Num dia dos princípios de Agosto último, ouvi no Algarve, uma
conversa deste tipo.
“Então
Bitocas, como é que estamos de saldos? Já te passou a febre ou nem chegaste a
embarcar nessa dura jornada? Eu confesso, e sou muito franca como sabes, que só
agora é que a coisa acalmou, fiquei cansadíssima, depois de ter inspeccionado
algumas lojas. Tenho ideia de que nesta altura do campeonato, já está tudo mais
do que escolhido, mas não tenho a certeza. Ainda assim vou à Guia ou a Faro. Os
preços são interessantes, há muita coisa que reaparece, há muita coisa que é
devolvida na loucura inicial e no pós fúria da primeira semana e, com
paciência, ainda se fazem umas belas compras. Pela parte que me toca, e à
cautela comprei em Lisboa mais umas t-shirts brancas, e outras peças, assim
muito básicas, coisas que uso aqui na praia e que aproveito para comprar, sem
ter de ir a esse horror de ir à Feira de Carcavelos”.
Aqui em Alcobaça, parece-me que o tempo frio começou há uns dez
anos e ainda nos faltam algumas semanas para chegar a primavera. Por isso,
venham os casacos, as camisolas, os ponchos, as botas e tudo aquilo a que temos
direito. Mas que maçada, já não há saldos. Acabaram. Havia ali um casaco de pêlo, em dois tons, que estava muito a chamar
por mim.
Cada
campanha de saldos, demonstra que evolução capitalista, não consegue fazer face,
ao especial senso feminista.
Nenhum
partido de “esquerda” seduzirá as “camaradas”, anunciando contra a
austeridade “exterior”, que repudia, o
que gostaria impor no “interior”. Não
seria descabelado dizer que o “Muro” veio abaixo, com um impulso tão forte como
o que chama as senhoras às barricadas dos saldos do “EL Corte Ingles” ou similares,
Diriam as senhoras (e com toda a razão) que sou machista, se não “reconhecesse” (?) que nós os homens se
entregam a caprichos, porventura, mais exóticos ou caros que as mulheres, que
conheço.
Um
amigo meu, defendeu que as mulheres querem, afinal, o mesmo que os homens, apenas
mais persistentemente. Com efeito, certos homens mostram-se igualmente volúveis
no seu desejo, mas ao invés demonstram uma perigosa indiferença pelo ideal
coletivista e se embrutecem com menor coincidência/consciência e maior
resignação. A mulher, pelo contrário, antirromântica por excelência (?),
segundo esse meu cínico amigo, está naturalmente dotada para o individualismo e
seleção, odeia a uniformidade e gosta de distinguir-se, no que é o seu arrobo
da elegância.
Tenho
reparado que, quando o ”look” de uma
mulher causa sensação, a protagonista resiste a revelar aonde adquiriu o seu
flamante vestido, para tratar de evitar que a imitam. Isto prova que a mulher
não aspira a vestir-se para atrair o homem, outrossim para matar de inveja, o
resto das mulheres.
Os
cientistas constataram que a palavra que um bébé pronuncia depois de papá e
mamã, é “meu”, pelo que deduziram que a propriedade privada
está inscrita no coração humano, desde o primeiro balbuciar e comprova o
fracasso das ideologias que a pretendem erradicar.
Aproveito
para recordar aos a minha idade que, quando aquela burguesa, convertida ao
comunismo, não teve dúvidas em enviar o filho para liquidar Troksy por ordem de
Estaline, exigiu ao partido uma sinecura em Paris, porque se negava a viver num
bloco coletivo em Moscovo.
E
digam lá, que não havia classes nesse “socialismo
científico”.
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