NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Silva, Luís Manuel Henriques da, mais conhecido entre os amigos como Luisinho, é casado, e tem dois filhos.
Natural
de Porto de Mós, veio residir em Alcobaça com 12 anos, para trabalhar na Pensão /Restaurante Corações Unidos, com
Celeste Soares e José Pires.
D. Celeste foi uma
Senhora que fez muito pela indústria hoteleira ao nível nacional. Tenho muito
orgulho em ter trabalhado e aprendido com ela, afirma.
Quando
saiu dos Corações Unidos, foi
trabalhar para o Café Roma, antes de
ser sócio durante 12 anos do Café/Restaurante
Trindade.
Posteriormente,
abriu o Restaurante O Telheiro, casa
afamada e que, no seu entender, foi uma
dos melhores restaurantes de Alcobaça.
O
Telheiro não era propriamente para
todas as classes sociais, mas não para o
Jet-Set, como se dizia. As pessoas é que o qualificavam como tal.
No
Restaurante O Telheiro um dos pratos
típicos era o Frango na Púcara, feito
durante cerca de 40 anos pela cozinheira Maria Agripina.
Silva
Jr., Luís Salvador Marques da,
conhecido como Luís Salvador, Jr.,
nasceu em Lisboa em 21 de julho de 1896.
Pertenceu
a uma dinastia de artistas, pois seu
avô, João Salvador Marques da Silva, foi jornalista, autor teatral (entre
outras escreveu a peça Os Campinos) e
empresário teatral em Lisboa.
Seu
pai, Luís Salvador Marques da Silva, dedicou-se inteiramente à cenografia, seu
irmão Mário Salvador Marques da Silva foi aguarelista de renome, e o irmão
Eugénio Salvador Marques da Silva, ganhou popularidade no teatro de revista
(como muitos ainda se lembrarão), mas também tinha vocação para as artes
plásticas.
Dois
dos seus filhos, Luís e Fernando Salvador Marques da Silva, o primeiro
arquiteto e o segundo Pintor e Professor de Desenho, continuaram a dinastia.
-Luís
Salvador Jr, trabalhou desde os 12 anos ao lado do pai em cenografia, o que lhe
valeu mais tarde idealizar duas cenas, uma para a representação de A Ceia dos Cardeais, e outra para a Soror Mariana, e em Évora pintar o claustro
do liceu, para com vista a uma récita de estudantes.
Frequentou
a Escola de Belas Artes de Lisboa de 1912 a 1919, tendo como mestre Veloso
Salgado, que o estimava, considerava e que o convidaria, no final do curso,
para o ajudar a executar a tela de grandes proporções As constituintes de 1820, que figura na Sala das Sessões da
Assembleia da República (Luís Salvador terá executado ao que se diz cerca de 2/3
do fresco, sem ficar com a respetiva fama).
Foi
companheiro de João Reis Varela Aldemira, Fernando Santos, Carlos Bonvalot,
Helena Bourbon e Menezes, Cotinelli Telmo, Leopoldo de Almeida, Raúl Xavier,
Leitão de Barros e Pardal Monteiro.
Como
professor do Ensino Técnico, esteve nas escolas de Mirandela, Alcobaça (onde
foi professor entre 1924 e 1930, na Escola de Artes e Ofícios Bordalo Pinheiro,
que funcionou para as bandas da Rua Costa Veiga, e realizou a tela o Sacristão do Mosteiro de Alcobaça e nasceram
dois dos três filhos, o mais velho no próprio mosteiro, em cujos anexos viviam
pessoas), Évora e Lisboa (Marquês de Pombal e Francisco de Arruda). Em
Alcobaça, foi muito bem acolhido tendo criado uma forte relação afetiva e alimentado
o sonho de se criar o Museu de Pintura. Luís Salvador teve intenção (confirmada
por um filho) de por morte, doar parte da sua obra de pintura a Alcobaça.
Todavia, quer pelo lado do Estado, como pelo da Autarquia, nunca se chegou a
acordo com os herdeiros e o projeto gorou-se.
Está
representado, no Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa), Soares dos Reis
(Porto) José Malhoa (Caldas da Rainha), Museu Cidade da Figueira da Foz, Museu
Grão-Vasco (Viseu).
É
detentor da Medalha de Honra da Sociedade
Nacional de Belas Artes, 1º e 2º prémios Roque Gameiro, em Aguarela, e 1ª
medalha do Salão do Estoril, em cujo Museu está representado com a aguarela A Fonte da Maruja.
É
caso raro, senão único, um artista atingir as mais altas distinções nas duas
modalidades, óleo e aguarela.
Foi
Mestre de Aula de Aguarela, na Sociedade Nacional de Belas Artes.
É
simultaneamente grande retratista, paisagista, pintor de costumes, pintor de
interiores, pintor de natureza mortas, pintor de marinhas, em ambas as
modalidades e talvez, como nenhum outro, da sua geração.
-Luís
Salvador Jr. faleceu em 1986.
Silva, Manuel Ângelo da, foi
durante cerca de 40 anos Regedor da Freguesia de S. Vicente de Aljubarrota e 13
anos vereador da Câmara de Alcobaça.
Conhecido,
em certos meios, como Governador Civil de
Aljubarrota, dada a influência ou suposta influência política, a
proximidade com o poder e o regime do Estado Novo, tinha a fama de usar, abusar
e até, se necessário, inventar influência, para daí retirar algumas benesses.
Com
um chapeuzinho preto no alto da cabeça, de fato escuro completo e sapatos
engraxados, dava ares de ser pessoa de posses e influente, tanto mais que era o
Comandante da Legião Portuguesa, em Aljubarrota, instituição a que se dedicava
com muito empenho e que gostava de invocar. Foi no seu tempo que esta foi
equipada com espingardas Mauser, substituindo as extravagantes e pitorescas armas
de madeira, utilizadas em exercícios.
Como
louvado da Repartição de Finanças e perito do Tribunal, era vulgar vê-lo entrar
nos serviços com à vontade e perante a complacência dos funcionários, começar a
folhear processos, solicitar informações e até dar opimiões.
-O Voz de Alcobaça, de 31 de janeiro de
1975, pela pena do impenitente,
truculento anticlerical e prolixo correspondente de Coz, Barbosa Rodrigues,
pediu o saneamento do pároco de Coz, que
continua mistificando as pessoas e a própria religião.
Não
era este a única pessoa que os antifascistas
de Coz e Alcobaça pretendiam sanear, alegadamente incapazes de viver os novos tempos revolucionários. A atenção do jornal incidiu ainda sobre Manuel
Ângelo da Silva, qualificado como cacique
da borda da serra e ex-comandante da Legião Portuguesa de Aljubarrota, que não obstante se encontrar em estado de
falência, continuava a exercer o
cargo de Provedor da Misericórdia de Aljubarrota e de Louvado, inscrito na
Repartição de Finanças.
De
acordo com o mesmo jornal, Manuel Ângelo da Silva serviu durante largos anos o regime fascista, pressionando as pessoas
dos lugares onde preponderava e o seu domínio foi tão nítido e demorado que
jocosamente o alcunhavam de Governador Civil de Aljubarrota.
-De
facto,Manuel Ângelo da Silva foi pessoa ligada ao regime, o que nunca
escondeu, mas não consta que fosse muito mais que isso.
Silva, Manuel Lemos
Pereira da, com o pseudónimoSomel,
nasceu a 27 de setembro de 1924 em Albergaria-a-Velha.
-Tendo
chegado a Alcobaça em tenra idade, sentia-se alcobacense de alma e coração, sendo esta definitivamente a terra
que era tudo para ele.
Trabalhou
na Cruz de Cristo Ld.ª, desempenhando
todas as funções, embora fosse especialista
na reparação de esquentadores a gás.
Em
rapaz, fez parte do Rancho O Alcoa e
ao longo de algumas dezenas de anos colaborou graciosamente com o Jornal O Alcoa (era amigo pessoal de Mário
Vazão), através de pequenos apontamentos em que sob o anagrama de Somel chamava a atenção, em termos
alegadamente construtivos, para os pequenos problemas da vila. Era a rubrica Passeando pela Cidade – Crítica Construtiva,
com a última publicação a 4 de maio de 2011.
Pessoa
de esmerada educação, incapaz de se incompatibilizar com alguém, Manuel Lemos
deixou saudade entre os amigos, como realçou Mário Vazão.
A
partir de 25 de abril, começou a estar presente, discreta e pacientemente, em todas as sessões (à segunda-feira de
tarde) da Câmara Municipal, inicialmente sentado no espaço reservado ao público
(de vez em quando tomando breves apontamentos em papeis avulsos) e depois a
aproximar-se do executivo (Miguel Guerra, Fleming de Oliveira, José Rafael
Serralheiro, Mário Tanqueiro, Eduardo Vieira Coelho, Martiniano Rodrigues e
Manuel Ferreira Castelhano) e a emitir benevolamente,
como que inadvertidamente, pequenas opiniões (benevolamente também e com um
sorriso censuradas pelo Presidente
Miguel Guerra).
Com o
tempo, foi criando alguma familiaridade com a vereação, passando a ser
conhecido pelo Sétimo Vereador (a vereação tinha 7 elemento…) que raramente
faltava e, que por vezes, levava algumas bolachinhas ou rebuçados, que
distribuía sub-repticiamente quando havia uma pausa.
Com
Gonçalves Sapinho, Manuel Lemos passou a ter presença autorizada, apenas nas
sessões abertas ao público (decisão
tecnicamente correta), ou seja, quinzenalmente.
Manuel
Lemos representou o Alcobaça Futebol Clube, foi atleta e dirigente do Ginásio
Clube de Alcobaça, integrou os órgãos diretivos da Banda de Alcobaça (antes e
depois do seu ressurgimento) e da inicial Orquestra Típica e Coral.
-Faleceu
no dia 24 de agosto de 2014, no Hospital de Alcobaça.
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