NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Silva Carvalho, José
da, iniciou os estudos
liceais em Coimbra, tendo posteriormente entrado no Instituto Superior de
Agronomia/ISA, onde em 1942 concluiu o curso de Engenheiro Silvicultor e
apresentou tese de licenciatura, intitulada Branqueamento e Purificação de
Pastas Alcalinas de Cupressus Lusitanica Miller, apresentada em 1943 e recebeu
a classificação de 18 valores.
Iniciou
a atividade profissional em Alcobaça, a convite do Professor Vieira Natividade,
seu mestre no ISA, no laboratório de celulose
De
1942 a 1953, manteve-se a trabalhar em Alcobaça, dedicando-se a estudos de
materiais lenhosos, visando a pasta celulósica a que dedicou grande parte da
vida profissional.
Foi
convidado para o trabalhar no Instituto Tecnológico da Universidade de S. Paulo
(1951 a 1954), e aí montou o seu gabinete (1951/1955). De regresso em 1956 ao
Laboratório de Alcobaça, retomou o estudo que sempre mais o interessou, a
celulose.
Foi-lhe
concedida uma bolsa de estudos pela Fundação Gulbenkian, em 1958, para cursar
em Nova York, Syracusa University College of Forestry e aí fez a especialização
em Química Orgânica e Físico-Química Macromolecular, sendo-lhe conferido o grau
de Master of Science em F. Chemistry, em 1959, com a nota máxima.
Regressou
mais uma vez a Alcobaça, sua terra do
coração, como refere a filha Maria Teresa Marques, onde fez trabalhos que o
levaram ao registo de 10 patentes, sobre celulose e pasta de papel.
Após
a aposentação continuou a trabalhar, fazendo e enviando estudos, publicados em
Portugal e no Estrangeiro.
-Assumiu
papel de importância no pós 25 de Abril de 1974, com a sua militância no PPD,
de que foi um dos fundadores no Distrito de Leiria e Concelho de Alcobaça que
percorreu sem cansaços, com Fleming de Oliveira, Gonçalves Sapinho e outros
históricos.
Membro
da Assembleia Municipal de Alcobaça, durante vários mandatos, fez intervenções
relevantes de características ecologistas. Nunca quis assumir outras funções
político-partidárias, embora para isso tivesse sido solicitado.
Foi
casado com Maria Amélia da Bernarda, falecida primeiro.
-Nasceu
a 10 de abril de 1919 em Pampilhosa do Botão, junto a Coimbra. Viúvo, viveu os
últimos anos em Cascais junto da família (filha Maria Teresa Carvalho Pinto
Marques e genro), onde faleceu em 14 de maio de 2014.
Silva Marques, José Augusto da, nasceu a 7
de novembro de 1938, começou na política no PCP, foi dirigente comunista na
clandestinidade e afastou-se do partido antes do 25 de abril de 1974. Exililado em França, aí conheceu a Mulher.
Licenciado em Direito pela FDUC fez estágio para advocacia (que não exerceu) com o Advogado Asdrúbal Pereira de Magalhães,de Leiria.
A sua experiência na clandestinidade inspirou o livro, Relatos da clandestinidade – O PCP Visto por Dentro, publicado em 1976, que, ao longo de mais de 300 páginas, contou como foi a sua adesão ao partido, o trabalho clandestino e, por fim, a rutura. Silva Marques, durante quatro anos, de 1976 a 1979, foi presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós. e de 23 de fevereiro de 1979 a 21 de fevereiro de 1980 Governador Civil de Leiria.
Foi eleito deputado pelo círculo de Leiria, de 1980 a 1999 e desempenhou o cargo de presidente do gGrupo Parlamentar dos social-democratas.
É quase impossível durante toda a década de 1980 e parte da de 1990 não ter presente a figura do Dr. Silva Marques, como parlamentar e líder parlamentar do PSD. Foi uma pessoa influente durante muitos anos, uma pessoa por quem eu tinha uma grande admiração e amizade. Foi sempre um homem que levou a política com muita convicção e seriedade, apesar de ser uma pessoa de enorme boa disposição, afirmou Passos Coelho aquando do seu falecimento.
-Faleceu a 25 de dezembro de 2016, vítima de doença prolongada.
Silva Filho, Ederlindo
Pereira da, Dedeu, nasceu a 22 de fevereiro de 1950, em
Maragojipe/Bahia/Brasil.
Diz que estudou alguns elementos de contabilidade, mas nunca exerceu atividade pois,
que com 19 anos, começou a jogar futebol profissional no Botafogo, da Bahia.
Logo a seguir (1970), transferiu-se para o Guarany de Sobral-CE, sendo um dos
destacados jogadores da equipe no Campeonato Estadual desse ano, junto com
Teco-Teco. Na temporada seguinte, foi comprado pelo Náutico, onde como ponta-direita
viveria o melhor momento da carreira. Aí ficou até 1977, conquistando em 1974 o
Campeonato Pernambucano.
Sabia
ganhar em velocidade aos defesas laterais, chegar à linha de fundo e cruzar
para a área adversária.
Era uma cavadinha, um chuveirinho, com
a bola descrevendo uma parábola no ar, caindo exatamente na cabeça do avançado
de centro.
Do
Náutico, foi transferido para o Guarani, de Campinas - São Paulo, com quem
conquistou o Campeonato Brasileiro de 1978, como recordou com saudade. Na
temporada seguinte, foi comprado pelo Ferroviário, do Ceará, agremiação pela
qual fez seu último golo em Campeonatos Nacionais, contra o ASA, de
Arapiraca-AL, em 14 de outubro de 1979.
Após
passar por mais alguns clubes, encontrando-se a jogar no S. Bento de Sorocaba,
de São Paulo, veio como que em fim de carreira para em Portugal jogar no
Boavista, mas o empresário Bené acabou por colocá-lo no Lourosa.
Em
1981, foi contratado para jogar no Ginásio Clube de Alcobaça, tendo marcado o
golo que levou (efemeramente) o clube à primeira divisão nacional.
Quando
abandonou futebol, ficou a viver em Alcobaça, aqui tendo constituído nova
família e trabalhando irregularmente em várias empresas, dado a simpatia e
disponibilidade.
Silva Tavares, João, nasceu em Estremoz a 24 de junho de
1893.
Aos
18 anos publicou o seu primeiro livro de versos. Embora especialmente dedicado
a este estilo literário, escreveu teatro, bem como letras para fados de Amália
Rodrigues e Alfredo Marceneiro. Pessoa de fino trato, foi um bom amigo de Alcobaça,
com quem mantinha uma forte ligação afetiva, e frequentava com assiduidade. Em Alcobaça sentia-se bem, pois era muito
estimado, e que considerava como segunda terra. Aqui recuperou nas Termas
de Piedade, após uma grave doença que determinou hospitalização. O Café Restaurante Bau e foi um local que
privilegiava e onde terá escrito, segndo consta, alguns poemas.
Por
testamento, legou alguns bens à CMA, como os seus retratos de autoria de
Luciano Santos (óleo), de Eduardo Malta (lápis), de José Contente (pastel),
livros de que foi autor, numerados, assinados ou autografados, pastas que
utilizava profissionalmente, um cofre em mármore contendo terra do quintal da
casa natal em Estremoz, uma máscara em bronze do seu amigo, poeta brasileiro
Olegário Mariano e uma luxuosa encadernação da obra O Cardeal Cerejeira, da autoria do Pe. Moreira das Neves, na qual
existia dedicatória por parte do purpurado.
É o
autor da letra da conhecidísima Canção de
Alcobaça, com música de Belo Marques e celebrizada por Maria de Lurdes
Resende.
-Silva
Tavares, em junho de 1972, foi homenageado no Cineteatro de Alcobaça, aonde
estiveram presentes, entre outros, o Presidente da Câmara Tarcísio Trindade e
vereadores, o Deputado Amílcar Magalhães, representantes da EN e RTP, David
Mourão-Ferreira, em representação da Sociedade de Escritores e Compositores
Teatrais, o escritor e amigo pessoal Adolfo Simões Müller, o Presidente da
Câmara de Estremoz, terra natal do homenageado. Finda a cerimónia, foi descerrada uma lápide com o nome do
homenageado na rua a que foi dado o seu nome, no então chamado Bairro das Casas da Caixa de Previdência.
Presente no ato, a Orquestra Típica, dirigida por Alves Coelho Filho, interpretou
a canção Alcobaça.
Cerca
de um mês antes do imprevisto falecimento, Belo Marques também fora objeto de homenagem
no Cineteatro de Alcobaça.
-Faleceu
a 3 de junho de 1964.
Silva,
António Elias da,
nasceu a 27 de março de
1922, na freguesia de Maiorga. Andou na escola até à 4ª classe e ainda
recentemente recordava que levava umas
alparcatas de borracha e pano vermelhas para fazer o exame. Naquela altura,
os miúdos andavam descalços, tínhamos as
solas dos pés muito rijas, tipo cascalho, mas já não nos fazia impressão.
Em
entrevista ao Região de Cister, lembrou que eram
tempos muito difíceis andava-se um
ano à espera que um galo crescesse para se matar no dia de Carnaval, não se
comia frango com frequência. Comia-se pão amassado em casa e uma sardinha, às
vezes era para dois: um queria sempre a cabeça e o outro o rabo, ficava tudo
satisfeito.
Por
todos estes motivos, teve de trabalhar duramenmte ainda quando tinha 13 anos. Empreguei-me numa loja que era do Silvino da
Caçadora, à Piçarra. Aí deram-me logo muita responsabilidade e eu era pequeno,
mas muito ativo.
Trabalhou
um ano e meio nessa loja e diz que vinha
gente de todo o lado para o mercado à quarta-feira. O meio de transporte usado
era os burros, que por trás do que é hoje campo de futebol ficavam estacionados.
Um
dia, desentendeu-se com o dono da loja e foi para o Vimeiro para uma outra
mercearia, onde trabalhou cerca de um ano e meio.
Do
Vimeiro, regressou a Alcobaça para trabalhar na Olaria de Alcobaça.
Foi
uma fábrica onde trabalhou dos 15 aos 21/22 anos e aprendeu muito de cerâmica, pois eu era muito curioso com todas as
secções da fábrica. Durante estes anos relacionou-se muito bem e de perto,
com o Prof. Joaquim Vieira Natividade e esposa, Irene Sá, assim como com as
outras duas filhas de António Vieira Natividade. António Vieira Natividade
propôs-lhe ir estudar para as Belas Artes, mas, fui obrigado a recusar pois, sendo o mais velho dos meus irmãos, que
éramos nove ao todo, já ajudava muito em casa e não podia deixar de o fazer.
Ao
fim desses anos, uma pessoa que tinha trabalhado na Olaria montou uma fábrica no Valado dos Frades e sabendo das minhas capacidades convidou-me
para ir trabalhar com ele. Foi então trabalhar para a Pereira Lopes, mais
tarde a Pereiras Ldª, mas daí fui, quase logo, para o Bombarral trabalhar
também para uma fábrica dos Pereiras. Aí
encontrei o meu sócio Paiva, que era um aprendiz, tinha vindo da tropa e eu fui
mestre dele, ensinei-o a pintar.
Segundo
a mesma entrevista ao Região de Cister,
Paiva sugeriu-lhe fazermos uma fábrica nossa. Primeiro
respondeu negativamente pois, apesar de
achar uma ótima ideia eu tinha casado há pouco tempo e não tinha dinheiro.
Com a insistência de Paiva, tendo em vista um empréstimo no banco avançaram com
o projeto e criaram a Elias e Paiva, na
Fervença em 1945. Entrou depois para a sociedade, Bernardo Matias Coelho e em
seguida mais dois sócios.
Decorria
o pós II guerra, que foi o mais difícil
porque estávamos cheios de loiça e não tínhamos a quem vender e por isso
tivemos de mudar o tipo de loiça.
Da
loiça típica de Alcobaça, mais artística, mudaram para a faiança uma loiça mais branca, com pinturas
diferentes, uns dourados.
A
partir daqui, iniciou-se uma guerra com
a Raúl da Bernarda. Ao tempo, havia uma grande concorrência entre as
fábricas, se nós baixávamos os preços, eles baixavam mais, eles tiravam-nos os
empregados e nós a eles.
De
tal modo que, a Raúl da Bernarda apertou,
a ponto de terem sido intercetados
pela fiscalização da 3ª Circunscrição Industrial que enviou um fiscal para
selar o forno, onde se cozia o ouro, pelo que foi mandado fazer análises para
prova que os produtos usados eram adequados.
António
Elias, soube que no Bombarral existia
uma fábrica que possuía o único alvará no País, que permitia que se fizesse de
tudo, na área da cerâmica. Como esta fábrica estava prestes a fechar, compraram-na
e o alvará, iniciando trabalhos em porcelana.
Apesar
das lutas com a Raúl da Bernarda, fez-se um acordo e esta sociedade associou-se
para se constituir a Sociedade de
Porcelanas de Alcobaça/SPAL
(Faleceu
a 17 de janeiro de 2017).
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