NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Santana Lopes, Pedro Miguel de, Primeiro-ministro entre 2004 e 2005,
visitou Alcobaça em 1 de setembro de 2004, onde presidiu à cerimónia de
homologação de 26 contratos-programa entre a Administração Central e 19
autarquias abrangidas pelo Programa Operacional
da Região de Lisboa e Vale do Tejo, num valor global de 50 milhões de euros.
Durante a cerimónia (que decorreu no Mosteiro) de homologação do
contrato-programa para a requalificação urbana de Alcobaça, o Ministro das
Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional (José Luís
Arnault) salientou que estes projetos
visam garantir os efeitos regeneradores de intervenções como a que vai
requalificar a zona do Mosteiro, não se desvaneçam com o fim dos programas de
investimento comunitário.
A
obra de Requalificação da Zona Envolvente do Mosteiro, dado o volume
financeiro, foi a mais expressiva de todas.
Santo, Álvaro Joaquim Loureiro, nasceu em julho de 1959, em Guadalupe/S. Tomé e Príncipe,
filho de Lourenço Santo e Judite Gomes Loureiro.
O seu
pai residiu em S. Tomé durante 33 anos, por motivos profissionais. Álvaro Santo
veio para Portugal em abril de 1962. Frequentou a Escola Primária da Póvoa/Coz,
o Ciclo Preparatório em Alcobaça e Porto de Mós, o 3º. ano do Liceu na Escola
Técnica de Alcobaça, e nos dois anos seguintes o Externato D. Afonso Henriques,
em Alcobaça.
Foi
acólito na Paróquia de Stª. Eufémia de Coz, e pertenceu ao Corpo Nacional de
Escutas/Agrupamento de Alcobaça, mais tarde Agrupamento 522 de Coz.
Cumpriu
serviço militar na Força Aérea, na Base das Lages.
Terminado
o serviço militar, esteve a trabalhar durante 3 anos como empregado de balcão,
num stand e oficina de motos.
Como tinha gosto pela agricultura e o
pai e sogro tinham uns bocaditos de terra, pensei arranjar um emprego que me
permitisse, ter algum tempo para os trabalhos agrícolas.
Assim,
foi trabalhar num café da Póvoa/Coz, à hora do almoço, ao fim da tarde e noite,
o que lhe permitiu ter tempo para a agricultura. Entretanto, sem prejuízo da
atividade agrícola própria, foi convidado para constituir uma sociedade
agrícola com mais três sócios, a qual veio a produzír pêssegos, peras e maçãs em Proteção Integrada, mais tarde a Produção Biológica.
Em
2000, Álvaro Santo concorreu na lista de Independentes
por Coz à Junta de Freguesia de Coz. Nesse ano, também foi Festeiro e Juiz
da Festa da Srª. da Graça, na Póvoa e eleito para um mandato de 4 anos como
Presidente da Junta. Deste executivo fizeram parte Noel Rodrigues Branco como
Secretário, e António Domingues Pires como Tesoureiro.
Com
as eleições de 2005, o executivo de Coz manteve-se o mesmo, tanto mais que a
lista de os Independentes por Coz
obteve 82% dos votos apurados.
Neste
mandato, a Câmara Municipal de Alcobaça iniciou as aquisições na zona
envolvente do Mosteiro de Coz.
Em
2009, devido à Lei da Paridade, o
executivo teve de incluir uma senhora, pelo que foi formado por Álvaro
Santo/Presidente, Ana Sofia Raimundo/Secretária e António Domingues
Pires/Tesoureiro. Nesta eleição, os Independentes
por Coz obtiveram 84% dos votos.
Neste
mandato, a Câmara Municipal, liderada por Paulo Inácio, procedeu a aquisição
das três propriedades que permitiram libertar a fachada principal do Mosteiro
de Coz e o claustro de edifícios velhos e a ruir.
No
ano de 2012, ocorreu a agregação de freguesias, pelo que na elaboração da lista
tendo sido considerado necessário ter alguém com experiência, daí a sua
continuação como Presidente. Nasceu assim lista Independentes pela União das Freguesias de Coz, Alpedriz e Montes,
que ganhou as eleições, desta vez sem maioria absoluta.
A sede
da União é em Coz, mas foi mantida a secretaria a funcionar em Alpedriz,
enquanto que o edifício dos Montes passou a ser utilizado para o atendimento
mensal, para Assembleia Anual, para as reuniões da Comissão Social de Freguesia
e variadas ações de formação, de certo modo como já vinha de antes.
-Em
conjunto com a Câmara Municipal, a União das Freguesias de Coz, Alpedriz e
Montes lançou a candidatura do Mosteiro de Coz a monumento nacional (neste momento -2016-é apenas monumento de
interesse público), e acabar a aquisição das duas propriedades que faltam
na sua zona envolvente, para no futuro ter condições para se inserir nas rotas
turísticas que visitam Alcobaça.
Em
junho de 2016, deu-se o último passo para a aquisição das sete propriedades
contíguas ao Mosteiro de Coz. A autarquia pretende, depois de um trabalho de
recuperação daquele espaço, tornar as ruínas do monumento cisterciense
visitáveis. Para já deverá ser colocada
uma estrutura por cima das ruínas, de forma a proteger e a manter o aspeto e
essência em que estão, adiantou o presidente da Câmara de Alcobaça, na
reunião pública do executivo municipal, onde foi aprovada, por unanimidade, a
aquisição do último prédio urbano confinante ao Mosteiro de Coz, de 480 metros
quadrados. A Câmara tem em curso uma candidatura de classificação da igreja de
Santa Maria de Coz como Monumento Nacional, sustentada no interesse histórico e
artístico do mosteiro classificado como Imóvel de Interesse Público, desde
1946.
As origens do Mosteiro de Coz remontam ao século XII, época
em que o Mosteiro de Alcobaça adquiriu propriedades em Coz. Seria pela mão
do Abade de Alcobaça, D. Fernando, que o convento inicial seria construído,
destinando-se a acolher as viúvas que queriam ou tinham de levar uma vida
religiosa. Em 1279 D. Fernando, Abade do Mosteiro de Alcobaça cumpriu uma
cláusula do testamento de D. Sancho II e mandou construir este mosteiro para
mulheres viúvas que levassem uma vida piedosa. Em 1531, recebeu do Abade
comendatório D. Manuel, o hábito religioso, sendo então filiadas na Ordem
Cisterciense tendo mantido a sua ligação à Ordem durante séculos e habitaram o
mosteiro até à extinção das ordens em
1834. O Mosteiro de Coz já existia antes de 6 de Maio da era de 1279, ano de
Cristo de 1241, tendo sido D. Maria Peres I, a sua primeira Abadessa perpétua.
Além do Mosteiro, existiam como dependências o celeiro, a adega e a fonte, que
hoje se encontram na posse de particulares, na expetativa municipal de poderem
vir a ser recuperados.
-Os Forais Manuelinos , como se tem referido, afirmaram e
reforçaram o exercício dos direitos autárquicos de Alcobaça, Alfeizerão,
Aljubarrota, Alpedriz, Cela, Coz, Évora de Alcobaça, Maiorga, Paredes da
Vitória, S. Martinho do Porto e Turquel.
Todos eles datam de 1 de outubro de 1514, exceto o de
Alpedriz, que é de 20 de março de 1515.
A Câmara Municipal de Alcobaça recuperou o Foral de Turquel e
o Foral da Cela, tendo adquirido em 2015 o Foral de Alpedriz. Os Forais Novos
ou Manuelinos foram, um dos acontecimentos mais importantes da história destas
localidades, uma vez que constituíram uma verdadeira base jurídica legitimadora
da ação de cada município, dando-lhe mais autonomia no domínio político e
administrativo, acrescentando-lhe também a garantia do usufruto de direitos e
de privilégios dos seus habitantes. As suas gentes ficavam, assim, mais
protegidas pelo poder régio de eventuais abusos do senhorio abacial
alcobacense. Os Forais Manuelinos regulamentavam, em geral, a vida económica
das populações, fixando os impostos devidos e uniformizando os padrões dos
pesos e medidas. Afirmavam, ainda, as liberdades, as isenções e os privilégios
de foro social e jurídico dos vizinhos de cada concelho. No âmbito das
comemorações que se iniciaram em 2014, na Maiorga, houve várias iniciativas
promovidas pelo Município de Alcobaça, Juntas de Freguesia e escolas do
concelho, que incluiram uma dramatização alusiva à outorga dos forais por D.
Manuel I, preparada pelos professores de História dos Agrupamentos de Cister,
S. Martinho e Externato Cooperativo da Benedita.
-Passados
500 Anos da Outorga dos Forais do
Concelho de Alcobaça por D. Manuel I, a Câmara Municipal de Alcobaça, com
coordenação científica do Professor Saúl António Gomes, editou um livro que
retrata o processo mais longo e abundante
da história da concessão de forais do País. Alcobaça protagoniza o mais longo
processo dos forais na história do municipalismo português, frisou Saúl
António Gomes, considerando ser
compensador dar um importantíssimo capítulo que faltava à história do concelho.
Recordando que a Abadia de Alcobaça foi o
maior senhor feudal de Portugal, o professor contou que nos terrenos vizinhos dos coutos de Alcobaça
pagava-se um oitavo de imposto, enquanto a Abadia cobrava um quarto e, no entanto,
devido à fertilidade dos solos, as pessoas preferiam mudar-se para esta região.
Para
o historiador, que considera os pelourinhos do concelho os mais bonitos do
País, o livro é essencialmente documental, mas conta muitas novidades
etnográficas que os alcobacenses vão
gostar de saber.
Para a
vereadora Inês Silva, os ganhos desta
obra e destas comemorações não se podem contabilizar.
O
presidente da Câmara notou que, com a
publicação desta obra, a autarquia cumpre o seu desígnio de contribuir para tornar
perene um período essencial da história de Portugal, pois só compreendendo a
nossa história poderemos evoluir como povo e como Nação.
-O
Mosteiro de Coz está a atrair cada vez mais visitantes, tendo registado mais de
650 entradas desde o passado mês de agosto de 2016.
Um
número que representa mais do dobro dos visitantes, em relação ao período em
que o monumento só abria portas, mediante marcação. A informação foi avançada
pelo presidente da União das Freguesias de Coz, Alpedriz e Montes, durante a apresentação
do livro dos 500 Anos da Outorga dos
Forais do Concelho de Alcobaça por D. ManuelI ,que decorreu no monumento
cisterciense, no dia 22 de setembro de 2016.
O
artesão Eurico Leonardo é o responsável pelas visitas guiadas, tendo sido
contratado pela União das Freguesias e recebido formação da Câmara. Álvaro
Santo referiu ainda que as receitas da
loja de artesanato, que funciona na antiga adega das monjas, servirá de apoio
na manutenção e na limpeza do monumento, bem como na sustentabilidade das visitas
guiadas.
-Realiza-se
normalmente em Junho aquela que é porventura a festa mais popular da Freguesia
de Coz, o Corpo de Deus, também
conhecida na sua vertente profana por Festa
das Cerejas. Desde o século XII, quase não há em Portugal cidade ou lugar com
alguma importância que prescinda da celebração da festa do Corpo de Deus,
invocadora do triunfo do amor de Cristo pelo Santíssimo Sacramento da
Eucaristia. Ao longo dos tempos, estes festejos e a procissão que lhes
corresponde são dos acontecimentos mais solenes e mais majestosos de quantos se
realizam em Coz. É assim nesse dia em que a aldeia mais parece uma cidade,
tantos são os visitantes que a procuram.
O Corpo de Deus, nas palavras de D. Jorge Ortiga, deveria
comprometer-nos num trabalho sério e responsável para que nada falte nas mesas
das nossas famílias. Importa, porém, alargar horizontes e
reconhecer que a Eucaristia é sempre o pão partido para todos. Em certo
sentido, ela permanece incompleta se na comunidade falta o pão duma vida digna
para alguns.
-Álvaro
Santo não é Presidente da Junta a tempo inteiro. Entende que o principal dos
problemas que a freguesia enfrenta é o envelhecimento da população. Os jovens
vão para foram estudar e já não regressam. Em termos turísticos, temos
aumentado muito as visitas guiadas ao mosteiro, mas ainda há muito a fazer. O
turismo tem que passar por criar outras condições de visita e é nisso que temos
de melhorar. No que diz respeito aos projetos que considera mais relevantes
destaca o Mosteiro de Coz com uma guerra de há já quinze anos. A zona
envolvente está toda adquirida e a próxima luta é a cobertura e a classificação
como Monumento Nacional. (…)Também estão previstas escavações arqueológicas
porque, aquando do saneamento e da instalação do gás na estrada da Castanheira
para Coz, houve descobertas e ainda há coisas enterradas por ali. Há muito
trabalho arqueológico aqui à volta que falta fazer
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