sexta-feira, 31 de março de 2017

-UM ACORDO ORTOGRÁFICO NA I REPÚBLICA-


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Até ao início do século XX, tanto em Portugal como no Brasil, seguia-se um princípio ortográfico que, por regra, se baseava nos étimos latino ou grego.
Ao longo dos tempos, alguns estudiosos da língua portuguesa apresentaram, sem êxito, propostas de simplificação da escrita. O governo republicano, empenhado no alargamento da escolaridade e no combate ao analfabetismo, nomeou uma comissão, para estabelecer uma ortografia simplificada a usar nas publicações oficiais e no ensino.
Apesar de existir no Brasil uma forte corrente foneticista, que defendia a simplificação ortográfica, o seu não envolvimento nesta reforma, teve o efeito de reforçar a corrente tradicionalista, ficando os dois países com ortografias diferentes, Portugal com uma ortografia reformada, o Brasil com a velha ortografia de base etimológica.
Em 1924, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começaram a procurar uma ortografia comum, acordando-se preliminarmente em 1931,  seguir a ortografia portuguesa de 1911, pelo que se iniciou um processo de convergência das ortografias dos dois países, que não teve grandes resultados a final.
Teixeira de Pascoaes, sobre este acordo, escreveu que na palavra lagryma (...) a forma da y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua expressão graphica ou plastica e a sua expressão psychologica; substituindo-lhe o y pelo i é offender as regras da Esthetica. Na palavra abysmo, é a forma doy que lhe dá profundidade, escuridão, mysterio... Escreve-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transforma- lo numa superficie banal.
Fernando Pessoa intervindo na polémica opinou que não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa propria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro direto que me enoja independentemente de quem o cuspisse.


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