NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Nabais Pinheiro,
António, natural de
Aldeia da Ponte/Sabugal nasceu a 2 de setembro de 1912.
Filho
de agricultores, cedo deixou a terra natal para aprender a arte de barbeiro na Guarda, indo mais tarde para Leiria para casa de
familiares, aonde completou a 5ª. classe. Na década de 1930, veio para Alcobaça
exercer a profissão, na Barbearia Baltazar com outros colegas como o Zé do Laço
e o Zé Oliveira. Casou com Lídia da Silva, natural de Évora de Alcobaça. Em
1947 iniciou a atividade por conta própria, num estabelecimento perto da
Pensão-Restaurante Corações Unidos.
Segundo
recorda o filho António José, o pai era
de pequena estatura, um homem grande na sua formação, modesto nas relações
nunca abdicando dos valores de honestidade. Amou sempre a sua Alcobaça do
coração e acompanhou ao longo dos anos todas as transformações da terra que um
dia escolheu para viver.
A
barbearia era um espaço pequeno, com um espelho ao alto, uma só cadeira assente
numa base redonda metálica. O baeta Nabais
usava uma bata branca, abotoada ao lado, e fazia caprichadamente uma barba
escanhoada, com uma navalha afiada em assentadores de fita de couro, e dominava
os cabelos mais rebeldes, graças a um fixador que ele mesmo fazia, com um pó
comprado na drogaria, misturado em água, a que adicionava perfume, conforme o
gosto do cliente.
António
Nabais Pinheiro, trabalhou na barbearia de Baltazar de Reis da Silva desde
1930. Em 1940 fundou na rua António Brandão a sua barbearia aonde se manteve
até meados da década de 1950, quando se mudou para a rua Dr. Zagalo, até 1996.
-Faleceu
a 16 de fevereiro de 1999.
Nabais Pinheiro,
António José da Silva,
nasceu a 9 de janeiro de 1944 em Alcobaça, estudou na Escola Técnica de
Alcobaça e Externato D. Afonso Henriques, tendo aí terminado o Curso Geral de
Comércio (contabilidade).
Exerceu
contabilidade na Cooperativa Agrícola de Alcobaça, Recauchutagem 31 e Caixa
Geral de Depósitos.
Na
juventude foi cofundador da Casa da
Amizade (grupo de jovens, de cariz católico), sob a orientação do prof.
José Nuno Monteiro de Câmara Pereira, ao tempo a dar aulas na ETA, onde muito
aprendeu, organizando atividades de voluntariado. Esteve na fundação do Interact (organização jovem do Rotary
internacional) destacando-se a organização da Semana de Turismo Luso-Francês em
Alcobaça, com o patrocínio da Embaixada de França e CMA. Mais tarde, viria a
fazer parte do grupo fundador da ADEPA,
na qual exerceu cargos diretivos, tendo participado em eventos de nomeada, como
a grande exposição de fotografia As
Pedras e as Gentes, no Refeitório do Mosteiro, a Primavera Cultural (uma semana de eventos na cidade e freguesias,
que culminou com grande desfile etnográfico envolvendo inúmeras associações do
Concelho). Colaborou no jornal A Voz de
Alcobaça.
Fez
ainda parte dos corpos diretivos do Ginásio clube de Alcobaça, Ceeria, Avapi e
Associação Humanitária dos Bombeiros de Alcobaça, bem como da Comissão de
Utentes de Saúde do Concelho de Alcobaça e Nazaré. É membro do Rotary Club de
Alcobaça, tendo sido seu Presidente no ano 2000.
Como
Alcobacense, que orgulhosamente se reclama, é
atento e orgulhoso da sua terra está sempre disponível a colaborar no bem
comum.
-Apesar dos clubes de rotários serem
autónomos, as orientações do Governador ajudam a fazer sempre mais e melhor. Foi com estas palavras que António
Nabais, presidente do Rotary Clube de Alcobaça, justificou a realização do
jantar que trouxe, até à cidade em setembro de 2000, o governador do Distrito
Rotário 1960, Luís Felipe Leonardo Castela.
Durante
o encontro, António Nabais, explicou os seus projetos para esse ano rotário de
mandato. A realização de um campo de
férias internacional, que visa um intercâmbio de jovens, adiantando que, apesar desta ser a operação rotária mais
importante traçada para 2000, outras deverão merecer igual destaque. O concurso de vinho, a distribuição dos
cabazes de Natal, a atribuição de prémios aos melhores alunos e de bolsas de
estudo, entre outras, serão atividades que merecerão o empenho dos nossos rotários
alcobacenses. Pretendemos continuar o
trabalho que tem sido feito até aqui, dando-lhe, se possível, um cunho pessoal,
explicou António Nabais, referindo, ainda, estar em curso a adesão de um ou dois companheiros novos.
O
Governador Luís Castela afirmou-se satisfeito com o trabalho desenvolvido pelo
Rotary Clube de Alcobaça, pois tenho uma boa impressão do clube de Alcobaça
que, apesar de jovem, está cheio de dinamismo. Na opinião de Luís Castela,
o papel do governador não é o de fiscalizar, sou apenas um amigo dos rotários de Alcobaça e não um inspetor, venho apenas proceder à auscultação da
atividade do clube e saber se precisam de alguma ajuda ou de algum conselho.
Esta é uma das formas de chegar ao
equilíbrio pretendido, ao nível nacional, no seio dos clubes rotários. A consolidação dos clubes de rotários existentes,
a formação de novos clubes e o aumento dos quadros sociais dos clubes, são
prioridades tidas em conta, a curto prazo.
Para
além destes objetivos, outros ganham formas no seio dos rotários como desenvolver e reforçar o trabalho com a
juventude, dando apoio aos clubes Interact e Rotarct.
-É
filho do anterior supra referenciado.
Nabais, Fernanda
Bárbara Barroso da Silva, é
natural de Aldeia da Ponte, Sabugal.
Professora
do Ensino Básico, lecionou durante 33 anos em várias escolas. No distrito da
Guarda, trabalhou sete anos no Ensino Oficial e foi monitora no Posto de Ensino
do Ciclo Preparatório TV em Aldeia da Ponte, do qual foi cofundadora.
Após
o casamento, foi colocada na Escola de Évora de Alcobaça até 1975 altura em que
se radicou, definitivamente, na cidade de Alcobaça até 1996, ano em que
aposentou.
Ao
longo da sua carreira docente, exerceu cargos no âmbito do ensino, ao qual
dedicou toda a vida profissional.
Após
a aposentação, entregou-se, por gosto e opção, à pintura e artes decorativas,
realizando exposições.
Na mesma altura, segundo afirma, descobriu o amor à poesia pelo que tem vindo a escrever desde então.
O seu
primeiro livro Afetos e Memórias foi editado em agosto de 2013, por Edições Escafandro, de Alcobaça.
Fernanda
Nabais explica que o título tem a ver com
a sua maneira de estar na vida. Gosta de cultivar os afetos, que fazem parte da
sua índole. As memórias, fazendo parte do passado, ajudam-na a viver o presente
e a olhar de forma positiva o futuro. A elas vai buscar referências e nelas se
revê.
Amou a sua profissão que encarou como
uma missão.
-Fernanda
Nabais desabafou que Cinema Paraíso é
filme da sua vida, porque me recordou os
tempos da minha infância em que vi pela primeira vez cinema na minha aldeia. É
uma história cândida e bela que me comoveu. Entende que o melhor do mundo
são as crianças, que é, aliás, uma frase
maravilhosa de Fernando Pessoa. De facto, como dizia Sebastião da Gama, que era
professor como eu, com elas nunca somos roubados em ternura. Ensinar é a única
coisa que sei fazer na vida.
Para
Fernanda Nabais, a oitava maravilha do
mundo é ser mãe. É uma maravilha tão
grande que não cabe no mundo inteiro.
-É Esposa
do anterior referenciado.
Nabais, Rita Isabel
Barroso da Silva, mas que usa apenas Rita Nabais, nasceu em Alcobaça em 16 de novembro de 1975.
Praticou
Ballet Clássico durante toda a sua infância e adolescência, paixão que jamais
abandonou. A par com esta atividade, foi ávida consumidora de música de
diversos géneros, tendo sido jurada do Concurso de Música Moderna de Alcobaça,
durante quatro anos (1994/1998).
Após
a conclusão do ensino secundário em Alcobaça, mudou-se para Castelo Branco,
onde viria a tornar-se professora, completando a Licenciatura em Ensino de
Português e Inglês.
Durante
este período, rico em produção cultural, organizou numerosos eventos culturais,
nomeadamente Saraus Poéticos (declamando, coreografando e dançando) e Teatrais,
Concertos, e Ciclos de Cinema.
Terminado
o período de estudos, regressou para o Oeste, tendo-se dedicado à docência. Fez
formações dentro e fora da sua área profissional, sendo de destacar, Filosofia
para Crianças, Música, Literatura, Teatro, Dança e Modelagem.
O
gosto por música, nomeadamente a busca pelas novas tendências, levá-la-ia às
cabines de DJ de templos musicais por todo o país.
Em
2011, concluiu o Mestrado em Estudos Ingleses e Americanos, especialização em
Estudos Inter-Artes (Cinema e Literatura), na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, tendo defendido a tese Edward Scissorhands de Tim
Burton: um conto de fadas gótico?.
Escreveu
e publicou crónicas e crítica musical em diversos jornais regionais e sites de
música até ao presente.
Em
2012, fundou as Edições Escafandro,
com sede em Alcobaça, tendo até ao momento coordenado a edição de cerca de uma
dezena de obras, ocupando-se também da revisão e organização de textos.
-A
antologia poética Escrever Alcobaça,
de Edições Escafandro, foi apresentada no dia 16 de outubro de 2016 e contempla
o trabalho de vários autores locais, desde o mais consagrado até àqueles que
estão a ser publicados pela primeira vez. A editora alcobacense que publicou,
em 2014, a antologia Escrever Alcobaça, tinha deixado a
promessa, de publicar uma antologia poética com os lucros dessa publicação. As receitas não foram muitas mas,
segundo Rita Nabais, a editora decidiu
investir em prol da comunidade.
Durante
a apresentação da obra, que teve lugar na Biblioteca Municipal de Alcobaça, a
oficina de expressão da Escola Secundária D. Inês de Castro, declamou excertos
dos poemas inseridos na antologia, acompanhados por figuras alcobacenses como
Sónia Tavares, Sofia Vinagre e Israel Costa Pereira. Jorge Pereira de Sampaio,
Gaspar Vaz e Maria João Rodrigues homenagearam, durante a sessão, o trabalho de
Virgínia Vitorino, Tarcísio Trindade e Rui Rasquilho (poetas).
-É
filha de Fernanda e António Nabais Pinheiro, supra referidos.
Nascimento e Sousa,
António Nunes da Franca, nasceu
a 2 de novembro de 1932, em Alcobaça.
Fez
ali os estudos iniciais, depois em Santo Tirso em regime de internato com os
jesuítas no Colégio das Caldinhas (por
isso, como reconhecia, não acompanhou de perto a vida política do pai, enquanto
Presidente da Câmara), indo cursar Medicina, obtendo a especialidade de
Radiologia, na Universidade de Coimbra, tendo feito parte da Tuna Académica. O
pai era também radiologista, pelo que quando faleceu, António Nascimento e
Sousa manteve o consultório no mesmo local , sendo durante muitos anos o único
radiologista de Alcobaça. Poder-se-á dizer que ao longo dos seus mais de 50
anos como radiologista, todas as famílias
de Alcobaça passaram pelo seu consultório.
Na
década de 1960, casado, pai de filhos e médico estabelecido, foi chamado a
cumprir novamente serviço militar, na Guiné, no Hospital Militar de Bissau
HM241, como Major Miliciano (médico), no período de 1968/1970, tendo aí
auxiliado muitos alcobacenses, por motivos médicos e não só. Regressado a
Portugal nunca cobrou pelos seus serviços a antigos militares que passaram pela
Guiné.
Nascimento
e Sousa, pessoa de formação conservadora, aliás como a família em geral, e
culto (lia bastante), apreciava a música (gosto que vinha do tempo de
universitário) e a praia. Jogava golf quando podia, embora algo
amadoristicamente.
Por
razões de idade e doença, veio a encerrar o consultório de radiologia fazendo
um contrato com o Centro Hospitalar S. Francisco, para onde transitaram alguns
dos seus colaboradores.
Casou
com Maria Helena Raposo de Magalhães, com quem teve 2 filhos, nenhum dos quais
vive em Alcobaça.
-Foi
filho do Dr. José Nascimento e Sousa, médico, cuja afinidade com o Estado Novo,
o levou, em 1942, a assumir a Presidência da Comissão Concelhia de Alcobaça da
União Nacional (UN) e, quatro anos mais tarde, a Presidência da Câmara
Municipal, num controverso mandato,
que se descreve em No Tempo de Salazar,
Caetano e Outros, de Fleming de
Oliveira.
Natividade Sanches Coelho,
José Manuel, Rui Rasquilho e Ana Maria Coelho, elaboraram o seguinte
apontamento:
Separavam-nos 27 anos de vida. Apesar
disso, depois do 25 de abril de 1974 convivemos alguns anos na ADEPA, a
Associação para a Defesa e Salvaguarda do Património Cultural da Região de
Alcobaça e na Comissão Organizadora do Museu de Alcobaça. Foi nesses fóruns
complementares que nos conhecemos, foi aí que lutámos conjuntamente com outros
alcobacenses hoje desaparecidos na sua maioria, pela memória de Alcobaça, pelos
seus bens culturais, pelo seu Museu que guardaria o acervo riquíssimo da
família. Este desiderato está registado nos Estatutos da ADEPA. Colega e
contemporâneo de meu pai, embora com especialidades diferentes, terminaram a
sua vida profissional no topo da carreira como Engenheiros Técnicos Principais.
José Manuel Natividade Sanches Coelho
morreu com 72 anos, no dia 14 de novembro de 1990.
Foi um experiente investigador no setor
de Estudos Pomológicos, na Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade,
onde trabalhou com seu tio Joaquim Vieira Natividade, irmão de sua mãe Maria
Garcês. Escreveram pelo menos três obras em conjunto sobre estudos relativos às
oliveiras e aos pessegueiros entre 1946 e 1956. Na década de 1970, foi
Presidente da Assembleia Geral da SPAL. Tínhamos todos imenso respeito pelo Zé
Manel Natividade, mesmo quando se indispunha com o mau correr dos planos da
nossa ADEPA.
A tese de fim de curso em 1936 na
Escola de Coimbra denominou-se Classificação de Variedades Culturais da Pereira
Dispostas em Chaves Dicotómicas.
Vale a pena referir a sua intensa
correspondência com Lisboa por causa do Museu de Alcobaça e da preservação do
acervo da família que hoje está inventariado, à guarda do Mosteiro de Alcobaça.
Amigo de D. Maur Cocheril, deu ao monge historiador apoio continuado,
garantindo a qualidade das suas obras de Alcobaça Cisterciense, como o havia
feito o seu tio Joaquim.
Não posso deixar de recordar que por
duas ou três vezes, falamos do futuro da Casa Museu e sempre entendemos que
melhor seria preservar apenas a fachada e retirar-lhe o miolo, prolongando-a
até à Rua Duarte Pacheco, constituindo um espaço museológico moderno adaptado
ao acervo e não ao contrário como algumas vozes menos avisadas pretendiam.
-J.
Natividade Coelho, enviou telegramas de repúdio ao Cardeal Patriarca,
Primeiro-ministro, Vice-Primeiro Ministro, Ministro da Cultura e Presidente da
Câmara de Alcobaça, criticando a representação de A Castro (António Ferreira) na Capela-Mor e Igreja do Mosteiro de
Alcobaça,
Para Sua Eminência Reverendíssima o
Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa.
Eminência:
Filho de Alcobaça, educado no fervoroso
amor e no respeito pela minha terra e pelo seu mosteiro, cristão e católico
embora não frequentador dos atos de culto a que os paroquiados alcobacenses a
si próprios se obrigam, independente no campo político mas ligado, por laços de
estima e amizade, a elementos que militam nas várias fações que o compõem,
simpatizante e entusiasta, até por tradição familiar, da delicadíssima lenda de
Inês de Castro, a qual, como foi dito um dia, a alma dos poetas e o coração
vibrátil da mocidade, em sucessivas gerações não deixou esquecer, alguém,
enfim, a cujo espírito acorre, nesta hora, a lembrança do diálogo travado, a
propósito das cenas a representar no seu túmulo, entre el-rei Dom Pedro e o Dom
Abade de Alcobaça Frei Vicente Geraldes, de que nos fala Afonso Lopes Vieira, -
manifesto respeitosamente a vossa Eminência Reverendíssima cujo alto sentido
cristão perdoará essa ousadia, meu fundo desencanto, desgosto e tristeza, por
saber ter sido consentida por gentileza do Patriarcado de Lisboa e da Paróquia
de Alcobaça, a representação, não importa por que grupo teatral ou com que tipo
de encenação, na capela-mor e no cruzeiro da igreja quase oito vezes secular de
Santa Maria de Alcobaça, da tragédia histórica A Castro que tem por fulcro uma
situação de adultério que a lei de Santa Madre Igreja, severamente reprova.
Reservando-me o direito de tornar
conhecido dos meus conterrâneos o conteúdo do desabafo que aqui deixo,
manifesto a Vossa Eminência a expressão do meu fundo respeito e consideração.
José Manuel Natividade Coelho.
Alcobaça, 29 de setembro de 1983.
Natividade, Joaquim Vieira, (1899-1968) foi figura cimeira entre os
silvicultores europeus do século XX.
Nascido em Alcobaça, Natividade foi o terceiro de quatro
filhos de Manuel Vieira Natividade e D. Maria da Ajuda Garcez. Formou-se no
Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, em Engenharia Agrónoma (1922) e
Engenharia Silvícola (1929). Em Londres e em Coimbra especializou-se em
genética e citologia tendo, mais tarde, fundado e dirigido o Departamento de
Pomologia da Estação Agronómica Nacional, o Centro Nacional de Estudos e
Fomento da Fruticultura e a Estação de Experimentação Florestal. Entre 1930 e
1950, Natividade foi diretor da Estação Experimental do Sobreiro, em Alcobaça.
O seu trabalho assumiu um papel fulcral na construção e consolidação da
investigação florestal, em Portugal. Ficou também conhecido pelos seus
trabalhos na área da fruticultura tendo publicado mais de uma centena de
estudos científicos. Em Fevereiro de 1968, inaugurou a Estação Nacional de
Fruticultura, em Alcobaça, tendo falecido em novembro seguinte.
Foi casado com Irene Sá (Natividade).
-Em
Outubro de 1937, foi criado, em Alcobaça, o Departamento de Pomologia da
Estação Agronómica Nacional, sob a chefia do Professor Joaquim Vieira
Natividade. Inicialmente constituído pela Secção de Pomologia passou, em 1938,
a abranger as Secções de Olivicultura e de Viticultura que se mantiveram,
exclusivamente em Alcobaça, até 1944. Em 7 de Maio de 1962, o Despacho da
Secretaria de Estado da Agricultura, do Ministério da Economia, criou, em
Alcobaça, o Centro Nacional de Estudos e de Fomento da Fruticultura sendo o seu
primeiro Diretor o Professor Joaquim Vieira Natividade. O CNEFF era constituído
pelo Departamento de Pomologia da EAN e pelo Núcleo de Assistência Técnica à
Fruticultura. Nessa data, o Departamento de Pomologia era composto pelas
Secções de Pomologia, Ampelografia, Viticultura e Horticultura. Em 1966, O
Departamento de Pomologia passou a ocupar-se exclusivamente da Pomologia tendo
as restantes Secções sido integradas no Departamento de Melhoramento de
Plantas, em Oeiras. O Decreto Regulamentar 44/81, de 6 de Outubro, transformou
o CNEFF na Estação Nacional de Fruticultura de Vieira Natividade (ENFVN), em
reconhecimento dos incontestáveis e
notáveis serviços prestados pelo Prof. J. Vieira Natividade, à causa da
fruticultura. Mantém as suas instalações na Quinta do Olival Fechado, em
Alcobaça. A Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade passou a incluir
os Departamentos de Biologia e Nutrição de Fruteiras, de Pomóideas e
Prunóideas, de Citricultura e de Olivicultura, tendo sido integrada no
Instituto Nacional de Investigação Agrária, passando a constituir um dos seus
Serviços Operativos. Com as reestruturações seguintes, veio a ENFVN a
constituir sempre um dos serviços operativos do INIA e dos institutos que lhe
foram sucedendo: INIAER, INIA e INIAP. Com a criação do Instituto Nacional de
Recursos Biológicos, foi extinta tendo sido criado em 2008 o Centro de Atividades
de Fruticultura.
-A
Câmara Municipal de Lisboa homenageou a 1 de março de 1996 Joaquim Vieira
Natividade, atribuindo o seu nome a uma rua da cidade. O ato oficial contou com
a presença de destacadas individualidades da Câmara de Lisboa, os órgãos
autárquicos de Alcobaça, bem como os familiares do homenageado.
Reconhecendo-lhe
o mérito, a Câmara Municipal de Alcobaça atribuiu o seu nome a uma avenida.
-A Granja de Cister,
inaugurada a 5 de julho de 2014, tem promovido o que de bom se faz e produz no
concelho de Alcobaça.
No dia 7 de julho de 2014 realizou-se a reedição de dois
livros de Joaquim Vieira Natividade, em homenagem ao investigador agronómico
alcobacense e pai ideológico da Cooperativa Agrícola de Alcobaça: Os Monges Agrónomos do Mosteiro de Alcobaça,
e Associações Agrícolas – Palavras ditas
no dia das Associações Agrícolas.
O (re)lançamento destes livros, editados pela C.A.A. com o
objetivo de manter a tradição e a memória
coletiva da nossa história, contou com a presença de Manuel Castelhano,
Presidente da Cooperativa Agrícola de Alcobaça/CAA, Paulo Inácio, Presidente da
Câmara Municipal de Alcobaça, António Eduardo Natividade, sobrinho de Vieira
Natividade, e os autores dos prefácios dos livros, Fleming de Oliveira e António
Valério Maduro.
O presidente da Direção da C.A.A. recordou que foi de certo
modo graças ao discurso proferido por Joaquim Vieira Natividade em 1931, na
Sede do Sindicato de Agricultores da Região de Alcobaça e Nazaré, defendendo as
vantagens do cooperativismo que, um ano mais tarde, nasceu a C.A.A.. Para
Manuel Castelhano, Joaquim Vieira Natividade é o pai ideológico desta cooperativa.
Franco, honesto,
frontal e com um respeito profundo pelo trabalho dos outros, qualquer um, desde
que fosse honesto, é assim que António Eduardo Natividade recorda o tio, que foi uma autêntica lição de vida em todos os
aspetos, pelos valores morais ou éticos que nos transmitiu, ou seja um homem com um H grande, respeitador, que nos transmitiu o gosto
pelas artes e literatura e que tinha
um grande amor à investigação.
Fleming de Oliveira, que prefaciou e fixou o texto do livro,
com imagens Os Monges Agrónomos do
Mosteiro de Alcobaça, destacou a importância de reeditar este livro porque desmistifica um erro grosseiro de que os
monges de Alcobaça eram uns grosseirões e que só se dedicavam aos prazeres da
mesa. Para o ex-deputado, não pode
haver história nacional sem se compreender a história local pelo que é pena que não haja nenhuma disciplina
dedicada à história local, o que ajudaria
a manter e a avivar a nossa memória.
António Maduro, autor do prefácio de Associações Agrícolas – Palavras ditas no dia das Associações
Agrícolas, lembrou que o movimento associativo não foi só de
desenvolvimento da agricultura foi também de educação das pessoas. Para o
historiador, o texto lido por Joaquim Vieira Natividade na altura, mostrava-o
como um homem divulgador e crente de que
o movimento associativo seria o motor, a alavanca para o futuro.
A finalizar, Paulo Inácio destacou um homem que personifica o brilhantismo da função pública na altura do
Estado Novo e que era um cientista,
um académico com uma aposta clara política no associativismo. O autarca
falou do legado deixado por Joaquim Vieira Natividade no concelho em
particular, na Estação Fruteira e na Mata do Vimeiro.
-A
dimensão do grande cientista do século XX, Joaquim Vieira Natividade, foi
evocada numa exposição temporária organizada pela Câmara Municipal de Alcobaça
e o Pólo de Alcobaça do Instituto Nacional de Investigação Agrária e
Veterinária.
A exposição temporária Elogio a JV Natividade – O Homem e o
cientista do século XX, patente na Estação Nacional de Fruticultura Vieira
Natividade, comissariada por Alberto Guerreiro e Rui Sousa, foi inaugurada pelo
Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça e pelo Secretário de Estado da
Alimentação e da Investigação Agroalimentar, passando a funcionar em horário
regular entre 11 de setembro e 1 de novembro de 2015.
Pretendeu-se
dar a conhecer, no próprio local de trabalho, uma das personalidades maiores de
Alcobaça, sendo proposto um percurso documental e material que contextualiza a
vida profissional do virtuoso engenheiro agrónomo e silvicultor, cuja
intervenção cívica, cultural e relevância científica merecem o devido
reconhecimento dado o seu papel na consolidação da investigação aplicada ao
desenvolvimento do domínio frutícola e florestal português.
Decorrente
da parceria com o Mosteiro de Alcobaça, o visitante teve a oportunidade de
vislumbrar, para além de espólio do INIAV, uma vasta coleção de objetos
pertencentes ao legado da Casa Museu Vieira Natividade, contextualizando a
herança familiar inspiradora de Manuel Vieira Natividade até se centrar na sua
essência no enredo maior da vida e obra de um homem de cultura e de ciência que
foi Joaquim Vieira Natividade.
Iniciou os estudos musicais
na Academia de Música de Santa Cecília e prosseguiu-os no Conservatório Nacional de Lisboa, onde foi aluno de Melina Rebelo (Piano), Constança
Capdeville
(Composição) e Macario
Santiago Kastner
(Musicologia e Interpretação de Música Antiga).É licenciado em História, pela Universidade de Lisboa desde 1980, e doutorado em 1990 em Musicologia, pela Universidade do Texas (Austin), que frequentou como Fulbright Scholar e bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Nessa universidade estrangeira trabalhou com os Professores Robert Snow, Gérard Béhague, Douglass Green, Michael Tusa e Elliot Antokoletz.
-Rui
Nery veio no dia 17 de março de 2010 proferir uma conferência no Armazém das
Artes, sobre a História do Fado, especialmente dedicada a professores do Ensino
Secundário, embora aberta ao público em geral.
Esta
iniciativa, inseriu-se na série de conferências Combates pela Cultura e teve o apoio da CMA.
Neto,
Augusto Branco Pereira,
foi mais conhecido como Augusto da
Vestiaria.
JERO
sobre este cromo, escreveu no jornal
Região de Cister que, fomos colegas no
colégio do Dr. Cabrita na década de 50. Tinha então a alcunha de Bigodes de
Arame Farpado. Depois de alguns anos de distanciamento por circunstâncias
normais da vida, recorda-me de o voltar a encontrar nos Correios de Alcobaça.
Tenho a ideia que cumpria com normalidade as suas funções, embora já constassem
algumas estórias da sua irreverência congénita. O Augusto começava a dar nas
vistas por causa de amores mal sucedidos e de perguntas que toda a gente
gostaria de fazer, mas era arriscado fazer. Custou-lhe (na) cara uma pergunta
sobre um pai incógnito… Levou uma estalada no 1º. andar que o fez parar só no
rés-do-chão! Fazia serenatas, declamava versos em alta voz – por vezes fora de
horas – e deixou o seu trabalho nos CTT.
Pedia boleia para o Algarve mas se o
dono do carro fosse para o Porto não hesitava, ia para o Norte e depois logo se
via! À sua maneira e pela sua excentricidade, o Augusto da Vestiaria marcou uma
época. Quem é que não sabe uma estória a seu respeito? Uma colega de turma do
amor de sua vida, recordou-me que em determinada altura, o Augusto ofereceu à
sua amada um bilhete de lotaria… Foi uma excitação até andar à roda – não saiu
nada.
Além dos amores não correspondidos com
a Mary, recordo anos mais tarde a sua declaração num boletim de voto “Eu gosto
é de gajas boas” correu de boca em boca. Numa fase de descrédito em relação a
muitos dos nossos políticos, é um voto a ter (muito) em conta!
E era maluco! Infelizmente também já
não está entre nós. Paz à sua alma.
-AugustoPereira
Netop da Vestiaria, nasceu a 9 de novembro de 1942 e faleceu a 27
de agosto de 1991 em cujo cemitério foi
sepultado..
Neto, Manuel
Contreiras, nasceu a 7 de abril de 1938 (embora no registo conste 7 de
maio), em Aldeia dos Fernandes/Almodôvar.
A
infância decorreu no seio de uma família numerosa, tendo na sua aldeia
frequentado a Escola Primária até à 4ª. Classe.
Começou
a trabalhar entre o período da infância e da adolescência, por volta dos doze
ou treze anos em casa dos pais, comerciantes. O pai conjugava a vida comercial
com a agricultura, pelo que o ajudava nas lides comerciais e agrícolas.
A mãe
era o pilar da família, pois além de dona de casa, mãe de oito filhos e de um
enteado, que tratava e amava como fosse do seu sangue, tomava conta do comércio
e de tudo o que fosse relacionado com a vida do lar.
A
vida da aldeia ficava aquém dos seus horizontes, pelo que por volta dos 15
anos, foi para Beja trabalhar como aprendiz de padeiro.
A
conselho médico, voltou às origens, mas logo que se recompôs, regressou à
cidade, para a área da restauração, onde permaneceu até cumprir serviço militar
como soldado recruta, no Regimento de Artilharia Ligeira nº. 3, de Évora.
Após
cumprido o serviço militar obrigatório, resolveu requerer a inserção na vida
militar, por encontrar aí uma saída profissional.
Em
Lisboa, e com meios de transporte ao alcance da bolsa, pois já tinha um pré e
prémio de especialidade, resolveu ir estudar.
Matriculou-se
no Externato Crisfal, porém teve de prescindir das aulas após alguns meses,
porque mudou de serviço e não tinha horários compatíveis.
Logo
que foi possível voltou a estudar e fez o Ciclo Preparatório, depois o Curso
Liceal, mas como foi mobilizado para o África não o concluiu, ficando sem
equivalência. Fez três comissões de serviço, duas na Guiné e uma em Moçambique.
Por essa razão, quando veio morar para Alcobaça, reiniciou na respetiva Escola
Secundária o Curso Geral de Administração e Comércio noturno, que conclui no
ano de l990.
Ao
longo da carreira militar, desempenhou funções na área administrativa e
operacional em unidades da Força Aérea, tanto na Metrópole como no Ultramar. A
vida militar criou-lhe, no seu dizer, uma
postura de rigor e seriedade que o influenciou na maneira de ser e de estar
perante a sociedade, para todo o sempre.
Frequentou
cursos de formação militar, que lhe proporcionaram subir na carreira e no
âmbito civil cursos, como Artes, História de Alcobaça e Seminários. Não consegue estar parado (mesmo em
sentido literal) como facilmente se apercebe,
quem o conhece.
Em
2010, voltou à escola e completou várias ações de formação. Fez parte da Escola
de Música do Centro Cénico da Cela, como elemento do Coral e Rancho Folclórico,
Grupo de Cavaquinhos da Usalcoa.
Faz
parte do Grupo Coral e Litúrgico da Igreja de Santa Maria de Alcobaça,
Orquestra Típica e Coral de Alcobaça, Grupo de Cavaquinhos Os Farra e Grupo
Coral Os Cantibaça.
Frequentou
várias disciplinas na Universidade Sénior de Alcobaça.
Há dezasseis anos que
presta serviço no Núcleo da Liga dos Combatente
de
Alcobaça, quer como membro da Direção e/ou como mero voluntário.
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