Jaime Horácio Pacheco Junqueiro
(Ex-presidente da Câmara de
Alcobaça)
Haile Selassie
(Imperador da Etiópia)
FLeming
de OLiveira
Jaime
Horácio Pacheco Junqueiro segundo corria, nunca compreendeu as razões da sua
não recondução como presidente da Câmara (apesar de salazarista militante), ao
fim de dois mandatos, em que pouco mais fez que inaugurar obras já projetadas,
receber Juscelino Kubitschek de Oliveira (Presidente do Brasil), os Príncipes
de Mónaco (Rainier e Grace Kelly),o Imperador da Etiópia e, por duas vezes,
Américo Tomás.
Em
1959, o Rei dos Reis, O Senhor dos Senhores, O Conquistador Leão da Tribo de
Judah, O Supremo Defensor da Fé e Poder da Santíssima Trindade, o Imperador
Hailé Selassié, coroado em 2 de Novembro de 1930, efetuou uma visita oficial a
Portugal, e obviamente a Alcobaça, atirando aquando do acesso ao Mosteiro, moedas
de ouro aos assistentes, como aconteceu com Ana Maria Magalhães (Fleming de
Oliveira), no caso sem sucesso e se debatiam atrás delas.
Hailé
Selassié era, de acordo com a tradição, o ducentésimo vigésimo quinto da
linhagem de imperadores etíopes descendentes do Rei Salomão e da Rainha de
Sabá. É conhecido o encontro entre Salomão e a Rainha de Sabá (Makeda), graças
à bíblia hebraica. No I Livro dos Reis, e no II Livro de Crónicas, conta-se que
a Rainha, depois de ouvir falar da fama do Rei de Israel, viajou para Jerusalém
com objetivo de o por à prova, com questões e enigmas difíceis de resolver,
acabando por ficar rendida à sua sabedoria. Por sua vez, o monarca ficou abalado
coma beleza de Makeda e quis retê-la no seu reino. Para tal, imaginou uma
mentira que a obrigou a permanecer em Jerusalém o que permitiu que se deitassem
um com o outro. Dessa união nasceu Baina – Iehkem que os sacerdotes de
Jerusalém consagraram com o nome de David e permitiram que regressasse à
Etiópia como rei, levando consigo a Arca da Aliança.
Graças
ao relato bíblico a visita acabou por se tornar um dos mais imaginativos e
férteis conjuntos de lendas e contos do oriente. Na literatura judaica mais
antiga, emergiu um colorido relato com os ingredientes para desenvolver uma
história glamorosa. A figura da Rainha de Sabá, e a veracidade histórica da
visita a Salomão, ocupam lugar tão importante na identidade etíope que a
primeira Constituição de Etiópia, promulgada em 1931, declarava no art.º 3.º: Fica
estabelecido por lei que a dignidade imperial pertence exclusivamente à
linha de Khayle SellasiI nascido da estirpe do rei Shala Sellasi, descendente
da dinastia de Menelik I, nascido por sua vez do rei Salomão de Jerusalém e da
Rainha da Etiópia, chamada Rainha de Sabá.
Este
artigo foi repetido literalmente na Constituição de 1955, e permaneceu vigente
até à queda da monarquia em 1974.
Nos
discursos, o Chefe de Estado africano e os responsáveis portugueses, fizeram referências
aos laços históricos que uniam os dois países desde o século XVI. Na evocação
da amizade luso-etíope, um episódio pareceu ter sido deliberadamente omitido,
isto é, o papel desempenhado por Portugal na Sociedade das Nações, aquando da
agressão da Itália fascista à Abissínia. Até determinada altura a defesa da
independência da Abissínia mereceu o apoio do governo de Lisboa. E quais os
motivos do volte-face operado por Portugal em 1936, quando chegou
internacionalmente a altura de endurecer o regime de sanções imposto à Itália?
Junqueiro
depois de deixar a Presidência da Câmara Municipal, em 1969, mandou fazer
cartões de visita onde, no lugar
habitualmente reservado a profissão, estava escrito Ex-Presidente da Câmara de
Alcobaça.
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