segunda-feira, 21 de janeiro de 2019


NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


Santos, Isabel Maria de Sousa Gonçalves, nasceu a 18 de agosto de 1952.
Licenciada em Engenharia Civil, foi deputada eleita pelo CDS/PP nas IX e X Legislaturas, bem como vereadora na Câmara de Leiria, eleita em lista do PSD.
A convite de Luís Ribeiro, membro da Assembleia de Freguesia, eleito nas listas do CDS/PP e Coordenador da Comissão Pró-Desenvolvimento Económico e Industrial de Turquel, grupo de cidadãos de Turquel interessado em construir uma zona industrial, Isabel Gonçalves, única deputada do CDS/PP eleita peto Circulo Eleitoral de Leiria e Secretária da Mesa da Assembleia da República, esteve a visitar Turquel em outubro 2002 para conhecer os seus problemas, no dia em que foi apresentado publicamente o projeto de uma Zona de Acolhimento Empresarial, em Turquel.
A deputada marcou presença nessa reunião realizada no Salão do Carvalhal de Turquel e mostrou-se disponível para ajudar no que lhe for possível. Já anteriormente demonstrou interesse em tentar resolver algumas situações desta terra, como o Requerimento apresentado na AR e dirigido ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações sobre as Condições de Segurança no IC2 (ex-EN1) onde fez referência à sinistralidade no cruzamento da Moita do Poço e das Redondas e exigiu obras de qualificação do traçado.
Santos, Joaquim Ferreira dos, natural de Ferraria onde reside, em setembro de 2006 colheu uma abóbora de 48,5kg, que havia semeado.
O fenómeno trouxe autênticas dores de costas a este reformado da CIBRA que precisou de ajuda para carregar cada exemplar, todos muito pesados.
Há vários anos que Joaquim Santos, então com 72 anos, vem produzindo abóboras para consumo doméstico, mas desta vez foi surpreendido com o resultado das sementes que uma senhora viúva lhe ofereceu no início do ano.
Isto é uma calamidade, comentou jocosamente o agricultor, que disse não encontrar destino para estas abóboras, que desconfia poderem ser para consumo humano, mas não da qualidade que costuma servir para a engorda dos animais. Ainda assim, Joaquim Santos admitiu, com tristeza, parti-las a machadada para dar aos porcos.
Os fenómenos deste tipo, sem serem no Entroncamento, não se esgotaram no terreno do antigo operário da CIBRA, que cultiva um bocadinho de tudo para comer, desde feijão-verde, tomate, hortaliça, pepino, pimento, uvas e laranjas.
Mesmo ao lado, numa terra de Eurico Fortes, há batatas enormes, tendo este colhido uma com 1,700kg.
Santos, Joaquim Martinho dos, nasceu no Casal Gregório, em 7 de julho de 1895 e residiu no Taveiro.
Nas freguesias da Benedita e Santa Catarina, possuía muitas propriedades agrícolas, com uma área de cerca de 200 hectares, para produção de azeite, trigo, milho, vinho, batata, feijão, chícharo e aveia.
O olival, situava-se na região da Serra dos Candeeiros e para a apanha da azeitona formavam-se ranchos, por vezes com mais de 200 mulheres, algumas vindas de zonas vizinhas. Joaquim dos Santos utilizava dois lagares, um próprio e outro arrendado.
Na produção do trigo, utilizava principalmente a mão-de-obra feminina. A debulha, realizada mecanicamente a partir de 1933, demorava perto de dois meses e rendia 80 moios.
A Federação Nacional dos Produtores de Trigo, atribuiu-lhe o diploma de 1º Produtor de Trigo dos anos de 1950, 1951 e 1952 (Grémio da Lavoura de Alcobaça). Era nessa altura um latifundiário e talvez o maior proprietário agrícola de Alcobaça.
No referente ao milho, a sua produção rondava cerca de 40 moios.
Fez parte da Comissão Central Construtora e da Comissão dos Homens da Igreja Paroquial da Benedita (década de 1950).
Faleceu a 19 de maio de 1975.
Santos, João Fernando dos, nasceu em Alcobaça em 1936. 
Desde muito cedo, revelou aptidão para as artes plásticas.
Segundo se diz, recomendado pelo prof. Elias Cravo, com 13 anos, ingressou na fábrica Raúl da Bernarda, como pintor-aprendiz.
Um ano após, passou para a recém-fundada fábrica de Armindo de Almeida Ribeiro.
João Santos, casou-se com 19 anos e, nesse mesmo ano, entrou como pintor cerâmico na Vestal, fábrica de faiança na Vestiaria, onde trabalhou durante cerca de 22 anos.
Depois de trabalhar para a fábrica de António Libório, saiu para a Aljubal, onde pintou peças ao estilo da louça italiana, até abrir o seu atelier, em 1976.
Num folheto de apresentação da mostra que realizou em Leiria em 1979, constava que as suas peças - moldadas, pintadas e ornamentadas por si - vieram a revalorizar-se com as suas formas tradicionais revestidas de cores harmoniosas e de atributos pitorescos, às vezes imbuídos de um certo barroquismo, num artesanato brilhante e especifico - que vem abrindo caminho aos coleccionadores e a permanecer em arte - natureza, uma reflexidade surpreendente de intuição sensível, relacionada com caudal de persistente trabalho, digno de ser evidenciado.
-Em 1982, foi premiado pelo Banco Pinto & Sotto Mayor, na Ceramex, atribuído a uma saca saloia de retalhos, feita em cerâmica.
-Com a abertura do Centro Comercial Gafa/Alcobaça, criou o seu primeiro salão de exposições e em 1992, mudou-se para a Rua Miguel Bombarda, onde tinha um atelier, dedicado ao artesanato, modelação e pintura das peças.
-Do seu acervo, ressalta uma curiosa roda da vida, finamente modelada e em que são representadas, num grande circulo de barro, as várias fases de uma vida humana desde a sua concepção até à aprendizagem da adolescência; no centro, o amor, rodeado de anjos, simbolizando a pureza.
-João Santos, conquistou o Primeiro Prémio no Concurso de Presépios, promovido pela Câmara Municipal de Porto de Mós e cujos trabalhos estiveram expostos no Museu Municipal daquele concelho até ao dia 15 de janeiro de 1997.
O artesão e artista alcobacense participou naquele concurso com três trabalhos, dois presépios em barro branco vidrado e um presépio em barro vermelho, com o qual viria a conquistar o primeiro prémio, de 50 contos que lhe foram entregues no dia 15 de janeiro de 1997.
Com atelier na Rua Miguel Bombarda, em Alcobaça, João Santos vivia rodeado por muitos dos seus trabalhos desde peças de cerâmica, painéis de azulejo, quadros a óleo, figuras de barro fruto da imaginação criativa e artística. Com um passado assente nas dificuldades e uma firme inclinação para as artes, aos 13 anos encontrou o seu primeiro emprego na Raúl da Bernarda, e mais tarde passou para a Vestal. Até que um dia deixou a fábrica e começou a trabalhar por conta própria numa pequena oficina familiar, em que toda a família se empenhou. Contudo, acabaria por deixar a oficina entregue aos filhos do primeiro casamento e começou a trabalhar como artesão, criando livremente as peças que a imaginação lhe dita.
-A Casa João Santos (junto ao rio Alcoa) vai receber obras para acolher artistas.
Segundo Isabel Fonseca, presidente da União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria, já temos um protocolo com a Associação Cerâmica Criativa Contemporânea Coletivo Três Cês, para garantir que fica aberto todos os dias e dois ceramistas de Alcobaça a trabalhar. Para já, sublinha Isabel Fonseca, iremos dar destaque a este ofício da identidade alcobacense, mas queremos receber todo o tipo de artes: seja pintura, trabalhos com verga ou outros, ao vivo com os artistas, onde o público é convidado a participar na realização de peças, numa interação entre todos, sejam turistas, locais, entidades ou escolas.
Com abertura prevista para março de 2017, a Casa João Santos vai, confia-se, voltar a respirar arte e a inspirar artistas.
Santos, José Acácio dos, vulgo Zé Póvoa, desde novo trabalhou na construção civil, tendo desenvolvido a atividade profissional, principalmente na área de Pataias e Paredes da Vitória, mas também em outros lugares do concelho de Alcobaça e concelhos limítrofes.
Na década de 1960, foi Presidente da Direção da Associação Recreativa Montense, que funcionou durante mais de uma década num barracão/adega gratuitamente cedido pelo Dr. Amílcar Magalhães. No final da década de 1960, a direção adquiriu terreno destinado à construção de uma nova sede, que se veio a concretizar sob a sua presidência. Para a construção da sede, pôs à disposição materiais, maquinaria e ferramentas, para além do seu próprio trabalho. Faltando terminar os acabamentos, começou a funcionar um bar no rés-do-chão, como forma de financiamento da obra que demorou ainda mais alguns anos até estar acabada. Em casa, antes do 25 de Abril, segundo o filho Óscar, pouco se falava de política. Meu pai falava do cuidado a ter com os bufos da PIDE, sem rosto, mas sentia-se a sua presença. Meses mais tarde notei que aqueles que chegaram a ir lá a casa para convencer o meu pai a votar no Marcelo Caetano, coisa que sempre rejeitou, eram agora os mais aguerridos militantes de partidos de esquerda.
Até ao ano de 1974, a sua pequena empresa de tipo familiar, contava com cerca de uma dezena de colaboradores. Após o 25 de Abril de 1974 e com PREC, muita coisa mudou, chegando os seus colaboradores, para além de praticamente não trabalharem e entrarem num espirito de laxismo e desobediência, quererem apropriar-se de tudo o que ele possuía, ferramentas, maquinaria, materiais, etc..
Por via desse facto, e também devido à paralisação quase por completo da atividade económica, a empresa encerrou a atividade.
Em 1976, iniciou atividade na agricultura e na pecuária, com a plantação de macieiras e a construção de uma pecuária.
No ano 1974, após criação do PPD, fez parte do chamado Grupo dos Montes formado por pessoas arrojadas como António Malhó, Firmino Franco, Francisco Catarino, Américo Malhó, e outros. Esteve presente em todos os momentos importantes de luta contra a tentativa de hegemonia comunista, em comícios e manifestações de apoio à democracia. O filho Óscar,com cerca de 12 anos, lembra-se de o acompanhar às sextas feira à noite, à sede do PPD em Alcobaça, onde decorriam animadas.  e muito frequentadas sessões de debate e informação com Gonçalves Sapinho, deputado à Assembleia Constituinte.
A 12 de dezembro de 1976 ocorreram as primeiras eleições autárquicas, sendo José Acácio dos Santos, Póvoa para os vizinhos e amigos, eleito como o primeiro presidente da Junta de Freguesia de Alpedriz, onde Montes se incluía.
Na altura, a sede da Junta funcionava num pequeno espaço de poucos metros quadrados junto ao Largo do Pelourinho, em Alpedriz, pelo que nesse mandato se iniciaram as obras para a construção de edifício. Nesse mandato, 1976 a 1979, apesar da exiguidade de recursos financeiros, foi feita obra, caminhos agrícolas alargados e arranjados, início da construção da rede de abastecimento de água em Alpedriz e Montes, e a referida construção da sede da Junta de Freguesia.
O filho Óscar ajudava-o no trabalho de secretaria da Junta e aos serões a preencher os cadernos eleitorais da freguesia, batendo uma velhinha máquina de escrever.
Nas eleições autárquicas de 12 de dezembro de 1979, voltou a encabeçar a lista pelo PPD, e a ser eleito para mais um mandato. Desta equipa faziam parte como Secretário João de Oliveira Lopes e Tesoureiro Mário Firmino de Sousa.
Em maio de 1981 adoeceu, sendo substituído pelo Secretário.
Faleceu a 18 de setembro de 1981 nos Montes, onde vivia e havia casado, sem completar 49 anos de idade, tendo nascido a 25 de outubro de 1932 em Andam/Juncal.
Do Grupo dos Montes, há a destacar dois nomes, sem desmerecer os demais.
Póvoa, reconhecido pelas qualidades de trabalho e honradez, pela elevada importância que dava à família, pela crença em valores de ordem cívica e social, antes quebrar que torcer, não obstante a sua índole tolerante e moderada.
Firmino Henriques Franco, agricultor de mãos calejadas, que  se impunha pela espontaneidade, coração ao pé da boca, atividade e determinação, incapaz de dar o dito por não dito, sem nunca ter pactuado com bufos ou queixinhas.
-Em 14 de dezembro de 1974, o PPD de Alcobaça, não sem algum nervosismo, fez a sua primeira sessão pública de esclarecimento no Salão da Associação Recreativa dos Montes, com cerca de 600 pessoas a assistir.
-No princípio de 1975, o PPD de Alcobaça (a funcionar por cima do Café Trindade, em prédio gratuitamente cedido pelo Dr. Joaquim Guerra) deparou-se com a necessidade de colocar uma porta chapeada/blindada, que veio a ser oferecida pelos companheiros dos Montes, para defender a entrada da sede.
Leia-se com detalhe Fleming de Oliveira em No Tempo de Soares, Cunhal e Outros e aqui Óscar Santos.

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