quinta-feira, 15 de setembro de 2011

VIRGÍLIO TEIXEIRA E UM SÓSIA ALCOBACENSE (José Ferreira Tempero)




Virgílio Teixeira nasceu no Funchal, em 1917.
Galã português do cinema nos anos de 1940, 1950 e 1960, conseguiu, desde o início da carreira, ultrapassar as próprias fronteiras geográficas da sétima arte nacional. Numa altura em que o mundo se recompunha de um período bastante conturbado, como a II Guerra, havia a vontade de mudaça. É neste contexto que surge Virgílio Teixeira, um jovem madeirense que decide, em 1940, deixar para trás a ilha e partir para Lisboa, levando na bagagem muitos sonhos e a vontade de ser ator. Estava dado o que seria o passo mais importante na sua vida. Do anonimato para as luzes da ribalta foi um pequeno instante. Em Espanha, Virgílio Teixeira viveu 12 anos e participou em cerca de 50 filmes. Ainda hoje há espanhóis que pensam que o ator é espanhol e não português, devido à sua grande participação no tempo de Franco, cujo regime chegou a conceder-lhe os mesmos direitos que os atores espanhóis, facto que adiou a sua vinda para Portugal. A razão pela qual a Espanha se tinha tornado num atrativo destino para as grandes produtoras de cinema, devia-se às facilidades concedidas, com vista à procura do reconhecimento político e ao facto das produtoras de Hollywood procurarem mão-de-obra e cenários baratos.
Com papéis de maior ou menor importância, a verdade é que o nome do ator madeirense passou a figurar em elencos de luxo.

O meu amgo José Ferreira Tempero, contava que há anos, havia pessoas que o confundiam com Virgílio Teixeira, momeadamente no Funchal, aonde ia por vezes em trabalho. No tempo em que Tempero era viajante por conta de um armazém de mercearias de Caldas da Rainha, já lá vão mais de quarenta anos, foi uma tarde à Nazaré visitar o cliente, António da Silva Pereira, que tinha uma empregada com os seus dezasseis ou dezassete anos. A partir de certa altura, a miúda que não tirava os olhos de José Tempero, aproveitando o facto de o patrão se ter de deslocar ao escritório, perguntou-lhe tímida, corada eemocionadamente, ouça lá, meu senhor, vomecê não é o Virgílio Teixeira?
A pergunta ou o comentário, não eram nada originais para Tempero que respondeu, brincalhonamente como era habitual, sim sou eu, mas não diga nada a ninguém, muito menos às p’rigas da Nazaré, porque senão elas abeiram-se de mim e eu vou ter dificuldade em continuar a trabalhar, porque nas horas vagas quando não tenho filmes para fazer em Espanha, trabalho como viajante.
Quando o comerciante, regressou ao balcão, a Clara assim se chamava a rapariga, pediu-lhe autorização para ir a casa dos pais, que era ali perto, beber uma pinga de café... O Silva Pereira, embora contrafeito, mas para não fazer má figura diante de Tempero, respondeu que sim podes ir, vocês só sabem beber café e fazer chichi... .
Passado um quarto de hora, a mercearia, que tinha frente para duas ruas, situava-se perto da avenida marginal, começou a ter um movimento inusitado de raparigas e mulheres, que entravam e saíam ser fazer quaisquer compras, pelo que o Silva Pereira ainda sem perceber nada (a empregada fora anunciar nas redondezas que na loja estava o célebre Virgílio Teixeira) desabafou, aliás numa forma muito típica/nazarena, ah p’rigas, isto aqui parece que pariu a galega.
Só passados alguns dias, é que a menina Clara, quando José Tempero lá voltou, é que percebeu que tinha sido vítima de um ingénuo embuste.

FLEMING DE OLIVEIRA

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