NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Lameiras de
Figueiredo, João Henrique Lacerda, licenciado em Medicina em 1934, na
Faculdade de Medicina de Lisboa, durante quase cinquenta anos exerceu clínica
médica no seu consultório, sito no Rossio de Alcobaça, no 1º. andar do prédio
que faz esquina para a Rua Alexandre Herculano.
Habilitado
em Hidrologia Médica pela Faculdade de Medicina de Coimbra, foi diretor clínico
das Termas da Piedade.
Seguindo
a tradição republicana da família paterna foi, desde a juventude, opositor do
Estado Novo. Lameiras de Figueiredo foi um autêntico sacerdote da Medicina.
Pelo consultório passaram centenas de doentes pobres a quem nada cobrou,
milhares de crianças do Jardim-Escola foram por si vistas. Era um verdadeiro
amigo de toda a gente, adepto do Ginásio e do Benfica.
Em
1933, ainda estudante de Medicina, foi diretor dol A Voz de Alcobaça – Semanário Republicano.
Nos
primeiros números da série II desse jornal, iniciada após a Revolução de 25 de
Abril de 1974, figurou como seu diretor interino.
Em 2
de janeiro de 1946 tomaram posse, no meio de grande expectativa quanto ao desempenho do seu múnus, os membros da
nova Câmara Municipal de Alcobaça,
constituída por José Nascimento e Sousa, Presidente ultra conservador, João
d’Oliva Monteiro, João Lameiras de Figueiredo, reconhecidos em Alcobaça como
republicanos e oposicionistas, Joaquim Ferreira Gomes e Carlos de Oliveira.
Esta equipe durou cerca de um ano.
Como
surgiu este acontecimento extraordinário, em que a oposição entrou na vereação,
e que ainda hoje é recordado? Leia-se aqui José Nascimento e Sousa.
-Após
25 de Abril de 1974, Lameiras de Figueiredo foi escolhido em assembleia popular Presidente da Comissão
Administrativa da Câmara Municipal, cargo que não chegou a exercer por ter
manifestado indisponibilidade.
Em
1946, foi um dos fundadores e 1º.
Presidente da Direção do Ginásio Clube de Alcobaça.
A Câmara Municipal de Alcobaça
prestou-lhe homenagem pública, ainda em vida, dando o seu nome ao parque
desportivo em que se situam os campos de ténis municipais. Lameiras de
Figueiredo foi de facto um assíduo jogador de ténis. JERO recorda que Eduardo
Coelho Semião, apanhou muitas vezes
bolas de ténis no campo para o Dr. João Lameiras de Figueiredo.
Após
a morte, a Câmara Municipal de Alcobaça voltou a homenageá-lo ao atribuir o seu
nome à Avenida que liga a Praça João de Deus Ramos à Avenida Prof. Eng. Joaquim
Vieira Natividade.
Ficou
em Alcobaça, mas poderia ter seguido a carreira académica, aliás, chegou a
recusar uma bolsa de investigação científica na Alemanha.
A carreira
profissional e pessoal foi pautada pela seriedade, honestidade e comportamento
ético. Democrata e republicano, foi perseguido pelo regime que, embora o
respeitasse, via nele, uma pessoa com
postura incómoda.
Como
médico, viveu a profissão com espirito de sacrifício e dedicação aos doentes,
com rigor e auto disciplina procurando atualizar-se.
Quando
o Hospital de Alcobaça comemorou os 100 anos de existência, numa cerimónia com
a presença do Ministro da Saúde, Arlindo de Carvalho, foi descerrada uma lápide
que homenageava alguns ilustres médicos que por lá trabalharam, Francisco B.
Pereira Zagalo, José Barreto Perdigão, António de Sousa Neves, João José Ferro,
José do Nascimento e Sousa, Domingues Pereira Arinto, João Lameiras de
Figueiredo, Henrique Trindade Ferreira, José Nunes Franco, Francisco Monteiro
Barbosa e João D’Oliva Monteiro.
-O
seu exemplo não foi em vão e muitos colegas, ainda o têm como referência.
-Nasceu
em Alcobaça em 22 de fevereiro de 1912 e aí faleceu em 8 de março de 1984.
Lameiras, José, nasceu
em Carris de Évora, a 15 de dezembro de 1920.
Começou
a trabalhar a apascentar gado aos 17 anos, na Serra de Aire e Candeeiros,
juntamente com Josefina, futura esposa, tendo-se casado a 1 de novembro de
1939.
Em
breve, e sem estudos, começou a denotar capacidade de iniciativa e inovação ao
instalar na cobertura da casa,0 um moinho de ferro para produção de energia
eólica. Com este processo, pode abastecer a habitação e parte da via pública,
além de permitir girar as mós para fabrico de farinha.
Em
1954, adquiriu em Alcobaça terrenos no Lameirão e com a ajuda de técnicos criou
entre a Levadinha e o Rio Alcoa, um sistema apto a eliminar inundações, foco de
poluição e de risco de saúde pública.
Construiu
a primeira fábrica de óleos junto à Levadinha, pois necessitava de 80 mil
litros de água/hora para arrefecimento dos equipamentos.
Em
1960, construiu uma segunda fábrica, em Coimbra, e dois anos depois alargou a
atividade a Vila Velha de Rodão, sendo que em 1965 comprou uma outra fábrica em
Santarém.
No
ano de 1975, abriu em Montemor-o-Novo a maior fábrica de bagaço do País, que
produzia 300 toneladas de bagaço de azeitona por dia, projetada pelo filho Adão
Lameiras e utilizando máquinas
produzidas exclusivamente em Alcobaça.
Sempre
insatisfeito, veio em 1985, a comprar mais uma fábrica de bagaço, em Amarante.
Além
de industrial Lameiras foi pomicultor, produtor de carne bovina e suína, e
dirigente da Cooperativa Agrícola de Alcobaça.
Sendo
muito forte a sua ligação à comunidade cabo-verdiana desde a década de 1970, a
quem deu trabalho e apoio, esta uniu-se para dar nome de José Lameiras a uma
avenida da cidade, pelo que veio a ser efetuado esse pedido, em junho de 2012,
à Junta de Freguesia de Évora de Alcobaça, com conhecimento à Câmara Municipal.
Os
proponentes alegaram que foi graças a José Lameiras quem, depois de chegarem de
Cabo Verde, se puderam instalar em Alcobaça e trabalhar nas fábricas da EOBAL
(Alcobaça, Coimbra, Vila Velha de Rodão, Santarém, Montemor-o-Novo e Amarante)
e Agro-fruta (Benedita).
Laureano, António
Libório, depois de
algumas obras, procedeu à reabertura em 21 de maio de 1998 do Café Restaurante Trindade, de que é
proprietário (reformado) e que explora com a Mulher.
Outros
cafés foram durante anos, pontos de referência a nível local e mesmo regional,
lembrados como as loiças de faiança artística compradas como recordações por
turistas que utilizavam a antiga Porto-Lisboa.
Na
travessa Bernardo Vila Nova, existe a Adega
Típica A Mãe, nome com que Mário Alberto Santos homenageou a mãe que
trabalhou ali muitos anos com o marido, embora seja vulgarmente conhecida como
a Taberna do Alberto.
O Café Portugal, nasceu por alturas de
1965 por obra de Afonso Justino, aliás excelente pintor cerâmico e de José
Gonçalves da Silva. O projeto deste espaço foi entregue ao Arquiteto António
Aurélio e desde então tem tido vários proprietários.
O Restaurante Frei Bernardo está desde
1987 sob a gerência de Maria Ilda e marido que o adquiriram a Odete e Luís
Comprido. Dedica-se muito a casamentos, batizados, grupos de excursões,
jantares comemorativos, sendo da autoria do pintor Luciano Santos algumas das
obras ali efetuadas.
-O Café Trindade foi inaugurado em 1924,
embora o seu restaurante, em breve famoso, tivesse sido aberto pouco tempo
depois.
Foi
seu primeiro proprietário, Alfredo Pereira Trindade.
Por
alturas da II Guerra, entidades como o ACP e outras, ligadas ao automobilismo
recomendavam este restaurante aos turistas.
Em
1971, José Calado, Luís Henriques da Silva, António Libório Laureano e Manuel
da Silva Carvalho assumiram o estabelecimento a Magalhães, Pereira e Guerra.
António Barbosa Guerra saiu da sociedade
em 1975, Luís da Silva em 1990 (indo abrir O Telheiro) e em 1976 faleceu José
Calado. Hoje pertence apenas a António Laureano.
-A
remodelação, demorou um mês e representou seguindo o próprio referiu um
investimento de 30 mil contos, parcialmente financiados pelo PROCOM, projeto de urbanismo comercial
de comércio da zona histórica de Alcobaça. O restaurante passou a apresentar uma
nova imagem interior e as salas, então, inauguradas apresentam novo pavimento,
mesas e cadeiras, espelhos e maquinaria.
Com
tradição quase secular na gastronomia alcobacense, o Restaurante Trindade já era dado como exemplo de qualidade, em
1932, por António Maria de Oliveira Bello, o célebre crítico Oleboma, que foi ministro de Salazar.
-Maria José Gonçalves
Rodrigues Oliveira, a conhecida D. Zeca, de acordo com O Alcoa, confecionou a
doçaria do restaurante Trindade durante mais de 30 anos. A doceira que eles tinham reformou-se e, na altura, eles souberam que
eu fazia umas tartes de amêndoa muito boas e como estavam aflitos porque não
tinham nada para a sobremesa, vieram-me pedir para eu fazer as tartes,
contou D. Zeca, de 89 anos a O Alcoa. Eu
fi-las e foi um sucesso, de maneira que depois vieram-me pedir se eu tomava
conta dos outros doces, porque não podiam entregar a receita a qualquer pessoa.
Aquilo era um segredo da casa e
perguntaram se eu me comprometia a fazê-los, mas a não dar a receita a ninguém
e eu comprometi-me. Já foram muitos os que tentaram pedir-lhe as receitas. As minhas receitas, dou, agora dos outros,
não; é uma coisa da casa, uma coisa muito antiga, portanto não vou dar.
Para o Restaurante
Trindade, Maria José Oliveira fazia os barretes pastéis de feijão, queijadas do
Bárrio. E fazia umas queijadas de
amêndoa, essas queijadas, eles depois deixaram de as fazer.
Leal, Amadeu Augusto, é natural de
Bismula, Sabugal, onde nasceu em 5 de março de 1951.
Cumpriu
serviço militar na Guiné, nos anos de 1973/1974. Licenciado em História pela
FLUC, iniciou a atividade docente em 1976, no Liceu Rodrigues Lobo, Leiria. Em
1978 foi colocado na Escola Secundária de Alcobaça, hoje Escola D. Inês de
Castro, como professor de História, ali tendo permanecido até 1982.
Depois de um percurso por diversas
escolas do país assentei de vez na Escola Frei Estêvão Martins, em 1986, onde
permaneci até à aposentação.
A
vinda para Alcobaça, e a sua permanência como local de vida, explica-se primeiramente pela procura de um
lugar onde desenvolver a profissão docente. Depois por um sentimento, uma
demanda interna e inconsciente que nos arrasta do interior para o litoral. Para
a aventura de uma vida. No caso presente, com a Nazaré e o mar bem próximo. Da
rudeza dos montes para um espaço mais rico, desenvolvido, junto ao litoral,
como muitos fizeram antes de mim. A facilitar esta vinda, o facto de ter
família muito próxima a trabalhar aqui há alguns anos. Alcobaça por ser um
espaço que correspondia a esse viver e ter um monumento mítico para todos os
portugueses, o mosteiro, ligado a factos importantes da nossa História. Local,
onde todos nos deslocamos na infância e cuja memória fomos conservando. Um
concelho com uma envolvência paisagística notável; equidistante de Coimbra ou
Lisboa. Vim encontrar uma comunidade de beirões com uma vida muito enraizada.
Vivo aqui desde os 27 anos. Aqui me casei, aqui nasceu o filho Pedro. Aqui fiz
sólidas amizades. Passei aqui a parte mais importante da minha vida.
Ao longo de duas décadas, Amadeu Leal
colaborou em vários órgãos da comunicação social, com destaque para o Voz de
Alcobaça e o Público. Entende que a escrita tornou imperiosa a necessidade de
um contato permanente com a realidade local e regional sobretudo nas áreas da
política, economia e cultura com o consequente conhecimento e enriquecimento
pessoal nesses mesmos domínios. As páginas escritas cimentaram a ligação a esta
zona e serviram também para que os alcobacenses espalhados pelo mundo tomassem
conhecimento do que aqui se passava.
Leal da Costa, Fernando Serra,
nasceu em 1959. Maçon, em 2011, foi nomeado Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde Paulo Macedo, tendo acabado por o substituir no efémero cargo de Ministro da Saúde no XX Governo, já em 2015.
Daniel Subtil reclamou no dia 6 de fevereiro de 2015, durante a inauguração da Extensão de Saúde do Vimeiro, mais médicos para garantir a rentabilização do espaço. A cerimónia contou com a presença do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa.
Precisamos de mais médicos para rentabilizar a extensão e para que seja dada a resposta desejada aos utentes, afirmou Daniel Subtil relembrando a luta pela construção do equipamento.
Paulo Inácio referiu que, por vezes, é importante o Governo sair do Terreiro do Paço e conhecer outras realidades para ver como se conseguem construir projetos de entusiasmo e esperança.
Fernando Leal da Costa, elogiando a construção referiu que o Governo está preocupado em melhorar a saúde dos portugueses e aumentar o número de médicos.
Leão Costa, Alexandra Maria de Jesus Marcelino Simões, nasceu a 28 de julho de 1966, filha de
Augusto da Silva Simões (falecido e empresário da construção civil) e Maria
Fernanda de Jesus Marcelino Simões (antiga diretora do Jardim-Escola João de
Deus/Alcobaça).
Terminados
os estudos, em 2 de julho de 1989 começou a trabalhar como educadora até 31 de
agosto de 2006, altura em que assumiu a Direção do Jardim-Escola João de
Deus/Alcobaça até hoje.
Sobre o Jardim Escola João de Deus/Alcobaça,
leia-se Fleming de Oliveira em No Tempo de Reis, Republicanos & Outros e No
Tempo de Salazar, Caetano e Outros e Judite Neves Vasco.
-Por
despacho de 22 de janeiro de 2015, da Ministra da Justiça Paula Teixeira da
Cruz, considerada a remessa ao Conselho Superior da Magistratura, da lista de
candidaturas a juízes sociais para a Comarca de Leiria-Alcobaça, aprovada em
reunião da Câmara Municipal de Alcobaça, Alexandra Maria foi nomeada (aliás
como mais algumas outras pessoas de mérito), juiz social para as causas da competência dos tribunais de
comarca, previsto no n.º 2 do artiº 30.º da Lei Tutelar Educativa e no artº
115.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo.
Leão Costa, João
Pereira, é natural de Paredes, mas vive há muitos anos em Alcobaça,
onde fez a vida profissional e constituiu família.
A 28
de Julho de 1973, tomou posse no Salão Nobre do Governo Civil de Leiria, como
Vice-Presidente da Câmara, substituindo
o Engº Rui Tomás Pereira Marques.
Leia-se Fleming de Oliveira in
No Tempo de Salazar, Caetano e Outros.
Leão Costa, Maria
Antónia Moreira Guimarães,
nasceu a 27 de janeiro de 1940 no Porto.
No
ano letivo de 1961/1962, iniciou uma longa carreira no ensino, sendo colocada
na Escola Industrial e Comercial de Gondomar, seguindo-se a passagem para o
Liceu Nacional de Aveiro e o Liceu Rainha Santa Isabel. Antes de ser colocada
em Alcobaça, o que viria a acontecer no ano letivo de 1967/1968, esta
professora de biologia lecionou, ainda, na Escola Comercial e Industrial D.
Henrique. Depois de ter dado aulas no Externato Alcobacense, Maria Antónia Leão
Costa veria confirmada a sua entrada na Escola Estevão Martins, no ano letivo
de 1968/1969, onde desempenhou, também, funções de diretora.
No
entanto, a sua permanência por terras alcobacenses foi interrompida. Depois de
ter feito um estágio de ensino liceal, no Liceu Nacional de Leiria, regressou,
passando pela Escola Secundária de Alcobaça.
A
Escola D. Pedro I foi a última de uma série de escolas por onde a professora Maria
Antónia espalhou sabedoria.
-Cerca
de 70 professores participaram na festa de homenagem à Prof. Maria Antónia Leão Costa, realizada na sexta-feira dia 24
de setembro de 1999, no Challet Fonte Nova, em Alcobaça.
Após
37 anos de profissão, Maria Antónia L. Costa viu chegar a reforma. Sem querer
deixar passar em claro esse acontecimento, os colegas decidiram prestar-lhe um merecido reconhecimento e não uma
despedida, afirmou um dos organizadores deste reconhecimento.
A professora Maria Antónia é uma
referência, pelo exemplo e dedicação que sempre soube dar aos alunos, garantiu Madalena Marques,
acrescentando que foi sempre uma pessoa
coerente, que nunca deixou de dizer as verdades, doesse a quem doesse.
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