NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS, no Mosteiro de Coz
(e um pouco da sua história)
A Junta de Freguesia de Coz, levou a efeito no passado dia 6 de Dezembro, no Mosteiro de Coz, um interessante evento cultural a propósito da apresentação na sua freguesia do livro NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS. Alcobaça e Portugal, da autoria do Dr. Fleming de Oliveira, sobre o período do Estado Novo (1926-1974). O Presidente da Junta, Álvaro Santo, muito justa e recentemente reconduzido nas funções, tem encarado com empenho este tipo de iniciativas, e que como salientou pecam por pouco, mas que valorizam e prestigiam a sua terra, mesmo antes de se iniciar a prevista e necessária requalificação da zona envolvente.
Recorde-se que deste Mosteiro de monjas cistercienses, nada mais resta do que a Igreja, a Sacristia com anexos e alguns vestígios arruinados de uma parte do corpo do dormitório. No fim do reinado de D. Sancho I (1211), Coz era uma simples granja do Mosteiro de Alcobaça. Algumas viúvas mais abastadas, desejosas de recolhimento e de uma vida piedosa, instalaram-se neste local, vindo a constituir um pequeno núcleo de sabor monástico, que haveria de manter-se durante vários séculos, à custa das rendas de Alcobaça. A estas, haveriam mais tarde de se juntar mulheres economicamente carentes. O Cardeal-Infante D. Afonso, ao tempo Abade Comendatário de Alcobaça, elevou esta comunidade a abadia regular e deu início em 1532 às construções conventuais que vieram a ser concluídas no tempo do seu sucessor o Cardeal-Rei D. Henrique, também Abade Comendatário de Alcobaça. Durante os séculos XVII e XVIII outras obras se realizaram, pelo que a avaliar pelo número de 106 celas e lugares dos cadeirais, o conjunto deveria ser grandioso. Com a extinção das ordens religiosas (1834), os edifícios, incluída a Igreja, foram vendidos a particulares que procederam à demolição de grande parte deles para venda e aproveitamento de materiais, como a pedra. A Igreja e a Sacristia, depois de muito tempo ao abandono, vieram a ser entregues pelos proprietários à Paróquia, mas só em 1946 se verificou a sua integração no Património Nacional.
A sessão, que decorreu com número significativo de público, que ocupou a zona dos cadeirais, teve locução do conhecido e experiente alcobacense Raul Duarte e, como orador convidado, o Dr. Mário Lopes Barreiro, residente em Alcobaça e natural da Póvoa, onde tem família. O Dr. Fleming de Oliveira, por sua vez registou a honra e o significado de se fazer este evento no Mosteiro, cuja história sintetizou, exibiu um power point que comentou com detalhe, composto por cerca de 200 fotografias do nosso Concelho, algumas inéditas, na maioria tomadas na primeira metade do século XX, cerca de 1935, pelo reputado fotógrafo Domingos Alvão. Também apresentou algumas fotos, ao que se saiba, das mais antigas que existem de Alcobaça (meados do século XIX), da autoria do italiano Rochinni. O Dr. Mário Barreiro, na sua intervenção, relevou no livro de Fleming de Oliveira, que continua a ser um verdadeiro sucesso e segundo apuramos se encontra quase a esgotar-se, apesar de não se destinar a turistas, e é já considerado em certos meios como a obra da década, NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS. Alcobaça e Portugal, a importância como um registo da memória da nossa terra, que há que preservar, pois corre o risco de se perder irremediável e rapidamente Sem memória não há cultura nem identidade, referiu a determinada altura da sua intervenção. A freguesia de Coz, ocupa um espaço importante na referida obra de Fleming de Oliveira, que contou com a colaboração de algumas pessoas mais idosas. Terminada a sessão, a Junta de Freguesia ofereceu aos presentes um simpático lanche.
R.S.
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