A
sua palavra, por vezes exaltada e refletindo ideias simples e propostas
populares (mas não absurdas), tinha normalmente peso.
Conta,
com orgulho, que desde os dez anos de idade “trabalho com a maior dedicação para o povo da Cela, tendo começado em
comissões de festas, religiosas e populares ”.
Depois
de 25 de Abril, salvo um pequeno interregno em 1983, até se reformar
politicamente, foi eleito, sem grande esforço Presidente da Junta de Freguesia.
Confessa que gostava do lugar que exerceu com carolice, pois aprecia que as
pessoas gostem dele. Na sua terra, muitos tratam-no afetuosamente por “Chico Sacristão”, apelido que não
repudia, muito menos o envergonha.
Apesar
das campanhas e calúnias de que por vezes foi alvo, nunca o conseguiram
derrubar e algumas das suas reações ainda são recordadas saudosamente entre os
mais antigos do PSD, de Alcobaça
Antes
do 25 de Abril, Francisco Eusébio desempenhou funções como Tesoureiro da Junta
e Regedor nomeado pela Câmara Municipal presidida por Tarcísio Trindade, pessoa
que sempre respeitou. A regedoria funcionava em sua casa. Eusébio, não obstante
alinhar com o Estado Novo, louva-se de nunca ter tido contactos com a PIDE,
colaborado com agente ou informador, ou sofrido pressões para fazer ou deixar
de fazer uma coisa.
Francisco
Eusébio foi sacristão da Cela, entre 1952 e 1956, altura em que era Pároco, o “famoso” Pe. João de Sousa e até ir
cumprir serviço militar. No exercício dessas funções, conheceu Humberto Delgado
que ia à missa dominical o qual, terminada esta, não prescindia de ir
cumprimentar o Pe. João de Sousa na sacristia, enquanto se desparamentava.
Foi na
qualidade de sacristão que Francisco Eusébio foi algumas vezes almoçar a casa
de Delgado e com ele trocou algumas palavras de circunstância. Apesar de
estimar e respeitar pessoalmente Delgado, no seu entender “pessoa
afável e popular, conceituado oficial”, Francisco Eusébio não participou na
campanha eleitoral de 1958, nem votou nele, “porque sendo membro da União Nacional, não podia aparecer como opositor
do regime. Mas também não queria aparecer contra Delgado”.
Nas
Festas de S. Pedro, havia romaria a partir da Capela de S. Bento, situada
dentro da propriedade de Humberto Delgado, com sermão, missa cantada e
procissão, e a participação da (extinta) Banda da Cela, que atuava num coreto
improvisado, enquanto o povo se distraía na conversa e, nos comes e bebes.
A
Capela de S. Bento é a mais antiga igreja da freguesia da Cela e, segundo se
diz das mais antigas do Concelho de Alcobaça. A procissão de S. Pedro, saía da
Capela de S. Bento, com a banda a tocar, ia até ao Largo da Estação da CP, dava
a volta e regressava.
Por
altura das festas, Delgado costumava convidar para almoçar, os principais
responsáveis da organização da Festa, naturalmente a Igreja (padre e sacristão)
incluída.
Depois
de 25 de Abril, salvo um pequeno interregno em 1983, até se reformar
politicamente, foi eleito, sem grande esforço, Presidente da Junta de
Freguesia.
“A escolha para
Alcobaça é entre o passado e o futuro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no jantar em
novembro de 1997, de apoio a candidatura à Câmara Municipal de Gonçalves
Sapinho que juntou mais de 1700 apoiantes no Merco alcobaça, que os
social-democratas locais classificaram na altura como “o maior jantar alguma vez realizado por um partido político em Alcobaça”.
Francisco
Eusébio, Presidente da Junta de Freguesia da Cela então há 21 anos, foi o
orador da noite, em representação das freguesias, como era consensual e usual.
Ex-Regedor,
ex-ANP, Sacristão, proprietário do café, da agência funerária e das bombas de
gasolina, depois de uma intervenção algo poética, cometeu uma gafe monumental.
Já
na fase dos vivas, virando-se para Marcelo Rebelo de Sousa gritou “viva Marcelo Caetano”.
Ninguém
levou a mal e isso foi pretexto para um rotundo coro de gargalhadas, a que se
associou o Marcelo presente, que também não esqueceu o incidente.
Sobre
Francisco Eusébio pode-se ler mais em NO
TEMPO DE SOARES, CUNHAL E OUTROS. O PREC também passou por Alcobaça.
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