terça-feira, 22 de janeiro de 2019


NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


Sousa, Manuel Pedro de, nasceu a 1 de Agosto 1956, em Portela do Pereiro, no seio de uma família humilde e com poucos recursos. Dadas dificuldades que se iam agravando consoante o crescimento da família, começou a trabalhar aos 13 anos numa pedreira, como cabouqueiro.
De regresso da vida militar, casou com Adozinda Francelina Martins de Sousa em 1978, com quem teve 5 filhos. Com o passar do tempo, iniciou um projeto por conta própria, começando por fazer extração de pedra rústica e a entrega a particulares. Não foi só a família que cresceu ao longo de 15 anos, mas também o negócio no mundo da pedra, pois foi vendedor de pedra rústica e calçada. De empresário modesto, registado em nome individual, com apenas 4ª classe de escolaridade e lutador, tinha a ambição de crescer e desenvolve-se. Em 1996 criou a Manuel Pedro de Sousa e Filhos Lda., com sede em Casal da Charneca, já com os 4 filhos e a última filha a caminho. Dois anos depois, teve a sua primeira grande obra, a EXPO98, em que executou 500.000m2 em 660 dias, aproximadamente com 130 calceteiros a laborar de noite e dia. Entre 1996-2008, trabalhou essencialmente para grandes empresas a nível nacional, com a aplicação de calçada e arranjos exteriores. Entre 2009 até ao presente, tem-se dedicado a obras públicas, essencialmente à requalificação urbana de cidades portuguesas. São quase 40 anos de empresário, nos quais, adquiriu equipamentos, contratou pessoal, comprou pedreiras de calçada de vidraço, granito, e de pedras rústicas, a ponto de ter afetos aos quadros da Sociedade mais de 100 trabalhadores.
Atualmente, a existência e o desenvolvimento da sociedade depende de si, da sua mulher e dos 5 filhos que trabalham diariamente, mais os  trabalhadores dos quadros e cerca de 100 subempreiteiros.
-A isto, junta a solidariedade e generosidade pelas instituições de solidariedade e outras entidades de carácter social, nomeadamente local, ajudando sempre que possível em donativos
Sousa Júnior, João, nasceu na Portela do Chamiço, em 1 de abril de 1909.
Sapateiro, aos 19 anos, aventurou-se com uma fábrica de calçado em Lisboa. Após o casamento, mudou-se para Alcobaça, aonde teve uma fábrica de talheres e cutelarias e fundou a Recauchutagem Alcobaça, situada na Rua Frei António Brandão, cuja atividade abrangia a compra e venda de pneus novos e usados nacionais e estrangeiros, arranjos, pneus para calçado e câmara-de-ar.
A sua fama, decorre porém de ter sido sempre gastrónomo, apreciador da boa mesa e bom vinho, frequentando regularmente os mais diversos restaurantes do País, sem desprezar a Taberna do Damásio, em Alcobaça e Taberna do Adelino Talacha, na Benedita.
Não fumador, foi um verdadeiro desportista do copo, possuidor de boa saúde, muito comunicativo e com humor.
Em 1940, foi Presidente da Casa do Povo, da Benedita e em junho de 1961, emigrou com a família para S. Paulo/Brasil.
No Brasil fez tudo menos roubar carteiras, comentava. Construi uma fábrica de adesivos, fui sócio de restaurantes, representante duma fábrica de cerveja (o que para mim se revelou uma agradável atividade). Além do trabalho honrado do dia-a-dia, descobriu uma particularidade raríssima, que lhe granjeou fama e o ser solicitado  para convívios, festas de beneficência e até demonstrações televisivas em vários países do mundo, como o atestam centenas de cartas, fotografias e recortes de jornais do álbum do Joãozinho da Cerveja, como era conhecido.
João Sousa, conseguia beber dois copos de cerveja num segundo, o copo quase não tocava nos lábios e a cerveja desaparecia num ápice, usando uma técnica impressionante, que os olhos mal conseguiam acompanhar. Com facilidade, bebeu num concurso internacional 20 copos num minuto, e numa tarde, sozinho, bebeu um barril de 25 litros de chope, sem se embriagar.
No Brasil, abandonou o consumo de vinho, muito diferente do bom tintol  português, e optou pela cerveja, não a fabricá-la, mas a bebe-la.
Em terras de Vera Cruz há de tudo, menos a boa pinga de Alcobaça, lastimava-se.
A minha alimentação tinha regras, de manhã tomava chá ou café com pão com manteiga, almoçava bem e não jantava. Nunca bebia álcool de manhã, só apenas a partir das 16h.
Com 61 anos tinha 1,75 metros e pesava 85 quilos. Dizia que os alemães, sendo os maiores bebedores de cerveja do mundo, não o conseguiam acompanhar. Esteve presente em concursos de cerveja pelo mundo fora, desde o Oriente à Europa, Américas, inclusive Alasca. Em agosto de 1969, no Japão, num programa de TV chamado Show do Mundo Surpreso, para onde eram convidados os campões do impossível, os japoneses ficaram deslumbrados, saltaram, deram gritos e enormes gargalhadas com a sua exibição.
-Em 1984, após 23 anos de ausência visitou os amigos da Benedita e Alcobaça, perante os quais aindaexibiu os seus dotes, apesar da idade.
Pois, o Joãozinho da Cerveja, mal chegou à terra natal, foi entrevistado por um jornal de Lisboa, manifestando o desejo de visitar uma fábrica de cerveja, o que lhe foi proporcionado pela Sociedade Central de Cervejas, de Vialonga, de que são distribuidores para o Distrito de Leiria, Amâncio Marques dos Santos e Manuel Alberto Tomás Correia, que o convidaram para tal, bem como órgãos de comunicação social do distrito e alguns clientes da zona, proporcionando um agradável convívio e, obviamente, uma demonstração da rapidez do bebedor campeão.
Manuel Alberto Tomás Correia, após breves palavras, fez a entrega de uma caneca de cristal ao campeão para a sua coleção, o Inspetor de Vendas Gamito Ferreira, uma carta da Administração da Sociedade Central de Cervejas de Vialonga, enquanto o administrador da fábrica, Martins Gentil, fez público convite ao homenageado para uma visita à fábrica de Coimbra.
Perguntado se a cerveja faz ou não mal, respondia que depois dos almudes de tinto que bebi em Alcobaça, vim para o Brasil e comecei a tomar muita cerveja. Bebi tanta que daria para movimentar o Rio Alcoa e ainda estou cá.
-Faleceu em S. Paulo, a 23 de fevereiro de 1990.
Sousa, António da Silva e, nasceu em 14 de setembro de 1935 no lugar de Taveiro/ Benedita.
Frequentou o Ensino Primário Elementar da 1.ª à 4.ª classe na Escola Primária da Benedita, entre 1942 e 1946.
De 1946 a 1953, frequentou os Seminários Diocesanos de Santarém e Almada, onde concluiu a preparação académica de base, cursando Humanidades, com especial incidência no latim e grego, língua e literatura portuguesas, história, geografia, francês e outras disciplinas. De 1955 a 1959, prestou serviço militar na Metrópole como enfermeiro miliciano e no Estado Português da Índia como furriel enfermeiro, integrando o Destacamento Sanitário do Batalhão de Caçadores Além-Douro.
De 1976 a 1998, residiu em Alcobaça, pois trabalhava na respetiva estação dos CTT. Entre 1961 e 1992, trabalhou nos CTT como técnico de exploração em estações da Estremadura, Ribatejo e Alentejo, desempenhando funções, umas vezes de chefia, outras de coadjuvante, em três das grandes áreas das comunicações, correios, telegramas e telefones. Em 1992, cessou a atividade profissional, beneficiando de reforma antecipada e em 1998 regressou em definitivo à Benedita natal. Conforme uma especial apetência pela leitura e pela escrita que lhe vem desde os tempos do seminário, tem vindo a dedicar-se à investigação e recolha das origens da sua terra, da vida e da alma de seus antepassados, bem como à permanência e à influência da Abadia de Alcobaça. Em 2007 publicou o livro Benedita a Terra e a Gente sobre a sua terra e o seu povo e em diversas ocasiões, tem efetuado colaborações na imprensa regional.
É autor de revistas culturais de divulgação da Freguesia de Benedita.

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