terça-feira, 11 de maio de 2010

A REPRESENTAÇÃO DE A CASTRO (de António Ferreira), AMÉLIA REY COLLAÇO E O MOSTEIRO DE ALCOBAÇA

Ainda está na memória dos alcobacenses mais idosos, a representação, de A Castro, de António Ferreira, no adro do Mosteiro de Alcobaça, pela companhia de Amélia Rey Collaço e marido Robles Monteiro, na noite de 25 de Agosto de 1935, numa encenação de Júlio Dantas, no que então foi considerado como uma manifestação artística sem par, aliás repetida anos depois também com sucesso. Segundo o Diário de Notícias, Amélia Rey Colaço acabara de encontrar a expressão definitiva de um espectáculo nacional. No templo gótico transformado pela magia da luz, aconteceu um milagre. Nesta representação grandiosa e imponente, que incluiu o enterro de Inês, participaram cerca de 400 figurantes, que utilizaram adereços do Torneio Medieval e do Cortejo realizados por Leitão de Barros, em Lisboa. O espectáculo começou com Palmira Bastos a dizer um poema alusivo de Afonso Lopes Vieira que passamos a transcrever:



Na Estremadura, coração de Portugal
Entre mosteiros e castelos e memórias
Alcobaça rebrilha entre as mais altas glórias,
Primeiro Afonso invocou Claraval.
Povo da nobre Vila! Ante vós neste adro
Vamos representar a tragédia de chama
E compor para vós o mais formoso quadro
Que o amor neste mundo inspirou quem ama.
Perto daqui, lá dentro, os túmulos de encanto
Monumentos que o mundo aqui vem admirar
Vibram de beijos, de saudades e de pranto.
E assistem entre nós (noss’alma e adivinha)
Eternos na paixão, sombras dispersas no ar,
D. Pedro Rei do Amor, e Dona Inês Rainha!.



De acordo com o alcobacense José Alberto Vasco, a memória cultural alcobacense tem guardado um lugar muito especial para duas históricas representações daquela tragédia clássica de António Ferreira em Alcobaça (…), a primeira em 25 de Agosto de 1935 e a segunda em 30 de Agosto de 1941. Meritória e mais moderna encenação de A Castro foi também apresentada no Mosteiro de Alcobaça em 30 de Setembro de 1983, por João Mota e a sua Comuna-Teatro de Pesquisa, merecendo aqui também especial referência uma outra representação, mais recente, ocorrida no Cine-Teatro de Alcobaça, em 10 de Março de 2001. Desta vez a peça teatral apresentada foi a também belíssima Linda Inês, escrita pelo transmontano Armando Martins Janeira, então representada pela Acta-Companhia de Teatro do Algarve (…).Histórica oportunidade seria perdida em 22 de Agosto de 1968, data de uma actuação do Grupo de Bailados Portugueses Verde Gaio, na escadaria frontal do Mosteiro. Nessa noite, foram apresentados os bailados Fantasia Romântica, Um Tema Alentejano e A Ilha dos Amores, mas não um dos mais importantes bailados até então estreados por aquela companhia -Inês de Castro-, concebida pelo compositor português Ruy Coelho.

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