NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Januário, António de Almeida, natural da Póvoa/Coz
foi eleito a 11 de março de 2001 para a Câmara Municipal (Mairie) de La
Croix-Valmer/França aonde residia há cerca de 29 anos, assumindo os Pelouros
das Obras Comunais e Turismo.
Jesus, Maria Cristina
de Sousa Barrela de,
nasceu na Vestiaria a 13
de dezembro de 1944 e conduziu uma viatura Mercedes, na Praça de Táxis em
Alcobaça.
É das
poucas mulheres no País a prestar este serviço. Diz que já perdeu a conta ao número de quilómetros que fez, mas tudo aponta
para que sejam bastante mais de um milhão.
Contou
ao Região de Cister que tudo começou no dia 3 de agosto de 1990, quando o
marido Manuel Almeida de Jesus adoeceu. Deitou-se
bem e acordou mal. A partir desse dia nunca mais foi o mesmo e foi obrigado a
abandonar o que com tanto gosto fazia, contou ao Região de Cister. Depois
de estar internado, regressou a casa. De dia para dia, foi perdendo o
equilíbrio. A taxista acredita que o marido tinha um tumor maligno na cabeça.
Morreu em março de 1992. Só no fim desse ano é que ela se encheu de coragem e
decidiu pôr as mãos ao volante, uma vez de um empregado. Naquela ocasião, havia filas de pessoas junto à Praça de Táxis. Se
fosse agora, não valia a pena ter assumido este trabalho. O trabalho começava ao fim da manhã, salvo
de tiver serviços agendados e, por vezes, prolongava-se até perto das 23 horas,
horário dos últimos autocarros a chegar à Rodoviária de Alcobaça. O valor
mínimo da cobrança eram 3,25 euros. Conhece a região como a palma da sua
mão. Distâncias longas, já não as quer,
nem as faz. Já não tenho idade para grandes aventuras.
Nas
Praças de Táxis, na Rua Alexandre Herculano ou perto da Câmara de Alcobaça,
passam-se horas à espera de cliente. Antes
a venda do lugar na Praça ainda valia alguma coisa, agora ninguém quer isto.
Está uma desgraça, desabafou a viúva, revelando que as revisões à viatura
são sempre caríssimas.
Jorge, João,
nasceu a 2 de dezembro
de 1945, em Santa Catarina/Caldas da Rainha numa família em que era o nono
entre filhos, sendo 8 rapazes.
Em
1956, após terminar a 4ª. Classe, com 11 anos, começou trabalhar na área
comercial e administrativa, na ICEL /Indústria de Cutelarias da Estremadura,
Ld.ª, sita em Ribafria, e em 1960 em horário pós laboral deslocava-se a
Alcobaça, onde na Escola Técnica, frequentou o Curso Industrial que completou.
No
ano da fundação do Externato Cooperativo da Benedita/1964, pediu transferência
para esta Escola, onde à noite, permaneceu durante mais três anos ao mesmo
tempo em que jogava futebol no ABCD, o que localmente lhe acarretou alguma
notoriedade.
Cumpriu
Serviço Militar em 1967, como soldado, sendo pouco depois promovido Furriel
Miliciano.
Em
Outubro de 1970, regressou à ICEL tendo no ano seguinte sido nomeado gerente.
No
ano de 1973 iniciou a internacionalização da marca ICEL, pelo que começou por
visitar a Dinamarca, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia (a vender facas),
aliás sem falar uma palavra de inglês, sendo esta uma marca registada em 42
países contribuindo para o sucesso do Made
in Portugal.
Após
o conturbado período de 1975, ficou como responsável principal da ICEL, que em
1990 se tornou Sociedade Anónima, na qual foi nomeado Presidente do Conselho de
Administração.
Durante
este período, fez também parte dos órgãos sociais da NERLEI /Associação
Empresarial do Distrito de Leiria e da AIMAP (Associação dos Industriais
Metalúrgicos, Metalomecânicas e Afins de Portugal).
-Em
21 de julho de 1995, foi inaugurado o Museu da ICEL, pelo Secretário de Estado
da Indústria, Alves Monteiro.
-A ICEL recebeu do Centro Português de Design
o prémio do Design para Indústria, em 17 de dezembro de 1996.
-O
Presidente da República, Cavaco Silva, visitou a empresa em 2010 e durante essa
visita agraciou-o com a Comenda Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e
Industrial/Classe Industrial, tornando-o assim o 1º. Comendador da Benedita.
Leia-se aqui Cavaco
Silva.
-Em
Janeiro de 2013, por divergências com membros da Administração, abandonou o
cargo e saiu da empresa.
Vive
na Benedita e diz que gostaria de ajudar
outras empresas da zona a internacionalizarem-se com marca própria.
-Realizou-se
nos dias 8 e 9 de dezembro de 1995, a festa dos Bombeiros Voluntários da
Benedita.
A
festa deste ano foi preparada com pompa e circunstância, tanto mais que havia
uma razão forte para isso, que se prendeu com a bênção da ambulância oferecida
pela ICEL, aquando do seu 50º. aniversário.
A
cerimónia começou de manhã com a concentração de bombeiros, público e entidades
convidadas no Adro da Igreja, a que se seguiu uma Missa, após o que as viaturas
e bombeiros desfilaram pelas ruas da Vila até ao local dos festejos, a
ex-Aptus.
A
animação esteve a cargo do Grupo Bico
d’Obra, que agradou ao muito público, até altas da madrugada.
Há
que realçar que a freguesia e freguesias vizinhas contribuíram em dinheiro e
fogaças, para a festa o que atingiu cerca de 3 mil contos.
-Cristina
Rodrigues utilizou facas ICEL numa das obras que expôs em Sevilha, entre 13 de
setembro a 20 de novembro de 2016.
Concebidas
para La Pasion, as obras de arte Ela Não é Flor Que Se Cheire, Slice Me Nice,
Avó, Mãe foram apresentadas pela primeira vez ao público, fazendo-se acompanhar
por outras como Enlightenement, A Fonte da Felicidade, As Vinhas da Ira e A
Manta Amarantina, expostas já no Mosteiro de Alcobaça. As facas da empresa de
cutelarias, servem ainda de imagem do cartaz da exposição, que teve curadoria
de José Lucas Chaves Maza.
Jorge, Luís, nasceu a 2 de julho de 1904 em Ganja
Nova/Santa Catarina, iniciando-se muito novo na cutelaria e na agricultura.
Após
o casamento mudou-se para Ribafria onde se dedicou ao comércio e fundou a
sociedade Luís Jorge, Ld.ª.
Em
1946 (ano da fundação da sociedade), esta adquiriu um motor a gasóleo e um
balancé manual que instalou numa velha casa de habitação de Luís Jorge. Aí
trabalharam doze pessoas (patrões e empregados), que produziam diariamente
cerca de 120 canivetes.
Segundo
Fernando Maurício em 1960, de acordo com o despacho ministerial de 8 de
novembro, a reorganização da indústria de cutelaria será feita pela
concentração das atuais empresas produtoras de artigos de cutelaria,
consideradas em regime de produção industrial, numa só empresa que instalará e
explorará duas novas unidades fabris, a construir especificamente para esse
efeito, uma no concelho de Guimarães e outra no concelho de Alcobaça, em locais
a definir oportunamente, sendo que a unidade a instalar no concelho de Alcobaça
deverá destinar-se, principalmente, à produção de artigos especializados,
nomeadamente os de cutelaria agrícola e cirúrgica, cutelos, machetes, etc.
Assim,
por via deste despacho, deixaram de ser sócios José Jorge, António Serralheiro
e Joaquim Serralheiro.
No
final da década de 1950, Luís Jorge, foi simultaneamente cutileiro, viajante e
administrador e travou uma luta com o Grémio Nacional dos Industriais de Cutelaria
e com o Ministro da Economia, sobre a reorganização e concentração desta
indústria.
Luís
Jorge foi Presidente da Junta de Freguesia entre 1951 a 1959, tendo colaborado
de perto com o Padre Inácio Antunes no desenvolvimento da Benedita,
particularmente na vinda da luz elétrica. Pertenceu à Comissão de Homens da
Igreja Paroquial da Benedita.
-Faleceu
em 10 de junho de 1962.
-Como
reconhecimento e em sua homenagem, foi aprovada em Assembleia de Freguesia da
Benedita, no dia 26 de fevereiro de 2003, a atribuição de uma rua com o seu
nome.
Jorge, Maria José, nasceu a 29 de maio de 1947 em
Goucharia/Benedita.
Licenciada
em História, foi professora do Ensino Secundário no Externato da Benedita e
fundadora da ADESO.
Em
1985 foi a primeira autarca beneditense, eleita
em lista do PSD, a integrar uma Junta de Freguesia. Fez parte de uma comissão
para criação da ANAFRE e da
Assembleia Municipal de Alcobaça em 1989.
Pertenceu
à Direção da REMA-Benedita/Rede das Mulheres Autarcas-Núcleo da Benedita.
Pessoa
afável e estimada, encontra-se reformada do ensino.
Júlio, João Campos, nasceu a 24 de junho de 1940 em Mendalvo, à hora da missa da festa de São João (daqui decorre o seu nome de João), no
seio de uma família de agricultores medianos que trabalhavam por conta própria
em fazendas, onde se produzia um pouco de tudo.
Ingressou
na Escola Primária em Valbom, tendo como professora Berta Fróis de Almeida.
Começou a trabalhar aos 11 anos como marçano no estabelecimento de Ernesto
Laurentino, em Alcobaça (estabelecimento de tecidos a metro. malhas e
camisaria) e aí ficou por quatro anos, até ir para a casa de José Bento da
Silva, na Rua Alexandre Herculano, por cerca de 2 anos.
Como
seus pais se mudaram para a zona de Caldas da Rainha, tendo comprado um casal
com cerca de 55.000 m2 de terreno, por ser solteiro e com eles ainda se
encontrar a viver, foi para lá trabalhar, também no comércio, e ganhar para
ficar isento de ir cumprir o Serviço Militar, como aconteceu. Tendo o irmão
Manuel adquirido o estabelecimento do Brás, ao lado do atual Café Portugal, que
havia falido, desafiou-o a trabalharem em conjunto, dando origem em 1964 a
Model-Campos e Irmão, Ld.ª que esteve em
atividade até 2008.
João
Campos Júlio, cofundou em 1976, a ACSIA/Associação de Comerciantes de Alcobaça,
da qual foi o primeiro Presidente, e onde exerceu vários mandatos sucessivos.
Fez também parte de outros órgãos sociais da ACSIA.
-Hoje
em dia, faz os passeios possíveis, dedica-se à família e à bricolage doméstica,
reconhecendo-se aqui como um profissional,
pois tem quase todo o material necessário
-É
sócio correspondente do Benfica, embora vá pouco ao Estádio da Luz.
Júnior, José Ferreira, natural de Gândara dos Olivais, nasceu a 30 de novembro de
1928, licenciou-se em Medicina com a especialidade em pneumologia.
Exerceu
a Medicina durante 60 anos em Leiria, onde tinha consultório e era reconhecido,
tanto pela atividade profissional, como pelo trato pessoal.
Foi
candidato pela CEUD em 1969, tendo sido então preso pela PIDE, pela sua luta
oposicionista. Depois do 25 de Abril, Ferreira Júnior foi urn dos fundadores do
Partido Popular Democrático, numa reunião realizada na Curia, onde participararn
cerca 26 pessoas. Foi também através da sua iniciativa, conjuntamente com
Oliveira Dias e outros social-democratas (sem esquecer os de Alcobaça) que foi
implantado com sucesso e credibilidade o PPD, no Distrito de Leiria. Figura de
referência, foi Deputado pelo Círculo de Leiria à Assembleia Constituinte,
eleito em lista do PPD que encabeçou e Deputado, na Primeira Legislatura, no
período de 1976 a 1980.
Ferreira
Júnior veio por várias vezes a Alcobaça colaborar em iniciativas da secção
local do PPD. Em 7 de Fevereiro de 1975 no Cineteatro de Alcobaça, cheio e com
boa e animada presença da JSD, o PPD fez a sua apresentação em Alcobaça depois
de a ter feito em Montes e Benedita. Usaram da palavra Oliveira Dias, Ferreira
Júnior, Gonçalves Sapinho, Firmino Franco, Silva Carvalho e Fleming de
Oliveira.
Ferreira
Júnior tinha estado presente na inauguração da sede da secção de Alcobaça do
PPD, instalada durante vários anos por cima do Café Trindade, em espaço
emprestado pelo Dr. Joaquim Guerra, depois de ter sido instalada uma porta anti
bomba oferecida pelo Grupo dos Montes, que também havia arranjara o mobiliário
oferecido por uma empresa de Pataias (Sofámovel).
Justiça, Alfredo
Manuel Gomes,
natural de S. Martinho do
Porto, foi desenhador/projetista, tendo trabalhado com um gabinete de Lisboa.
Muito
ativo na defesa dos interesses da sua terra, especialmente na vertente do
urbanismo e ambiente (não evitava, se necessário, conflitos com a Câmara
Municipal de Alcobaça), pertenceu à Direção dos Bombeiros e foi por duas vezes
Primeiro Secretário da Assembleia de Freguesia, nos mandatos de Carlos Saudade
e Silva de 1983 a 1986 e de 1986 a 1990, enquanto Presidente. Alfredo Justiça
foi ainda Presidente da Assembleia de Freguesia no mandato de 1990 a 1994,
tendo como 1º. Secretário Manuel Eduardo da Silva Pina e 2º. Secretário José
Pires Pradiante.
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