NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Vazão de
Almeida, José, a filha Maria de São José Vazão Sousa,
residente em Alcobaça, elaborou o seguinte depoimento:
Meu Pai foi o 2º. filho de Diamantino
Romão de Almeida (oriundo da Cela) e de Cândida Faria Vazão de Almeida (de
Alcobaça), nasceu a 25 de junho de 1918 (em Alcobaça assim como os seus dois
irmãos), e faleceu a 9 de janeiro de 1992.
O seu irmão mais velho chamava-se
Sebastião Vazão de Almeida e o mais novo Diamantino Vazão de Almeida.
Casou em 22 de abril de 1950, em
Aljubarrota, com Marília do Laço de Sousa Mendonça e Olivença Trindade (nascida
em Alcobaça), os quais tiveram dois filhos, Maria de São José (nasci a 19 de
março de 1951) e Henrique José Trindade Vazão de Almeida (nasceu em 15 de março
de 1955, falecieu em 28 de setembro de 1993), ambos nascidos em Alcobaça.
No que diz respeito ao seu percurso
académico, frequentou, sempre com aproveitamento o Ensino Oficial Primário e
Secundário em Alcobaça e concluiu este último grau académico no Liceu Nacional
de Santarém.
Na companhia de sua Mãe e irmãos foi
para Lisboa onde ingressou na Universidade Técnica, na Escola Superior de
Medicina Veterinária tendo aí feito a Licenciatura em Ciências
Médico-Veterinárias que concluiu em 11 de novembro de 1944.
Foi incorporado no Serviço Militar em
24 de outubro de 1939 em Mafra na Escola de Instrução de Oficiais, onde fez a
recruta e foi promovido a Tenente Miliciano de Infantaria, passando à situação
de reserva territorial em 1942.
Em 1958, obteve o Diploma do Curso
Técnico-Prático de Rádio, Televisão e Eletrónica da National Schools, de Los Angeles
Califórnia.
Frequentou e concluiu o Curso de
Fisiopatologia da Reprodução Animal promovido pela Direção dos Serviços
Pecuários na Estação de Estudos de Reprodução Animal, em 1968.
Frequentou e concluiu o Curso de
Reciclagem em Cirurgia dos Grandes Animais e o Curso de Aperfeiçoamento em
Fisiopatologia da Reprodução em janeiro 1979, promovido pelo Sindicato Nacional
dos Médicos Veterinários.
Trabalhou, na qualidade de
independente, como Médico Veterinário, desde a formatura até ao falecimento.
Foi responsável pela filial do armazém
e loja do seu Pai (desde 1943) e nos anos de 1950 passou a sócio da firma
“Diamantino Romão e Filhos Ld.ª .
Após a morte de seu Pai em 1964, herdou
a dita filial, situada na Praça D. Afonso Henriques, que se especializou na
venda de eletrodomésticos, material elétrico e reparações. Foi nesta loja que,
por sua iniciativa, se comprou a primeira televisão que foi estreada em casa de
sua sogra em Aljubarrota (único lugar onde se captavam as emissões, por ser
ponto mais elevado). A população de Alcobaça foi, por ele, convidada para o
visionamento desta emissão inaugural, transmitida a partir dos estúdios da
Feira Popular de Lisboa.
Foi nomeado em 13 de Novembro de 1969 e
exerceu o cargo, como Veterinário Municipal Interino da Câmara Municipal de
Alcobaça.
Trabalhou como veterinário no Grémio da
Lavoura da Região de Alcobaça desde 2 de novembro 1969 até 17 de maio de 1975,
data em que foi despedido no PREC pela Comissão Liquidatária alegando falta de
verba.
Exerceu funções docentes na Escola
Secundária de Alcobaça como professor do Grupo-B do Ensino Agrícola durante
dois anos (1979/80).
Vazão de Almeida,
Sebastião,
nasceu em 23 de fevereiro
de1917.
Formou-se
em Económicas e Financeiras na Faculdade de Economia de Lisboa.
Tendo
começado a dar aulas na sua casa, na Praça D. Afonso Henriques, foi fundador do
Ensino Técnico em Alcobaça.
Possuidor
de brevet de piloto da Força Aérea, tornou-se notado pelas suas acrobacias em
que, segundo contava (e constava), passou com um pequeno avião entre as duas
torres do Mosteiro de Alcobaça.
Trabalhou
nos serviços alfandegários de vários pontos do país, e esteve destacado em
Barca d’Alva, no tempo em que aí havia paludismo bem como na CUF e Tabaqueira e
administrador da Philip Morris, em Portugal.
A
Câmara Municipal homenageou-o em 1999, pelo contributo na criação do ensino
técnico em Alcobaça, homenagem na qual participaram antigos alunos, tendo sido
atribuído o seu nome a uma rua e colocada uma placa evocativa à porta do prédio
onde viveu e funcionou a Escola Técnica de Alcobaça/ETA nos primeiros anos.
Também
por este motivo, foi homenageado pelo Rotary Clube de Alcobaça, em 14 de
janeiro de 2012.
De
acordo com o filho Pedro, era uma pessoa
extremamente humana e solidária lembrado, aqui, o episódio de visitar
frequentemente um ermita (Crisântemo Farinha) que vivia numa cabana perto da
antiga alfândega, em Salir do Porto, para
o ajudar.
Nessa
linha merece também destaque o ato solidário para com uma família judia que
fugia do nazismo durante a II Guerra Mundial e que, na véspera de Natal do ano
de 1940, passou por Alcobaça, o que levou que com o irmão José Vazão de
Almeida, fosse referenciado no livro A
Drive to Survival, escrito pelo filho da família Joseph Shadur, que relata
a frase marcante dos irmãos Sebastião e José, quando viram a família
estacionada num automóvel de marca Buic em frente ao Mosteiro e se lhes
dirigiram a indagar da situação.
Os cidadãos de Alcobaça não permitem
que estrangeiros passem o natal na rua.
Assim,
os judeus foram instalados a expensas da Câmara, na Pensão Corações Unidos.
-Em
1954, o Diário Popular publicou uma notícia sobre a presença de um charuto voador, sobre S. Martinho do
Porto. Cerca das 18h, do dia 17 de outubro, observou-se sobre a vila de S.
Marinho do Porto, um objeto esquisito, com a forma de um charuto, que se movia
lentamente segundo uns, rapidamente de acordo com outros em direção ao norte. A
essa hora, muitas centenas de pessoas testemunharam o facto, pois o charuto
voador esteve visível, durante cerca de 10m. Entre essas pessoas, contavam-se o
Dr. Domingos Cabrita (Diretor do Externato Alcobacense), o Dr. Sebastião Vazão
de Almeida, e o Professor Doutor José Carlos Nascimento e Silva (do Instituto
Superior Técnico). Sebastião Vazão de Almeida, afirmou ter visto o objeto, que emitia reflexos avermelhados, ia a grande
altura, mas era bem visível, apesar da velocidade que o animava.
O
testemunho do Dr. Vazão de Almeida, por se tratar de um antigo aviador, foi
particularmente interessante e relevante. Afirmou ter a certeza que não se tratava de um avião de carreira ou de
outro tipo, mesmo jato. Não podia porém precisar quanto tempo demorou a passagem, bem como a distância que vai do ponto
onde estava, até ao farol de S. Martinho do Porto, aonde o perdeu de vista.
-Faleceu
em 4 de maio de 1986.
Vazão, Levi Duarte de
Campos, nasceu em
Alcobaça a 13 de julho de1939, aonde estudou, tem sempre vivido e trabalhado.
Seu
pai, também de nome Levi, foi comerciante com estabelecimento na Praça Afonso
Henriques, tal como o avô António, a quem sucedeu no mesmo local e o fundou em
1885, pelo que é, sem dúvida, o mais antigo de Alcobaça, sempre em atividade e
na mesma família.
Inicialmente
o estabelecimento dedicava-se à venda de mercearias e artigos variados. Com
Levi (pai), enveredou pela a venda de louça regional e antiguidades, sendo que
nos tempos que correm, aquele é o único ramo de atividade, embora ainda
disponha em stock de algumas antiguidades interessantes.
Tendo
nascido por alturas do início da II Guerra, Levi Vazão recorda-se de alguns
tempos e incidentes de vida difícil, como o racionamento de produtos
alimentares (batata, arroz, café e outros), quando ia a mando da mãe às compras
a Raimundo e Maia, colocando-se pacientemente na fila e utilizando senhas.
Vazão, Mário Duarte de Campos, nascido
em Alcobaça em 10 de novembro de 1934, filho de Levy de Campos Vazão e de
Aurora Dias Duarte Vazão, é casado com Maria Júlia Ferreira Calçada de Campos
Vazão e pai de Paulo Jorge.
Licenciado
em História pela Universidade de Coimbra, foi fundador e professor nos
(antigos) Externato D. Afonso Henriques e Instituto de S. Bernardo, ambos em
Alcobaça e durante 30 anos, entre 1964 e 1995, docente no Externato Cooperativo
da Benedita. Aposentou-se em 1995, quando tinha atingido o escalão máximo na
carreira.
Foi
diretor do jornal O Alcoa. No número
de 26 de fevereiro de 1972, consta que assumiram respetivamente as funções de
diretor de O Alcoa, que passou de semanário a quinzenário, Mário de Campos
Vazão, e editor o Pe. Alexandre Siopa, que rendeu o Cap. Ribeiro Giraldez,
mantendo-se como secretário da redação Sousa Coelho.
Segundo
Mário Vazão, assumi a direção de O Alcoa
por convite do Reverendo Padre Alexandre Siopa, que queria alguém independente
para que O Alcoa deixasse de ser o jornal do Padre, para em conjunto vermos se
conseguíamos que o jornal não acabasse. Não havia dinheiro, havia dívidas na
tipografia, não havia móveis, não havia arquivo, não havia máquinas, havia uma
única máquina de escrever, poucos anunciantes e só alguns pagavam, os
assinantes andavam pelos 900 e quase todos tinham as contas atrasadas. Em
suma, segundo Mário Vazão, a situação do
jornal era muitíssimo crítica e parecia não haver ninguém que quisesse
continuar. Os poucos colaboradores da altura tinham resolvido irem-se embora.
Com Adélio Maranhão saiu um pequeno grupo de colaboradores mais diretos, uns
cinco ou seis, não sei se por solidariedade política ou por não gostarem da
minha pessoa. Comigo nunca falaram. Nós com um pouco de sorte e muito trabalho,
conseguimos equilibrar a situação económica e relançar O Alcoa e atingir uma
tiragem invejável.
Continuando
a citar Mário Vazão, antes do 25 de abril
só se publicava aquilo que eles queriam. O Alcoa praticamente, e comigo, não
teve grandes preocupações com a censura que, antes de os jornais saírem à rua,
eram lidos por pessoas da confiança do regime, em Leiria, que não deixavam
passar nada que fosse contra o regime, e também descrições de crimes violentos,
suicídios, pornografia ou ideologia comunista. Como sabíamos o que a casa
gastava, tínhamos que ter cuidado com o que se enviava para publicação, pois um
corte pela censura, ocasionava-nos perdas de tempo, despesas e atrasos.
Aproveitando
a expansão do jornal começou o seu gosto por viajar, pelo que orientou e
organizou inúmeras viagens pelo mundo, destinadas aos seus leitores. Assim,
visitaram quase toda a Europa, Índia, China, Brasil, Tailândia, Singapura,
México, Nepal, Japão, Estados Unidos e Caraíbas. Por estes cinco continentes e
nas deslocações, utilizou todos os meios
de transporte como o avião, comboio, navios, camelo (Tunísia) e elefante (Índia
e Tailândia).
Como
diretor de O Alcoa, com o decorrer
dos anos e o auxílio de bons colaboradores, o jornal atingiu a tiragem de 8500
exemplares em edição normal, uma das maiores do país na imprensa regional.
Hoje
em dia é diretora deste jornal Ana Caldeira e editor o Pe. Ricardo Cristóvão,
Pároco de Alcobaça, mas ao que consta a tiragem e o número de assinantes tem diminuído,
possivelmente por se assumir como jornal da Igreja, ter concorrência e menos assinaturas de emigrantes.
-Nos
tempos que correm, de boa saúde, leva uma
vida sossegada, dedica-se à leitura na Biblioteca Municipal e em casa, sem
prejuízo de continuar a gostar de passear. Os dois netos, aliás com idades
bem diferentes, são o seu gosto e a respetiva educação, é um assunto que muito
lhe interessa, tal como à sua mulher.
Leia-se Fleming de Oliveira em No Tempo
de Salazar, Caetano e Outros e No Tempo de Soares Cunhal e Outros.
Veloso, António Augusto
da Silva, nasceu em São
João da Madeira a 31 de janeiro de 1957 .Veloso começou a carreira de futebolista na Sanjoanense, clube da sua cidade de origem.
Em 1978, passou a representar o Beira Mar. Facilmente se impôs no clube de Aveiro, onde evidenciando bastante talento para um jovem, despertou o interesse do Benfica, transferindo-se para o clube da Luz em 1980/1981.
Jogador de grande entrega e espírito de luta, ganhou rapidamente lugar na equipa, sagrando-se Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal, logo na época de estreia.
Exemplo de humildade, profissionalismo e dedicação, nunca esmoreceu perante os obstáculos, puxando muitas vezes pela equipa quando esta jogava menos bem.
Capitaneou os encarnados durante 7 anos, revelando segurança e robustez no seu espaço de ação.
Disputou a final da Taça UEFA em 82/83 e foi finalista da Taça dos Campeões Europeus em 1988 e em 1990. Realizou 40 jogos pela Seleção Nacional. Com a camisola do Benfica, venceu 7 Campeonatos Nacionais e 6 Taças de Portugal.
--Eusébio
e António Veloso, estiveram em Alcobaça na sexta-feira dia 4 de setembro de
1997, para uma visita que os levou a passar pela Câmara Municipal, pela Escola
Secundária D. Inês de Castro e que terminou num jantar nas Tasquinhas do
Vimeiro.
Atendendo
a um convite de Manuel Constantino, um emigrante do Vimeiro com ligações à Casa
do Benfica, em Aubergenville, nos Estados Unidos, as duas glórias do Benfica, foram recebidas nessa sexta-feira em frente ao
edifício da Câmara Municipal pelo Presidente da autarquia e benfiquista
assumido, Miguel Guerra, por outra velha glória do Benfica, residente em
Alcobaça, Cavém e por algumas crianças, que procuravam uma recordação do Re
como uma foto ou autógrafo.
Os
ex-futebolistas foram depois recebidos nos Paços do Concelho onde receberam lembranças
e assinaram o Livro de Honra, a que se seguiu uma sessão de autógrafos e oferta
de camisolas (benfiquistas) às crianças presentes.
Venceslau, Bernardo
Pereira, sagrou-se
Campeão Nacional de Danças de Salão. O feito foi alcançado no escalão de
adultos pré-open e a competição decorreu, no dia 6 de março de 2016, em Vagos.
O
alcobacense esteve, também inscrito na competição standart, mas uma lesão
agravada pelas rondas do escalão de adultos pré-open, afastaram Bernardo
Venceslau da modalidade.
Atualmente
a representar o Clube Desportivo e Recreativo do Fogueteiro/Setúbal, o
alcobacense faz par com Maira Caires, natural da Ilha da Madeira. Bernardo
Pereira representou, até 2015, a equipa de danças de salão do HCTurquel.
Também
a participar na competição em Vagos, o par Miguel Luís e Camila Alexandre, a
representar o HCTurquel, ficou em 4.º lugar no escalão Juventude Pré-Open.
Recorde-se
que em 27 de setembro de 2014, em Lisboa, disputou-se uma das mais importantes
jornadas do calendário nacional de Dança Desportiva, o Portugal Open.
A
Academia de Dança do Hóquei Clube de Turquel fez-se representar por oito pares,
que conseguiram excelentes resultados.
O
grande destaque, ao tempo, foi para Tiago Henriques e Andreia Marques que se
sagraram campeões nacionais das 10 danças na categoria de juventude
intermédios, e Gonçalo Marques e Vitória Costa que obtiveram o mesmo sucesso na
categoria de Seniores 1 Intermédios.
Relevo
mereceu também o par Bernardo Venceslau e Jéssica Silva, Vice-campeões na muito
mais exigente e disputada categoria de Juventude Open.
Para
além disso, foi o único par com acesso à competição internacional, competindo
com os Adultos da WDSF, onde, apesar da diferença de idades, conseguiram um
honroso 38º lugar, entre mais de 50 competidores.
O
preconceito, Bernardo Venceslau sentiu-o ainda menino. Apesar de não ter sido muito fácil, uma vez que alguns colegas de escola
achavam que a dança é só para meninas, deixei a dança cerca de um ano, mas
quando resolvi voltar foi de vez e não houve nada que fizesse desistir do meu
sonho.
Foi
essa luta que tornou Bernardo um campeão, pelo que os palcos vão continuar a
ve-lo brilhar, esperando muito em breve atuar sob as cores da Bandeira
Nacional.
-Bernardo
Pereira Venceslau e Maira Caires atuaram, no sábado 13 de agosto de 2016, no Dance With Us, espetáculo que teve
lugar, na Sociedade Filarmónica Vestiariense. Além do par de dança, o evento
contou com a participação de Carla Roxo, Francisco Peças, Inês André e da
Orquestra Ligeira da Vestiaria. O evento teve como objetivo a angariação de
fundos para aqueles conseguirem representar Portugal nos campeonatos do Mundo
de sub-21 em dança desportiva, o que aconteceu sem de destaque.
-Bernardo Venceslau e o seu par Maria
Caires conquistaram, no dia 3 de setembro de 2016, o 69.º lugar no Campeonato
Mundial sub-21 latino em dança desportiva, que decorreu em Praga, na República
Checa. Ao todo, contaram-se 78 pares na competição, nesta categoria. A dupla de
dançarinos portugueses participou, também no Open de Praga, na categoria
mundial de adultos (latina), arrecadando o 60.º lugar na competição, entre 79
pares.
Ventura, Franklim de
Sousa, era o presidente da Junta de Freguesia da Moita,
aquando da sua transferência de Alcobaça, para o Concelho da Marinha Grande e
um dos principais responsáveis.
A 4 de
outubro de 1985, a Moita que pertencia a Pataias, tornou-se freguesia autónoma,
através da Lei n.º114/85, publicada no Diário da República n.º229 - I Série.
A nova
Freguesia com uma área de 8,4087 km2, era formada pelos lugares de Moita, Brejo
de Água, Figueira de Gomes, Almoinha Velha e Vale.
Entre os
lugares existentes ao redor do pinhal de Leiria, a Moita é seguramente a povoação que mais atribulações e
indefinições administrativas tem sofrido ao longo da História. Encravada nos confins dos concelhos de Alcobaça e Leiria, chegou a incorporar o primeiro concelho da Marinha Grande, entre 1836 e 1838, que integrava a freguesia de Carvide e a Moita.
Retornou a Alcobaça, anexada à Junta da Paróquia de Pataias, após ter pertencido durante algum tempo à Paróquia da Maceira, devido à extinção do concelho da Marinha Grande, em 1838.
Durante anos, a Moita reivindicou a saída do Concelho de Alcobaça, tendo as lutas populares com vista à sua reintegração no município marinhense acontecido especialmente nas décadas de 1930, 1940 e 1970. Face à realidade existente, era necessário uma tomada de posição que desse cobertura legal ao que já se verificava na prática e daí o pugnar pela integração da Moita no Concelho da Marinha Grande.
Em 1999 foi, constituída uma Comissão que englobava cidadãos das mais diversas profissões e ideologias políticas, denominada Amigos da Moita com o objetivo de elaborar um documento reivindicativo do que se considerava ser o mais elementar e legítimo direito. O movimento reuniu parecer favorável dos organismos concelhios da Marinha Grande e da Assembleia Municipal de Alcobaça, bem como dos vários partidos políticos, não tendo todavia conseguido obter o parecer favorável da Câmara de Alcobaça, que, por quatro votos contra e três a favor, chumbou a pretensão de transferência de concelho.
Este percalço não foi tido em conta pelo movimento, que por via do Deputado do PS, José Miguel Medeiros, viu em 4 de Maio de 2000, pelas 15H40, dar entrada na Mesa da Assembleia da República, o Projecto-Lei, que foi aprovado por unanimidade em 19 de Abril de 2001, promulgado a 7 de Junho de 2001 e publicado no DR a 12 de Julho de 2001, pela Lei nº28/2001.
A festa de cariz popular, que assinalou a passagem oficial, ocorreu a 9 de Setembro de 2001, tendo o evento sido promovido pela Câmara Municipal da Marinha Grande, Junta de Freguesia da Moita, Comissão Amigos da Moita e Clube Desportivo Moitense.
-O Presidente da Assembleia de Freguesia da Moita, apresentou
requerimento ao Tribunal Constitucional, em que, ao abrigo da Lei nº 49/90, de 24 de Agosto, pediu para autorizar e legalizar a realização de uma
consulta local sobre a adesão da população da freguesia à sua desanexação do
concelho de Alcobaça e respectiva mudança para o concelho da Marinha Grande.
Além de documentação pertinente, foi remetido ao Tribunal a
informação que a questão a colocar aos cidadãos eleitores será: Concorda com a mudança da freguesia da Moita
para o concelho da Marinha Grande?
Depois de várias
considerações e ao abrigo do disposto no artº 12º/3/a) da Lei nº 49/90, de 24 de
Agosto, o Tribunal Constitucional decidiu
não admitir o requerimento de apreciação da constitucionalidade e da legalidade do
referendo local que a assembleia de freguesia da Moita, em sessão
extraordinária deliberou realizar, sobre a desanexação dessa freguesia do
respetivo Município e a sua anexação ao Município da Marinha Grande.
-Apesar
do Acórdão do Tribunal Constitucional não
ter considerado legal o referendo levado a cabo na Moita, a fim de saber a
vontade da população em relação à mudança de concelho, o processo de
desanexação do Município de Alcobaça continuou a avançar.
Franklim
Ventura, garantiu que a Comissão de
Amigos da Moita já tinha conhecimento da deliberação tomada pelos 12 juízes
conselheiros, no 22 de setembro de 1999 e publicado no Diário da República a 14
de outubro.
Contudo,
o autarca defendeu que o processo para a desanexação da Moita do concelho de
Alcobaça vai seguir em frente, pois o
acórdão conclui que a criação, a extinção e modificação das autarquias locais e
respetivos regimes é uma competência exclusiva da Assembleia da República,
onde já deu entrada no requerimento, no passado dia 26 de agosto de 1999.
-Franklin
Ventura, desde jovem tem tido empenhamento político, mas recusa ser tido como personagem
da História. Os heróis estão mortos. Eu
participei nas coisas, porque elas me aconteceram.
Como
muitos jovens do tempo, Franklin estava descontente com a repressão, com a falta de liberdade, as prisões arbitrárias, a
perseguição nos locais de trabalho e nas escolas. Tudo isto levou-me,
naturalmente, a ajudar a combater a ditadura. A minha consciência de classe surgiu quando andava na escola secundária
na Marinha Grande. Depois, comecei a fazer aquelas pinturas nas paredes, as
palavras de ordem, as manifestações, até que me tornei adepto das alas
revolucionárias, a Luta Armada do Proletariado, um partido que defendia o fim
da ditadura pela força.
Contou
numa entrevista ao jornal Região de Cister que, o meu pai chegou a ser alertado para o fato de o filho andar em
companhias menos próprias.
Franklin
Ventura acompanhou de perto um dos episódios emblemáticos da revolução, a
tomada da Rádio Clube Português, uma das duas únicas estações de rádio
privadas.
No
dia 24 de abril, à tarde, soube, juntamente com mais um punhado de homens,
entre os 3.000 que se encontravam em Santa Margarida, que algo se preparava. Reunidos numa sala, com o rádio a tocar,
distribuímos tarefas, delineámos estratégias. Não sabíamos o que ía acontecer,
era preciso prever tudo. A canção E
Depois do Adeus, foi o mote para a partida. Cada um foi fazer o seu serviço. Uns foram assaltar o paiol, outros
buscar viaturas. A mim coube-me a tarefa de chamar os soldados e carregar
munições. Na altura, apenas dissemos que era uma instrução noturna com bala
real, e que ninguém podia fazer barulho. Saímos pelas traseiras do campo
militar e fomos tomar as antenas da Rádio Clube Português, no Porto Alto. Os
trabalhadores não mostraram resistência e nós tomámos aquilo. Dali partia a
informação para o povo português, e era a forma de conseguirmos o apoio popular.
Passados
alguns dias, partiu para Moçambique para participar nas negociações com os
guerrilheiros. Tenho na minha consciência
que fiz aquilo que podia em prol da descolonização. Bem ou mal, não me pronuncio.
Foi a descolonização possível.
-Franklim
Ventura, relativamente ao ano de 1997, gostava de salientar que o melhor que
lhe aconteceu como Presidente da Junta foi a população ter ficado satisfeita
com as obras levadas a cabo, o que se traduziu no excelente resultado eleitoral
em dezembro, desse ano. Nesse sentido destacou a entrega de habitações sociais
a famílias carenciadas e a construção de acessos às mesmas.
-Ventura,
conseguiu conquistar nas eleições de 1997, à semelhança das três anteriores, os
votos da maioria dos eleitores de Moita. O reeleito presidente da Junta situada
afirmou que os resultados não o
surpreenderam, visto serem semelhantes aos alcançados há quatro anos atrás.
Com
uma ligeira descida de votos, Franklin prometeu continuar a gerir a sua
Freguesia a bem das populações, como o vem fazendo desde há doze anos, sob a
bandeira Socialista.
-Magda
Coelho dos Santos, 16 anos, simpática estudante, foi eleita Miss-Moita97 no
decorrer de um espetáculo que teve lugar no sábado, dia 20 de outubro de 1997,
no Clube Desportivo Moitense. Magda Santos foi ainda eleita Miss Fotogenia,
enquanto Catarina Amado, de 13 anos, foi eleita Dama de Honor.
As
concorrentes efetuaram quatro passagens pela passerelle. Na primeira, apresentaram-se em calças de ganga e t-shirt,
com os logótipos da Junta de Freguesia e do Clube Desportivo Moitense.
Seguiram-se depois passagens em roupa desportiva, fatos de aeróbica e na última
passagem em bikini.
O
espetáculo, promovido pela Junta de Freguesia, com a colaboração do Clube
Desportivo Moitense, contou ainda com um desfile de moda infantil, com o apoio
de um Minimercado em que um grupo de pequenos e animados manequins, encantaram
a plateia com a naturalidade e graciosidade.
A
animação musical esteve a cargo da divertida banda Trovas com a interpretação
de diversos números musicais.
-A Câmara Municipal de Alcobaça, quer ser ressarcida pelos
investimentos que realizou na Freguesia da Moita, que se mudou, há quase onze
anos, para o concelho da Marinha Grande.
O pedido de Alcobaça
ocorreu durante uma reunião em que a Marinha Grande pediu os processos de
construção para puder atualizar o Imposto Municipal sobre Imóveis e entregar o
processo às Finanças, disse Álvaro Pereira, presidente da Câmara da Marinha
Grande.
O presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, falou, nesse
encontro, da intenção do Município vir a
acordar com a Marinha Grande uma compensação pela perda de vários equipamentos
públicos, nomeadamente os de investimentos efetuados no saneamento básico, nas
habitações sociais e também na escola primária.
Álvaro Pereira sem adiantar qualquer juízo de valor sobre o
processo, disse apenas que espera sentar-se
à mesa e discutir o assunto.
O
Presidente da Junta de Freguesia da Moita, Álvaro Martins, comentou que não faz sentido, passada uma década
da transferência da freguesia, pedir indemnizações.
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