terça-feira, 1 de junho de 2010

EM QUE UM TRIPEIRO - ALCOBACENSE FALA DA GUINÉ (Bissau), DA NORMANDIA E DO DIA D, ANDANDO PELAS RESPECTIVAS TERRAS.

Já passou mais de meio século sobre o termo da II Guerra Mundial, mas o interesse em geral, pelo acontecimento não terminou. As marcas que legou foram enormes e profundas. Foi assunto que, numa perspectiva histórica (não propriamente militar), sempre muito me interessou. Tenho sobre a II Guerra uma boa e extensa bibliografia, que devorei. Apesar de o mundo, desde então ter assistido a outros graves conflitos, nenhum mais se processou a nível planetário. O que ocorreu durante a II Guerra, com o decurso do tempo, pode hoje em dia ser visto numa perspectiva mais clara, verdadeira, menos apaixonada. Desde há muito que pensava como seria interessante um dia poder visitar as praias do Desembarque da Normandia. Esse dia chegou no verão de 2003.

Seja como for, nunca apreciei a guerra, enquanto tal. Fiz a minha comissão militar na Guiné, já pai de 3 filhos, por aquilo que julgava ser uma obrigação cívica. Assim pelo menos, se entendia na altura. Tive sorte, os maus acontecimentos andaram a minha frente ou na retaguarda. Mas esta postura, creio não ser contraditória com a vontade de um dia ir à Normandia, sendo certo que nunca tive vontade de regressar à Guiné, muito menos com Mulher e Filhos. A minha compreensão com determinados personagens históricos ou com o desenrolar da II Guerra, nomeadamente com o Desembarque do Dia-D, nada tem a ver com a minha experiência pessoal. Admito, de há muito, que já é mais que tempo que Portugal comece a exorcizar os seus fantasmas de guerra. Não vi o filme Preto e Branco, estreado no Porto com a presença de Joaquim Chissano (Moçambique), mas até agora, ao que sei, não há nenhum filme de guerra, português. Há filmes sobre o pós-guerra, mas não um que nos faça recordar ou perceber o que foi a guerra de África, sem os maniqueismos dos tempos da guerra-fria. A guerra pode ser uma inevitabilidade, mas nem por isso deixa de ser má. Não se podem julgar comportamentos de pessoas em guerra, à luz da paz porque está tudo ao contrário. Tive de novo esta percepção, de muito forma muito acutilante, um dia destes ao falar com um Sargento Fuzileiro reformado, que fez duas comissões na Guiné, ao contar-me episódios dramáticos que viveu e não esqueceu mais.

Porque é que digo que a independência na Guiné não tinha bases, verdadeiros alicerces? Comece-se por dizer que é um território com 36.000km2, dos quais apenas 28.000km2 são terra permanente emersa. O restante é terra coberta por marés, revestida por mangais e tarrafo. Além disto, quando começou a guerra, mais de 90% da população era analfabeta e apenas 14 homens, quase todos de origem cabo-verdiana, tinham formação universitária. Numa primeira fase, a consciência anticolonial foi assumida pela pequena burguesia local, que de uma maneira geral trabalhava com os portugueses, na administração pública. O nacionalismo e a luta anticolonial estiveram muito ligados à figura carismática de Amílcar Cabral, antigo estudante de agronomia em Lisboa, utente da Casa dos Estudantes do Império com outros futuros dirigentes africanos, e com um cunhado de Rio Maior, que foi Chefe da Secretaria do Tribunal de Bissau, com quem estive muitas vezes a falar daquele (o que não era politicamente correcto).

E porque ali era o Cú de Judas? O clima da Guiné, que as minhas Filhas Raquel e Paula chegaram ainda a conhecer, apresenta duas características diferenciadas, tropical com elevadas temperaturas e humidade nas zonas costeiras, e mais seco e quente no interior.

As estações são bem definidas, a seca, entre Dezembro e finais de Fevereiro em que as temperaturas chegam a descer aos 15º e a das chuvas, com uma atmosfera irrespirável, temperaturas que chegam a atingir 35º a 40º à sombra, com tornados à maneira de o que suponho ser um regime de monções, relativamente assustadores. É um território sulcado por enorme profusão de cursos de água, nos quais se incluem braços de mar que penetram profundamente na plataforma continental, com uma agricultura de subsistência e só em muito reduzida escala de produtos comercializáveis. A monetarização era baixíssima e a troca directa era o meio corrente. A Guiné, que tínhamos de defender militarmente e rapidamente promover cultural, económica e socialmente, não era (não é) território atractivo, seja qual for o ponto de vista, meu ou da minha Mulher, a Aninhas que já esperando o Miguel, animosamente, leccionou como uma missão, um ano lectivo.

Muito trabalho de mérito e de investigação tem sido feito na literatura, na TV e no cinema, quanto ao Dia-D. Apesar de muitos dos principais protagonistas já não se encontrarem entre nós, outros participantes em acontecimentos, embora menos relevantes, ainda sobrevivem e devem ser considerados. Como em qualquer facto da vida, há acontecimentos dramáticos, ousados ou picarescos, que contêm algum interesse em ser rememorados. A História é um somatório desses factos todos, e que cumpre fazer não os esquecer.

A 6 de Junho de 1944, o Dia-D, os Aliados a coberto da escuridão, com a força invasora mais poderosa alguma vez reunida, abalaram a Fortaleza Europa de Hitler, a defesa que pretendia isolar o continente de qualquer tipo de agressão exterior. Com a Campanha da Normandia, sob o código de operação Overlord, começou de vez a queda do III Reich. Na noite de 5 de Junho, a BBC transmitiu duas linhas do poema, Canção de Outono, de Paul Verlaine, a senha para a Resistência indicativa que estava iminente a invasão (Les sanglons longs des violons de l’ automne). Durante as primeiras horas da invasão nas praias da Normandia, era essencial assegurar para os Aliados a salvaguarda dos flancos da cabeça de ponte, na frente costeira que fora dividida em 5 zonas, Utah, Omaha (onde estive), Gold, Juno e Sword, evitando que os Alemães chegassem com reforços. O Gen. Eisenhower dispunha de uma supremacia aérea total, mas os seus aparelhos não podiam atingir pequenos alvos nocturnos ou actuar sob condições climatéricas adversas. Para isso, decidiu utilizar os paraquedistas para se apoderar de pontos fortes, rebentar ou defender pontes, manter os Alemães sob pressão ou desorientados. Os paras ficaram para a História e a sua saga heróica ainda é bem lembrada e respeitada. Às primeiras horas do dia, todavia, as forças norte- americanas na praia de Omaha pareciam estar numa posição tão perigosa que o Gen. O. Bradley admitiu, ao que se diz, a possibilidade de retirar. O desastre, dado um total de cerca de 2.500 baixas sofridas, esteve por um triz, até as forças nazis serem empurradas e destruídas as suas defesas. Nesta praia, que visitei numa bela tarde de Agosto de 2003, com mar calmo, de extenso e plano areal, cheia de veraneantes ensolarados, em Junho de 1944, abaixo do nível da preia-mar, encontravam-se muitos tipos de obstáculos, os chouriços, como na gíria eram conhecidos, alguns com minas acopuladas, colocados pelos Alemães para impedir a aproximação das lanches de desembarque. As baixas americanas na praia de Omaha foram pesadas. Os mortos e feridos jaziam dispersos por toda a praia, os corpos eram arrastados pela maré à medida que enchia. Equipamento abandonado e destroços de lanchas de desembarque aliados espalhavam-se ao longo da costa. Hoje em dia, como testemunhas desse passado restam poucos outros vestígios, para além dos cemitérios e museus.

No final do dia 6 de Junho, os Aliados tinham desembarcado mais de 150.000 homens e respectivo equipamento e dominavam cerca de 270Km2 da França Ocupada. Embora o avanço dos Aliados fosse lento, os generais alemães terão logo compreendido que a única solução, ao seu dispor, era recuar e formar uma outra linha de defesa. Mas Hitler teimosamente nunca o aprovou. O avanço aliado, prosseguiu com duras e bem sucedidas batalhas, muitas mortes de lado a lado e destruição, até que 50.000 alemães se renderam a 22 de Agosto. Quatro dias depois, após quatro anos de ocupação alemã, caía Paris.

Referi já, noutro texto, o papel de Jean Moulin, na Resistência Francesa. Também aqui, esta foi importante para os Aliados, prestou um apoio fundamental, e estima-se em cerca de 50.000 o número de seus membros ao longo da Muralha do Atlântico. Embora, individualmente, apenas fornecessem fragmentos de informações, fotografias, mensagens codificadas e inclusive conversas entre os altos comandos alemães, estas depois eram trabalhadas pelo MI6 e Serviços de Informação, em Londres. A Resistência não era um corpo único, sob um comando unificado, mas um conjunto de grupos diversos, fundamentalmente patrióticos, que sofreram perdas pesadas, com interrogatórios sob tortura e execuções sumárias, mas onde diversas eram também as motivações. Era muito relevante no quadro das motivações da Resistência Francesa, a de obter uma posição de vantagem, para a tomada do poder, na França libertada.

Cada País honra as suas vítimas ou heróis, os seus mortos, de maneira diferente, ao mesmo tempo que refaz a História de acordo com os critérios do presente. Ao longo da linha de costa foram erguidos monumentos alusivos e museus que guardam parte da memória desses dias da campanha da Normandia. Visitei o interessante, mas pequeno, museu de Omaha, onde comprei um CD-Rom, e material evocativo do Dia-D. Elementos comuns a todas as praias, tal como pude constatar, é o monumento que evoca o desenrolar dos acontecimentos e os seus protagonistas e a placa de homenagem a todos quantos tombaram em combate.

Não tive oportunidade de visitar nenhum cemitério militar, anglo-americano ou mesmo alemão, embora tenha passado à porta. Neles vêm-se, imensos campos verdes matizados de mármore branco, onde descansam os que tombaram em tempo de guerra. Nas praias e nos primeiros quilómetros de costa da Normandia, só no Dia-D tombaram 10.600 soldados aliados, a maioria dos quais norte-americanos. Mesmo assim, estas foram consideradas como perdas ligeiras já que nos dias anteriores as estimativas apontavam para números muito mais elevados, nomeadamente nas primeiras horas da operação. Para os estrategas e burocratas da guerra, a perda de 6.600 soldados americanos e 4.000 anglo-canadianos pouco pesava, numa operação de 250.000 homens. Do lado alemão, os números da propaganda, apontaram para um número sensivelmente semelhante de baixas às dos Aliados, mas a verdade parece ter sido bem diferente, ou seja, para um número cerca de 25 vezes superior. Seriam, assim, na verdade do lado alemão, 28 generais, 354 oficiais superiores e 250 mil soldados que caíram. A maior parte desses soldados, fossem eles aliados e alemães, de diversas raças e religiões, encontram-se sepultados devidamente identificados, bem próximo dos locais onde caíram, mas de uma forma tocante em que os números perdem a frieza com que os estrategas os tratam. Mas também há ali os túmulos daqueles de quem apenas Deus conhece o nome. Não foram esquecidos ainda os que caíram, mas cujos corpos nunca foram encontrados. Nos cemitérios americanos, existem placas com os seus nomes, postos e unidades onde serviram. Um desses cemitérios americanos fica perto da praia de Omaha. E quando lá chegamos um pouco, comovidos e circunspectos, estava a fechar as portas. Passamos, na estrada, também por um cemitério militar alemão, igualmente digno, bem tratado e muito sóbrio.

Na maioria dos 13 monumentos que o Comité do Desembarque deixou a assinalar na Costa da Normandia, encontra-se a seguinte inscrição: Aqui as Forças Aliadas libertaram a Europa.

Porém, se foi necessário libertá-la, mediante a gigantesca operação de Desembarque, foi porque em 1940 havia sido completamente ocupada, França incluída, o que jamais havia ocorrido.

A Grã-Bretanha, a ilha vizinha do hexágono francês, desempenhou um papel fundamental, tanto em 1940, como em 1944. Em 1940, a luta da Grã-Bretanha, que permaneceu de pé, mau grado os intensos bombardeamentos, não abriu caminho aos alemães graças ao heroísmo dos Pilotos dos Spitfire, que acabaram com a maior parte da aviação alemã: Nunca tão poucos desempenharam um papel tão importante na história do mundo.

Por essa altura, De Gaulle assumiu a legitimidade francesa, mas a República só foi restabelecida em Bayeux, em 14 de Junho de 1944. Com a contribuição da França Livre, dos Belgas Livres, dos Holandeses Livres, dos Polacos Livres ou dos Noruegueses Livres, a Grã-Bretanha prosseguiu a luta que passou a contar com a intervenção da Rússia em Junho de 1941 e dos EUA.

Foram previstos dois desembarques em França. O primeiro desses desembarques, o da Normandia, foi decisivo, mas necessário que o destino jogasse a favor dos Aliados. Hitler estava a ensaiar armas secretas, não apenas para atingir Londres, mas todo o sul da Grã-Bretanha, onde as forças se haviam concentrado. Estava previsto além do lançamento das V1 e V2, tiros de artilharia a partir da costa de Pas-de-Calais, as famosas baterias V3. A poucos dias de distância havia que o evitar. Eisenhower, depois de uma dúvida de 24 horas, em que admitiu suspender a Operação Overlord por um mês, decidiu efectuar o Desembarque no dia 6 de Junho de 1944. Eisenhower estudara cuidadosamente o dia e hora da operação. Já em 17 de Maio, ficara decidido que o Dia-D seria escolhido entre três dias de Junho, 5, 6 ou 7. Só nesses três dias haveria a conjugação de dois factores positivos e necessários, um tardio nascer da Lua e pouco depois do alvorecer, uma maré baixa.

Quanto a Hitler, as sabotagens da Resistência conseguiram impedir, durante um mês, os disparos das V3.

Finalmente no referente à Normandia, se bem que a Resistência tenha conseguido fornecer aos Aliados uma boa informação acerca do dispositivo alemão, sobretudo também recebeu instruções para em situação de desembarque cortar todo o acesso das estradas à costa, mediante obstáculos improvisados. Por isso, o contra-ataque dos blindados alemães nos dias seguintes apenas conseguiu desalojar os aliados de certos lugares da costa, mediante a participação de unidades avançadas, que não lhes puderam resistir.

A civilização europeia jogava o destino na sua libertação.

As tropas aerotransportadas do sector norte-americano, a oeste da praia de Utah, tinham como missão, entre o mais, tomar a localidade de Sainte-Mère-Eglise, aonde onde estivemos. Esta localidade ficou para a História, aliada à saga dos paraquedistas. Ainda hoje, Sainte-Mère-Eglise tem a guerra bem presente, nas lojas de recordações, no Museu das Tropas Aerotransportadas, o qual visto de fora, bem sugere um para-quedas. Mas não só. Visitámos a Igreja situada na praça principal da localidade, passeamos no adro adjacente e para grande surpresa, senão mesmo emoção, vimos um manequim preso ao campanário, recordando a memória do soldado americano John Steele que, no Dia-D, sofreu ali uma dolorosa experiência, aliás bem descrita no célebre DIA MAIS LONGO, de Cornelius Ryan, (que vou citar adiante e que li em 1977) e no filme de Holywood, inspirado nessa obra, que não é propriamente um romance de guerra, mas a história dos homens das Forças Aliadas, do Dia-D.

(...) Vaga após vaga, as formações sobrevoaram a localidade, os primeiros aviões da mais gigantesca operação militar aerotransportada jamais tentada, oitocentos e oitenta e dois aparelhos ao todo, transportando treze mil homens. Estes soldados, das 101ª e 82ª Divisões Aerotransportadas americanas, dirigiam-se para seis zonas situadas a alguns quilómetros de Sainte-Mère-Eglise. Os homens saltaram dos aviões stick após stick. E enquanto baloiçavam no céu aqueles que deviam aterrar nas vizinhanças da localidade, ouviram um barulho incôngruo, no meio do tumulto da batalha, um sino de igreja tangendo na noite. Para muitos foi o último barulho que ouviram. Arrebatados pelas rajadas de vento, numerosos soldados foram arrastados para o inferno do largo da igreja, contra as espingardas e metralhadoras ali colocadas caprichosamente pelo destino. O Tenente Charles Santasiero, do 506º Regimento da 101ª Divisão encontrava-se à porta do avião quando este sobrevoou Sainte-Mère-Eglise e não esqueceu o que viu. ”Estávamos a uns cento e cinquenta metros de altitude, talvez menos, e eu via chamas e alemães correndo por todos os lados. No largo reinava uma confusão total. Um verdadeiro inferno. A D.C.A. e as armas ligeiras faziam fogo e toda aquela pobre gente estava presa no meio”. Mal tinha acabado de saltar do avião, o soldado John Steele, do 505º Regimento da 82ª Divisão, notou que em vez de cair numa zona balizada, se dirigia para o centro de uma aglomeração com todo o aspecto de estar a arder. Em seguida viu soldados alemães e civis franceses que corriam em todas as direcções. Steele teve a impressão de que a maior parte deles levantava a cabeça para o ver. Foi então atingido por qualquer coisa que lhe deu a sensação de um golpe com uma faca afiada. Acabava de receber uma bala num pé. Balouçando preso às correias do para-quedas, incapaz de se afastar, viu que estava a ser arrastado precisamente para o pontiagudo campanário da igreja (...). No meio de todos estes horrores e desta confusão geral, o soldado Steele agarrava-se a uma vida que se mantinha literalmente por um fio. O para-quedas, enrolado no campanário da igreja, pendia graciosamente até às goteiras. Steele ouvia os gritos e urros. Via alemães e americanos fuzilarem-se no largo e nas ruas. E, paralizado de terror, via as balas passarem, fulgurantes, à sua volta e cruzarem-se-lhe sobre a cabeça assobiando. Steele tentara cortar as correias, mas não sabia da faca. Decidiu que a única esperança era fingir de morto. No telhado da igreja, apenas a uns metros dele, havia metralhadores alemães, que atiravam a tudo o que viam, mas não sobre ele. Mantinha-se suspenso, tão perfeitamente morto que o Tenente Willard Young, da 82ª Divisão que desceu no auge da batalha, se lembra ainda do cadáver suspenso do campanário da igreja. Steele manteve-se nessa posição mais de duas horas, até que os alemães o soltaram e fizeram prisioneiro.

Esta pequena história que aqui relembro, graças a Cornelius Ryan que a imortalizou, insere-se no quadro da História que foi a grande ofensiva americana aerotransportada do Dia-D, e que cerca de 60 anos depois recordamos, à nossa maneira.

Quando vocês saltarem sobre a Normandia terão apenas um amigo, Deus Nosso Senhor.

Os paraquedistas foram lançados em vagas sucessivas. Porém, essas formações atingidas por tiros da D.C.A., balas tracejantes, com a visão dificultada por núvens carregadas e prejudicadas por uma deficiente sinalização, dispersaram-se, erraram os objectivos e perderam-se, em muitos casos num caos. Alguns grupos caíram no mar, outros no interior das linhas alemãs ou sobre árvores frondosas e inundações artificiais. Apesar das importantes perdas (2500 homens) foram cumpridas a maioria das missões principais, pelo que se pode dizer que a operação foi um êxito.

O sector norteamericano compreendia também Omaha Beach, como disse, em cuja praia e museu estivemos. Omaha é o nome de uma cidade do estado de Nebrasca, junto ao rio Missouri. Este nome, foi o código de uma das praias do Desembarque e daí para cá, adoptou honrosa e definitivamente também esse nome. Aqui, a grande força de assalto, a infantaria, deparou com o forte fogo de armas automáticas e dos canhões das 716a e 325a divisões alemãs.

Muitas das temerárias unidades de assalto depararam com as potentes defesas da costa, como as blockhaus e as baterias entrincheiradas. Contra ventos e maré, as sucessivas vagas de assalto chegaram a terra francesa, pelo que ficou também conhecida por OMAHA, a Sangrenta.

Charles De Gaulle, fez aqui gravar no granito e para sempre a seguinte inscrição:

As armas torturaram, mas também deram forma ao mundo.

Vergonhosa e também magnífica, a sua história é a história do homem.

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