domingo, 24 de dezembro de 2023

TOURADAS EM ALCOBAÇA

 

 

TOURADAS EM ALCOBAÇA

 

Fleming de  Oliveira

 

 

As touradas constituíram um divertimento concorrido enquanto houve Praça de Touros na Vila.

  Em agosto de 1909, havia farto entusiasmo pela realização de uma corrida de touros, e na qual um aficionado da Golegã irá montar um dos cornúpetos. Contrariamente ao que seria de esperar, pois não fora anunciado, e para satisfazer pedidos de amigos e admiradores, o vereador e cavaleiro Vitorino Fróis, também participou nesta corrida de touros, sendo muito aplaudido.

  Outro atrativo irresistível (assim se anunciava), era a presença do famoso Monas, que irá lidar com bandarilhas alguns dos bichos propostos ao castigo dos arrojados turistas.

  Em agosto de 1922, realizou-se com muito público, entre o qual se distinguiam senhoras e cavalheiros que vieram da Nazaré, uma vacada com dez animais de um ganadeiro de Almeirim, na qual tomaram parte amadores de Alcobaça e de Torres Novas. Antes do início do espetáculo, houve alguma confusão entre o público, pois a organização não assegurou o respeito pela marcação dos lugares, especialmente os da sombra. As vacas, pese embora maltratadas, uma delas sofria de uma pata, permitiram o aceitável por parte dos amadores da lide apeada, o que já não aconteceu com o trabalho do cavaleiro Roberto Cunha, porque as vacas que lhe saíram, não se prestavam para a lide a cavalo e fugiam prontamente. Isto motivou protestos do público e do cavaleiro, que anunciou depois de espetáculo, numa taberna da Vila onde se reuniu com uns amigos, que não voltava a tourear em Alcobaça, se as vacas não fossem previamente sorteadas.

  O amador Arnaldo Valério, de Torres Novas, teve azar, pois a  montada chocou com uma vaca e matou-a, a qual veio a ser adquirida por José Pereira da Silva Rino, para distribuir a carne pelo Hospital, Asilo de Infância Desvalida e pobres indicados pelo regedor.

  Os bandarilheiros (naturais da Benedita), muito novos e com pouca prática, mostraram serem valentes, o que lhes valeu a simpatia do público, enquanto os de fora, também amadores, agradaram e receberam ovação, olés e volta ao redondel. Dos forcados de Torres Novas, salientaram-se quatro, pois os restantes, apesar da boa vontade, não conseguiram distinguir-se, tendo um deles ficado ferido no rosto e numa clavícula. Assistido no Hospital, teve alta antes do jantar, a tempo de ir confraternizar e beber uns copos com amigos e admiradores.

  No mês seguinte, realizou-se uma corrida de touros tendo como cabeça de cartaz o amador caldense, António Emílio Geraldes Quelhas, que envergava um vistoso equipamento  composto de botas altas, tricórnio e uma casaca de cetim bordada a fios de ouro e prata.

  A comissão que explorava a Praça de Touros, tornou público através da imprensa e cartazes afixados na Praça, no escritório de Manuel da Silva Carolino e no estabelecimento de Abílio da Silva Ramalho que, desta vez, garantia os lugares, de modo a evitar abusos e muito concretamente que os compradores de bilhetes de sol, não fossem ocupar os lugares da sombra.

    

 

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