NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Apesar de ter nascido na Nazaré,
considero-me alcobacense.
A
Nazaré só a viu nascer, porque a escola primária e o liceu foram feitos em
Alcobaça. Sónia Tavares foi uma aluna normal e nunca imaginou vir ser capa de
um CD de um grupo de música. Completamente
longe de vir a pertencer ao grupo The Gift. Tive a onda dos The Doors, mas
depois passou-me. Ao nível musical estava um pouco fechada.
Filha
única, Sónia Tavares contou a Região de
Cister que o tempo de menina foi
passado praticamente sozinho, embora tivesse amigas que de alguma maneira a
marcaram. O início dos estudos secundários surgiram, e Sónia foi uma aluna
como as outras. Tive aquelas crises existenciais
como todas as raparigas.
O pai
era uma pessoa muito exigente e que
controlava as coisas de uma forma rígida. Em todas as opções que tomei ele
apoiou-me sempre.
Terminado
o liceu, Sónia Tavares não conseguiu o acesso ao ensino superior. Também aqui, segundo ela, houve três professores que me impulsionaram
a continuar os estudos.
O
professor João Fatal, a professora Ilda e o professor Gaspar Vaz, quase que me obrigaram a concorrer para a
Universidade. Achei que deveria dar esse passo importante na minha vida, mas entre o tempo que mediou entre o 12º ano
e o ingresso no ensino superior, acomodei-me
a trabalhar num bar e a vontade de estudar já não era muita.
Como
vocalista dos The Gift, entende que quando o grupo atua no estrangeiro não se
faz questão em fazer referência que são todos de Alcobaça, nós
dizemos que somos de Portugal. Dizer que somos de Alcobaça já seria informação
a mais. Saber onde é Portugal já é bom. O verdadeiro embaixador de Portugal é
graças a Deus o Cristiano Ronaldo.
-Para
além The Gift, Sónia Tavares tem colaborado com diversos músicos e projetos
portugueses, como os Cool Hipnoise
e Rodrigo Leão.
Em
2000, Sónia Tavares e Nuno Gonçalves, participaram em várias apresentações ao
vivo do álbum de Rodrigo, Alma
Mater,
interpretando o tema A Casa,
originalmente de Adriana Calcanhotto.
Participou, nesse ano, numa
das versões de Dama Dada, dos Cool Hipnoise. Em 2001 foi lançado o disco ao vivo Pasión, de Rodrigo Leão. Colaborou em 2004, em três canções do álbum Cinema, de Rodrigo Leão.Menos de um mês após a apresentação do álbum, Fácil de Entender, The Gift conquistaram o Top Nacional de Vendas, sendo ao mesmo tempo um dos singles mais rodados nas rádios nacionais.
-Sónia
Tavares fez parte do Gangue do Parque
que queria assaltar uma loja de frutos secos. Isto é, a vocalista dos The Gift
deu voz à cadela que integrava o leque de personagens do filme de animação. O
filme realizado por Peter Lepeniotis, marcou a estreia das dobragens da
artista, que seguramente está mais habituada a cantar....
-The Gift atuou no
Cineteatro de Alcobaça, a propósito do segundo aniversário da reabertura da
casa, perante centenas de pessoas e recordou temas que o tornam uma das
melhores bandas portuguesas da atualidade. Esta afirmação fora provada em 2005
ao vencer a categoria de Melhor Artista
Português, dos prémios
europeus da música MTV.
-Em dezembro de 2010, Sónia disse em entrevista ao Região de
Cister que o que escrevo tem a ver com o
que se passou, com o que tenho vivido. A minha postura em relação ao mundo não
tem muito a ver com o que escrevo, porque normalmente falo de amor e de outros
sentimentos. É muito o “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”. Posso ser
uma pessoa super firme e forte, mas depois, com o sentimento, vêm-me à cabeça
ideias lamecha, mas não me importo.
Continuando a falar sobre si e a dar-se a conhecer refere
que, dou-me melhor com mulheres do que
homens. Dou-me com quem acho bom e verdadeiro. No outro dia, estava a ler um
artigo numa revista feminina e fiquei espantada. A pessoa que escreveu aquilo
(uma mulher) não deve ter amigas.
Diz
que se dá bem, com pessoas mais velhas e
que os pais apesar da idade são
extremamente liberais, com uma mentalidade muito jovem. Nunca me puseram
barreiras e sempre confiaram em mim. Se calhar é por isso que me faz confusão o
conservadorismo de algumas pessoas. Eu também sou uma conservadora…. em
diversos aspetos.Isto de se fazer uma banda, editar um disco e de fazer
concertos é um processo complicado que exige muito trabalho. No nosso caso, somos
nós que temos todo o trabalho. As outras bandas têm as editoras a fazer esse
serviço. Os Gift vieram alterar um pouco o panorama.
Entende
que em Alcobaça fez-se alguma coisa. Nem
sempre o melhor, é verdade. A zona antiga por exemplo, depois de remodelada
ficou cheia de coisas mal feitas. Por outro lado, as pessoas ainda pensam que
quem está no poder é que sabe tudo. É incrível.
-The
Gift atuou no Concerto Mais Pequeno do
Mundo, organizado pela Rádio Comercial, no dia 31 de janeiro de 2006 no 5
estrelas, Praia d’El Rey Marriot Golf&Beach Resort. A iniciativa da Rádio
Comercial, denominada Os Concertos Mais
Pequenos do Mundo, contemplou 10 casais que ganharam a estadia e o
privilégio de ouvir, em ambiente seletivo e em exclusivo, uma das bandas
melhores do seu (e nosso) tempo, The Gift. Foi na altura um sucesso que a Rádio
Comercial transmitiu para Portugal e para o Mundo, no dia 4 de fevereiro de
2006. Fica para a história da Rádio Comercial e The Gift, a opinião de um dos
felizes contemplados do concurso que definiu a qualidade do concerto mais
pequeno do Mundo …como a mais sensual,
intimista e acolhedora da sua vida.
-Em 2008, Sónia Tavares fez
a capa da edição de Outubro da revista gay portuguesa Com'
Out, com figura andrógina, o Joker.
-Em 2009, fez parte do projeto Hoje, no qual deu voz a fados de Amália Rodrigues, em 2013, integrou como membro do júri o programa de talentos musicais da SIC, Factor X e em 2014 criou o projeto My Vintage Room, uma loja on-line para vender roupa vintage, roupa em segunda mão e acessórios das décadas de 1940, 1950 e 1960.
-Em 2015, The Gift realizou um concerto comemorativo dos 20 anos de carreira, no MEO Arena.
-Sónia foi eleita personalidade feminina d 2015 na categoria Música, pela revista Lux. A vocalista da banda The Gift foi uma das 13 mulheres reconhecidas, deixando para trás, na categoria em que venceu, as fadistas Aldina Duarte e Ana Moura. Já em 2014, a vimeirense Teresa Almeida, campeã mundial de bodyboard (leia-se aqui Teresa Almeida), foi eleita personalidade feminina na área Desporto.
-A Assembleia Municipal de Alcobaça, reunida no dia 10 de setembro de 2009, deliberou aprovar por unanimidade, um voto de louvor aos alcobacenses Nuno Gonçalves, Sónia Tavares e Israel Costa Pereira, extensivo aos demais elementos do grupo, pelo magnífico espetáculo que proporcionaram a milhares de pessoas que se deslocaram a Alcobaça na noite de 30 de agosto de 2009.
Liderado
por Nuno Gonçalves, o projeto apresentou-se no Centro Cultural de Belém no
início de Abril e em pouco tempo tomou de assalto os tops nacionais e
conquistou o seu espaço nas rádios. O músico, rodeou-se de Sónia Tavares ( The
Gift), Nuno Ribeiro (Moonspell) e Paulo Praça (dos Plaza) e apresentou alguns
dos grandes êxitos de Amália Rodrigues com uma sonoridade contemporânea.
No
ano em que se assinala uma década sobre a morte da diva do fado, o álbum Amália Hoje, pôs na boca dos jovens
temas como Gaivota, Fado Português e Foi
Deus. Depois de várias semanas no topo das vendas, o projeto fez-se à
estrada, numa viagem com paragem marcada na terra natal (Alcobaça) dos The
Gift.
Alcobaça
acolhe um grande espetáculo em cada Verão. Em 2007 foi a vez de Gilberto Gil e
em 2008 o Mosteiro serviu de cenário à polémica metamorfose de Luís de Matos,
aqui referida.
O
projeto Amália Hoje teve, no dia 30 de Agosto de 2009, a maior
enchente de sempre num concerto em Alcobaça, estimada em 25 mil pessoas. Uma
fórmula de sucesso (o disco estava
prestes a atingir a dupla platina) explicada não só pelo prestígio da maior
fadista de todos os tempos, mas também pelas personalidades singulares dos
atores. Não se pediu silêncio, vai
cantar-se o fado, antes pediu-se a colaboração do público a marcar o ritmo
com palmas ou mesmo cointerpretando as canções, em especial A Gaivota, tema que se tornou o
cartão-de-visita deste álbum, que pretende assinalar, de forma diferente, os 10
anos da morte da fadista. Afinal, a noite era de pop e época de uma sociedade
de consumo marcada por sons permanentes, gadjets e mensagens instantâneas.
A
jogar em casa, Nuno e Sónia não se cansaram de o sublinhar e mesmo Fernando
Ribeiro, vocalista dos Moonspell e Paulo Praça afirmaram-se alcobacenses
adotivos, correspondendo à forma
hospitaleira como foram recebidos.
Sónia
não esqueceu o pai, que a transportava para todo o lado, e perguntou, no final
de uma canção, se ele também se emocionou.
Mais
adiante, Fernando Ribeiro homenageou o patriarca da família Tavares, envergando
um cachecol azul do seu clube de coração, o Ginásio Clube de Alcobaça.
Taveira, César Augusto Carvalho, nasceu em Alcobaça em 1936, onde
ainda vivem seus familiares, e faleceu em 2010.
César Taveira, foi inicialmente
pintor de cerâmica, que aprendeu nas escolas das fábricas Vestal e Raúl da Bernarda.
Aos 18 anos emigrou para o Brasil, tornando-se aguarelista consagrado e disputado.
Efetuou
exposições em Alcobaça, a última em 2000.
Tem obras espalhadas pelo mundo desde o Brasil, Argentina,
Estados Unidos, Paraguai, França e Moçambique.
Os seus trabalhos entusiasmavam e
eram apreciados quase que com reverência, pelo que existem aguarelas em
casa de alcobacenses.
As recordações dos locais onde
viveu na
juventude (Alcobaça, Porto de Mós, Leiria ou Óbidos), refletem expressivamente a saudade de quem está longe.
Teixeira, Maria
Adelina de Sá, natural
de Penamacor, aos 30 anos com o casamento veio viver para Alcobaça.
Foi a
professora mais idosa (com 88 anos e possuidora de energia inesgotável) da
Universidade Sénior de Alcobaça. Maria Adelina, como gostava de ser chamada,
deu aulas de tricô e crochet (arte
que aprendeu com as irmãs) a dez senhoras.
Ao
longo da vida, sempre desejou dar aulas. Quem
diria que aos 88 anos iria concretizar o meu sonho.
Quando
a Escola Agrícola de Alcobaça passou a dar formação feminina, o diretor daquele
estabelecimento convidou-a para lecionar. Porém, o seu marido, que ali
trabalhava, achou por bem que Maria
Adelina ficasse em casa a tomar conta dos filhos. A verdade, é que não consegui dar-lhe a volta. Gosto de fazer de tudo, desde que as mãos
estejam a produzir.
As
peças de vestuário para bebé eram as suas preferidas. Apesar dos olhos e os ouvidos começarem a falhar,
Maria Adelina nunca se deixou ir abaixo. Nada
me dá mais prazer do que ensinar a minha arte, pois as aulas dão saúde e força.
Sempre
que terminava o ano letivo da Usalcoa, Maria Adelina ficava triste Sinto muito a falta das minhas alunas e
espero que, um dia, uma delas me substitua, mas se Deus me der vida e saúde, cá estarei no próximo ano. É em Deus que deposito a Fé. É Ele que me concede esta força interior que
tanto estimo e preciso.
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