terça-feira, 1 de junho de 2010

O Processo (Político) de Reunificação da Alemanha; Reminiscências e Sequelas da II Guerra; Andando pela Alemanha, em 2004, com Olhos do Porto e Alcoba

O chanceler federal H. Kohl foi o grande obreiro da reunificação, que como depois se viu, não foi só alegria e emoção, pois teve custos importantes ainda não superados. O slogan nós somos o Povo, em breve deu lugar ao nós somos um Povo só e, Alemanha Pátria Unida.



Não havia mais qualquer tipo de confiança ou esperança nos novos dirigentes da RDA. Estes já tinham os minutos contados, pois a força da atracção das luzes do ocidente era impossível de deter.



No dia 18 de Março de 1990, efectuaram-se as primeiras eleições livres na RDA, tendo a Democracia Cristã/Despertar Democrático recebido a maioria dos votos. Era uma manifestação inequívoca a favor da unificação, pelo que em Agosto seguinte a Câmara Popular da RDA pronunciou-se pela adesão à Lei Fundamental da RFA. O tratado de unificação foi outorgado em 31 de Agosto. Estava realizada a unidade política da Alemanha.



A denominação histórica de Estado–Livre da Baviera quer dizer, segundo me explicou um português que conheço e esteve a trabalhar nas obras durante alguns anos na Alemanha, que este é um estado republicano e não monárquico.



Originalmente agrícola devido aos vinhedos e exploração florestal, o estado republicano da Baviera transformou-se num moderno estado industrial e de prestação de serviços.



O nosso objectivo este ano, como das outras vezes que saímos a quatro, foi procurar encontrar uns tempos diversificados, tranquilos e relaxados. Com esse objectivo, a Alemanha é um bom sítio, devido ao clima normalmente nem muito quente, nem muito frio, e graças às relativamente curtas distâncias que unem, por excelentes auto estradas, as atracções turísticas.



Como acontecera na Áustria, ficámos rendidos ao encanto provinciano das cidadezinhas, vilas e aldeias alemãs, onde parece não existiram os atropelos e malfeitorias que ocorrem num País como o nosso, que quer rumar a um futuro sem retorno. Nunca a eles passaria pela cabeça, aliás por vezes bem dura, que esses lugares que fixaram com tanto amor cívico e pormenor estético, fosse uma calamidade, estivessem um dia irreconhecíveis. A real importância de salientar isto, e bem gostaria que os nossos governantes, especialmente os autarcas que gerem os ambientes urbanos o notassem, é a diferença existente. Apesar de alguns progressos que se têm feito nos últimos anos, em termos de equipamento urbano, continuam a ocorrer destruições e desacatos ao nosso património artístico-monumental. Bem gostaria de sermos capazes de exorcizar o mau fado que se abateu sobre muitas das nossas paisagens rurais e urbanas, muito graças aos incêndios florestais mas não só, e se tomar consciência da sua importância e da qualidade, para se proceder ao premente resgate que a malícia e a rasquice do nosso tempo lhes infligiu. É que em Portugal a mesmíssima gente que proclama aos quatro ventos o seu amor ao património, não tem pejo nenhum em sacrificá-lo.


Nesta viagem de Verão, fomos um dia a Praga, no coração da Boémia, a capital da República Checa. Há muito que ouvia dizer das maravilhas desta cidade do centro da Europa. Este ano, com a adesão da República Checa à U.E. parece que a Europa descobriu e caiu de repente em Praga. Não tenho a ideia de, alguma vez, ter visto tanta concentração de turistas por metro quadrado, um destino tão procurado que nem Veneza no mês de Agosto, em que as pessoas andavam aos encontrões. O centro histórico da cidade, de uma beleza sem igual, que os comunistas bem preservaram amorosamente, e que nos reconforta pelo arranjo e limpeza, é Património Mundial. Fizemos uma bem orientada visita guiada a pé pelo centro, atravessamos a ponte de Carlos IV, uma verdadeira obra de arte com as suas trinta estátuas, e pudemos constatar que a fama de ser uma das mais belas cidades do mundo, corresponde totalmente e sem favor ao proveito, com as construções de arcos góticos, janelas renascentistas, figuras de anjos, sílfides, correspondendo às respectivas épocas. Praga é conhecida como Cidade de Ouro, Cidade das Cem Torres, Coroa do Mundo ou até Sonho de Pedra. O monumento mais importante é o castelo, que não visitamos, ao contrário do que aconteceu com o Palácio Presidencial, onde após a chamada Revolução de Veludo, Vaclav Havel tomou posse e recebeu para o respectivo acto um automóvel Renault, oferecido por Mário Soares que, segundo consta se auto-convidou, com a muito turística cerimónia do render da guarda e ainda, a catedral gótica, que lhe é adjacente. Durante séculos, viveram em Praga ilustríssimas personalidades, que lhe marcaram o desenvolvimento social e arquitectónico de vários estilos, como o bom rei Venceslau, o Imperador da Alemanha Carlos IV e os Habsburgos e teceram elogios à sua encantadora majestosidade, como por exemplo Mozart, Rodin, Kafka, e mais recentemente Milan Kundera ou João Paulo II.



Com os seus altos e baixos, a longa história de Praga foi frequentemente tormentosa e agitada. No século XV, soprou um vento de reforma pela mão, boca e pena de João Hus, cujas diatribes contra a Igreja, o levaram à fogueira. No tempo dos Habsburgos, Rudolfo II, fez de Praga uma cidade europeia das ciências e artes, ombreando com Paris, Londres ou Viena.

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