sexta-feira, 14 de outubro de 2011
-COISAS SIMPLES, QUE NÃO FAZEM MAL -À MESA TUDO BEM/BOM
Fleming de OLiveira
Beber bem, comer e conversar, enfim viver, são artes com afinidades e o melhor lugar para as exercitar é o bom restaurante.
Há consenso entre praticantes desta arte nobre e sofisticada, que o restaurante é o ambiente onde melhor floresce e evolui. E como arte que é, já o explicava a filosofia antiga, tem de ser consumida na dose certa, como o sal no tempero. Uma das boas razões para as pessoas se sentarem à volta de uma mesa refeiçoeira é que, assim, o espírito se liberta e tomam-se, se necessário, decisões importantes sobre o nosso destino individual ou coletivo, a Humanidade ou a Imortalidade Alma…
Mas não só. Política nacional e internacional, futebol, mulheres, ovnis e outros interessantes assuntos, tudo pode ser discutido e negociado à mesa, de preferência com um whisky ou copo de tinto português. Nestas reuniões, ouvimos juristas a falar de medicina, engenheiros a falar de música, todos a mudar de opinião com volubilidade e facilidade a qualquer momento, sem que isso pareça mal ou seja objeto de censura. Não, não há barreiras nem limites, nem pelo absurdo. No restaurante, ao que saiba, nunca acontece nada de mau.
Não conheço nenhum caso de morte súbita/violenta (salvo na América, da Lei Seca), nem nunca ninguém pediu um atestado ao veterinário, antes de comer um tornedó de vaca mal passado. Mas para ir ao restaurante e poder frequentá-lo com assiduidade e prazer, é necessário estar em boa forma física e mental, o que implica algum dedicado treino. Seja como for é, feitas as contas, uma alegre canseira, onde cada vez há abordagem de assuntos originais e surpreendentes. Frequentadores destas reuniões, têm perfeita consciência que o seu sucesso passa por uma boa conversa à mesa, mesmo redundante.
Já falei noutro lugar, tentando uma abordagem séria, embora discutível, da Última Ceia. Recorde-se que todos se sentaram à mesa e beberam vinho. O único que nada quis tomar e saiu mais cedo, aliás bem sóbrio, foi receber os trinta dinheiros e depois acabou mal, num ramo de figueira.
Sempre que o grupo de enófilos ou aspirantes, da nossa Grande Confraria se reúne à volta da mesa, o tema de conversa começa por ser, salvo raras exceções, o que se bebe por aí, as novidades do mercado, o bom e o mau, a zarrupa e o néctar. Cruzam-se, doutoralmente, dados sem interesse e possivelmente desprovidos de sentido para a boa compreensão dos produtos em causa, misturados com umas outras tantas boas tiradas românticas, para manter viva a chama da conversa e o bom convívio.
Diz-se que os portugueses são, em geral, um bom garfo e um bom copo, e que isso, passa por não ser muito esquisito. Seja lá o que isso for, a gastronomia típica portuguesa é farta e boa para todos os gostos. Sendo o nosso País um ponto de encontro de culturas, é natural essa variedade.
Deus, tem servido para muita coisa, desde condenar o mal, justificar o bem e até o uso da violência, o terrorismo fundamentalista, próprio de sociedades dominadas por radicais religiosos. Nesta fase da minha vida, aprecio tal como a minha Mulher verdades e aspirações simples, no pressuposto de que podemos desejar ultrapassar as limitações de uma civilização ocidental que propõe a felicidade para depois, se a vida for bem sofrida. Admitimos ser felizes de forma simples e pacata, ainda que pela soma de pequenas felicidades, dentro das normas, sem comprometer a vida eterna, pela falta de penar enquanto cá andamos.
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