés no chão, este saiu ileso. As pedras da calçada voaram, mas não atingiram ninguém.
Mais tarde, Salazar ironizou que, como fiquei vivo terei de continuar a trabalhar. Eu tenho sempre muita sorte nestas coisas.
Esta operação foi executada por anarquistas ligados à CGT, liderados por Emídio Santana, tendo os seus principais autores sido levados a julgamento em Tribunal Militar e condenados a penas pesadas, mas não vieram a ser deportados para o Tarrafal. Durante algum tempo, a operação foi atribuída pelo regime ao Partido Comunista.
Tanto Hitler como Mussolini, enviaram telegramas de congratulações pois, a natureza do atentado define-lhe a origem e a lição que dele se tira é que nenhuma trégua deve ser dada às forças destrutivas e criminosas do bolchevismo. Por sua vez, Cerejeira mal soube do incidente, deu graças a Deus, e encabeçou o coro dos que reforçaram a lenda do carácter messiânico de Salazar.
Salazar, antigo seminarista, ajudava à missa dos domingos em S. Bento. Mas nunca foi visto a comungar. Segundo a governanta Srª Maria, tinha uma licença especial que o desobrigava da confissão e da comunhão.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS.






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