NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Oliveira, Francisco
Rodrigues de, vulgo Chico Ferrador.
JERO
escreveu no jornal Região de Cister as seguintes notas:
Quando lhe perguntámos a idade, fez
questão de salientar que nasceu da parte da tarde do dia 16 de setembro de
1922, por volta das 17,30 horas, como sua Mãe lhe referiu muitas vezes ao longo
da vida.
Francisco Rodrigues de Oliveira é
alcobacense há 90 anos e viu a luz do dia na Rua do Castelo, onde ainda vive
numa casa duma azinhaga que dá para o castelo e que tem um quintal onde faz as
suas lavouras, que lhe preenchem o tempo e dão boa mesa.
Foi ferrador desde miúdo e trabalhou
até aos oitenta.
Ainda o vimos trabalhar e não mais
esquecemos que foi figura de proa na recriação de um mercado à antiga,
realizado na Praça Afonso Henriques aquando das comemorações do centenário do
Hospital de Alcobaça, em 1990.
O ferrador aplicava as ferraduras nos
cascos de mulas, cavalos e burros trabalhando com poucos utensílios. Utilizava
normalmente apenas uma turquês e formão. Com o evoluir dos tempos foi uma
profissão que, praticamente, desapareceu e a que se chamava Tronco. O Senhor
Chico já não tem nenhum familiar vivo.
É o último da sua raça mas percebe-se
que, do alto do seu metro e oitenta e tal, está agarrado à vida. O céu pode
esperar, concluímos nós.
-Faleceu
em fins de 2015.
Oliveira, Hermínio Martins, nasceu a 23 de julho de 1933 em Vila
Verde/Braga. aonde estudou até à 3ª. Classe, sendo que a 4ª. Classe foi feita
em Lisboa, aquando do cumprimento do serviço militar.
Diz que esteve para ser Padre,
pelo que frequentou o Seminário durante dois anos. Não pretendendo voltar à
terra natal e à vida do campo, concorreu à GNR ingressando no Quartel do Beato
para frequentar o respetivo curso de admissão. Em seguida transitou para o
Quartel da Estrela tendo-lhe aí sido proposto uma colocação em Alcobaça, visto
ser necessário um condutor para a viatura do Posto, que se encontrava parada.
Minhoto, nunca tinha ouvido falar em Alcobaça, pelo que foi logo comprar
um mapa, tendo ficado muito satisfeito
por saber que era junto ao mar que nunca tinha visto, antes de ir para a tropa.
Chegou a Alcobaça em janeiro de 1960, sendo comandante do Posto o Sarg. Alves,
em breve substituído pelo famoso, nem sempre pelas melhores e mais honrosas
razões, Sarg. Barbosa. No Posto de Alcobaça trabalhou cerca de oito anos até
pedir a exonoração da GNR para fundar a Recauchutagem 31, conjuntamente com o
sogro Fernando Dias Marques, a frente da qual esteve durante cerca de 14 anos.
Abandonou a Recauchutagem 31 e estabeleceu-se com a ODPNEUS Ld.ª.
Algo saudoso do antigo regime (o
que não esconde), bem como do seu verde Minho e do Verde Tinto, é um
empresário bem-sucedido e em expansão, ajudado pelos filhos.
Oliveira, José, JERO diz que, lembra-me como se fosse hoje. E já vão 36 anos…
Recebi uma chamada telefónica no meu
local de trabalho. Reconheci uma voz amiga que me cumprimentou num tom de voz
angustiado. Olhei para o relógio e vi que faltavam poucos minutos para o
meio-dia. O meu pai tinha sido atropelado às 11h30 à saída vila, junto à
Assessor, e tinha sido levado para o Hospital de Alcobaça. Perguntei se estava
mal e a resposta foi afirmativa.
Não me levantei logo da secretária.
Pressenti que iriam seguir-se más notícias e tentei arrumar uns papéis enquanto
arrumava ideias. Tinha em primeiro lugar que passar por casa da minha mãe.
Encontrei-me minutos depois frente à
sua casa com a amiga que me tinha telefonado. Antes de tocar a campainha
respirei fundo e tentei ganhar mais uns segundos.
Depois, apareceu a minha mãe que sorriu
feliz por me ver a uma hora que não era habitual. Não esqueço mais o seu
sorriso e a transformação que se seguiu no segundo seguinte quando soube ao que
vínhamos.
Seguimos para o Hospital. Chegámos às
Urgências e vi o Dr. Pedrosa. Quase não foram precisas palavras para perceber
que não havia esperança. A partir daquele momento tentei o mais possível
salvaguardar a minha mãe da confusão que nos rodeava. Deixei-a por um momento e
pedi aos médicos que me deixassem ver por um minuto o meu pai. Entrei no Banco
de Urgências e vi-o deitado numa maca. Não dava acordo de si mas ainda
respirava. Peguei-lhe numa mão, que senti ainda quente, e despedi-me.
Silenciosamente.
Agradeci aquele momento aos médicos -
Dr. Franco e Dr. Pedrosa - que não mais esquecerei.
Em desespero de causa, foi pedido ainda
um helicóptero para transportar o meu pai para um Hospital de Lisboa. Chegou
por volta 14h00, mas era tarde mais.
Quando o helicóptero levantou sem levar
o ferido a minha mãe percebeu o que eu ainda não lhe tinha dito. A informação
do falecimento chegou-nos pouco depois. No "Banco", onde tanto
esforço se tinha feito para salvar o meu Pai, médicos e enfermeiros partilhavam
a nossa dor. Mais um momento que não esqueci naquela fatídica tarde do dia 12
de Outubro de 1979.
Depois toda a atenção se virou para a
minha Mãe. Naquele Hospital e naquelas mesmas salas tínhamos vivido momentos
trágicos e extremamente dolorosos 11 anos antes. A minha irmã Maria Eduarda,
com 23 anos de idade, tinha estado ali depois de acidente de automóvel que a
vitimou perto da Benedita em 6 de Novembro de 1968.
O meu pai foi sepultado no cemitério de
Alcobaça.
A partir daqui transcrevo a notícia que
veio publicada no quinzenário "O Alcoa" de 18.Outunbro.1979, nº.
1466.
(…) O seu funeral, realizado no dia seguinte
para o cemitério de Alcobaça, após missa de corpo presente, foi a prova
inequívoca de que a sua morte causou profundo pesar em quantos com ele
privaram.
(…) José de Oliveira tinha 66 anos. Era natural
de Lisboa, mas aos 13 anos veio para Alcobaça como aprendiz para a barbearia do
Baltazar. Ainda bastante novo tomou de trespasse a Barbearia do Moita (pai do
sr. José Ramalho Moita) onde hoje está o Banco Português do Atlântico. A sua
vontade de progredir leva-o, tempos depois, a tomar de trespasse a barbearia
(na Rua das Lojas) onde tinha começado como aprendiz. Anos depois veio a
estabelecer-se na Rua Afonso de Albuquerque, quase em frente do Cineteatro.
Nestes últimos 9 anos foi funcionário do Departamento de Fruticultura.
(… ) José de Oliveira não era natural de
Alcobaça, mas o seu amor à nossa vila era tão grande que nos dava a sensação de
ter cá nascido. Era uma pessoa boa, um santo. Um exemplar chefe de família e um
são companheiro de trabalho.
Uma
palavra final vinda do filho.
Foi o melhor Avô do Mundo. Não dava
brinquedos de lojas aos netos. Fazia-os com as suas mãos e tinha todo o tempo
do mundo para brincar com eles. Eles também não esquecem o Avô Zé.
Oliveira, José Eduardo
Reis, JERO, segundo o próprio desde
que me batizaram nos idos de 1940, o meu nome é José Eduardo Reis de Oliveira.
Consta ainda da certidão de nascimento que nasci em Alcobaça, em 4 de abril de
1940.
JERO são as iniciais do meu nome, com
que comecei a assinar os meus artigos como jornalista, por volta de 1958, na
Página Desportiva do jornal O Alcoa.
Passados tantos anos, um e outro
subsistem, embora nos tempos que correm quase toda a gente me trata por JERO.
Por onde andei ao longo destes anos
todos? Não sei se isso tem algum interesse. Mas na dúvida posso esclarecer que
andei quase sempre por Alcobaça, terra da minha paixão.
Profissionalmente estive ligado ao
Ministério da Justiça (de 1958 a 1962 nos Tribunais da Covilhã e Alcobaça), ao
Banco Pinto Sotto Maior (de 1966 a 1968 em Leiria e Lisboa) e à SPAL/Porcelanas
de Alcobaça, SA, mais de 32 anos.
O tempo de maior afastamento de
Alcobaça deveu-se ao cumprimento do serviço militar. Estive 4 anos fora de casa
(de 1962 a 1966). Orgulho-me desses tempos. Fiz parte da C. Caç. 675, que
esteve no Norte da Guiné de julho de 1964 até fins de abril de 1966. Fui
Furriel Enfermeiro, louvado e condecorado, o cronista da C.Caç.675, escrevendo
um Diário de 280 páginas que, em passado recente, um especialista na matéria, o
Professor Universitário Beja Santos, pôs a hipótese de ter sido o primeiro
livro impresso sobre a Guerra do Ultramar (1965).
Depois fartei-me de trabalhar na SPAL,
tendo tido a responsabilidade da direção comercial do mercado local. Gostei
muito do que fiz. Não vesti só a camisola. A Empresa estava-me no sangue.
Reformei-me em 2002.
Na Universidade da Vida cursei
cidadania e passei a participar ativamente nas coisas da minha terra. Já estive
na Direção de variadas instituições.
Dediquei muito do meu tempo ao jornalismo. Fui
Diretor Adjunto do quinzenário regional O ALCOA de 2009 até maio de 2013
.
Escrevi e editei em Maio de 2009 o meu
2º. Livro Golpes de Mão’s. Foram quase 2 anos de trabalho, amplamente
recompensados pelas palavras e gestos de muitos amigos. As tais coisas boas da
vida que não há dinheiro que pague.
Em outubro de 2011 escrevi Alcobaça é
Comigo, Um século e tal em histórias e historietas de gentes da minha terra.
Foi, felizmente, outra experiência enriquecedora.
Em 9 de abril de 2014 recebi uma
dedicatória, de que muito me orgulho num livro dos historiadores e ex-militares
que cumpriram serviço militar na Guiné entre 1968 e 1970, Francisco Henriques da Silva e Mário
Beja Santos.
Num estudo
sobre a História da Guiné portuguesa e da Guiné-Bissau (Da Guiné Portuguesa à
Guiné-Bissau: Um Roteiro) incluíram 8 páginas do meu livro
Diário da CCAÇ 675, que consideram um documento histórico de referência na
história recente da literatura portuguesa sobre a guerra colonial. Em 8 de Novembro de 2014 apresentei o livro
sobre a Família Coelho, no Armazém das Artes.
Tenho um blog
http//jeroalcoa.blogspot.com e sou ferrenho utilizador facebook, com 2 páginas
que alimento diariamente desde 2009 e 2014, respetivamente, José Eduardo
Oliveira-Praça da Amizade e Bom dia Alcobaça.
Também comprei uma máquina fotográfica
e quase que já me sinto fotógrafo. Faço diariamente “montes ” de fotografias.
Para acabar refiro também dois retratos
que os meus netos fazem a meu respeito.“ O meu avô escreve livros”, escreveu o
Pedro.
A Mariana disse algo ligeiramente
diferente: “Oh avó já sei por quem o avô está apaixonado. É pelo computador.”
Mandei fazer entretanto novos
cartões-de-visita, onde refiro, além do meu nome, o que mais gosto de fazer na
vida: - Alcobacense Profissional.
Atualmente sou Diretor Comercial do
semanário Região de Cister, onde também colaboro com artigos de opinião.
Quanto a livros novos? Tenho dois na
calha!
E por aqui me fico.
-A ADEPA realizou, em 1999, pelas 21:30 horas, uma tertúlia,
no Hotel Santa Maria.
O objetivo, consistiu
em proporcionar um serão diferente aos alcobacenses, recordando o Rancho do
Alcôa, que nasceu no ano de 1939, e
desapareceu 18 anos mais tarde. Esta homenagem surgiu no âmbito da comemoração
do 60º aniversário da sua primeira atuação, que data de 17 de agosto de 1939.
Este evento revelou uma excelente organização por parte da ADEPA que contou com
a especial colaboração de José Eduardo Reis de Oliveira/JERO e que, segundo
Carlos Mendonça, presidente da Adepa, foi, o
grande mentor deste acontecimento, a quem prestou a justa homenagem, pelo esforço para conseguir concretizar o
acontecimento.
À entrada, os presentes foram convidados a ver expostos o
espólio do Rancho, constituído por panfletos, fotografias e trajes, alguns
pintados à mão.
Na sala estar, com cerca de 200 pessoas, e depois de Carlos
Mendonça ter agradecido às entidades e pessoas que participaram na iniciativa,
José Eduardo R. Oliveira conduziu uma apresentação, com projeção de slides,
tendo recuado seis décadas. Começou por homenagear José Pedro Coelho que simboliza, para mim, um património vivo do
Rancho do Alcôa, agradecendo-lhe tudo
quanto fez por Alcobaça; foi componente do rancho de 1939 a 1956, foi
ensaiador-adjunto, foi ator, foi cantor, foi dançarino, foi um homem de bem.
Continuou com um relato dos inúmeros conflitos por que
passava o mundo, desde o fim da Guerra Civil de Espanha, até à II Guerra.
Partindo, assim, do geral para o particular, chegou a Alcobaça. E foi nesta
altura que grandes nomes alcobacenses foram relembrados, pessoas que
contribuíram para a vida cultural da terra. Foi a partir deste momento que o
Rancho do Alcôa começou a dar o ar da sua graça. Muitas fotografias foram
apresentadas, bem como folhetos com as atuações e os locais por onde passaram.
Após esta incursão histórica, seguiu-se uma interessante
surpresa, os antigos componentes do rancho, presentes, foram ao palco,
acompanhados por Aníbal e Samuel Traquina, para interpretarem a Marcha do
Alcôa, letra de Eurico Araújo Rosa e música de José Sanches da Silva. Uma tão
bela e afinada interpretação que originou um enorme aplauso e um bis profundo
que obrigou que se cantasse novamente a marcha.
Um espaço de troca de histórias e recordações, também teve
lugar, originando um momento de saudade, pesar, alegria e satisfação. Neste
espaço, muitos foram recordados e homenageados, mas por serem muitos,
destacam-se apenas os nomes de Mercedes e Carlos Campeão, Firmo de Almeida e
irmão Ernesto.
No final do evento, um prato da SPAL, foi oferecido aos
elementos do rancho, onde se podia ler 60º
aniversário do Rancho do Alcôa, e tratando-se de um aniversário, um enorme
bolo com um desenho do estandarte do Rancho foi cortado, depois de se cantarem os parabéns.
-JERO,
lançou, no dia 2 de maio de 2009, no Auditório da Biblioteca Municipal de
Alcobaça, um livro de memórias de guerra. Segundo o autor, Golpes de Mão’s, é um livro escrito em dois tempos: em 1964-1965,
tendo como fonte um Diário de Guerra (Confidencial), de sua autoria, que
registou a vida dos militares da C.Caç. 675, em quadrícula no Norte da Guiné
(zona de Binta e Guidage) e em 2007-2008 num Portugal em tempo de paz, mas com
feridas de guerra mal cicatrizadas, ouvindo e registando memórias de
ex-combatentes.
-Alcobaça é Comigo, é um livro
apresentado no dia 9 de outubro de 2011 no Parlatório do Parque dos
Monges/Chiqueda.
Nele,
JERO busca um passado que não quer (ou não deve) olvidar, nas muitas vivências
e amizades que o tempo foi apagando ou afastando. São 30 histórias, como podiam
ser mais, que marcaram certas épocas de Alcobaça, umas sérias, outras
brincalhonas, outras assim-assim.
-JERO,
apresentou no dia 8 de novembro de 2014, mais outro livro, agora sobre a Família Coelho, no Armazém das Artes.
Perante
familiares, o autor mereceu diversos elogios pela atividade literária. Madalena
Tavares, que apresentou a obra, frisou que JERO não sendo historiador, é das pessoas que mais tem contribuído para
escrever a história de Alcobaça, salientando que o livro resultou de um trabalho de pesquisa exaustivo. Eu jamais
me atreveria a fazer um trabalho destes sem uma aplicação informática, que sei
que o José Eduardo não tinha, salientou.
O
Arquiteto Manuel da Bernarda, o primeiro elemento da família Coelho a obter licenciatura, também teceu elogios ao primo,
notando que é graças a pessoas como o
JERO que a história se escreve. Há uma memória da terra e somos testemunhos
vivos. A história passa depressa, a memória dura 60, 70 anos e se não for
contada fica muito mais difícil escrever a história.
O
livro Família Coelho identificou 357
pessoas.
-Julieta
Aurélio, de 18 anos, estudante, foi eleita Miss
Chita 2016, no Baile de Chita que decorreu, no 27 de maio de 2016, no Clube
Desportivo Pataiense.
O
evento, teve como jurados Florbela Costa, Hermínio Rodrigues, Jorge Pereira de
Sampaio, José Eduardo Reis Oliveira e Teresa Salvador.
-José
Eduardo Oliveira, Luci Pais e Rui Rasquilho apresentaram no dia 18 de dezembro
de 2016, na Sala da Debulhadora da Cooperativa Agrícola de Alcobaça a obra, Arco de Memória’s. Trata-se de uma
coletânea de textos publicados no REGIÃO DE CISTER ao longo dos últimos anos,
reunindo artigos do contador de histórias (JERO), da ex-jornalista (Luci) e
agora colaboradora de opinião do jornal, e do historiador (Rasquilho). O repto
partiu de JERO, que convidou os dois autores a participar no projeto, por serem
muito diferentes, mas que têm em comum a
paixão pela escrita e pelo jornal. Um dos objetivos de Arco de Memória’s passa por contribuir para a memória da comunidade
e, ao mesmo tempo, homenagear José Timóteo de Matos, recentemente falecido.
Paralelamente
à apresentação do livro, os autores realizaram um colóquio, intitulado A Cidade, o Mosteiro e os Afetos, na
Cooperativa Agrícola de Alcobaça moderado por Joaquim Paulo, diretor do
semanário dos concelhos de Alcobaça e Nazaré.
-JERO
é filho do referenciado antecedente
JERO é referido outras vezes neste
Dicionário.
Oliveira, Óscar Manuel
Ferreira Carvalho de,
nasceu em 19 de julho de 1955, em Caldas da Rainha, onde viveu e estudou
até aos 17 anos, tendo feito o liceu no Externato Ramalho Ortigão.
Em
1972 entrou no Instituto Superior Técnico, um dos bastiões estudantis da luta
contra o regime, de tal forma que o encontrou fechado de abril de 1973 a
janeiro de 1974 e, desde então até 25 de abril de 1974, funcionou com entradas
controladas pela PIDE/DGS.
Concluiu
a licenciatura em 1978, na véspera de fazer 23 anos.
Entretanto,
aproveitou a oportunidade, em dezembro de 1977, de entrar no mercado de
trabalho, iniciando funções na Câmara Municipal de Lisboa, fazendo o
acompanhamento das Cooperativas de Habitação Económica incluídas no processo
SAAL/Serviço Ambulatório de Apoio Local, de bairros degradados, tendo em vista
a construção de novas habitações para o realojamento e subsequente demolição
das barracas.
Simultaneamente,
entre março e setembro de 1978, trabalhou em part-time no gabinete de estudos
de uma empresa especializada em pré-fabricação pesada/SOMAPRE, onde ingressou
por convite de um antigo professor no ISTécnico.
Em
1982, teve uma passagem de cerca de três meses, pela Divisão de Trânsito da
Câmara de Lisboa, tendo regressado ao serviço de origem por intercessão do
chefe, Engº. Manuel Monteiro Ribeiro Veloso.
Em
1987, optou, em conjunto com a mulher, natural de Alcobaça, por efetuar um regresso às origens, diligenciando no
sentido de aferir das possibilidades de mudança para o Oeste, preferencialmente
no eixo Alcobaça-Caldas da Rainha-Nazaré. A esta opção não foram alheias as
necessidades logísticas, decorrentes da entrada das duas filhas na Escola
Primária.
Proporcionou-se,
então, a transferência para a Câmara Municipal de Alcobaça, onde entrou no dia
2 de novembro de 1987, quatro anos antes da reforma por limite de idade, do
Engº. José Carlos Costa e Sousa (referido
oportunamente neste Dicionário).
Depois
de exercer funções, principalmente ligadas às obras municipais, em janeiro de
1989 foi nomeado Chefe de Divisão dos Serviços Urbanos, comissão de
serviço interrompida perto do termo, no
final de 1991, uma vez que foi escolhido para suceder ao Eng.º Costa e Sousa,
na Direção do Departamento.
Foi
como Diretor de Departamento que, em junho de 2011, solicitou a aposentação
antecipada, que veio a ocorrer em janeiro de 2012, um mês após ter sido
substituído pelo Engº. José António, na sequência de um concurso a que já não
concorreu.
Em
suma, exerceu cargos de chefia e direção ao longo de 23 anos, de janeiro de
1989 a dezembro de 2011, tendo tido, como diz, a sorte de consigo terem
colaborado mais diretamente profissionais, não apenas licenciados, que
aliaram ao seu apetrechamento técnico uma extraordinária dedicação ao serviço,
sem o que não teria sido possível uma prestação da equipa de que me posso
orgulhar.
À
data da aposentação, tinha sido avô pela primeira vez, contando entretanto
quatro netos.
Voltando
ao campo profissional, mas fora do serviço autárquico, desde que concluiu a
licenciatura até meados da década de 1990, pouco tempo após ter sido nomeado
Diretor de Departamento, exerceu profissão liberal, na área de projetos.
Nos
últimos anos, tem sido chamado a exercer funções de perito judicial,
maioritariamente em questões relacionadas com a sua área de especialidade de
engenharia, bem como avaliações imobiliárias, valência para que frequentou
formação durante um ano, antes e após a aposentação.
Ultimamente,
as avaliações imobiliárias tem-lhe permitido exercer atividade liberal a pedido
de particulares e de notários, no âmbito de processos para os quais a lei lhes
conferiu competências.
-Desde
sempre, tive particular gosto por algumas questões da informática,
principalmente ao nível da programação, tendo elaborado software para cálculos
incluídos em projetos de estruturas, que nunca comercializei, mas que foram
utilizados profissionalmente, quer por mim quer por amigos a quem os facultei,
na execução de projetos.
Oliveira Dias, Tomás
Duarte da Câmara, nascido a 9 de outubro de 1933, é natural de Leiria, onde
reside.
Foi
advogado (licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1956),
funcionário público (até 1965), administrador de empresas (depois de 1967) e
político (há muito retirado) e um dos fundadores do Partido Popular Democrático
e seu dirigente em Leiria durante alguns anos, tendo acompanhado de perto
alguns momentos importantes da vida do partido pelo País e, em concreto, o de
Alcobaça.
O PPD
fez a sua apresentação em Alcobaça a 7 de fevereiro de 1975 no Cineteatro de
Alcobaça, cheio e com boa e animada presença da JSD, apesar da campanha
eleitoral se iniciar oficialmente apenas em 4 de Março. Usaram da palavra
Oliveira Dias, Ferreira Júnior, Gonçalves Sapinho, Firmino Franco, Silva
Carvalho e Fleming de Oliveira.
Oliveira Dias, fundou a Associação
para o Desenvolvimento de Leiria, da qual foi presidente durante sete anos.
Leia-se Fleming de Oliveira in No
Tempo de Soares, Cunhal e Outros.
-Numa
homenagem que lhe foi feita, D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo Emérito de
Leiria-Fátima, referiu que a palavra
tolerância foi a bandeira que sempre
o orientou.
-A
distinção de Grande Oficial da Ordem da
Liberdade, atribuída por Jorge Sampaio, foi o reconhecimento do seu
contributo pelos serviços relevantes prestados em prol da dignificação da
Pessoa e da causa da Liberdade.
Oliveira e Sousa, João Vicente de Saldanha/Marquês
de Rio Maior e Conde de Azinhaga, nasceu a 23 de julho de 1930 em Lisboa,
na freguesia de S. José, cidade onde se formou em Agronomia.
Não
conseguindo emprego, decidiu arrendar a Quinta de Vale de Ventos (Turquel) ao
avô, tornando-se agricultor na serra dos
Candeeiros. Com o início do Empreendimento da Fruticultura, do II Plano de
Fomento (em 1959), que havia sido confiado ao Prof. Joaquim Vieira Natividade,
foi convidado para integrar aquele projeto, em Alcobaça. Depois de casar, e
possuindo casa de férias em S. Martinho do Porto, aí ficou a viver algum tempo,
arranjando também um andar em Alcobaça. Foi funcionário do Ministério da Agricultura
em Santarém e diretor da Estação Nacional de Fruticultura de Vieira Natividade,
em Alcobaça, de que se reformou na década de 1990.
Diz
que sente orgulho por, ao lado de Vieira
Natividade, ter trabalhado no fomento frutícola em Portugal. A agricultura
ainda lhe corre nas veias, tal qual o sangue da linhagem nobre.
Veio
para a Azinhaga, Golegã, quando o Prof. Natividade resolveu fazer um núcleo em
Santarém e o destacou para lá laborar. Então,
eu pedi ao meu avô se podia vir morar para a casa da Azinhaga, onde resido há
43 anos. Reformei-me como diretor da Estação Nacional de Fruticultura Vieira
Natividade (antes Centro Nacional de Estudos e de Fomento da Fruticultura), na
década de noventa. Como explica João Saldanha, O Prof. Vieira Natividade, que era investigador da Estação Agronómica
Nacional – Departamento de Pomologia, foi incumbido da tarefa do fomento da
fruticultura e, para tal, teve de criar uma engrenagem com vários
colaboradores, em Alcobaça.
João
Saldanha integrou esse primeiro grupo, a par de Avelar do Couto, Rodrigo
Farinha e João Goucho. Com o Plano de Fomento, o Prof. J. Natividade passou a
utilizar os seus conhecimentos na execução de novos pomares, de acordo com as
técnicas modernas.
Como diz, já tocou
muitos burros, sinal de que a sua vida se tem repartido por diversas
atividades e interesses. O Marquês de Rio Maior, vive na Azinhaga, é
proprietário rural, Provedor da Misericórdia de Azinhaga, presidente da
assembleia geral da Agrotejo e dono de uma unidade de turismo de habitação. Monárquico
convicto, descendente do Marquês de Pombal e do Duque de Saldanha, convive bem
com a República. Em conversa despreocupada aborda de forma viva e bem-disposta,
episódios de uma vida recheada, em que foi o primeiro presidente da Câmara da
Golegã, depois da revolução do 25 de Abril.
Foi Diretor da Estação Nacional de Fruticultura Vieira
Natividade em Alcobaça, aonde se reformou.
João
Saldanha, confessa-se um homem
privilegiado, pela família que tem e por ter tido a sorte de trabalhar com
Vieira Natividade, que apelida de o
agrónomo português do séc. XX.
-João
Vicente Saldanha, esteve em Alcobaça e no Mosteiro no dia 29 de agosto de 2010,
na qualidade de Chanceler da Real Irmandade de São Miguel de Ala, uma das mais
antigas Ordens da Casa Real Portuguesa (criada no séc. XII), para investir
novos Irmãos e Cavaleiros Honorários, como Jorge Pereira de Sampaio (que
recebeu capa e veneras) e o Padre Fernando de Cima (que recebeu capa de
capelão).
Estiveram
ainda presentes D. Miguel de Bragança em representação de D. Duarte Pio (Juiz
da Ordem), os Duques de Viseu, Coimbra e a Duquesa do Cadaval, investida como
Irmã Professa.
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