terça-feira, 1 de junho de 2010

O Processo (Político) de Reunificação da Alemanha; Reminiscências e Sequelas da II Guerra; Andando pela Alemanha, em 2004, com Olhos do Porto e Alcoba

Nascida em 1918 das cinzas do Império austro-húngaro, a Checoeslováquia viu-se no centro da turbulência que antecedeu a II guerra. Em Fevereiro de 1948, o Golpe de Praga levou o país para a órbita soviética, para o outro lado da cortina de ferro. Vinte anos mais tarde, em 1968, a Primavera de Praga, foi reprimida brutalmente pelos tanques do Pacto de Varsóvia. Mas a Revolução de Veludo, em 1989, veio concluir a liberalização político-económica, o euro ainda não chegou de direito, mas de facto é a moeda que corre neste momento, e Vaclav Havel, intelectual e escritor, foi o primeiro presidente não comunista desde 1948.


Em quase toda a parte da Alemanha, seja no Ruhr ou na Baviera, encontrávamos tranquilos e confortáveis restaurantes, confeitarias, cafés e esplanadas, aonde se bebe cerveja e não só. O paladar do Manel A. entusiasma-se, muito especialmente, com uma grande salsicha alemã, com mostarda e cerveja.Mas a cozinha alemã é inesgotável, tal como se poderia dizer a propósito de qualquer outro local. Salsichas com chucrute, centenas de variedades de pão e doces (Bakerei), até aos pratos ligeiros e as especialidades regionais. Não sei se as salsichas mais típicas serão ou não as de Nuremberga, que obviamente experimentamos. Soubemos através de um prospecto de restaurante em Nuremberga, que foi naquela cidade, que nos fins do século XV se publicou o primeiro livro de cozinha em língua alemã. Há um antigo provérbio alemão que, traduzido para português, diz mais ou menos que,comer e beber harmonizam o corpo e a alma.Uma boa refeição, deve ser acompanhada por cerveja, vinho branco riesling, reno ou mosela, mas tudo made in germany. Mas, este ano bebi água ao lado do álcool do Manel A., que não se sentia com isso nada solidário, nem constrangido!!! Diz o Manel A. que dos brancos já não sei qual era o melhor. Mas sei que foi bom saboreá-los. Já com a cerveja é diferente. Parece mais natural beber cerveja na Alemanha, seja em que altura for. E parece contagiante ver novos e velhos, homens e mulheres, com uma grande caneca de cerveja.


Mas, também aqui a tradição já não é o que era , na era do fast food , cada vez é mais difícil dizer que conhecer a alimentação do estrangeiro, é perceber a sua cultura. Além do aparato culinário e da elaboração dos condimentos, como se come, o que se come, onde se come, com quem se come, estava rigorosamente codificado, cultural e socialmente e, conforme o contexto, o comportamento alimentar podia distinguir a posição, género, mesmo o estatuto político e religioso, o estilo ou estado de vida de uma pessoa.



Como disse, gosto de comer, na boa tradição portuguesa, mesmo com o risco de ser apelidado como um rural, embora frequentemente ceda a algumas vulgaridades, como os doces, os snacks, a comida rápida ou os cereais adoçados. Sem ironia, posso afirmar que nunca conheci uma boa pessoa que não gostasse de comer. E também nunca gostei de ninguém que não apreciasse sentar-se à mesa. Lamento não ver mais alusões à culinária na literatura portuguesa de hoje. No século XIX, escritores houve, que deixaram receitas gastronómicas nas suas obras. Basta lembrar os casos de Camilo, Eça, Ramalho, Fialho e Bulhão Pai (o das amêijoas). No século XX, apenas Aquilino manteve essa orientação, que se perdeu de então para cá. Mas não entre os espanhóis, pelo que cito gostosamente o catalão e grande escritor-gastónomo Manuel Vasquez Montalban, que defende que o segredo da sopa é que os ingredientes não podem estar lá a lutar uns contra os outros.



O mundo até neste aspecto está diferente e, pela primeira vez na História, não sendo a Europa uma excepção, embora menos notória do que os Estados Unido, há tantos subnutridos, como sobrenutridos. A receita para a obesidade, assunto que me preocupa, é bem conhecida pela Paula e por mim, mas como contrariar a utilização da tecnologia para poupar o esforço físico, aumentar o consumo de calorias, acrescentar televisão à noite e ao fim de semana?

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