sexta-feira, 30 de setembro de 2011
ARMAS ABANDONADAS EM TEMPOS DE REVOLUÇÂO AÇÕES DE DINAMIZAÇÃO CULTURAL COM O CMDT. RAMIRO CORREIA E O 70
Na tarde de sábado, dia 1 de Fevereirode 1975, o Oficial de Dia, do Quartel de Caldas da Rainha, recebeu uma chamada telefónica denunciando a existência de armas escondidas em Pataias-Alcobaça. Assim, nessa noite, um piquete de 24 homens, em dois UNIMOG, um deles conduzido pelo 70 (na altura a cumprir serviço militar, atualmente residente na Póvoa, mas natural de Montes), comandado por um aspirante, procedeu em Pataias a uma busca nas instalações de duas fábricas, há anos desativadas, A Distribuidora de Garrafas e Garrafões e A Empresa Vidreira de Pataias. Segundo correu na sede do PPD, em Alcobaça, de acordo com dados fornecidos por um militante de Alpedriz, houve uma denúncia anónima de que naquelas dependências estavam guardadas armas e munições, furtadas ao exército. O certo é que, apesar de buscas aturadas, nada foi encontrado. Só havia lixo, muitolixo, pó e dois bidões com gasóleo e nenhum vestígio de presença humana recente. Terá sido para desviar a atenção de outras armas em boas mãos? Talvez, e o 70 que conhecia bem a zona e, por isso, foi escalado para conduzir uma viatura, também diz que nunca acreditou na veracidade da denúncia.
Quem é o 70, de quem voltaremos a falar mais vezes?
António Cerqueira Moiteiro, mais conhecido pelo 70, tem a alcunha que vem do tempo de seu pai, António da Silva Moiteiro, que, nos anos sessenta, ia com um rancho de mais de trinta homens e mulheres da zona de Alpedriz, para a colheita da azeitona na Quinta das Paulinas-Santarém, aonde ficavam a trabalhar por um período de dois a três meses.
Esta propriedade possuía um dos maiores olivais da Zona Centro. Para animar o numeroso pessoal da colheita, em serões e bailes, aparecia um indivíduo que tocava sanfona a troco de um copo e uma bucha e era muito apreciado, conhecido pelo 70, cuja origem da alcunha, nunca se apurou. Acontece que o 70 faleceu e, o António da Silva Moiteiro, que também tocava sanfona, herdou o lugar de músico junto dos trabalhadores da apanha, bem como a alcunha, que veio a transmitir aos descendentes, que hoje em dia não são conhecidos de outr forma, estejam onde estiverem, e que a não repudiam.
O 70, em meados de 1975 foi colocado no Quartel de Caldas da Rainha, e graças a alguns conhecimentos e a sua especialidade de condutor-auto foi colocado ao serviço do Conselho Administrativo. Foi então que conheceu o Cap. Gonçalves Novo, cujas principais funções consistiam na acção de Dinamização Cultural, inseridas nas diretrizes da 5ª Divisão do EMFA e do Cmdt. Ramiro Correia, que seguia zelosamente e à risca. Com o Cap. Gonçalves Novo saiu em várias sessões de dinamização pela região de intervenção do Quartel, que se realizavam em associações recreativas e desportivas. Essas sessões eram integradas por quatro elementos de palco chefiados Cap. Novo, um dos quais era um muito útil e atlético, embora pouco esclarecido, Alf. Soeiro, possuidor de conhecimentos e prática de artes marciais. Na verdade, em mais que uma sessão, a presença do Alf. Soeiro, impediu que o Cap. Novo e demais camaradas, fossem molestados físicamente, após discursos que não agradaram aos irritados e exaltados assistentes.
O 70 aquando de uma sessão de dinamização do MFA na Usseira, ficou no jeep que, aliás, nunca deveria abandonar se não desligar, para sair imediatamente e depressa, se o ambiente aquecesse, como aconteceu, mesmo antes do previsto.
FLEMING DE OLIVEIRA
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