Os Bombeiros de
Alcobaça foram fundados em 1888, por um conjunto de alcobacenses, de onde se
destacam José de Almeida e Silva e Manuel Vieira Natividade, tendo este último
sido o seu primeiro comandante e até 1896.
Com a I República,
os Bombeiros de Alcobaça tiveram como comandante Rafael Pinto Eliseu,
Secretário da Administração do Concelho, cuja ação é frequentemente referida
nos casos de sinistros. É, aliás, na dupla qualidade de Comandante dos
Bombeiros e de Secretário da Administração do Concelho que este aparece
caraterizado em Silhuetas de Alcobaça.
A responsabilidade
na associação dos Bombeiros parece estar, por esta altura, repartida entre o
Município e um conjunto de alcobacenses, designados como voluntários. Nesse sentido, compreendem-se algumas referências em
sessão de Câmara como foi aucturisado o
sr. Vereador Ferreira da Silva a encarregar um dos empregados do serviço de
limpeza de material de incêndios, a cargo da corporação bombeiros voluntários
ou a deliberação de arrendar uma casa na Rua Afonso de Albuquerque para o
material de bombeiros.
Em 15 de agosto de
1913, houve em Alcobaça um cortejo em que desfilaram em carros alegóricos, instituições úteis, como os Bombeiros da
Vila e da Companhia de Fiação e Tecidos, exaltando-se estas festas cívicas que unicamente visavam à glorificação do
trabalho e do bem.
Refira-se que a vila
contava, ainda, com ajuda dos militares do Quartel instalado no Mosteiro, como
decorre, por exemplo, do violento incêndio que deflagrou, em 1915, na Fábrica
de Leonardo Taveira e Cª., a que acudiram a bomba
municipal e a do quartel, esta última acompanhada de um Piquete de Artilharia,
além de populares.
Questões pessoais e
políticas, terão estado na origem das vicissitudes vividas nos Bombeiros entre
1914 e 1919. Na primeira data, foi apresentado, em sessão de camarária, o
pedido de demissão do vereador com o pelouro dos incêndios João Ferreira da
Silva, ao que constou por incompatibilidades com um colega da equipe. Na mesma
sessão foi apresentado um officio dos
Bombeiros voluntários d’esta villa, informando achar-se extincta aquella
corporação (…) e que acudirão a qualquer sinistro, com o material existente,
apenas como simples particulares e sem assumirem a responsabilidade que cabe a
uma corporação de bombeiros.
Apesar disto, o
Município continuou a ter um Serviço de Incêndios, que aparece referenciado,
por exemplo, no arrendamento em 1917, de um prédio completo na Rua Frei
Fortunato, para se instalarem diversos serviços municipais.
A partir de 1918,
começou a denunciar-se na imprensa local, o abandono a que estava votado o
material de extinção de incêndios, pelo que foi através da Companhia de Fiação
e Tecidos que veio a ajuda para melhorar este importante serviço.
Com Fernando Sá, na
Presidência da Comissão Administrativa Municipal, a Associação dos Bombeiros
ganhou novo fôlego, sendo assumida como uma preocupação e um projeto. Neste
executivo, António Vieira Natividade assumiu o pelouro dos incêndios.
A Associação dos
Bombeiros (alvo de uma autorização/aprovação de cada uma das freguesias),
utilizou o material existente na Câmara, que complementou com outro que
adquiriu e recebeu vários subsídios.
Reorganizados, os
Bombeiros vieram a instalar-se em espaço próprio no edifício de António Veiga,
na Rua Frei Fortunato e comandados por Ernesto Araújo Rosa (irmão de Eurico
Rosa), que comandava os Bombeiros da Fiação e Tecidos.
A criação e
manutenção do Corpo de Bombeiros foi reputada uma das realizações mais importantes
do executivo de Fernando Sá, que assim o exprimiu num discurso proferido
aquando da apresentação do Orçamento Municipal suplementar para 1920.
Durante alguns anos
os Bombeiros de Alcobaça foram comandados por Ernesto Araújo Rosa, tal como
surge referenciado em diversas situações, como o incêndio na Rua Francisco
Zagallo (1921), ou solicitando à CMA (1922) melhores condições. Mesmo quando
abandonou o comando dos Bombeiros, continuou a prestar o seu contributo
integrando a respetiva direção. Talvez por isso, foi com a farda de Bombeiro
que o jornal Comarca de Alcobaça o retratou aquando do seu 77º. aniversário,
dando conta da distinção de que foi alvo pela Companhia Fiação e Tecidos de
Alcobaça, em 1949.
A sede dos
Bombeiros, veio a passar para a Rua Frei António Brandão enquanto que estes
assumiam diversas funções, como acompanhar e fiscalizar espetáculos.
A 26 de maio de
1923, surgiu o Grupo de Voluntários Pronto Socorro Alcobacense, que funcionou
durante algum tempo independentemente dos Bombeiros, mas com uma ação paralela,
cujo fim era socorrer feridos em
desastres, fógos, etc, procedendo-se imediatamente aos primeiros pensos e
desinfeção dos ferimentos. Todos os socorros prestados por este grupo serão
gratuitos. Estas associações funcionavam em conjunto, na mesma sede e,
embora durante algum tempo mantivessem designações separadas, possuíam alguns
documentos em comum.
O fogo foi um das
armas utilizadas para atacar a I República, tendo sido Alcobaça vítima disso e
Fernando Sá o visado.
Em 1919 deflagrou um
grande incêndio na Fábrica Velha da Fervença. A imprensa deu muito destaque a
este sinistro, a que atribui origem criminosa e que relacionou com outros
incidentes similares em Lisboa: Teatro República, Cadeia do Limoeiro e Arsenal.
Estiveram presentes no combate ao incêndio, além dos operários e bombeiros da
Fábrica, muitos populares, a bomba municipal, oficiais, sargentos e praças da nossa guarnição militar, cujos serviços
foram igualmente dos mais solícitos e prestimosos.
A ideia que o incêndio teve origem criminosa, é
reforçada pelas medidas de prevenção adotadas na sua sequência. As medidas de prevenção ultimamente tomadas
entre nós não teem nada que ver com a população habitual desta vila, cuja
índole o sr. Administrador do concelho conhece o bastante a julgá-la incapaz de
qualquer ato mais condenavel. Elas destinam-se, pois, a evitar que qualquer
elemento estranho a Alcobaça novamente nos sobressalte com algum atentado igual
ao da Fábrica, e são até, essas medidas, o reflexo do que no mesmo genero e
pelo mesmo motivo se está pondo em pratica em todo o paíz.
No final da I
República encontrava-se constituída uma Associação de Bombeiros Voluntários em
Alcobaça, possuidora de estrutura sólida, sede própria, registos de sócios,
maquinaria e instrução adequada aos homens que não mais perdeu a autonomia e
que comemora atualmente os seu 125º. aniversário.
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