terça-feira, 1 de junho de 2010

-O LIVE 8-LIVE AID-G 8

-O LIVE 8/LIVE AID/G 8
-PROBLEMAS DE ÁFRICA (CORRUPÇÃO)
-O FARDO DO HOMEM BRANCO
-ATENTADOS EM LONDRES
- O COI/JOGOS OLÍMPICOS DE 2012
(2005)

(I)




O planeta Terra parou para ouvir, em Julho deste ano, o Live 8 e chamar a atenção dos Líderes do G8.
A primeira iniciativa deste tipo aconteceu há cerca de 20 anos e, tal como então, a pensar nos problemas de África.
Este ano a festa, os concertos multiplicaram-se por vários palcos da Europa, América, Ásia, e tiveram a cobertura de inúmeras
emissoras de televisão, estimando-se que no conjunto houve uma audiência de mais de 3 mil milhões de espectadores, o que se traduz num recorde, que nem uma final do Campeonato do Mundo de Futebol.
Músicos e figuras de relevo, pegaram no microfone e pediram perdão para a dívida africana, solicitaram um combate eficaz à sida, um comércio justo, água potável e ar respirável.
Há perto de 20 anos, o Live Aid fez história, recolhendo milhões de dólares em donativos aplicados em algumas necessidades urgentes. Desta vez, mais do que um concerto, o Live 8 pretendeu afirmar-se como uma intimação global dos cidadãos ricos aos seus representantes políticos, juntos numa conferência na Escócia.
A ideia lançada, sublinha os princípios de uma carta aberta de Bob Geldof em jornais britânicos, na qual sublinhava o espírito moralista desta nova operação e vincava a ideia que a cimeira dos 8 países mais ricos e industrializados, seria uma enorme decepção, se os envolvidos, não entregassem uma soma adicional de mais de 25 milhões de euros de ajuda a Africa Negra.



Nesta operação participaram, famosos conjuntos musicais, como os Duran Duran, U2, REM, artistas como Paul McCartney, Bono dos U2, que veio mais tarde a receber de Jorge Sampaio, a nossa Ordem da Liberdade, ou Madona acompanhada por um coro Gospel, partilhando o palco com uma mulher africana, salva em 1985 pelo Live Aid, era uma das crianças moribundas apresentadas no vídeo então exibido, e até a fadista portuguesa Mariza, que actuou num palco da Cornualha, num concerto considerado pela crítica longo e mais dançado que melancólico.
Mariza, a única voz portuguesa, actuou num palco repleto de vozes e ritmos africanos, interpretando temas bem portugueses como O Oiça lá Senhor Vinho ou Feira de Castro.Anossa transparente Mariza foi apresentada pelo célebre Peter Gabrielque acentuou que gostava muito da sua música, mas nunca tinha tido a oportunidade de a ver ao vivo.
O Secretário-Geral da ONU,Kofi Annan, por sua vez fez uma breve aparição às duzentas mil pessoas que se compactaram diante do palco instalado em Hyde Park.
Também o antigo Presidente da África do Sul, o símbolo da luta anti apartheid, ele próprio na origem de uma campanha contra a sida, fez uma intervenção no concerto de Joanesburgo. Mandela envergava uma t-shirt com o número 46664, isto é o seu antigo número de prisioneiro político do regimebranco sul-africano, e pediu aos dirigentes dos oito países do G8, para que não hesitem pois, é fácil fazer promessas e depois não agir.



Mandela, mais uma vez, falou do que sabia e sentia, dado que muito recentemente perdeu um filho, vítima de sida. Também se associou a este evento o informático americano Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, que se diz querer estabelecer em breve uma parceria com Portugal, que numa visita surpresa disse,que creio que se mostrarmos às pessoas quais os problemas em concreto e quais as possíveis soluções para os resolver, elas poderão agir.

(II)

Muito boa gente, diz que os problemas de África têm origem no homem branco, decorrendo daí o fardo do homem branco.
Há vinte anos, o mesmo Bob Geldof, organizou o Live Aid para matar a fome a uns africanos, antes que os africanos morressem dela, se matassem a si próprios ou de outra coisa.
Mas passados esses anos todos, a tragédia de África não terminou. A África está mais pobre.
Como explicar então?

Dizem que é a corrupção, ditadura, que ohomem branco promove e sustenta.
A tragédia de Africa, que não para de crescer, conta com a cumplicidade activa de uma parte do mundo ocidental.
Aquele mundo que negoceia e retira benesses dos ditadores, parecendo que a realidade é igual a uma ficção.
Ao mesmo tempo que se promovem iniciativas, visando uma distribuição mais justa da riqueza em África, ainda que canalizada por este tipo de iniciativas, constatamos que a justiça francesa encerrou esta semana, 3-7-05, um processo de acusação contra o presidente angolano, e outros, envolvidos no Caso Pierre Falcone. José Eduardo dos Santos e outros importantes dirigentes angolanos, Angola e a Nigéria encontram-se entre os países tidos mais corruptos do mundo, são acusados de terem recebido importantes comissões, no valor de milhões de dólares, num negócio de venda de armamento russo, num processo em que também estão envolvidos um filho do ex-Presidente François Mitterrand e mais outras individualidades do seu governo. No poder há 26 anos, José Eduardo dos Santos rejeitaestas acusações.

O modelo político predominante no mundo actual, Europa e Estados Unidos, tem vindo recorrentemente a pedir à maioria dos povos, suor e lágrimas. Numa glosa a W. Churchill, poder-se-ia acrescentar algum sangue. A enorme riqueza acumulada por processos argutos e desonestos, com pressuposto em muitos casos na criação de falsas necessidades de recursos, prioritários mas não imperativos, determinam um consumo exagerado e as correspondentes margens de lucro.
A estratégia, acarreta o aumento do nível de endividamento dos estados e consumidores, condiciona a redução da despesa pública e ocasiona a restrição, entre suor e lágrimas, de medidas importantes em sede de saúde, previdência, habitação e estabilidade social, onde neste caso entra a criminalidade e a insegurança, dando azo ao fecho da conhecida trilogia de Churchill.
Infelizmente, tudo isto em distante contraponto com a procura de soluções que promovam o crescimento económico, ético, cívico e intelectual, que é o subjacente do empenhamento e auto estima, a que se alia o progresso.

(III)

Quase concomitantemente com o Live 8, ocorreram os atentados terroristas de Londres. O terrorismo, eufemisticamente falado agora em certos meios p.c., politicamente correctos, de bombismo suicida, veio para ficar, e são pouco eficazes as medidas para o prevenir ou combater. As discussões sofisticadas sobre a forma de atacar o terrorismo são abundantes. Atacar os factores político-sociais, apertar cada vez mais as medidas de segurança e o controlo financeiro dos circuitos legais utilizados, pode dar algum resultado dentro dos limites do bom liberalismo, mas o resultado será inconclusivo, os atentados prosseguirão.
O terrorismo, neste século XXI, parece demasiado amoral, apto a sobreviver a sentenças morais para ser decapitado, e quem o justificar como um choque de civilizações está, na prática, a ser seu aliado, a quebrar as pontes entre o Islão e o Mundo Ocidental. A democracia, nunca pode utilizar as armas do terrorismo para o combater, doutro modo fica em pé de igualdade com ele.

Por essa altura, Londres foi a cidade escolhida pelo COI, Comité Olímpico Internacional, para palco dos Jogos Olímpicos de Verão, de 2012, em detrimento do outro principal concorrente, Paris. A alegria de muitos ingleses que saíram, ou se propunham, sair à rua para festejar o acontecimento, durou pouco tempo. O atentado bombista do dia seguinte, que com especial incidência no metro matou dezenas de pessoas e feriu com gravidade muitas mais, centenas segundo estimativas prudentes, levou ao cancelamento dos festejos previstos para o fim de semana.
Diz-se ser Londres, um alvo errado do terrorismo.
A segurança, um dos pontos que mais credibilizou a candidatura de Londres, tinha merecido do COI a nota máxima, creio não ter abalado a confiança possível,e actos deste teor não vão condicionar a determinação britânica de organizar, em 2012, uns jogos excelentes. Se os terroristas pensavam que iriam transportar para Londres a reacção de Madrid, reacções virulentas contra o governo PP de Aznar e a decisão da retirada das tropas do Iraque pelo socialista Zapatero, creio que se enganaram rotundamente.
Como antes, a população de Londres receou, mas não se rendeu… Os bombardeamentos nazis, mataram mais de 20.000 pessoas e feriram não sei quantas mais dezenas de milhares.
O IRA, submeteu a cidade a ataques violentos e indiscriminados, durante dezenas de anos.
Como disse um elemento do Comité Olímpico Britânico, a pior coisa é ceder perante esta gente.
Tony Blair, depois dos ataques disse nós havemos de vencer e eles não.

A oposição saudou o chefe de governo, pela forma como a cidade reagiu.
Os inimigos de uma sociedade aberta e livre, vejam-se, por exemplo, como pensavam os antigos comunistas-líderes da URSS e satélites, associam o conceito e a prática de liberdade ocidental, à decadência e ao laxismo moral. A nossa liberdade assenta no pressuposto e orgulho de sermos homens livres, o orgulho e o direito de respeitar uma Lei Moral, não caprichos ou servidões de tiranos ou corruptos.
Deus, Jeová, Maomé, nos livrem de uma nação de escravos, onde a liberdade se confunde com licenciosismo.
Pendendo entre a servidão e o abuso ninguém consegue ser livre.
Citando, mais uma vez, Churchill, 04.07.1940 nos Comuns:
We shall fight on the beaches, we shall fight on the landing grounds, we shall fight in the fields and in the streets, we shall fight in the ills. We shall never surrender.
Ao fim e ao cabo, como se comprovou, foi esta a resposta eficaz e inteligente.

Há uns tempos Karl Rove, Conselheiro Chefe da Casa Branca, tinha dito que os conservadores assistiram à selvajaria do 11 de Setembro e prepararam-se para a guerra. Os liberais prepararam acusações e ofereceram a terapia e compreensão aos terroristas.

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