sexta-feira, 10 de março de 2017

E VIVA MARCELO…
















Francisco Leonardo Eusébio, nasceu na Cela, a 25 de janeiro de 1935, foi um carismático autarca do Concelho de Alcobaça e durante algum tempo o seu decano.
A sua palavra, por vezes exaltada e refletindo ideias simples e propostas populares (mas não absurdas), tinha normalmente peso.
Conta, com orgulho, que desde os dez anos de idade “trabalho com a maior dedicação para o povo da Cela, tendo começado em comissões de festas, religiosas e populares ”.
Depois de 25 de Abril, salvo um pequeno interregno em 1983, até se reformar politicamente, foi eleito, sem grande esforço Presidente da Junta de Freguesia. Confessa que gostava do lugar que exerceu com carolice, pois aprecia que as pessoas gostem dele. Na sua terra, muitos tratam-no afetuosamente por “Chico Sacristão”, apelido que não repudia, muito menos o envergonha.
Apesar das campanhas e calúnias de que por vezes foi alvo, nunca o conseguiram derrubar e algumas das suas reações ainda são recordadas saudosamente entre os mais antigos do PSD, de Alcobaça
Antes do 25 de Abril, Francisco Eusébio desempenhou funções como Tesoureiro da Junta e Regedor nomeado pela Câmara Municipal presidida por Tarcísio Trindade, pessoa que sempre respeitou. A regedoria funcionava em sua casa. Eusébio, não obstante alinhar com o Estado Novo, louva-se de nunca ter tido contactos com a PIDE, colaborado com agente ou informador, ou sofrido pressões para fazer ou deixar de fazer uma coisa.
Francisco Eusébio foi sacristão da Cela, entre 1952 e 1956, altura em que era Pároco, o “famoso” Pe. João de Sousa e até ir cumprir serviço militar. No exercício dessas funções, conheceu Humberto Delgado que ia à missa dominical o qual, terminada esta, não prescindia de ir cumprimentar o Pe. João de Sousa na sacristia, enquanto se desparamentava. Foi na qualidade de sacristão que Francisco Eusébio foi algumas vezes almoçar a casa de Delgado e com ele trocou algumas palavras de circunstância. Apesar de estimar e respeitar pessoalmente Delgado, no seu entender  “pessoa afável e popular, conceituado oficial”, Francisco Eusébio não participou na campanha eleitoral de 1958, nem votou nele, “porque sendo membro da União Nacional, não podia aparecer como opositor do regime. Mas também não queria aparecer contra Delgado”.
Nas Festas de S. Pedro, havia romaria a partir da Capela de S. Bento, situada dentro da propriedade de Humberto Delgado, com sermão, missa cantada e procissão, e a participação da (extinta) Banda da Cela, que atuava num coreto improvisado, enquanto o povo se distraía na conversa e, nos comes e bebes.
A Capela de S. Bento é a mais antiga igreja da freguesia da Cela e, segundo se diz das mais antigas do Concelho de Alcobaça. A procissão de S. Pedro, saía da Capela de S. Bento, com a banda a tocar, ia até ao Largo da Estação da CP, dava a volta e regressava.
Por altura das festas, Delgado costumava convidar para almoçar, os principais responsáveis da organização da Festa, naturalmente a Igreja (padre e sacristão) incluída.
Depois de 25 de Abril, salvo um pequeno interregno em 1983, até se reformar politicamente, foi eleito, sem grande esforço, Presidente da Junta de Freguesia.

“A escolha para Alcobaça é entre o passado e o futuro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no jantar em novembro de 1997, de apoio a candidatura à Câmara Municipal de Gonçalves Sapinho que juntou mais de 1700 apoiantes no Merco alcobaça, que os social-democratas locais classificaram na altura como “o maior jantar alguma vez realizado por um partido político em Alcobaça”.
Francisco Eusébio, Presidente da Junta de Freguesia da Cela então há 21 anos, foi o orador da noite, em representação das freguesias, como era consensual e usual.
Ex-Regedor, ex-ANP, Sacristão, proprietário do café, da agência funerária e das bombas de gasolina, depois de uma intervenção algo poética, cometeu uma gafe monumental.
Já na fase dos vivas, virando-se para Marcelo Rebelo de Sousa gritou “viva Marcelo Caetano”.
Ninguém levou a mal e isso foi pretexto para um rotundo coro de gargalhadas, a que se associou o Marcelo presente, que também não esqueceu o incidente.
Sobre Francisco Eusébio pode-se ler mais em NO TEMPO DE SOARES, CUNHAL E OUTROS. O PREC também passou por Alcobaça.


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