segunda-feira, 17 de outubro de 2011
SER REPUBLICANO
-AINDA A REPÚBLICA
-ALCOBAÇA REPUBLICANA?
FLEMING DE OLIVEIRA
Sou Republicano, mais por convicção, que não por tradição.
Em casa de meus Pais, nunca houve grande interesse pela política em si. Muito menos intervenção. Verdade seja dita, nunca conheci ao meu Pai qualquer opinião ou manifestação de claro teor político. Creio que era de uma direita liberal, não comprometido cívica ou politicamente.
A República, entendo-a não por força de uma imposição ou tradição familiares, mas pela convicção que é, apesar de tudo, melhor que a Monarquia.
Acho curioso ver a Rainha de Inglaterra ou o Rei de Espanha, nas suas aventuras e desventuras familiares, postas a nú, nas revistas cor-de-rosa. No mais não acho relevantes as suas vidas privadas.
Numa perspectiva elaborada, talvez mais teórica que prática, a República representa, para mim, o lugar da coisa pública, dos interesses comuns, da utilidade social e geral sobrepondo-se às paixões privadas, às restrições das classes e à visão genética da linhagem. A Monarquia, em abstrato, acentua o sentido do poder conduzido por direito próprio e isolado, o que me custa a digerir.
Claro que, mais que emitir princípios filosóficos ou doutrinais, cumpre viver o dia a dia democrático, seja em Portugal ou Espanha. Não creio que em Espanha haja muitos monárquicos, mais que republicanos, como não havia em Portugal no tempo em que o regime era esse, como diria o nosso D. Carlos. Por isso, não me revendo em nenhum princípio monárquico, entendo que o importante é aperfeiçoar o regime democrático, julgando-o pelo que faz e deixa fazer, apreciando os seus agentes, onde se pode incluir o Rei nos seus atos e omissões.
Centrando-me a Alcobaça e socorrendo-me de estudos e conversas, entendo que esta foi sempre uma terra algo conservadora, sem repudiar a República. Algumas manifestações de regozijo pela implantação da República foram notórias e o ardor republicano ficara devidamente registado, numa fotografia de 1908, a propósito da visita de Bernardino Machado, futuro Presidente da República.
Quando se deu a queda da Monarquia, foi a notícia bem recebida por uma parte da elite local, com destaque para José Eduardo Raposo de Magalhães, nomeado Governador Civil de Leiria, pelo Ministro do Interior, António José de Almeida. O tempo de Raposo de Magalhães como Governador Civil, foi curto pois que, em Junho de 1911, apresentou o pedido de demissão, recolhendo nesse mesmo dia a casa. A decisão foi consequência das divisões politicas entre os correligionários, o que foi uma constante durante a I República e pela qual esta pagou um elevado preço. Além de Raposo de Magalhães, outros assumiram posições de destaque na defesa dos novos ideais, como Américo de Oliveira, que pertenceu à Carbonária.
Após a implantação da República, Leão Azedo, pessoa próxima do Ministro do Interior veio a candidatar-se nas eleições de 28 de Maio de 1911 para a Assembleia Constituinte, pelo círculo de Alcobaça, que nessa altura incluía os concelhos de Óbidos, Peniche, Caldas da Rainha, Nazaré e Pombal.
São escassas as informações fidedignas sobre este período, nomeadamente sobre a Carbonária, no Distrito de Leiria, com a exceção referida de Américo de Oliveira, de Alcobaça, que combateu em Lisboa pela Revolução. A maioria dos membros da Carbonária pertencia ao Partido Republicano, de Afonso Costa. A Carbonária foi uma sociedade secreta, interclassista em contraposição com a Maçonaria, de carácter elitista. Passados mais de cem anos após a queda da monarquia, a Carbonária é tida como a alavanca da Revolução Republicana. António Maria da Silva, Luz de Almeida e o Comandante Machado Santos que constituíam a Alta Venda da Carbonária tiveram papel fundamental no derrube do regime.
FLEMING DE OLIVEIRA
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