O PPD numa
noite chuvosa, fez uma sessão em Pataias, na Associação. De Alcobaça,
deslocaram-se uns três ou quatro automóveis com o autor e Silva Carvalho, entre
outros, bem como alguns militantes como sempre presente Andorinha para fazer ambiente, que era de esperar fosse hostil.
Pataias vivia, em termos sociais e políticos, na órbita da Marinha Grande, pelo
que o PPD teve de início dificuldade em ali penetrar e fazer campanha. E assim
mais uma vez aconteceu, perante uma assistência reduzida para os padrões
usuais, e composta, principalmente por metalúrgicos e vidreiros. Na fase do
debate, pediu a palavra um homem de ar circunspecto, que discorreu sobre os pobres
que trabalham, mas os ricos não fazem nada, só mandam. E mesmo os encarregados também não trabalham, só olham... ou fiscalizam. Como resumia
tudo a esta dicotomia, os pobres eram bons e os ricos maus, até Salazar tinha o mesmo
tratamento. Ao encerrar afirmou: Eu
queria lá saber! O Salazar era o Salazar, olhe, era um rico. Um patife beato,
que usava botas e o pior de todos, pior que o Marcelo. Depois refutou a
análise incidental, que o autor havia feito a propósito do falhanço da Primavera
de Praga e os tanques da URSS.
Apurou-se que se tratava de um delegado sindical na IVIMA, que questionado de
que lado estaria se a União Soviética invadisse Portugal para ajudar a
Revolução respondeu: Estava ao lado do PC.
Ninguém esboçou reação.
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