segunda-feira, 21 de janeiro de 2019





NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas

Raimundo, José Maria da Silva, nasceu a 23 de abril de 1944 na Benedita, onde reside e estudou até à 4ª. Classe.
Iniciou a atividade profissional aos 11 anos, numa oficina de calçado e tendo entre 1965 e 1968 cumprido serviço militar em Portugal e Moçambique, em 1969 regressou à atividade no setor do calçado numa empresa industrial, instalada na freguesia da Benedita
No ano de 1972, estabeleceu-se por conta própria numa garagem anexa à casa de habitação e em 1977 veio a constituir a Sindocal/Nova Sociedade Industrial de Calçado, Ld.ª, conjuntamente com 4 sócios, da qual veio em breve a adquirir a totalidade das quotas, com a entrada da esposa.
Com a passagem da Sindocal a S A em 1994, foi designado Presidente do Conselho de Administração.
Porém, em 2007 abandonou as funções executivas na empresa por forma a fomentar a sucessão.
Desde 2008, tem desenvolvimento trading em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau.
Raimundo, Rogério Manuel, nasceu a 18 de abril de 1951, na Cela, precisamente na casa onde reside.
Frequentava o 4.º ano de Engª. Mecânica no Instituto Superior Técnico, quando decidiu ser professor de Matemática, em Alcobaça, para se poder entregar à causa do Centro Cénico da Cela, onde tem 40 anos como dirigente voluntário, instituição que no seu dizer demonstra ser possível, unir, envolver e construir. 
Sente satisfação ao ver os sorrisos das crianças, dos idosos, os 80 postos de trabalho criados numa aldeia, ouvir e ver música e folclore.
Em 1978 e 1979, viveu a experiência de ser Professor Cooperante, em Maputo.
-Para o registo histórico de militante do PC, R. Raimundo invoca uma curiosidade. Em Moçambique, teve a primeira reunião de célula de partido, dirigida por Mário Lino, Ministro das Obras Públicas, no governo PS (2005/2009).
Quando regressou a Portugal é que me meti a fundo na luta político-partidária no nosso concelho de Alcobaça. Ainda não parei e nunca tive qualquer cena complicada ao longo de 30 anos. Respeitei e fui respeitado.
Em 1980, no seu primeiro ato público de militante do PC, esteve ao lado de Álvaro Cunhal, na mesa de um comício no Cineteatro de Alcobaça. Foi aí que se apercebeu que, enquanto outros camaradas discursavam, Álvaro Cunhal fazia um traço em cada vírgula, para destacar a sua pausa, quando fizesse a sua leitura.
Desde a cena violentíssima do comício do PCP em Alcobaça, no Pavilhão Gimnodesportivo, com tiroteio, podemos dizer que, Alcobaça, passou a ser uma terra, que respeitou as diferenças partidárias.
-A primeira vez que concorreu a um cargo político, foi nas eleições autárquicas de 1980, sendo o primeiro da lista da Assembleia Municipal e eleito, com mais 2 elementos.
Em Dezembro de 1997, obteve seis mil votos, multiplicando por seis vezes a votação que a CDU obtivera nas legislativas.
Do seu primeiro mandato na Assembleia Municipal, cujo presidente era Tarcísio Trindade, destaco o saboroso momento, quando se discutiu a questão de inspiração soviética e do Conselho Mundial da Paz, se Alcobaça também deveria ser Espaço Livre de Armas Nucleares. Firmino Henriques Franco/PSD, fez uma intervenção inesquecível/provocatória pois, não percebo para que é que estão a propor isso para Alcobaça. Essa bomba de neutrões não é aquela que escolhe quem mata?
A confusão, onde se misturaram a surpresa, gargalhadas e protestos foi tanta que, por essa ou outras, Tarcísio Trindade demitiu-se de Presidente da Assembleia Municipal, alegando entre o mais que não tinha sido eleito para isto. O seu problema era afinal não se adaptar aos novos tempos…
Foi durante 10 anos dirigente sindical, aquando do arranque do Sindicato dos Professores da Região Centro, no Distrito de Leiria.
Depois de professor esteve e está destacado no Centro de Formação de Professores dos Concelhos de Alcobaça e Nazaré.
É dirigente da União das Coletividades do Concelho de Alcobaça instituição que fomentou cultura, desporto e recreio, mas está, há 2 anos, mais uma vez suspensa.
Faz parte do Conselho Nacional da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio.
Fez sempre política. Membro do PCP, começou a vida de autarca em 1980, quando foi eleito pela CDU para a Assembleia Municipal de Alcobaça em 3 mandatos seguidos, membro da Assembleia de Freguesia da Cela durante um mandato, vereador de Câmara Municipal de Alcobaça, pela CDU, de 1997 a 2013 tem substituído de vez em quando, a Vereadora (Independente da CDU), Vanda Marques, quando ela não pode.
Entende vigorosamente que já devia estar aposentado, se não fosse uma lei do PSócrates que além dos 36 anos de serviço público criou a condição de ter que ter idade. Agora estou com 40 anos e 8 meses de serviço e ainda sou novo para os governos do centrão: PS,PSD,CDS.
Tem, segundo confessa, 2 sonhos por concretizar, Cooperativa de Habitação para restauro e qualificação de imóveis no CCCela e introduzir o ensino não diretivo, estilo escola da ponte os quais se atrasaram-se causa da desgovernação deste país. 
-A CDU promoveu no dia 30 de novembro de 1993, um jantar de campanha para as eleições autárquicas, do dia 12 de dezembro.
O jantar teve lugar no restaurante Corações Unidos em Alcobaça e, além dos candidatos, militantes e simpatizantes, entre os quais Rogério Raimundo, esteve presente Carlos Brito, membro do comité central do PCP.
-Teve lugar no dia 30 de janeiro de 1994 o lançamento da primeira pedra para a construção do edifício polivalente do Centro Cénico de Bem Estar da Cela, que contou com a presença da Diretora do Centro Regional de Segurança social de Leiria, Fátima Pinheiro, do Presidente da Câmara, Miguel Guerra, do Presidente da Junta de Freguesia da Cela, Francisco Eusébio, do Vereador da Cultura, António José Henriques, do Pároco da Cela, Padre António Marques, de representantes de corpos sociais do Centro Cénico da Cela, dos idosos, das crianças, das funcionárias, das várias secções como o folclores, e o grupo de música Butterfly, os gerentes da firma construtora André & Braz de Alcobaça.
O Edifício Polivalente que o Centro Cénico vai edificar inclui um lar e centro de dia para idosos, creche e jardim-de-infância.
A obra estava orçada em mais de 130 mil contos, sendo comparticipada em cerca de 80 mil contos pelo Centro Regional de Segurança Social de Leiria. Contudo o Centro Cénico fica encargo de angariar os cerca de 50 mil contos para que a obra daí a dois anos seja uma realidade.
-Este fato levou Rogério Raimundo a dizer aos muitos presentes que o Centro voltará a bater à porta das pessoas, para lhes solicitar a comparticipação em tão avultado investimento.O Centro Cénico tem uma magnífica obra, para uma resposta integrada para crianças, população em geral e idosos, onde mesmo os idosos residentes, não estão afastados da sua vida comunitária, afirmou o Secretário de Estado da Inserção Social, Rui Cunha, durante uma visita ao Centro Cénico da Cela, no dia 2 de maio de 1996. Aquele membro do governo afirmou ainda que é pena que não haja capacidade e dinamismo noutras terras como há no Centro Cénico, pois estamos a fazer uma carta social para intervir em zonas de maior carência e onde não emergem estas iniciativas.
Aproveitando a ocasião, Rogério Raimundo, em nome da direção do CCC pediu ao Secretário de Estado apoio para a compra, a curto prazo, de uma carrinha de 30 lugares e, já a pensar em novas iniciativas, pediu auxílio para o bom andamento de um projeto daquela instituição de solidariedade social que apresentou no âmbito das IDL (iniciativas para o desenvolvimento local) para a criação e instalação de uma ludoteca e de uma mediateca.
Rogério Raimundo, pediu ainda a intercessão de Rui Cunha para que o CCC venha a receber a verba prometida pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional referente a criação de nove postos de trabalho. Rui Cunha, prometeu desenvolver os necessários contactos junto do Secretário de Estado do Trabalho.
Ao finalizar a visita, Rui Cunha teve ainda um encontro com dirigentes das várias IPSS ali presentes a convite do CCC, uma iniciativa que o Secretário de Estado considerou muito louvável.
-Rogério Raimundo apresentou, no dia 26 de Dezembro, requerimento para a suspensão do mandato de vereador do PCP/ CDU, durante o mês de Janeiro 2012. O autarca sublinhou que, durante 14 anos nunca utilizou este direito, nem sequer em férias, registando apenas 2 ou 3 faltas a reuniões durante esse tempo. Eu, os eleitos e a CDU e o PCP entendemos ser a altura de descansar durante alguns meses e preparar novos quadros para as próximas eleições autárquicas, sublinha Rogério Raimundo que será substituído pela nº 2ª da lista à Câmara, a professora Vanda Marques.
-No Restaurante Paraíso, na Benedita, realizou-se, um jantar da Concelhia de Alcobaça da CDU. De acordo com um comunicado daquela força política, o evento foi uma preparação para o XX Congresso do PCP, e contou com a participação de Ângelo Alves, membro da Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista Português e de Rogério Raimundo.
-Rogério Raimundo é o rosto do PCP em Alcobaça.
Rainho, António Carvalho, nascido a 3 de janeiro de 1937, na Batalha, numa família humilde, estudou em Leiria, na Escola Domingos Sequeira, concluindo o Curso Comercial.
Trabalhou com o pai em carpintaria, até à conclusão dos estudos, nesta primeira fase.
O primeiro trabalho, com base nos conhecimentos académicos, aconteceu em Mira de Aire, num momento de grande atividade industrial. Decorridos dois anos foi incorporado no Serviço Militar, durante dezoito meses.
Fui à inspeção em 1957 e assentei praça em Infantaria 7/Leiria, em abril de 1958.
Fiz ali a recruta e segui posteriormente para Mafra onde tirei o curso de sargento miliciano de transmissões. Após o curso passei por Amadora e fui recolocado onde, como cabo miliciano, conclui o tempo normal de serviço. Saí para a vida civil depois de cumprir o tempo de serviço militar de dezoito meses. Decorridos cerca de dois anos fui “requisitado” para o Ultramar, como furriel miliciano. Embarquei no Vera Cruz em 21 de outubro de 1961, chegando a Luanda no dia 1 de novembro do mesmo ano. Permaneci ali três semanas, fui destacado para Catete onde permaneci poucos dias e embarquei para Cabinda, onde permaneci até ao regresso, dia 28 de janeiro de 1964, chegando a Lisboa dia quatro de fevereiro. Fui sempre apolítico, antes do 25 de Abril, a não ser o ter assinado uma petição para que o General Humberto Delgado pudesse ser candidato. De qualquer modo, sempre me conheci como desinteressado da política, porque nessa altura a província vivia muito distante dos grandes centros, onde se decidiam as coisas. Nunca se recenseara, nem votara.
Para quê?, pensava consigo.
Quando surgiu o 25 de Abril, agora, sim, tenho de me integrar nesta questão tão importante. Os dias que se seguiram foram de excitação e de permanente ouvido à rádio e à televisão, no sentido de uma integração em linha política que mais se adequasse a minha maneira de pensar e de estar na vida.
Conhecia de nome Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Mota Amaral e as suas intervenções na Assembleia Nacional, inseridas no que se convencionou chamar a Ala Liberal.
Tendo o PPD, sido fundado nos primeiros dias de maio de 1974, António Rainho deslocou-se por esses dias, com expectativa e amigos, a uma sessão de esclarecimento na Batalha, onde estiveram presentes, como oradores, José Ferreira Júnior, Tomás de Oliveira Dias e Quintela, todos de Leiria.
Ao passar a residir em Alcobaça, Rainho integrou-se no PPD local, porque conhecia algumas pessoas, nomeadamente Silva Carvalho, que fazia parte dos órgãos sociais da SPAL e com quem trabalhava de perto.
Recordo-me do modo como o Engº. Silva Carvalho vivia a política, com grande entusiasmo e sempre de maneira a aglutinar pessoas para o PPD.
Em 1961, foi chamado a novo compromisso militar no Ultramar, tendo embarcado em outubro de 1961 e regressado em finais de fevereiro de 1964.
Voltando ao trabalho em Alcobaça, procurou valorizar-se na área contabilística e fiscal, atingindo a categoria de Técnico de Contas.
Em 1968, ingressou na SPAL, onde se iniciou como Técnico de Contas, abarcando uma boa área de responsabilidades administrativas, que se prolongaram até 2004, quando se reformou.
Estes trinta e cinco anos de profissão elevaram-no à categoria de Diretor Financeiro, de Recursos Humanos e Administrativo.
Em 1997, frequentou na Universidade Católica um Curso de Gestão Estratégica, que concluiu.
Ao longo destes anos colaborou em várias Empresas do Concelho de Alcobaça, Porto de Mós e Rio Maior, como Técnico de Contas.
Em 1984, fundou, com mais quatro sócios, uma Empresa na área de Contabilidade e Fiscalidade.
Durante 8 anos, foi Presidente do Conselho de Administração, na Fundação Maria e Oliveira, com trabalho reconhecido amplamente e fundou a Universidade Sénior/USALCOA, instituição de grande envolvência social.
Filiou-se no Partido Popular Democrático/PPD/PSD, aquando da sua constituição. Nas eleições autárquicas de 1976, foi o 2º. da lista para a Assembleia Municipal, encabeçada por José Sapinho.
Fez parte ainda de algumas Assembleias Municipais e foi eleito Presidente da Comissão Política do PSD/ Alcobaça, na década de 1990, acabando por integrar uma lista candidata à Câmara Municipal, sendo eleito Vereador, funções que desempenhou com elevado mérito, por um mandato.   
Recordando algumas facetas lúdicas da  vida, conta que sempre que lhe era possível os bailes eram o seu passatempo e que, enquanto militar em Mafra, saía de casa ao domingo à tarde e só chegava, com um companheiro, ao quartel pela manhã de segunda feira, visitando e frequentando todos os bailes que se lhe iam deparando. Aqui se deve acrescentar que tudo isto era possível porque tinha uma moto, o que era muito raro na altura. A velocidade apaixonava-me e, com mais três amigos colegas de Mira de Aire, assustavam a gente que vivia junto à estrada.
Considera-se feliz pelo trabalho profissional e social, ao longo da vida, mas não esquece a frustração que sentiu e ainda sente por não ter construído novas instalações para albergar os idosos da Fundação Maria e Oliveira, por força do que reputa insensibilidades políticas. Este facto foi uma das razões para ida para Cuba, onde residiu vários anos. Porém, a família de Alcobaça e os amigos sempre o colocaram numa rota aérea de ida e volta.
Hoje em dia só de volta.
O desporto sempre o entusiasmou, desde o futebol, ao atletismo, ténis e, agora caminhadas.
Come para viver e não vive para comer, mas não despreza um lanche ou almoço em grupo com os amigos, acompanhado de um bom vinho.

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