NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Salgueiro, Fernando Vieira, nasceu nos Montes a 27 de abril de 1943
e aí faleceu a 22 de julho de 2013, de doença prolongada e onde se encontra
sepultado.
Fernando
Vieira (como era mais conhecido) foi um criativo muito hábil.
Na
infância, os seus brinquedos eram os mais conseguidos da terra e incluíam, por
via de regra, um dispositivo complementar, da própria lavra, que lhes
simplificava o uso ou permitia novas aplicações. Tal vocação, ditou-lhe a
profissão e a qualidade de desempenho: construiu uma oficina (que o filho Pedro
mantém) onde reparava quase todo o tipo de equipamentos e melhorava outros. Na
cabeça, fervilhavam projetos de novos equipamentos, em correspondência com a
fase etária, de que nem 10% puderam ter concretização.
Iniciou-se
com a reparação de motores e alfaias agrícolas, bem com a venda de motorizadas.
Depois passou para a agricultura e indústria, fabricou calibradores de fruta
quando a agricultura estava em grande expansão. Também desenvolveu trabalhos na
construção de estruturas metálicas (como o cais de recolha de uva da
Cooperativa Agrícola de Alcobaça) e telhados de barracões, destinados a
frigoríficos de fruta em Montes. Com o declínio da agricultura tradicional,
virou-se para a indústria como a cerâmica e terracota, fabricação de moldes e
assistência mecânica às máquinas da região, assim como a assistência a fabricas
de madeiras e de pedra. Além do desenvolvimento do calibrador de maçã que teve
grande sucesso, desenvolveu outras máquinas para a agricultura, preparoui um
carro todo terreno para apanha de fruta e poda, assim como desenvolveu ume
máquina de descasque da casca verde das nozes máquina desenvolvida com base
numa de origem francesa que operava com pregos no interior. Nesta adaptou uma
rede no interior, desenvolvida por si, evitando assim a quebra das nozes em
grande quantidade. Esta máquina ainda é fabricada nos dias de hoje na sua
oficina que continua a trabalhar, propriedade da viúiva e sendo gerida pelo
filho mais velho.
-Criatividade
análoga tinha no futebol (segundo os amigos), com fintas e fintinhas, tipo brinca-na-areia, que desesperava adversários e, por vezes, os da própria equipa, quando a
progressão era frustrante.
Para
as brincadeiras de criança adoptou um grito de guerra que o deliciava, bem como
aos companheiros como Francisco Machado: ao
ataque, ao ataque...fujam, fujam .
-Fez
parte da Junta de Freguesia de Alpedriz de que foi presidente, e um dos
principais responsáveis pela criação da efémera Freguesia de Montes, a cuja
comissão instaladora pertenceu. Aliás,
anos antes da criação da freguesia de Montes, existiu um movimento de recolha
de assinaturas que esmoreceu, mas veio a ser recuperado por Fernando Salgueiro,
ainda sendo Presidente da Junta de Alpedriz, o que não o constrangeu
minimamente.
Salgueiro, João, Presidente da Câmara de Porto de Mós a cumprir o terceiro mandato, eleito em lista
do PS, que não renega as origens, nem o passado político (foi militante do PSD)
diz que tem orgulho em ter participado no
25 de Abril como Oficial do Exército. Com alguma imodéstia que isso possa
representar, no 25 de Abril fiz parte do grupo que ocupou a sede da Legião
Portuguesa e integrei o corpo de proteção ao 1º. de Maio.
Esteve
envolvido no Verão Quente de 1975 no
RI7, no qual teve problemas porque era adjunto do comandante de uma companhia
de intervenção, o qual nunca aparecia ao fim da tarde.
-Foi
João Salgueiro, quem efectuou as prisões dos alcobacenses em 20 de julho de
1975, com ordens do COPCON e mandatos
em branco, mas recusei-me a prender as de
Porto de Mós porque eram quase todos meus amigos. Pedi ao meu comandante para
não me fazer essa maldade e ele teve o bom senso de não me mandar prender os de
Porto de Mós. Quando recebi o mandato de Otelo com a lista das pessoas a serem
presas, liguei a alguns amigos de Porto de Mós para fugirem! Felizmente na
altura não havia escutas telefónicas!
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