NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Serafim, Fernando, nasceu em Alcobaça em 1933, filho de José Serafim, pessoa, ao que
se diz, possuidor de talento vocal sendo até conhecido pelo nome de José Canta Bem.
Concluiu o Curso de Canto
no Conservatório Nacional e foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, em
Itália, onde estudou técnica vocal. Logo depois foi para a Akademie Mozart
(Salzburg) onde estudou 2 anos, com uma bolsa do Instituto para a Alta Cultura.A sua carreira como concertista, contou com a colaboração, muito estreita, de Fernando Lopes Graça.
Fernando Serafim destaca um concerto com João de Freitas Branco, na Fundação Calouste Gulbenkian, num barracão que precedeu a construção do edifício definitivo e regista, com muito interesse, a alteração do estatuto dos músicos e cantores, depois do 25 de Abril, com a criação do Sindicato dos Músicos, garantindo deste modo uma carreira profissional, que não existia, com poder reivindicativo e participativo, bem como a criação da Companhia do Teatro da Trindade (em 1973), que integrou, ainda que conciliasse com o lugar de assistente da antiga E.N..
Integrou em 1976, a primeira companhia residente do Teatro Nacional de São Carlos, com o novo estatuto profissional do músico.
Fez traduções de óperas e deu aulas de canto depois de fazer parte, durante 16 anos, da companhia residente do Teatro Nacional de São Carlos.
Serafim, João, nasceu em Alcobaça a 31 de março de
1927, único filho de um casal constituído por um canteiro e uma doméstica. De
saúde frágil, o trabalho de cantaria revelou-se violento, pelo que acabou por
não seguir a profissão do pai.
Completou
a quarta classe com onze anos, tendo então começado a trabalhar no duro. Depois de ter sido empregado
numa mercearia durante dois anos, passou por diversos estabelecimentos, até que
entrou nos Armazéns David Pinto, com 23 anos. João Serafim veio a ser um dos
três sócios da casa que, durante anos, foi um importante armazém de revenda
para todo o País, incluindo os Açores. Os armazéns chegaram a empregar dez
pessoas.
Antes, fazia-se muito negócio, era uma
casa muito antiga. As feiras e as grandes superfícies deram cabo disto, lamentava João Serafim. Os armazéns
vendiam para revenda roupas interiores,
produtos de retrosaria e tecidos, como fazendas e chitas de Alcobaça. Enfim um
pouco de tudo.
Serra, Pedro Miguel Botelho, nasceu a 17 de junho de 1971, em
Lisboa, tendo frequentado a Escola Secundária do Lumiar até ao 12º. ano, a
Escola Agrícola da Paia, quando ainda pensava seguir Agronomia e finalmente a
Universidade Lusófona, onde se licenciou, seguida da Faculdade de Arquitetura
de Lisboa para fazer o Mestrado em Urbanismo e Doutoramento.
É
Presidente
da Assembleia de Freguesia de S. Martinho do Porto
desde 2013, foi Secretário no mandato de 2009 a 2013, Vice-Presidente
do Conselho de Ética e Deontologia, da Associação Nacional de Peritos Avaliadores
da lista Oficial da Justiça de 2013 a 2015,
Foi
Presidente da Direção da Casa da Cultura José Bento da Silva/S. Martinho do
Porto, entre 2011 e 2012 e 2013 a 2014.
Após
2000 foi Arquiteto/Técnico Superior da Câmara Municipal de Alcobaça
desde 2010, Perito Judicial do Tribunal da Relação de Coimbra,
desde 2007, Membro designado pela Ordem dos Arquitetos no Distrito de Leiria, para as CM de Bombarral e Óbidos, Patrono de 6 Estagiários à Ordem dos Arquitetos, desde 2006, Técnico responsável no Portal da Habitação – NRAU - IHRU, desde 2001 - Técnico responsável de Alvará, na empresa de construção Fernando Rosa, Unip Ldª.
desde 2010, Perito Judicial do Tribunal da Relação de Coimbra,
desde 2007, Membro designado pela Ordem dos Arquitetos no Distrito de Leiria, para as CM de Bombarral e Óbidos, Patrono de 6 Estagiários à Ordem dos Arquitetos, desde 2006, Técnico responsável no Portal da Habitação – NRAU - IHRU, desde 2001 - Técnico responsável de Alvará, na empresa de construção Fernando Rosa, Unip Ldª.
Tem
outros cursos de formação e especialização na sua área profissional.
-Para
Pedro Serra, o gosto pela atividade
política e social, teve possivelmente origem ainda bastante novo por influência
de meu Pai, que estava ligado a um pequeno partido politico nos anos quentes do
antes e pós 25 Abril, tendo assistido desde novo a algumas tertúlias de amigos
onde a politica e as opiniões eram vividas de forma intensa. A liberdade de
expressão e o direito de opinião ficaram enraizados logo nesse momento. Com a
entrada na idade adulta e com o percurso académico que segui, dois dos meus
principais hobbys, as viagens e as conversas entre amigos, originaram a
formação de uma consciência social e política que me levou a abraçar alguns
desafios de cariz associativo e político.
Ao escolher São Martinho do Porto e
Alcobaça para residir, verifiquei que a nossa região, tendo uma identidade
muito própria, sendo o limite norte da Região Oeste e o limite sul do Distrito
de Leiria, teve nos últimos vinte anos um crescimento demográfico e urbano, que
hoje em dia é posto em causa, pelo êxodo generalizado das camadas mais jovens,
face ao crescente desemprego e falta de oportunidades. Este problema, que teve
como causa a falta de um desenvolvimento sustentável e de uma estratégia de
planeamento económico regional, foi acompanhado de uma baixa aplicação e
rentabilização dos últimos quadros comunitários na região.
Abre-se agora uma nova oportunidade no
âmbito do 2020, que espero venha a ser corretamente aproveitada, mas para a
qual é necessária uma visão holística do Concelho, e um planeamento estratégico
consistente.
Esta será uma das minhas
principais preocupações no concelho Alcobaça a par das questões de
educação e justiça social.
Serralheiro, José Adelino Rafael, filho de Adelino Rafael Serralheiro e
de Ana Maria Serralheiro, nasceu na Ribafria a 4 de agosto de 1932.
Comerciante
e industrial de curtumes bem-sucedido, foi dono de uma das maiores empresas do
ramo existentes no País, situada na Benedita, embora tivesse tido também
interesses em Rio Maior, Alcanena e Norte. Antes do 25 de abril, foi associado
da Sedes, frequentando reuniões em
Leiria e Lisboa (algumas vezes com Gonçalves Sapinho), na procura ávida de
conhecimentos, pois intuía uma próxima viragem política.
Acolheu
a Revolução com entusiasmo e otimismo, inscrevendo-se no PPD e dando seu
desinteressado contributo em prol de um novo País, livre e progressivo. Em lista do PPD, fez parte da primeira Câmara
de Alcobaça eleita depois do 25 de Abril, não querendo recandidatar-se. Deste
executivo, como já se referiu mais que uma vez, fizeram parte Miguel Guerra
(Presidente, PS), Fleming de Oliveira (vice-presidente, PPD), Eduardo Vieira
Coelho (PS), Martiniano do Carmo Rodrigues (PS), José Rafael Serralheiro (PPD),
Mário de Oliveira Tanqueiro (PPD) e Manuel Ferreira Castelhano (CDS).
Criou,
com dinheiro próprio apenas, uma
fundação, para apoiar na doença e na reforma trabalhadores de curtumes, a qual
não teve grande atividade devido a problemas de saúde e seu precoce
falecimento, mas que todavia veio a fundar um jornal para promoção da Benedita
(O Pórtico) que, com algumas alterações, subsistiu até ao fim do ano de 1999.
-Faleceu
a 8 de agosto de 1993, vítima de doença prolongada e dolorosa.
Serralheiro, José
Marques, nasceu em
Ribafria/ Benedita, no dia 17 de junho de 1954, filho de António da Conceição
Serralheiro e de Lúcia Ernesta Marques, sendo pai de 2 filhos, Filipe e
António.
Diz
que é Licenciado em Economia, pelo ISCTE,
1974/78 Lisboa, pós-graduado em Administração Hospitalar, ENSP,1984/86, Lisboa,
Curso de Métodos e Técnicas de Engenharia Industrial Aplicados aos Hospitais
Direção-Geral dos Hospitais / Universidade de Wisconsin, Madison, EUA, 1988,
pós-graduado em Gestão e Administração Pública, pelo ISCSP, 2002/03,Lisboa e
que exerceu funções docentes de 1979 a 1984, em Benedita, Alcobaça, Cartaxo e
Lisboa.
Em 1990, como empresário, foi promotor
do 1º supermercado da Benedita, com cerca de 1000m2 (Super Espaço).
É administrador hospitalar de carreira
e exerceu funções no Centro Hospitalar de Caldas da Rainha, Hospital de Peniche
(administrador-delegado), 1988/90, Hospital de Alcobaça
(administrador-delegado),1991/99, Hospital de Santa Maria, Hospital de Torres
Novas, Centro Hospitalar do Médio Tejo, Gestor da Unidade de Abrantes, em 2007.
Está colocado no Centro Hospitalar de
Leiria, Hospital de S. André.
Estagiou
nos seguintes hospitais: Madison/ EUA; 1988; Minden/ RFA; 1992; Paris
/Cochin),1995 e Manchester/ RU, 1997.
É autor do livro “A
gestão da saúde. A saúde da gestão” publicado, em 2002. Neste livro publicou a
argumentação técnica para o projeto do “Hospital Oeste Norte”, uma ideia 3 em
1, de concentração hospitalar: H Caldas; H. de Alcobaça e H. Peniche.
Para esse efeito propôs a criação do
“Centro Hospitalar do Oeste Norte”, o qual foi criado pela portaria ministerial
n.º 83/2009, como estrutura centralizada de gestão dos três hospitais do oeste
norte. A evolução tecnológica, a resposta às necessidades de prestação de
cuidados de saúde e hospitalares e a sustentabilidade do SNS foram os eixos
principais da argumentação apresentada para a criação desta nova unidade
hospitalar (Hospital: Humano, moderno, inteligente e sustentável e “ Edifício
Verde” e “ Sem Papeis”) integrada no potencial do desenvolvimento turístico do
Oeste e, também, perspetivado para o desenvolvimento do turismo de saúde no
Oeste.
O Hospital Oeste Norte teve anúncio da
vontade da sua concretização pelo ministro Correia de Campos, no programa “
Prós e Contra “ da RTP, canal 1, a qual ficou expressa numa resolução do
Conselho de Ministros, publicada em 28 de Agosto de 2008, em Diário da
República.
O desentendimento dos autarcas de
Alcobaça e Caldas da Rainha, relativamente à localização do terreno de
implantação, conduziu à não concretização deste projeto, considerada uma perda
estrutural para o desenvolvimento sanitário e estratégico da Sub-Região Oeste
Norte.
Neste livro foi, ainda, apresentada a
proposta da criação de 4 unidades hospitalares para Grande Lisboa Norte:
Hospital Cascais/ Sintra; Hospital Loures/ Vila Franca de Xira; Hospital
Materno-Infantil, em Odivelas e Urgência e Emergência Hospitalar de Lisboa, na
Portela, (ex-quartel do Ralis).
Publicou 21 artigos na revista
“Medicina & Saúde”, de 2000/06, no “Mundo Médico” o artigo,
“Responsabilidade, Democracia, Transparência” e vários artigos na imprensa
local e regional.
Deputado municipal de 2005/2009, foi
cabeça de lista para a Assembleia Municipal de Alcobaça, pelo Partido
Socialista. Após a tomada de posse passou a deputado municipal independente,
durante 4 anos. Apresentou as moções, Alcobaça Cidade da Maçã, aprovada. Hospital
Oeste Norte, aprovada. E, ainda, as propostas, Alcobaça Cister Campus (na cerca
do Mosteiro seria instalado um parque de diversão temático alusivo à história
de Portugal); Parque Nacional da Maçã (na Mata do Vimeiro, à semelhança do
parque nacional da maçã, em S. Joaquim, no Brasil); Via Alcoa Mare (comboio
elétrico monocarril sobre o Rio Alcoa, de Alcobaça até à Nazaré); IC- 2 (Mais
Segura) e proposta de regulamento da atribuição e reconhecimento do mérito pelo
Município de Alcobaça. Foi proposta a atribuição de medalha de mérito ao
escultor José Aurélio (com mérito reconhecido, internacionalmente) e ao Cónego
José Mendes Serrazina.
Na comunicação social local e em
intervenção, na Assembleia Municipal, manifestou a sua oposição à travessia da
linha do TGV, Lisboa / Porto, com argumentação técnica, económica e ambiental.
Dador de sangue, foi presidente da
Associação de Pais de Benedita entre 1993/1995.
-Marques
Serralheiro, propôs em Assembleia Municipal que Alcobaça fosse conhecida
como A Cidade da Maçã. A ideia tinha
sido avançada em abril de 2007 e foi recuperada a 29 de fevereiro de 2008.
Para reforçar a proposta,
José Serralheiro ofereceu ao Presidente da Assembleia Municipal, Paulo Inácio,
um azulejo com a designação defendida para a cidade e outro a Gonçalves
Sapinho, Presidente do Município, onde podia ler-se Alcobaça Apple Break (Intervalo para a Maçã de Alcobaça).Mas a proposta do deputado municipal não se ficou apenas pelo novo apelido para a cidade.
Serralheiro propoô à autarquia que registe estas frases de forma a poder rentabilizá-las. Podíamos mandar fazer mais azulejos e outros artigos para vender, para depois criar um fundo social, a gerir pela Assembleia Municipal.
A verdade é que esta proposta não veio a ter sequência, não obstante a Maçã de Alcobaça ser um produto de excelência e de referência na região, até porque tem sofrido um processo de inovação e investigação que se traduziu em novas formas de apresentação e comercialização, capazes de desafiar a concorrência de outros produtos afins, nacionais ou estrangeiros.
-Para
Jorge Soares, presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça, esta
iniciativa da Assembleia Municipal seria
uma forma de reconhecimento do trabalho feiro pelo setor. Ficaíamos
satisfeitos, mas para nós não é importante se a terra toma esta designação já que a marca está registada,
acrescentou.
Serralheiro, Maria
Lúcia Marques, nasceu em 28 de Junho de 1951 em
Ribafria/Benedita.
É
licenciada em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa (1975).
Possui o mestrado em Estudos sobre as
Mulheres, pela Universidade Aberta de Lisboa (2004) com a tese
AFPP-Associação Portuguesa Feminina para a Paz, publicada em 2011 com o título
Mulheres em Grupo contra a Corrente.
Iniciou
a docência na Escola Industrial de Alcobaça, seguindo-se a de Arcos de Valdevez
e o Liceu Nacional da Covilhã. Em 1979/1980 passou para o Ensino Preparatório
que exerceu em Alcobaça, Caldas, Fronteira e Benedita. Trabalhou no Laboratório
de Línguas da Base Aérea da Ota (1987) esteve destacada na Associação de
Desenvolvimento Local de Caldas da Rainha (1991) e foi cooperante em
Timor-Leste (2002-2003). Foi eleita presidente do Conselho Diretivo na Escola
Preparatória de Frei António Brandão, na Benedita, organizando e consolidando a
transição para o Agrupamento de Escolas da Benedita (1996/2000). Regressou ao
mesmo cargo em 2007 e foi Diretora eleita em 2010 por três anos, findos os quais
se aposentou.
-Colaborou
na imprensa local e na Rádio Benedita FM.
Participou no Dicionário do Feminino,
Séculos XIX e XX (2005) e no Dicionário
Contemporâneo Feminae (2014), onde, entre outras entradas da sua autoria,
colocou duas mulheres notáveis, que viveram e morreram em Alcobaça, Irene
Vieira Natividade, natural do Porto e Filomena da Cunha, natural de Goa.
No
teatro amador na Benedita, colaborou como atriz nas peças A Promessa, de Bernardo Santareno, encenada pelo brasileiro Eduardo
Pinto (1974) e em A Boda dos Pequenos
Burgueses, de B. Brecht (1991).Foi assistente de encenação na peça Dragão
96, sobre textos de Heiner Muller (1996) e na Viagem ao fim do Mundo (2007) segundo o conto Os três cabelos do
diabo, dos Irmãos Grimm, estas três
últimas encenadas pelo ator alemão Ludwig Hollburg.
É
sócia de várias organizações feministas, nomeadamente a UMAR - União das
Mulheres Alternativa e Resposta, do CNC- Centro Nacional de Cultura e da
UNIMA-União Internacional dos Marionetistas, secção portuguesa, com a sede em
Alcobaça.
É
cofundadora do Fórum Terra Mágica das
Lendas, CRL, na Benedita, que editou em 2015 o livro: Memórias da Benedita 1947, um trabalho de equipa, do qual foi
responsável. É coautora de Mulheres
Autarcas e Candidatas a Autarcas no concelho de Alcobaça de 1974 a 2001,
editado pelo Município e lançado a 20 agosto de 2005.
-Sobre
si própria, diz nasci em 28 de Junho de 1951 numa casa perto da Capela da
Ribafria, uma referência identitária muito forte assumida pela minha mãe,
também natural de Ribafria. Essa casa onde nasci já não existe. Ficava situada
na estrada que vai para o Casal da Cruz, lugar pertencente à freguesia de Santa
Catarina, terra do meu pai. Embora ele tivesse saído de lá em jovem foi um
bairrista muito ferrenho e nunca a desalojou do seu coração. Ele próprio tratou
de tudo para que os músicos da Banda o acompanhassem à última morada. Ouviu-se
uma marcha fúnebre e um fado de Coimbra, música que pediu por ser a que mais
sentiu apropriada para a sua despedida… quando à terra descesse. Com ele também
aprendi a não ter medo da morte.
Estes
lugares, fronteiras tão ténues, abrigaram os primeiros anos do meu crescimento.
Por um lado, um pai que viajava pelo país vendendo navalhas e facas e nos
últimos anos marroquinaria fabricadas nestas duas terras e que por feitio era
um bom ‘espalha brasas’ das novidades que via e lia nos jornais. Por outro
lado, uma mãe muito agarrada ao seu mundo interior sempre a defender-se dos
‘outros’, com quem tinha dificuldades em comunicar. Se o meu pai não tivesse
tido o gosto de me transportar para Leiria, para que pudesse ter estudado e
depois para Lisboa, só por vontade da minha mãe eu nunca teria estudado- «a
filha mais velha tem de ficar em casa a ajudar a mãe a criar os outros filhos»
- reclamava constantemente. Esta era a sua identidade de mulher rural e muito
religiosa que foi mãe de doze filhos. Mal eu fizera 4 anos e já ela já me
mandava a pé da Ribafria ao Centro Social das Servas de Nossa Senhora de
Fátima, na companhia de uma rapariga que frequentava lá um curso de costura que
as Irmãs ministravam às mulheres e raparigas.
Comecei
a trabalhar como professora em Janeiro de 1975, na então, Escola Industrial de
Alcobaça. Foi um ano de grandes descobertas para toda a gente. O fim da guerra
colonial, a liberdade de falar à vontade com os vizinhos, o gosto de ler
opiniões diferentes nos jornais… o questionar os comportamentos do dia-a-dia,
enfim conhecer alternativas, aceitar e rejeitar o novo e o diferente e discutir
tudo... Uma mudança enorme se viveu nessa época e marcou-me muito pela
positiva. Situei-me bem à esquerda radical e lentamente fui-me afastando-me…
mas não muito, porque em relação à história das mulheres, seus direitos,
sobretudo nas políticas de natalidade, desconstrução de preconceitos e outros
males, que todos e todas sabemos que existem, considero-me feminista militante
lutadora contra os estereótipos patriarcais. Defendo uma real igualdade de
oportunidades, mesmo que para tal tenha de haver um sistema de quota bem como
discriminações positivas. E por que não?...
Serrano, Albino, nasceu em Alcobaça em 1924, tendo
aderido muito jovem ao PCP, por alturas de Outubro de 1938.
Quando
foi preso pela PIDE pertencia, ao Comité de Alcobaça do PCP, altura em que era
funcionário público, a trabalhar no Departamento de Alcobaça da Estação do
Sobreiro. Esteve detido no Aljube, Peniche e Caxias, e aí aprendeu inglês com
Lima de Freitas, que elaborou em 1949 o seu retrato desenhado. Depois de
libertado em 1952, Albino Serrano regressou a Alcobaça, bem como à atividade
política, passando a exercer a profissão de empregado de escritório, que
manteve até à reforma.
Escreveu,
após o 25 de Abril, dois livros de memórias, memórias desses tempos obscuros
para este país. Caminhos da Resistência e
da Esperança, foi editado em duplicador digital repográfico, em Março de
1993, pela Comissão Concelhia de Alcobaça do PCP, numa edição interna de 500
exemplares, com desenhos de Lima de Freitas. José Crespo (PSD) tinha um
exemplar com uma dedicatória do autor.
Não
consta que durante interrogatórios ou na prisão Albino Serrano tenha falado.
Não
sendo na história do PCP tido propriamente, como um herói, mas um camarada respeitado, nunca foi
estigmatizado.
-Como
iniciativa do salazarismo, os Jogos Florais da E.N. referentes a 1946,
realizaram-se em Alcobaça. A propósito destes Jogos Florais, Albino Serrano,
recordou em A Hora da Libertação (ed.
do PCP), uma situação de perigo passada no dia quatro, ou antes, de quatro para
cinco de outubro de 1946, quando se realizaram os Jogos Florais, no Refeitório
do Mosteiro, com a presença de António Ferro, alto dignitário do regime. Eu não estava muito interessado em assistir
ao espetáculo, mas, à última hora e já com a casa cheia alguém ofereceu a mim e
ao meu irmão, que estava comigo, bilhetes de ingresso no recinto. Entrámos e
acomodamo-nos como pudemos. O espetáculo ia prosseguindo normalmente quando,
precisamente à meia-noite, se ouviram vários estampidos, de tal modo fortes que
até parecia que estavam e rebentar bombas ali na praça, mesmo ao lado. Logo a
seguir notámos grande movimentação de alguns funcionários da Administração do
Concelho, ligados à Secção Policial, e ainda os habituais bufos que se
encontravam a assistir ao espetáculo e acto contínuo se dirigiram
apressadamente para a saída (…). Não
sabia exatamente o que se estava a passar lá fora (…) Entretanto os estampidos continuavam a ouvir-se e eu não sabia o que
havia de fazer: se sair rapidamente, aproveitando a confusão, ou se ficar e
aguardar os acontecimentos. A primeira hipótese parecia-me mais sensata, embora
um pouco perigosa (note-se que, segundo o depoimento de Albino Serrano, nessa
altura trazia, como de costume, os bolsos cheios de propaganda do PCP) pois não
imaginava o que poderia encontrar lá fora.
Mas afinal o que era que estava a
acontecer na rua? Viemos a saber que os estampidos, que ouvíramos lá dentro,
eram o resultado duma salva de morteiros deitados no Castelo, assinalando mais
um aniversário do Cinco de Outubro, os quais, ao rebentarem provocavam dentro
do Refeitório do Mosteiro, onde decorria a festa, um eco de tal modo intenso,
que levou a maior parte das pessoas a pensar que estava a rebentar bombas na
praça (…).
O
autor deste incidente foi Serafim Amaral que, munido de uma autorização do
Governo Civil de Leiria, festejava a implantação da República.
Leia-se aqui Serafim Amaral.
Serrano, António Manuel
Soares,
nasceu em Beja a 16 de janeiro de 1965, é professor catedrático da Universidade de Évora e doutorado em Gestão de Empresas.
Foi diretor do Gabinete de
Planeamento de Política Agro-Alimentar do Ministério da Agricultura, e vogal da
Comissão Diretiva do Programa Operacional do Alentejo - INALENTEJO, do Quadro de Referência Estratégico
Nacional /QREN.Foi Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas do XVIII Governo Constitucional de Portugal, em Outubro de 2009.
Como
Ministro da Agricultura deslocou-se a Alcobaça, no dia 20 de julho de 2010, a
convite do presidente da Câmara Municipal. Hoje,
vim aqui para conhecer a situação no terreno. Não quero prometer nada, até
porque há coisas que não dependem exclusivamente do meu gabinete, advertiu
António Serrano, em resposta às questões colocadas por Paulo Inácio. Sem
resultados práticos imediatos, a visita pareceu, todavia, ter deixado a porta
aberta para uma cooperação mais ativa entre o governo e o Município.
A
reunião decorreu no Museu Nacional do Vinho, encerrado desde o verão de 2007,
cujo futuro foi um dos principais pontos em agenda. É inaceitável este impasse e o fecho dum edifício tão magnífico,
frisou o autarca. Esclarecido que a transmissão da propriedade nos moldes
pretendidos pela câmara (gratuitamente) exige um regime legal de exceção, o
governante considerou, desde já, possível
o desenvolvimento duma parceria relativamente ao acervo museológico.
Idêntica
disponibilidade foi manifestada quanto ao projeto de intervenção na mata do
Vimeiro. O Município queria avançar com um conjunto de ações no campo da
educação florestal e ambiental, da investigação, da gestão dos recursos
humanos, do turismo e lazer.
Concordância
existiu também no que respeita à revitalização da Estação Nacional de
Fruticultura Vieira Natividade. O
ministério tem interesse, em garantir um maior apoio aos agricultores da
região.
Interpelado
no sentido de acelerar a aprovação do projeto de alteração do sistema de rega
apresentado pela Associação de Beneficiários da Cela, António Serrano lembrou
que o Governo não possui capacidade
financeira para responder a todos os dossiês. Propôs, por isso, à autarquia
a elaboração de uma boa candidatura, de modo a ser contemplada na
redistribuição das verbas do Quadro de Referência Estratégica Nacional.
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