segunda-feira, 21 de janeiro de 2019



NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Resende, Maria de Lourdes Dias, nasceu no Barreiro, em 29 de janeiro de 1927.
Começou por cantar na Rádio Graça e em 1945 fez estreia na Emissora Nacional.
Em 1955, obteve a vitória no Prémio da Canção de Sucesso, realizado em Génova, com a Canção de Alcobaça, com letra de Silva Tavares e música deBelo Marques.
Recorde-se que quem cantou pela primeira vez a Canção de Alcobaça, foi Cidália Meireles, que tendo ido trabalhar para o Brasil, cedeu o lugar a Maria de Lurdes Resende, que fazia parte do elenco do coro feminino da EN.
Maria Luísa Dionísio conta que foi Belo Marques quem perante a impossibilidade de Cidália Meireles continuar a colaborar com a Orquestra Típica e Coral de Alcobaça, tomou a iniciativa de convidar Maria de Lourdes Resende, para o lugar, acabando assim por ficarem ambas indissoluvelmente ligadas. A Canção de Alcobaça passou a fazer parte obrigatória, do repertório de Maria de Lourdes Resende, atuasse ou não com a OTC, bem como de artistas como Francisco José, no auge da fama e no Brasil.
Foi Maria de Lurdes Resende, quem se veio a revelar a grande intérprete da Canção de Alcobaça. Irrequieta e traquina, canta desde que se lembra, como em 1957 contou numa entrevista à revista Flama. Assim que nasceu, começou a berrar, tarefa a que se dedicou durante o primeiro ano de vida, para grande desespero e insónia dos pais. Ao crescer, ganhou a convicção de que um dia seria cantora profissional, talvez até de ópera. Os pais opuseram-se com veemência e só aos 18 anos se estreou em palco, embora com o nome de Maria de Lurdes, porque Resende era o nome da família que a tinha contrariado na sua ambição. Maria de Lurdes Resende, chegou a ganhar grande popularidade, com uma voz ao serviço das cantigas. Alcunhada gentilmente de a Feia Bonita, Maria de Lurdes Resende deu a resposta adequada, popularizando a cantiga A Feia.
A Canção de Alcobaça foi o seu grande êxito, em Portugal e além-fronteiras. 
Quem passa por Alcobaça//Não passa sem por cá voltar (…).
-Em 1970 recebeu a Comenda da Ordem de Benemerência, por ocasião dos seus 25 anos de carreira e, em 1995, foi homenageada por ocasião dos seus 50 anos de carreira.
Recebeu as Medalhas de Prata das Câmaras Municipais do Barreiro, Alcobaça Lamego  e a Medalha de Ouro da Câmara Municipal do Barreiro.
-No megajantar dos 50 anos do Ginásio de Alcobaça, em 1 de junho de 1996, a primeira dificuldade consistiu em sentar à mesa os mais de seiscentos participantes, onde se contavam atletas, dirigentes do Ginásio de Alcobaça, ex-dirigentes, ex-atletas, autarcas, dirigentes de outros clubes desportivos e muitos amigos do Ginásio e de Alcobaça.
Entre os presentes, contavam-se Maria de Lurdes Resende, o ex-presidente do Sporting, Sousa Cintra, o presidente da Associação de Futebol de Leiria, Hélder Roque e o treinador do GDChaves, José Romão.
Depois, num espetáculo apresentado por Paulo Mendes e Pedro Nobre, desfilaram pelo palco alguns artistas, como o popular Tony Milhinhos, que interpretou a Marcha do Ginásio, As Parciais, o grupo Arco-Íris, de Chiqueda e algumas figuras da história do Ginásio.
Sucederam-se os discursos de felicitações.
Ribeiro, António Vítor Sanches Ferreira, nasceu a 30 de Janeiro de 1974, na Nazaré.
Viveu, cresceu e estudou sempre em Alcobaça, onde os pais eram residentes e tinham raízes, até 1992, altura em que foi para Leiria para estudar Gestão, curso que abandonou a meio do segundo ano por manifesta falta de vocação. Depois de um ano de preparação, novamente em Alcobaça, entrou para a Universidade de Coimbra em 1995, para o curso de História que terminou em 1999. Iniciou imediatamente a seguir o mestrado em História Moderna, que concluiu em 2002. A partir de 2003 começou a trabalhar numa exploração pecuária propriedade da família no sentido de financiar o seu doutoramento, que iniciou em 2004 e que concluiu em 2009. Durante esse período conciliou sempre as duas atividades. A tese de doutoramento incidia sobre a exploração do imaginário místico português, popular e erudito, utilizando como fontes os arquivos da inquisição portuguesa. A tese de doutoramento, intitulada O auto dos místicos, foi publicada em 2016. No período em que decorreu o doutoramento viajou esporadicamente por várias regiões de África, Médio Oriente, Ásia Central, Cáucaso, Balcãs, e outras, na companhia do fotojornalista do jornal Público e também alcobacense David Clifford (1974-2015). Uma dessas viagens resultou numa reportagem, Para onde caminha a Albânia? publicada em Outubro de 2005, no Público. Este ciclo de viagens durou até ao nascimento da sua filha, Laura, em 2008.
Entre 2010 e 2015 foi investigador da Fundação Para a Ciência e Tecnologia tendo-se debruçado sobre o fenómeno da descristianização da sociedade portuguesa, desde o século XVII até hoje, de que resultaram vários artigos científicos publicados em revistas nacionais e estrangeiras e a redação de um livro, O império da vontade, que aguarda ainda publicação. No ano de 2016, após a conclusão do contrato com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, candidatou-se a uma bolsa do Governo de Macau, com um projeto de investigação intitulado Macau e os jesuítas na construção do cristianismo chinês. O objetivo a que se propôs foi estudar a forma como o cristianismo se foi tornando desde o século XVI até aos dias de hoje numa verdadeira “religião popular chinesa”, a partir da vastíssima documentação deixada pela Companhia de Jesus. No que respeita a interesses extraprofissionais, foi praticante de hóquei em patins até aos 25 anos e dedica-se, desde 2013 à produção de vinho, juntamente com os irmãos e o pai numa base amadora e experimental, feito a partir de um pequeno vinhedo familiar, na vila de Turquel, perto de Alcobaça.
-No dia 2 de abril de 2016, António Ribeiro, apresentou na Biblioteca Municipal de Alcobaça, o livro O Auto dos Místicos, trabalho de doutoramento, que foi uma investigação desenvolvida durante três anos, na Torre do Tombo, com artigos da inquisição, onde o autor tentou explorar o imaginário místico português. O livro é constituído por duas partes. A primeira parte é mais ligada àquele misticismo oficial da igreja, Santa Teresa d’Ávila, S. João da Cruz… e a segunda, mais ligada ao misticismo heterodoxo do povo como as aparições marianas, os pastorinhos, os lobisomens, as possessões demoníacas, etc., explicou o historiador alcobacense.
-Um ano após a morte de David Clifford, amigos do fotógrafo (entre os quaias António Ribeiro) começou a preparar um livro para homenagear a vida dessa figura que tocou tanta gente. Para o efeito, um grupo através do facebook passou a reunir contributos de interessados em ajudar a concretizar a homenagem. Desde amigos, familiares ou fotógrafos e jornalistas de todo o País, foram mais de mil as pessoas que participaram no grupo que teve o objetivo de celebrar a vida do enorme, gigante, amigo e camarada David Clifford. Para isso, à data do seu falecimento, já havia voluntários para escolher as fotografias, paginas, escrever, rever, comprar e mover as montanhas que forem preciso tirar do caminho.
-David Clifford nasceu no Canadá, mas passou uma grande parte da juventude em Alcobaça. Começou a destacar-se no mundo da fotografia enquanto foto jornalista do Público, onde desempenhou funções de editor de fotografia. Dave, como era carinhosamente apelidado pelos amigos, faleceu aos 40 anos, em junho de 2015. Desde então, foi alvo de uma homenagem em Alcobaça, com a artista Natacha Costa Pereira a dedicar ao fotógrafo uma representação visual numa fachada de um edifício devoluto na Rua Miguel Bombarda.
Ribeiro, Altino do Couto, natural de Alcobaça, fez a vida pessoal e profissional em variados locais, desde Alpedriz, Caldas da Rainha, Coimbra e Lisboa (trabalhou como modelador na grande Exposição do Mundo Português de 1940).
Altino Ribeiro trabalhou em 1939 e durante quase um ano, nos preparativos da Exposição, fazendo com outros modeladores/estucadores (aliás essa era a sua grande especialidade), as estátuas do certame. Ganhava 10$00 à hora, podendo trabalhar quantas quisesse. No campo um homem ganhava apenas 20$00 por dia, com direito a vinho. A oficina onde trabalhava, situava-se num antigo Quartel de Cavalaria desativado, em Pedrouços. As maquetes eram elaboradas em barro, inicialmente em tamanho reduzido, pelo escultor Leopoldo de Almeida que depois as passava a gesso. Em seguida, Altino Ribeiro e os outros modeladores, utilizando um pantógrafo manual, passavam-nas para o tamanho desejado, numa forma perdida. Essa forma era, por sua vez, cheia de gesso, sendo enviada para o canteiro ou para um fundição, no caso das estátuas de pessoas, sereias ou monstros marinhos.
Quando se deu o 25 de Abril, era proprietário de uma empresa de cerâmica, a Alticor, Ld.ª, com sede em Alpedriz, que chegou a ter ao serviço 54 trabalhadores e manteve até 1981, altura em que a vendeu e se reformou.
Embora o seu grande prazer fosse a pesca desportiva de mar (teve vários barcos e à mesa preferia peixe à carne), foi na cerâmica que desenvolveu a atividade profissional, destacando-se a sua vertente de modelador. Tinha em casa (primeiro andar da Rua 16 de outubro) uma notável coleção de miniaturas de sua autoria, de que nunca foi capaz de se desfazer, apesar de instado, que zelava amorosamente de perto e gostava de mostrar.
Nos últimos anos de vida, ouvindo e vendo muito mal, além das artroses nas mãos que as deformavam, que o impediam de trabalhar e ir à pesca, porque tinha paixão pela leitura e não podia ver televisão, inscreveu-se em aulas de braille na USALCOA, para espanto de amigos e conhecidos.
Tratou-se de uma personalidade interessante, conversador e contador de histórias, contestatário quase por natureza (antes do 25 de abril eras da oposição, depois deste era também da oposição…), que se divertia a relembrar episódios insólitos, absurdos ou impensáveis, ocorridos nos tempos do PREC, na sua condição de empresário.
-Altino Ribeiro, aos 90 anos, dizia que fiz parte de um seleto grupo de amantes da pesca que reúne homens e mulheres de todas as idades, que não medem esforços para enfrentar o mar, o sol quente, o frio, a noite ou longas esperas pelo peixe desejado. O meu interesse pela pesca começou ainda na infância e adolescência. Foi aos 6 anos de idade, após ir viver de Alpedriz para Caldas da Rainha e em breve a frequentar a Foz do Arelho, a tomar banho, a apanhar e a comer berbigão. Não fui incentivado pelos pais que nunca foram pescadores, que fiz as primeiras pescarias no mar.
E acrescentava que me apaixonei pela pesca, à primeira vista, como se fosse uma namorada, uma paixão que nunca enfraqueceu. Pelo contrário, foi ganhando força a cada ano. Já pesquei muitos gorazes, chernes, robalos e safios. Navegar nas águas que vão da Foz do Arelho até S. Pedro de Moel foi um programa que fiz vezes sem conta. Já não posso voltar ao mar. Era no mar que eu estava bem, com muito peixe, não na caça ou na fábrica, lastimava à medida que ia vendo a lavoura a que aliás nunca se dedicou, não obstante as suas origens rurais, estender-se em direção ao mar da Nazaré, e a fauna marítima desaparecer.
Era para o mar de S. Martinho, da Nazaré ou de S. Pedro e sempre de barco (teve variados barcos com motores fora de bordo e interiores, todos matriculados na Nazaré) que seguia sempre que podia nos fins de semana. Tinha carta de patrão de costa, carta de marinheiro e cédula marítima.
-Faleceu em 2015.
Sobre Altino C. Ribeiro, leia-se Fleming de Oliveira em No Tempo de Salazar, Caetano e Outros e No Tempo de Soares Cunhal e Outros.
Ribeiro, Carla Maria de Jesus Sousa, natural da Ataíja de Cima/Aljubarrota, esbelta menina com 16 anos, em junho de 2003 foi eleita em Dortmund/Alemanha, Miss Portugal/Alemanha, entre 15 concorrentes como a mais bela portuguesa em terras germânicas.
Carla residia com os pais, então emigrantes há 5 anos na Alemanha.
Ribeiro, Horácio Sousa, nasceu a 5 de julho de 1941 em Pataias e reside em Pisões.
Empresário em vários ramos (por vezes com métodos muito discutíveis e reprovados que acarretaram a sua prisão), foi Presidente da Junta de Freguesia de 5 de janeiro de 1977 a 22 de janeiro de 1983 (2 mandatos), eleito em lista do PPD/PSD.
No seu primeiro mandato foi seu Secretario Sérgio Silva Vaz, desenhador e natural de Pataias e Tesoureiro Abílio Duarte Bernardo, empresário e também natural de Pataias. No segundo mandato, o Tesoureiro foi o mesmo do anterior e Secretário Luís Filipe Machado Verdasca, Gestor Financeiro, natural de Pataias.
A primeira eleição de Horácio Ribeiro, quebrou o mito que a Freguesia de Pataias era essencialmente de esquerda e onde o centro-direita não entrava.

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