sexta-feira, 31 de março de 2017

UM ANTIGO BARBEIRO NOS MONTES /ALCOBAÇA

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Óscar Santos, antigo presidente da Junta de Freguesia dos Montes, recorda-se de ouvir histórias do barbeiro, que também era agricultor, aliás a sua lide quotidiana.
Ao fim da tarde e fins de semana cortava o cabelo e fazia barbas. Antigamenhte, nenhum barbeiro que se prezasse dispensava trabalhar com a navalha, cuja lâmina se afiava numa assentadura (fita de couro, posta num suporte de madeira). Mas o barbeiro dos Montes era muito especial pois, não passava o fio da navalha no couro da assentadura, como um baeta qualquer, mas no rijo cascão de sulfato com a cal que trazia acumulado nas calças de agricultor. Por outro lado, a navalha de corte, utilizada nos miúdos, estava tão romba que não cortava, outrossim arrepanhava o cabelo. Os garotos quando se sentavam na rija cadeira de pau, antes do início da função, começavam logo a chorar. O barbeiro todavia nunca percebeu porque é que os garotos dos Montes, contrariamente aos de outras terras vizinhas, como Coz ou Alpedriz, não gostavam nada de cortar o cabelo consigo.
O  assentador já não faz parte do trabalho de barbeiro, as navalhas foram substituídas por lâminas partidas ao meio, nem mais a pedra para passar  pela cara. Ir ao barbeiro fazer a barba, sem se sentir um pelo ao passar a mão, é hábito que se perdeu definitivamente.
Os barbeiros também foram acabando.


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