sexta-feira, 31 de março de 2017

-A MULHER PORTUGUESA, OS LOUCOS ANOS 20 E ALCOBAÇA-

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Fazer regressar a mulher aos limites do lar, tornou-se discurso recorrente, que acompanhou o fim da República e os anseios de ordem.
Em Portugal os loucos anos 20 também corresponderam a um período onde dominou a loucura, embora não tanto como em França ou Inglaterra, fruto de uma mudança de mentalidade, em que o povo, para esquecer o pesadelo da Guerra, quis divertir-se à grande. O entusiasmo pela vida noturna, deu lugar a abertura os cabarés e dancings que animaram a classe média com ritmos como o jazz, procurou-se o prazer e divertimento com o aparecimento de danças trepidantes como o charleston, foxtrot ou o tango.
Cresceu o culto da velocidade, a paixão pelos aviões e corridas de automóveis. As modas extravagantes tinham seduzido a juventude, as raparigas aspiraram independência, e libertas de preconceitos ancestrais passaram a usar saias curtas e cabelos à garçonne. Fumavam, praticavam desporto e frequentavam clubes.

Muita da música que se fazia no estrangeiro, chegava algo tardia e difusamente a Portugal.
Após a Guerra, o mundo passou a ser um sítio bem diferente, mas Portugal nem tanto. Os grandes impérios europeus desfizeram-se em nações exaustas e quezilentas, assoladas por uma vida difícil pela instabilidade político-económico-social, aonde se destacavam a pobreza e o desemprego.
Os E.U.A. foram levados à depressão económica após o crash de Wall Street, (outubro de 1929) e a Europa ao extremismo político.
Na Alemanha divulgavam-se profusamente cartazes como A Nossa Última Esperança-Hitler e em Itália governava Mussolini. Todavia, os anos loucos 20, estiveram muito ligados à diversão. O jazz captou esse interesse e varreu a Europa, a partir da América.
Em Alcobaça e nos meios académicos de Coimbra, era apreciado apenas por uma elite, alegadamente mais evoluída e abastada, em caros e importados discos de estrias para gramofone, para casas de burgueses, que o eram mais do que melómanos e que tinham sempre alguns convidados para os ouvir.

O Estado Novo investiu na imagem do anjo do lar, como aliada de um Estado autoritário, sendo as mulheres chamadas à missão de renovar a família, pois são o seu pilar.
Oliveira Salazar, exprimiu a sua ideia do lugar da esposa/mãe em contraposição aos ideais progressistas/emancipadores:
Como veem, estou nisto de reivindicações feministas tão atrasado, tão retrógado, tão fóssil, que, para mim, o melhor elogio da mulher é ainda o epitágrafo romano: era honesta; dirigia a casa; fiava lá.
O destino feminino cumpria-se na família, impedindo-se ou dificultando o trabalho fora do lar, desagregador do lar e um convite à desmoralização dos costumes. Certas profissões eram-lhes interditas (carreira diplomática, funções de chefia na administração local, magistratura), noutras o casamento (enfermeiras e telefonistas) ou autorizado sob condições excecionais (professoras primárias).
Este sistema de exclusões e de medidas alegadamente protetoras, não impediu o exercício profissional, tendo aumentado o seu número na indústria transformadora no período 1930/1940.




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