Óscar
Santos, antigo presidente da Junta de Freguesia dos Montes, recorda-se de ouvir
histórias do barbeiro, que também era agricultor, aliás a sua lide quotidiana.
Ao
fim da tarde e fins de semana cortava o cabelo e fazia barbas. Antigamenhte,
nenhum barbeiro que se prezasse dispensava trabalhar com a navalha, cuja lâmina
se afiava numa assentadura (fita de couro, posta num suporte de madeira). Mas o
barbeiro dos Montes era muito especial pois, não passava o fio da navalha no
couro da assentadura, como um baeta qualquer,
mas no rijo cascão de sulfato com a cal que trazia acumulado nas calças de
agricultor. Por outro lado, a navalha de corte, utilizada nos miúdos, estava
tão romba que não cortava, outrossim arrepanhava o cabelo. Os garotos quando se
sentavam na rija cadeira de pau, antes do início da função, começavam logo a
chorar. O barbeiro todavia nunca percebeu porque é que os garotos dos Montes,
contrariamente aos de outras terras vizinhas, como Coz ou Alpedriz, não
gostavam nada de cortar o cabelo consigo.
O
assentador já não faz parte do trabalho de barbeiro, as navalhas foram
substituídas por lâminas partidas ao meio, nem mais a pedra para passar
pela cara. Ir ao barbeiro fazer a barba, sem se sentir um pelo ao passar a mão,
é hábito que se perdeu definitivamente.
Os
barbeiros também foram acabando.
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