Fazer
regressar a mulher aos limites do lar, tornou-se discurso recorrente, que
acompanhou o fim da República e os anseios de ordem.
Em
Portugal os loucos anos 20 também corresponderam a um período onde dominou a
loucura, embora não tanto como em França ou Inglaterra, fruto de uma mudança de
mentalidade, em que o povo, para esquecer o pesadelo da Guerra, quis
divertir-se à grande. O entusiasmo pela vida noturna, deu lugar a abertura
os cabarés e dancings que animaram a classe média com ritmos como o jazz,
procurou-se o prazer e divertimento com o aparecimento de danças
trepidantes como o charleston, foxtrot ou o tango.
Cresceu
o culto da velocidade, a paixão pelos aviões e corridas de automóveis. As modas
extravagantes tinham seduzido a juventude, as raparigas aspiraram
independência, e libertas de preconceitos ancestrais passaram a usar saias
curtas e cabelos à garçonne. Fumavam,
praticavam desporto e frequentavam clubes.
Muita
da música que se fazia no estrangeiro, chegava algo tardia e difusamente a
Portugal.
Após
a Guerra, o mundo passou a ser um sítio bem diferente, mas Portugal nem tanto.
Os grandes impérios europeus desfizeram-se em nações exaustas e quezilentas,
assoladas por uma vida difícil pela instabilidade político-económico-social,
aonde se destacavam a pobreza e o desemprego.
Os
E.U.A. foram levados à depressão económica após o crash de Wall Street,
(outubro de 1929) e a Europa ao extremismo político.
Na
Alemanha divulgavam-se profusamente cartazes como A Nossa Última
Esperança-Hitler e em Itália governava Mussolini. Todavia, os anos loucos 20,
estiveram muito ligados à diversão. O jazz captou esse interesse e varreu a
Europa, a partir da América.
Em
Alcobaça e nos meios académicos de Coimbra, era apreciado apenas por uma elite,
alegadamente mais evoluída e abastada, em caros e importados discos de estrias
para gramofone, para casas de burgueses, que o eram mais do que melómanos e que
tinham sempre alguns convidados para os ouvir.
O Estado Novo investiu na imagem do anjo do
lar, como aliada de um Estado autoritário, sendo as mulheres chamadas à missão
de renovar a família, pois são o seu pilar.
Oliveira Salazar, exprimiu a sua ideia do
lugar da esposa/mãe em contraposição aos ideais progressistas/emancipadores:
Como
veem, estou nisto de reivindicações feministas tão atrasado, tão retrógado, tão
fóssil, que, para mim, o melhor elogio da mulher é ainda o epitágrafo romano: era honesta; dirigia a casa; fiava lá.
O destino feminino cumpria-se na família,
impedindo-se ou dificultando o trabalho fora do lar, desagregador do lar e um
convite à desmoralização dos costumes. Certas profissões eram-lhes interditas
(carreira diplomática, funções de chefia na administração local, magistratura),
noutras o casamento (enfermeiras e telefonistas) ou autorizado sob condições
excecionais (professoras primárias).
Este sistema de exclusões e de medidas
alegadamente protetoras, não impediu o exercício profissional, tendo aumentado
o seu número na indústria transformadora no período 1930/1940.
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