Em 1910, a monarquia
constitucional portuguesa estava em apuros, enquanto a população pelo País fora
se ia divertindo como podia, com mais ou menos folia. O carnaval em
Alcobaça, esteve pouco animado na rua, apesar do tiroteio de pó, água, confetis
e esforços dos que iam tentando fazê-lo reviver, dando-lhe a cor e a animação
de longínquas eras e terras. Os festejos, com a exceção dos bailaricos
particulares e populares nas associações locais, circunscreveram-se ao Clube
Alcobacense, à Fanfarra, ao Grémio e ao Teatro.
No Clube, realizou-se para os sócios e
família um baile no Domingo Gordo, na Segunda-feira uma tarde infantil, e na
Terça-feira uma reunião de tipo familiar, que serviu de pretexto para uma soirée, que durou até de madrugada, com
ceia a meio da noite.
Na sede da Fanfarra Alcobacense, o baile de
carnaval, que se realizou na sala de ensaio, ocorreu por antecipação no Domingo
anterior para não entrar em concorrência com o clube e teve alguma animação.
No Grémio, efetuou-se na quinta-feira
anterior, um baile que durou até cerca das duas horas, animado por uma
orquestra que veio de fora.
No Teatro, houve nas noites carnavalescas
alguma animação e apesar dos preços relativamente elevados (camarotes: três
noites=2$000 reis, Duas noites=1$500, Uma noite=800. Plateia: entrada geral=160
reis. Galeria:=100 reis) e da concorrência, não ficou por ocupar qualquer
camarote, estando sempre presente um nutrido tiroteio de serpentinas, bisnagas
de água, confetis e o uso de máscaras.
A classe política estava
desacreditada, entre a luxúria do poder e o interesse dos portugueses optava
por aquela, e D. Manuel II apesar da acalmação
era atacado da direita à esquerda.
O PRP, movimento urbano e
sobretudo lisboeta, criara um problema de ordem pública que a monarquia
constitucional nunca poderia ter resolvido sem se renegar tornando-se num
regime repressivo, o que a sua génese política não podia aceitar.
Quando o PRP resolveu dar
o golpe, em outubro de 1910, poucos apareceram a defender o regime.
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