sexta-feira, 31 de março de 2017

A Afirmação de novas potências - A ascensão da Europa

Realizado por: Mariana Bernardo e Luís Pereira


Introdução

Depois de duas guerras que deixaram a Europa completamente devastada, a necessidade de a mesma se unir para preservar a sua herança cultural e reencontrar a prosperidade económica e a sua influência política era imensa.
Assim, foram criadas várias organizações europeístas, promoveram-se encontros, debates e congressos e deu-se início às iniciativas diplomáticas entre os futuros estados-membros obrigando os mesmos a comunicarem entre todos.
Com este trabalho pretendemos então explicar como foram estas iniciativas feitas e que organismos/tratados foram feitos e realizados para chegar ao órgão europeu dos dias de hoje: União Europeia. O conteúdo do trabalho será então debruçado, maioritariamente sobre o tema “ Da CECA à CEE”, pois foram estes os antecedentes da nossa atual União Europeia e vamos demonstrar o quanto os mesmos foram importantes. Apresentamos ainda as vantagens que a CEE terá trazido para a Europa e como a mesma terá sido o “embrião” da União Europeia.


A ascensão da Europa

Na primeira metade do século XX a europa estava mergulhada num clima pós-guerra e, portanto, era necessário preservar a sua herança cultural comum e agora existia, mais do que nunca, “ a necessidade de se unir para reencontrar a prosperidade económica e, se possível a sua influência política”.
            A afirmação de um organismo que conseguisse juntar os países europeus e ajudá-los a reconstruírem-se foi feita por Churchill quando o mesmo lança um “apelo ao renascimento europeu” que seria alicerçado numa “ espécie de Estados Unidos da Europa”. Foram então criadas várias organizações europeístas, promoveram-se encontros, debates, congressos e foram também iniciadas as iniciativas diplomáticas entre estados-membros.
            Obviamente que a concretização deste plano não iria ser pacífica. São então postos em confronto os mais ousados que advogam uma Europa supranacional (federalistas) enquanto outros admitiam apenas uma confederação de Estados só independente.
Em 1947 constitui-se uma união aduaneira entre a Bélgica, os Países Baixos e o Luxemburgo chamada de Benelux. Esta união é considerada o embrião da CEE, Comunidade Económica Europeia. 
Em 1948 confrontam-se as duas correntes: a corrente dos unionistas e a dos federalistas. A corrente unionista defende uma união de Estados europeus, mas excluíam qualquer abandono de soberania, propondo uma Confederação de Estados Europeus. Por outro lado a corrente federalista defende a transferência de soberania. Para além disto será também em 1948 que é criada a OECE, Organização Europeia de Cooperação Económica, que nasce sob o controlo dos EUA sendo que os mesmos achavam que, ter uma europa ocidental coesa seria a maior barreira contra o comunismo. 
Em 1951 a Inglaterra dinamiza a criação de uma zona de livre-câmbio, a EFTA, European Fair Trade Association que envolvia os seguintes países: Portugal, Reino Unido, Suíça, Áustria, Noruega, Suécia e Dinamarca.
O primeiro passo de extrema importância para a cooperação europeia resultou da Declaração de Schuman (1950) que, como podemos ver no documento 3, conjeturava a cooperação entre a França e a Alemanha no domínio na produção de carvão e aço, acabando assim com a rivalidade secular entre os dois países.  Deste primeiro passo vai resultar, em 1951, a CECA- Comunidade Económica do Carvão e do Aço que tinha o intuito de integrar as indústrias do carvão e do aço dos países europeus ocidentais. Os seus inspiradores são Robert Schuman, ministro francês dos Negócios Estrangeiros (cujo um exerto de um dos seus discursos se encontra no Documento 3), e Jean Monnet (cuja biografia está nos anexos), também o seu primeiro presidente. Posteriormente e para além da Alemanha e da França, aderiram a esta iniciativa a Itália, a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo.

Documento 3: Excerto do Discurso de Robert Schuman, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, 9 de maio de 1950


A CECA, apesar de ter um carácter mais económico e limitado, é considerada o início de uma união económica mais abrangente que foi criada em 1957 pelo Tratado de Roma: a CEE- Comunidade Económica Europa.













Documento 4: Excerto do Tratado de Roma, 1957.

Os seis países que constituíram a CECA também faziam parte do Tratado de Roma. Este foi estimado como o ponto de partida da União Europeia dos dias de hoje. Os principais objetivos deste pacto internacional, como podemos ver no documento 4, serão então: o estabelecimento de um mercado comum, onde fosse possível a livre circulação de mercadorias, de capitais, e de trabalhadores; a aproximação progressiva da política e da economia e a expansão económica contínua e equilibrada. Era ainda previsto o estabelecimento de uma política comum nos âmbitos da agricultura, dos transportes e da produção energética. Para este parâmetro foi criada a EURATOM – Comissão Europeia da Energia Atómica -, com funcionamento independente da CEE.
Pretendia-se, enfim, "uma união cada vez mais estreita entre os povos europeus (...) mediante uma ação comum, o progresso económico e social dos seus países, eliminando as barreiras que dividem a Europa"[1].
O projeto de livre circulação de mercadorias pressuposto no Tratado de Roma veio a ser concretizado em 1968, sendo que desde logo, isto originou um forte aumento das trocas intercomunitárias. Em 1970, a CEE tornara-se já a maior potência mundial do mundo o que resultou no seu alargamento: em 1 de janeiro de 1973 juntaram-se o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca.  
Desde aí até agora a Europa tem caminhado em direção à plena união político-económica, sendo que esta será a única via capaz de fazer com que a atual União Europeia possa competir com as outras superpotências e desempenhar um grande papel não só a nível político e económico internacionalmente, mas também um papel de relevo na geoestratégia mundial.


Conclusão
Com a apresentação deste trabalho mostramos como foi possível a recuperação da Europa após duas guerras que devastaram o continente para lá do imaginável. Assim focamos na CECA e na CEE e como as mesmas se criaram e quais foram os seus objetivos principais, nomeadamente os objetivos económicos.
Com este trabalho foi-nos possível compreender melhor o processo de recuperação da Europa. Foi-nos também possível ver que este processo não foi um processo pacífico. De um lado temos quem advogue uma Europa supranacional (federalistas) e outros que queria apenas uma federação de Estados independentes.
Por último, foi-nos possível ficar com uma perspetiva diferente sobre o porquê de a Europa ser como é atualmente e os processos/tratados que levaram à criação daquilo a que hoje denominamos de União Europeia.






Bibliografia


·         Estórias da História, Tratado de Roma, visitado a 6 de março, 2017 disponível em: http://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2012/02/tratado-de-roma-1957.html
·         COUTO, Célia e outros, Um novo Tempo da História – parte 2, Porto Editora, 2015
·         COUTO, Célia e outros, O Tempo da História – parte 2, Porto Editora, 2009





Anexo
O Mundo da Segunda Guerra Mundial à década de 80
Ficha Biográfica

Ano/Turma:

Alunos:
Temática selecionada:
Data de Verificação:


12º LH-A


Luís Gabriel Vicente Ribeiro Pereira
A afirmação de novas potências:
 A ascensão da Europa
___ / ___ / 2017
Mariana Carreira Bernardo



Identificação do biografado:

Jean Monet

 Data de nascimento
e falecimento:
9 de novembro, 1888 e 16 de março, 1979

 Local de nascimento
e falecimento:
Cognac, França e Bazoches-sur-Guyonne, França

Área de ação em que se evidenciou:
Política



Minibiografia da personalidade selecionada



      Monet era oriundo da região de Cognac, em França. Após acabar o secundário, aos 16 anos de idade, viajou por diversos países como comerciante de conhaque e, mais tarde, como banqueiro. Durante as duas guerras mundiais, exerceu cargos importantes relacionados com a coordenação da produção industrial em França e no Reino Unido.Jean Monet foi um consultor económico e grande político francês, visto por muitos como o arquiteto da Comunidade Económica Europeia (CEE). Monet atuou nos bastidores de governos europeus e americanos como um internacionalista pragmático bem relacionado. Dedicou a sua vida à causa da integração europeia, tendo sido o inspirador do «Plano Schuman» que previa a fusão da indústria pesada da Europa Ocidental.


Fontes de Informação Consultadas*:


·         União Europeia, Os Fundadores da EU, consultado a 20 de janeiro, 2017 disponível em: https://europa.eu/european-union/about-eu/history/founding-fathers_pt#box_8
·         Wikipédia, Jean Monnet, consultado a 20 de janeiro, 2017 disponível em:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Monnet





[1] In Preâmbulo do Tratado de Roma, 1957.

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