NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS
II
A RAINHA ISABEL II EM PORTUGAL E ALCOBAÇA (1957)
AS CORES DAS LOIÇAS DO TOUCADOR E O PROTOCOLO BRITÂNICO
UM ROLLS ROYCE EM SEGUNDA MÃO
OS PRIMÓRDIOS DA RTP
O REI D. CARLOS E ESPOSA, GRACE KELLY (MÓNACO) E HAILÉ SALASSIÉ (ETIÓPIA) EM ALCOBAÇA
O Eng. José Costa e Sousa era, ao tempo da visita, Chefe dos Serviços Técnicos da Câmara Municipal, aonde fez a carreira profissional.
Recordou-nos que as obras de desaterro do Mosteiro foram alargadas para além do inicialmente previsto, tendo sido expropriadas propriedades contíguas à Rua Dr. Zagalo.
Esta foi alargada para dentro dessas propriedades, de modo a permitir aumentar o espaço frente ao Mosteiro, tornando-o simétrico com o lado norte. Para as obras na Rua Dr. Zagalo, conhecida por Ladeira do Mata Galinhas, e porque havia habitações em risco de ser arrastadas numa derrocada, construiu-se um muro com sacos de cimento, descarregados directamente das camionetes, os quais funcionavam como blocos.
Nesse local, e para escorar algumas casas em perigo, tiveram de ser colocados troncos de pinheiros, cortados no Pinhal da Gafa, alguns com 14 metros de comprimento.
Dado que o corte se fez de noite nunca se soube da razão…, o pessoal municipal trabalhava à luz dos faróis de camionetes e depois carregava, a braço, os enormes e pesados troncos. Para pegar nalguns era, segundo Costa e Sousa, necessário o esforço de mais de 20 homens.
Costa e Sousa, ainda se ri do vendaval num copo de água que foi o problema das instalações sanitárias que se construíram para uso dos Reis de Inglaterra. Estava previsto que estes descessem pela nave lateral do Mosteiro e entrassem na Sala dos Reis.
Esta encontrava-se ricamente mobilada com armários de laca carmesim, biombos orientais e uma colecção de cerâmica chinesa. Anexos à Sala, foram construídos o toucador para a Rainha e a toilette para o Duque de Edimburgo.
Aconteceu que o verniz estalou, a propósito da cor das louças a aplicar!!!. O encarregado do Secretariado Nacional da Informação, cuja presença no local, ao que se dizia, tinha uma componente política, pretendia que se aplicassem louças cor-de-rosa, o do Ministério das Obras Públicas defendia o azul, enquanto que o do Ministério dos Negócios Estrangeiros se inclinava para o branco.
Como quem estava mais tempo no local das obras era o técnico da Câmara, neste caso o Eng. Costa e Sousa, todos lhe diziam nas costas do outro, para aplicar a louça na cor que defendiam. O assunto assumiu tais proporções que o encarregado do S.N.I. ameaçou fazer queixa ao Dr. Salazar, se outra fosse a cor da louça, que não o rosa.
A visita de Isabel de Inglaterra não foi a primeira que um soberano inglês fez a Portugal.
Antes, em 1903, já tinha estado em Lisboa o seu bisavô, Eduardo VII, a convite de D. Carlos, na primeira viagem de Estado que fez ao estrangeiro, depois de ter acedido ao trono.
Em Alcobaça, houve forte entusiasmo quando em Novembro de 1956 se soube que a Rainha de Inglaterra tinha sido convidada pelo Gen. Craveiro Lopes a visitar o País, e que do programa estava prevista uma visita à vila.
Fevereiro, é um dos meses do ano em que o frio mais aperta. O Governo Português não podia correr o risco de constipar o real casal, pelo que foram descarregadas no Mosteiro várias camionetes com botijas de Gazcidla será o Presidente da C.M.A. teria interesse no assunto?, que logo aplicadas a aquecedores, estiveram em experiência e a preparar o ambiente, durante cerca de 15 dias!!!
CONTINUA
Sem comentários:
Enviar um comentário