NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Matias, Fernando Manuel Mateus, de raízes beirãs,
nasceu em Lisboa/S. Jorge de Arroios, a 24 de janeiro de 1955. Diz que do seu casamento resultaram dois filhos, uma rapariga e um rapaz.
Licenciou-se em arquitetura, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1979 e, após inscrição na Ordem dos Arquitetos, começou a exercer como profissional liberal. Foi professor nas escolas preparatórias da Parede e de Nuno Gonçalves, em Lisboa. Foi arquiteto nas Câmaras Municipais de Alcobaça, Ourém, Rio Maior, Vila Franca de Xira e na Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano. De seu rasgo, são vários os projetos em Portugal. Além da arquitetura, que gosta minimalista e despojada, consagrou muito do seu investimento profissional ao planeamento regional e urbano e, com particular carinho, a intervenções em áreas de património cultural de destaque, designadamente na região de Alcobaça. Deixa-o particularmente satisfeito saber que teve um papel proactivo nas requalificações da cidade, ao longo das duas últimas décadas. O seu percurso profissional partiu da arquitetura, mas evoluiu substancialmente para o estudo das grandes problemáticas do urbanismo. O Mosteiro de Alcobaça e o nascimento da urbe têm motivado essa trajetória, pois a maior parte da sua vida profissional e pessoal tem decorrido em Alcobaça. Rendeu-se aos encantos de São Martinho do Porto, onde reside.
Entre caminhadas e a jardinagem, não dispensa as viagens, das quais sempre guarda boas memórias gastronómicas dos lugares que visita.
Os irmãos Cohen e os Monty Python são a sua preferência para uma boa tarde no sofá. Isto, se não houver jogo do Benfica, clube do qual é associado desde 1974 e pelo qual nutre uma forte paixão.
Num país de poetas, não aprecia particularmente o género, embora não rejeite um ou outro livro ou autor. Prefere a prosa, sobretudo livros sobre temas históricos ou biografias. Os ensaios também o apaixonam. E, claro, a bibliografia de referência da profissão.
Na música, sente-se seduzido pelo Blues, nas várias vertentes. Aprecia sobretudo guitarristas, como BB King. Também gosta da guitarra portuguesa. Mais que do fado.
Crente em Deus, mas pouco dado a liturgias, considera-se um homem livre e de hábitos sociais salutares.
Tem como ideal político a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado. Mas tem grande admiração por D. João II, que considera o melhor estadista que Portugal conheceu.
Da sua passagem por Rio Maior ficou a sua ligação ao movimento rotário, através do qual, ainda hoje, exprime parte da sua intervenção social.
Por Alcobaça, nutre um forte afeto que o leva sempre a querer
desenvolver novas ideias.
Matias, Joaquim, nasceu a 23 de outubro de 1899 e faleceu, aos 82 anos, em
1981.
Depois
da morte, parte da sua obra foi continuada pela mulher, Irene Matias, e após o
falecimento desta, pelo sobrinho, António Matias.
Natural
de Paços de Arcos, foi ali que o Comendador Industrial promoveu várias e
importantes obras.
Deve-se
a Joaquim Matias a fundação da CIBRA,
cimentos brancos de Pataias, mas a sua ação, ao longo da vida, deixou profundas
marcas no campo social, pois o homem que começou como aprendiz de canteiro numa
oficina, deixou em Pataias, mas também em Paços de Arcos, um legado que
espelhou as preocupações com crianças e
os mais necessitados.
A
CIBRA instalou-se em Pataias, decidida a tirar partido das vantagens naturais
da região.
Na
zona de Pataias, Joaquim Matias encontrou as caraterísticas de que necessitava,
pois a pedra e as areias apresentam a qualidade necessária ao fabrico de
cimento branco e já tinham justificado a fabricação, do único ligante utilizado
na construção do Mosteiro de Alcobaça.
Não é
exagero dizer que grande parte da vila de Pataias cresceu à sombra da fábrica
de cimento, que emprega muita população local.
Matos, Sara Antónia, nasceu em Leiria a 3 de maio de
1978 e cresceu em Alcobaça, filha de um conhecido Advogado, hoje reformado.
Estudou
na Escola Secundária D. Pedro I de Alcobaça e praticou natação desde os 7 aos
17 anos, no Clube de Natação de Alcobaça, batendo vários recordes, nomeadamente
nos 100 e 200 metros costas.
É
licenciada em Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de
Lisboa (2001), Mestre em Estudos Curatoriais (2005) e Doutorada com a
tese Da Escultura à Espacialidade (2012) pela mesma
Universidade.
Desde
2012, é Diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar, tendo instalado este
equipamento museológico de raiz, recebido a coleção de 400 obras aí depositadas
pela Fundação do pintor e aberto as portas do museu ao público.
Como
comissária independente, desde 2006, destacam-se as exposições: Paisagem
interior, no CAM da Fundação Calouste Gulbenkian, Zona Letal, Espaço
Vital : obras da Colecção da Caixa Geral de Depósitos,
Arquite(x)turas: coleção de fotografia
do BES, Khora, Desenhos, Construções e Outros
Acidentes, da Fundação Carmona e Costa, entre outras.
Publica
regularmente em catálogos e revistas de arte e é coordenadora editorial da
coleção Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar.
Faz
parte da Direção da Secção Portuguesa da AICA e é membro
do CIEBA.
Como
professora convidada, lecionou na Faculdade de Belas-Artes, da Universidade de
Lisboa e, entre 2011 e 2014, foi coordenadora e docente do Departamento de
Escultura do Arco.
Salienta
que, trabalhar com arte, conceber
exposições/ser curadora, dirigir um museu, escrever e publicar livros, etc, é
antes de tudo um privilégio. Julgo que este trabalho não se escolhe ou se
segue premeditadamente, antes aparece e vai-se abrindo à nossa frente, conforme
vamos respondendo a desafios e construindo um percurso próprio. No meu
caso houve uma identificação imediata com a escultura e a montagem de
exposições, o que fez com que viesse a ser curadora.
Sara
Matos, esclarece que decidi vir para
Lisboa estudar e permaneci por questões profissionais, dado que na periferia
não tinha condições nem estruturas para exercer a especialidade em que me
formei e profissionalizei. O que me leva de volta a Alcobaça é sempre
a família e a proximidade com o mar.
Diz
ainda que aprecia estar com amigos, para
um jantar, um café, uma tarde em conjunto, sem recurso a mediações digitais,
com tempo para conversar, discutir ideias e partilhar emoções e outras coisas
que só são possíveis através da presença física, do estar, e
não gosto do barulho e excesso de imagens/informação supérfluas, seja qual
for a veículo de mediação (TV, Internet,...). Como lido com muitas imagens diariamente (as imagens da arte, e essas
ensinam a ver!), quando chego a casa, por exemplo, tenho necessidade de
descansar ou manter os olhos limpos, com paredes brancas e a Tv
desligada. O mar tem o mesmo efeito sobre mim:
limpar o olhar, para poder ver realmente o que se passa à
volta.
Sara
Antónia Matos, além das exposições que comissariou no Atelier-Museu desde 2013,
já assinou outras mostras de Júlio Pomar, nomeadamente na cidade do
Porto (a Felicidade em Pomar patente até 21 de Fevereiro de 2016) e na Anadia
(O Mundo Habitado, visitável até 30 de Abril) procurando descentralizar os
eventos culturais.
Em
Alcobaça, fez parte do Conselho de Administração da Fundação Armazém das Artes,
onde também participou em exposições como escultora e, no Mosteiro, participou
em três exposições coletivas com as instalações: Entre a espada e a
parede, Ad Virginem e Pena Suspensa.
-Sara
Antónia Matos, a partir de janeiro de 2017, vai passar a ser a diretora das Galerias Municipais, em Lisboa,
substituindo João Mourão.
Sara
Antónia Matos, acumulou este cargo com a
gestão dos sete espaços que fazem parte das Galerias Municipais, tutelados pela
Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural.
Filho do professor do ensino liceal António Gonçalves Mattoso e sobrinho do pintor Lino António, José Mattoso estudou no Liceu Nacional de Leiria, após o que ingressou na vida religiosa. Durante 20 anos, foi monge da Ordem de São Bento, vivendo na Abadia de Singeverga/Santo Tirso, na Bélgica, e usando o nome de Frei José de Santa Escolástica Mattoso.
Durante esses anos, licenciou-se em História, na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Lovaina, e em 1966, doutorou-se em História Medieval, pela mesma Universidade, com a tese Le Monachisme Ibérique et Cluny: les Monastères du Diocèse de Porto de l'An Mille à 1200.
Em 1970 retornou à vida laica, iniciando uma carreira académica e exercendo várias funções.
Viveu em Timor-Leste, colaborando na recuperação do Arquivo Nacional e no Arquivo da Resistência, e lecionando no Seminário Maior de Díli.
Autor de uma extensa bibliografia, é especialista na História Medieval portuguesa.
Recebeu o Prémio Pessoa, em 1987, o Prémio Internacional de Genealogia Bohüs Szögyeny, em 1991, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (10 de Junho de 1992), e o Troféu Latino (2007).
Desde Maio de 2010, é Presidente do Conselho Científico das Ciências Sociais e Humanidades da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
-O Mosteiro de Alcobaça
representa, de certo modo, o marco mais expressivo de identidade estremenha. Esta é a convicção de José Mattoso,
historiador e académico natural de Leiria, o convidado de honra do jantar
solene que Alcobaça ofereceu aos participantes do 3º Congresso de Leiria e
Estremadura, realizado em maio de 1999.
No
seu discurso, José Mattoso relacionou a Alcobaça de Cister com a Estremadura de
hoje e, com acentuado sentido crítico, alertou para os riscos que a região
corre em termos de identidade e de identificação com o seu passado. História,
património e economia entrelaçaram-se ao longo de várias pistas de reflexão que
o professor foi lançando aos presentes, onde se incluíam muitos dos principais
agentes económicos e sociais do distrito.
Porque
é que Alcobaça teve um desenvolvimento tão grande?
Porque
é que acumulou poder e riqueza?
De
que maneira a comunidade usou o que foi juntando?
A resposta a estas e outras perguntas
parece-me importante para quem reflete sobre as potencialidades e as carências
desta região e para quem pensa que pode encontrar no passado algum valor a
preservar no futuro. Parece-me importante, também, para quem acredita que só
por meio de empreendimento coletivo é possível responder adequadamente às
necessidades reais da Estremadura,
referiu, acrescentando que se pode aprender
alguma coisa da lição dos monges, memória
emblemática de uma realização (…) que
valorizou o trabalho, a produção e a inovação técnica (…). O símbolo da superioridade do tempo longo
sobre o efêmero, por contraponto à sociedade atual, que não acredita senão no lucro rápido, no consumo pronto, na
resposta imediata, no espetáculo fácil, no sucesso de hoje.
Matos, Felisberto dos
Santos, nasceu a 16 de agosto 1948 em Pinhel.
Com
Licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu de forma intensa
a advocacia em Alcobaça, de 1978 a 2013.
Desempenhou
outras atividades, como tradutor de francês /português de obras de Lenine e
Marx, Professor na Escola do Magistério Primário de Leiria, entre 1975 e 1976 e
Oficial Miliciano de 1973 a 1975, encontrando-se em Lagos aquando de 25 de
Abril de 1974.
Define-se
como ateu, ideologicamente como
comunista, política e irremediavelmente de esquerda, embora sem partido.
Entende
como muito relevante para a sua formação, a Crise Académica de Coimbra, em
1969.
Na
sua Galeria de Heróis, dá especial ênfase ao Pai, Mãe e Irmã, Humberto Delgado,
Zeca Afonso, Gandhi, Luther King, Che Guevara, Ho-Chi-Min, Nelson Mandela,
Obama e Papa Bento XVI.
Tem
como autores de eleição, Luís de Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, Miguel
Torga, Zeca Afonso, José Saramago e Gonçalo M. Tavares.
Matos, Luís Manuel
Curcialeiro Godinho de, nasceu em Lourenço Marques, a 23 de
agosto de 1970.
Bem conhecido a nível
nacional e internacional, é o mágico português mais premiado, bem como o mais
jovem até hoje a ser distinguido com o The Devant Award, o mais relevante dos
troféus atribuídos anualmente pelo centenário The Magic Circle. Em 1995,
impressionou os portugueses com uma ilusão de previsão dos números do Totoloto, com uma semana de antecedência.
-O espetáculo de Luís de Matos, na noite de 6 de julho de
2008, anunciado como a maior
metamorfose de todos os tempos, gorou a expectativa dos milhares de pessoas que
acorreram ao Rossio, esperando ver a imagem do Mosteiro de Alcobaça,
momentaneamente, alterada.
Todavia, o ilusionista apenas apresentou um número antigo,
que consistiu em libertar-se de uma camisa-de-forças, suspenso de cabeça para
baixo, por uma corda a arder, no cimo de uma grua. A arriscada atuação terminou
com uma salva de palmas, mas os aplausos rapidamente se transformaram numa vaia
monumental, quando o público percebeu que o espetáculo, que não durou mais de
20 minutos, tinha terminado.
Por
duas vezes, o artista desceu as escadas do Mosteiro para agradecer ao público,
que correspondeu com aplausos durante alguns minutos. Pouco depois, a
organização pediu aos convidados VIP para abrir as pequenas caixas distribuídas
antes do início do espetáculo, de onde saíram borboletas a voar.
A ideia, explicada pelo ilusionista, era que o efeito do
bater de asas de uma borboleta se poderia fazer sentir do outro lado do mundo,
mas o efeito fez-se sentir logo na Praça 25 de Abril, após alguns minutos de
hesitação do público, que permaneceu no local à espera da continuação do
espetáculo. Pouco agradado com o epílogo do truque, sem qualquer relação direta
com o Monumento, o público manifestou-se com uma vaia que se prolongou por
minutos. Os custos do espetáculo
(180.000Euros), contribuíram para acirrar os ânimos dos muitos presentes. No final, o ilusionista justificou o
número apresentado com o facto de ser a última vez que se predispunha a
correr este risco. Luís de Matos manifestou ainda alegria por ter sido
escolhido para defender a imagem do Mosteiro de Alcobaça no concurso 7
Maravilhas de Portugal.
Relativamente à expetativa de muitas pessoas de que a maior metamorfose de todos os tempos
se aplicaria ao Mosteiro, Luís de Matos assegurou que nunca esteve nos seus planos interagir com o monumento. Acrescentou que a metamorfose começou no século XII, quando a Ordem de Cister decidiu
erguer o Mosteiro e que o seu trabalho de metamorfose ocorreu quando conseguiu
fazer eleger o Mosteiro de Alcobaça como Maravilha de Portugal.
Gonçalves Sapinho admitiu que o espetáculo foi curto, mas
considerou que o número apresentado por Luís de Matos correspondeu às expectativas, revelando
um artista bem preparado, de nível mundial. Sapinho não quis revelar o
custo do espetáculo (corria que fora de 180.000 Euros como se referiu), mas
reconheceu a frustração do público, adiantando que a principal razão da
contratação de Luís de Matos foi ajudar a eleger o Mosteiro de Alcobaça como
Maravilha de Portugal, o que aconteceu.
Luís de Matos garantiu que nunca estaria disponível para fazer desaparecer o Mosteiro de Alcobaça
e que tal ideia não passou de um boato.
Em carta à autarquia, afirmou que o erro não esteve naquilo a que as pessoas
assistiram, mas sim naquilo que lhes foi
transmitido que aconteceria.
Mais tarde, Sapinho assumiu que o espetáculo esteve muito abaixo das expectativas,
mostrou-se solidário com o público e anunciou que iria remeter o caso ao
gabinete jurídico.
O assunto, nunca devidamente explicado, ficou por aqui.
E
também como normalmente o que fica na memória são as imagens finais, foram os
apupos que ficaram na mente dos milhares de espetadores que afluíram ao Rossio
de Alcobaça. Terminaram os sons fortes da música ambiente. Apagaram-se os
holofotes. O Rossio foi-se esvaziando.
A
atmosfera era asfixiante.
Parecia
que o colete-de-forças de Luís de Matos flutuava por ali, não vai ser fácil
esquece-lo, nem desapertá-lo!
A
promessa da maior metamorfose de todos os tempos tinha sido uma desilusão.
Tinha terminado da pior maneira uma noite que devia ter sido de festa.
Maurício, Fernando
Luís Pereira, nasceu a 22 de Janeiro de 1948 na
Benedita aonde reside.
Frequentou cursos na área desportiva, de informática e de
saúde, participou em ações de formação para dirigentes desportivos e assuntos
relacionados com a comercialização, qualidade e segurança de produtos
alimentares. Foi desportista, praticante de ténis de mesa e futebol, tem como
habilitações a frequência do primeiro ano do ISEF. Dedica muito do seu tempo à carto
filia tendo participado em exposições na região de Alcobaça, Rio Maior e
Cadaval. Efetuou apontamentos desportivos na rádio Voz da Benedita. Foi
homenageado com a categoria de sócio honorário pela Cooperativa Terras Mágicas das Lendas, Reconhecimento profissional pelo Rotary Club da Benedita, do qual
foi presidente.
Publicou três livros entre 1997 e 2002 com o título
genérico de Retalhos Desportivos, um
sobre Cartofilia-Colecionismo e Memória
em 2009 e desde 2006 vinte e oito cadernos culturais da Freguesia da Benedita,
abordando vários temas.
Maurício, João Luís Pereira, nasceu na Benedita, em 1949.
Fez a
formação académica nas áreas dos Estudos Portugueses e das Humanidades, nas
Faculdades de Letras de Coimbra e de Lisboa e no polo de Braga, da Universidade
Católica. Licenciado em Língua Portuguesa e História de Portugal – Via Ensino,
pela Universidade Aberta, é hoje professor aposentado.
É autor
do livro Percurso de um Sonhador –
Apontamentos para uma biografia do Padre Dr. Fernando Bernardino Machado
Maurício, editado em 2010.
Pereira
Maurício é também o autor de Os
Sapateiros da Benedita e as suas histórias, onde aborda o quotidiano destes
artesãos na primeira parte do século XX, desde a manipulação do calçado até à
mecanização dos processos, num livro que o autor dedica à memória dos seus
avós, fazendo também uma homenagem aos beneditenses.
Este livro é um claro testemunho de uma
época, de uma região, que não tem tido aprofundado tratamento académico, lê-se no prefácio assinado por João
Pulquério Antunes de Castro, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio
Maior.
Uma tentativa de compreender o passado,
a origem e a história dos sapateiros da Benedita, que
pretende ser um espelho de memórias de pessoas, de costumes e tradições,
escreveu o autor na introdução do livro, onde deixa em aberto a possibilidade
para um eventual segundo volume.
Além
do enquadramento histórico, o livro Os
Sapateiros da Benedita e as suas histórias fala das origens, do dia-a-dia,
de figuras e retratos do passado desta arte que percorre toda a obra.
Maurício, Luís Machado, nasceu na Benedita em 1919,
Teve
uma loja de solas e cabedais que encerrou em 1962 e no edifício contíguo foi
construída uma loja de tecidos e roupas.
A sua
loja vinham abastecer-se sapateiros da região, para fazer calçado manual, pois
dispunha de pomadas, pregos, tintas, colas, atacadores, cerdas, novelos de
linhol, pincéis, martelos, formas de madeira, lixas e tacões. Ali havia uma
Casa da Cola, edifício amplo onde se guardavam os couros e exalava um cheiro
intenso e muito próprio. Aquando do tempo do contrabando e da candonga, havia
nesta Casa da C ola uma caixa forte, onde se guardavam alguns couros…
Nos
finais da década de 1950, Maurício, por sua vez, abastecia-se em Lisboa, na
Casa de Lino Teixeira de Carvalho, grande armazém de miudezas para sapateiros. Os couros e pelarias
vinham de Alcanena, de Vila Moreira, da Goucharia, de Monteiro Ribas (Porto) e
da Fábrica de Curtumes de Coimbra.
O
telefone de Luís Maurício, foi segundo se sabe o 5º. mais antigo da Benedita,
este possuía uma furgoneta Austin para
apoio dos clientes e dispunha de uma carta de condução, das mais antigas da
zona que obteve em Santarém.
Mas a
vida de Luís Maurício não se resumia ao calçado, pois foi correspondente do
Banco Nacional Ultramarino e Banco Raposo de Magalhães (Alcobaça), membro da
Comissão Central Construtora da Igreja Nova, cujas obras acompanhou de perto
(construída em 1952, por forte influência do Padre Inácio Antunes), membro da
AFLeiria, dirigente do Grémio dos Comerciantes de Alcobaça, primeiro Presidente
da ABCD, dirigente do Ginásio Clube de Alcobaça, sócio fundador da Cooperativa
de Ensino da Benedita, fundador da Casa do Povo da Benedita, Secretário da
Junta de Freguesia, Membro da Irmandade de Nª Srª da Encarnação, primeiro
correspondente na Benedita, de O Alcoa.
Luís
Maurício, pessoa muito ativa e empreendedora, exerceu ainda comércio na área
das louças e vidros, foi sócio de uma oficina de carpintaria, que forneceu
mobiliário para o Colégio Andaluz (Santarém) e para a Igreja da Silveira
(Torres Vedras) e sócio de uma empresa de construção civil.
Depois
de encerrado o estabelecimento em 1962, abriu anos mais tarde e nesse espaço a
primeira agência bancária da Benedita, Banco Borges & Irmão.
-Faleceu
em 2011 e foi pai do Dr. João Luís Pereira Maurício e de Fernando Pereira
Maurício, supra referidos.
M'Bow, Amadou-Mahtar, nascido a 20 março de 1921, foi um político senegalês, várias vezes ministro no seu
país e Diretor-geral da UNESCO,
durante 13 anos.
Visitou Alcobaça e concretamente o Mosteiro, em 9 de agosto
de 1977, acompanhado pela mulher, John Kabore (adjunto do subdiretor da
Unesco), por Maria de Lurdes Pintasilgo, Embaixador de Portugal naquela
Instituição, Dr. Luís Sousa Lobo (conselheiro científico da delegação
portuguesa), tendo sido recebido pela CMA (Presidente Miguel Guerra) e por Rui
Rasquilho (Presidente da ADEPA). Faziam parte da comitiva o Professor Artur
Gusmão e o Dr. Bairrão Oleiro.
Esta visita, inseriu-se no interesse da Unesco em apoiar a
fundação do Museu da Região de Alcobaça e incentivar um Centro Internacional de
Investigação que seja um polo vivo da cultura europeia e um exemplo a seguir no
caminho da descentralização cultural de Portugal.
Medeiros, Ana Maria Gago
da Câmara Botelho de, Ana
Maria Botelho, nasceu em Lisboa, a 27 de janeiro de 1936 e faleceu em Faro, a 13 de julho de 2016, foi escritora e pintora muito meritória, filha de José Honorato Gago da
Câmara de Medeiros, 3.º Visconde
do Botelho.Ana Maria Botelho, iniciou os estudos de pintura com os Mestres João Reis e Eduardo Malta. Cursou Formation Generale en Philosophie des Arts et Sciences, no Institute de Mortefontaine, em Paris, cidade onde se licenciou em Artes Plásticas, pela Escola Superior do Louvre.
Depois de participar em diversas exposições coletivas em Paris e Roma, fez a primeira exposição individual em Lisboa, na galeria do SNI, em 1963. No ano seguinte, recebeu o Prémio Revelação de Pintura Portuguesa atribuído pela imprensa. De lá até hoje, foram inúmeros os locais onde expôs tanto em Portugal como no estrangeiro.
Está representada em coleções particulares e museológicas, em Portugal e no Mundo. A Fundação Calouste Gulbenkian é exemplo, entre outras, da atenção dedicada pelas instituições de prestígio a esta artista, possuindo, no seu acervo, quadros de três fases distintas.
Pintou
diversas vezes Alcobaça e expôs na Galeria Conventual desde o seu início, em
1994. Uma das suas obras mais notáveis é o Cristo, que seu pai ofereceu ao
Vaticano.
Além de artista plástica, é
autora dos livros de poesia - Varanda sem Casa e Céu de Linho, publicados, respetivamente, em
1968 e 1971.
-Os
50 anos de carreira de Ana Maria Botelho foram o mote a uma exposição que, a
Galeria de Exposições Temporárias do Mosteiro de Alcobaça, acolheu a partir 27
de Novembro de 2010.
Ana Maria Botelho – Retrospectiva de 50
anos de carreira, recuperou
alguns dos mais marcantes trabalhos de uma artista e galerista, que em 1963 foi
considerada a revelação de pintura portuguesa.
Em
meio século de carreira, Ana Maria Botelho expôs inúmeras vezes, aquém e
além-fronteiras. Muitos dos seus trabalhos estão espalhados pelo mundo, em
coleções particulares e acervos de diversos museus.
A
exposição foi comissariada pelo actor Ruy de Carvalho e contou com o Alto
Patrocínio do Presidente da República.
Na
inauguração, esteve presente Maria Cavaco Silva, o Presidente do IGESPAR e o
diretor do Mosteiro.
-A pintora, mereceu da cidade de Loures a atribuição do seu nome
à rua onde vivia e teve o ateliê.
Medeiros, Miquelina
de, nasceu em Pataias, no dia 11 de
fevereiro de 1961 e considera-se uma pataieira de gema.
Da
passagem pela escola primária, guarda poucas recordações. O mesmo já não se
pode afirmar do período em que estudou no Colégio Nª Senhora de Fátima, em
Leiria. Na altura o meu padrasto tinha
possibilidades financeiras para me mandar para um colégio interno e assim
aconteceu pelo que considero que tive uma educação diferente e acho,
atualmente, que foi positivo ter estudado no colégio.
Concluído
o 9º ano de escolaridade, Miquelina de Medeiros abandonou os estudos,
alegadamente, porque não quis prosseguir.
Aos
15 anos, começou a trabalhar numa das fábricas do padrasto na área
administrativa. Trabalhei com o primeiro
minicomputador que existiu em Pataias
Aos
21 anos, Miquelina de Medeiros abandonou esta carreira profissional.
Quando
os negócios do padrasto terem começado a dar sinais de grande instabilidade,
Miquelina de Medeiros ficou sem emprego.
Após
um período de dois anos de inatividade, decidiu ingressar na Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pataias, em 1984, como voluntária,
permanecendo dois anos com esse estatuto, acabando por entrar para os quadros,
como assalariada.
Depois
de vários anos de dedicação à corporação, fez os exames regionais que lhe
conferiram acesso a subchefe, cargo
que ocupou durante algum tempo.
Aos
39 anos, Miquelina de Medeiros assumiu-se como Chefe dos Bombeiros de Pataias.
-Esta
mulher entre homens, diz que foi
respeitada pelos subalternos, que têm de
me respeitar como chefe porque, se for preciso, dou dois berros.
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