NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Gonçalves
Sapinho, José, natural do Sabugal, fixou-se na
Benedita na década de 1960, para dar aulas no Externato Cooperativo, depois de
cumprir o serviço militar nos Açores.
Casou com Maria Adelaide, professora do Ensino
Básico, em 1963, com quem teve três filhos. Frequentou o Seminário do Fundão, experiência que considerou
gratificante, apesar do pouco tempo que lá esteve.
Em
1970, assumiu a direção pedagógica do ECB, que ocupou durante cerca de três
décadas, o qual muito valorizou. Na Benedita, foi cofundador e primeiro Provedor
da Santa Casa da Misericórdia e esteve ligado a diversas associações culturais,
desportivas, recreativas e paroquiais, que acompanhava de perto e muito
atentamente.
Ao
trabalho na educação e no associativismo, Gonçalves Sapinho aliou a intervenção
política. Foi Deputado à Assembleia Constituinte (gostava de dizer que votou a Constituição com lágrimas nos olhos,
porque tinha a perceção que estava a votar a arquitetura da democracia
portuguesa) e à Assembleia da República entre 1976 e 1979 e no ano de 1996,
Presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça entre 1976 e 1979 sucedendo a
Vasco da Gama Fernandes (Presidente da Assembleia da República) que se demitiu,
Membro e Presidente da Assembleia de Freguesia da Benedita, fundador e primeiro
presidente dos Conselhos Diretivos da ANAVIL /Associação Nacional de Vilas Não
Sede de Município e da ANAFRE/Associação Nacional de Freguesias, que teve
durante anos a sede na Benedita, apoiante da candidatura presidencial de Maria
de Lurdes Pintassilgo.
Em
1997, regressado ao PSD, de quem se havia desligado e com quem nem sempre teve fácil relacionamento, Gonçalves Sapinho
foi eleito Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, vencendo Miguel Guerra,
enfraquecido e doente, função que exerceu durante três mandatos consecutivos. PS e PSD reeditaram nestas eleições o empate das
primeiras eleições, com 127 presidências de câmara cada, mas ainda com ligeira
vantagem para os socialistas, que mantiveram Lisboa, em coligação com a CDU e a
UDP. A coligação comunista, CDU, começou a perder terreno no Alentejo e recuou
para as 41 presidências de câmara. Mas a maior queda foi do CDS, que segurou
apenas a presidência em oito municípios. O PPM voltou à presidência do único
município que antes detinha: Ribeira de Pena.
Em 2001, foi tempo de vitória absoluta do PSD (Alcobaça
incluída) que levou à demissão do Primeiro-ministro António Guterres, com o
discurso do pântano, proferido em
plena noite eleitoral. A derrota dos socialistas saldou-se pela perda de
municípios como Lisboa, Porto, Coimbra e Faro. A vitória do PSD abriu caminho a
Durão Barroso, que três meses depois chegou à liderança do Governo. Os social-democratas
conquistaram a presidência de 157 municípios (15 em coligação com o CDS),
enquanto os socialistas se quedaram pelos 113. A CDU passou a ter apenas 28
presidentes de câmara e o CDS quase desapareceu do mapa autárquico, com apenas
três municípios. Foi nestas eleições que, pela primeira vez, se candidataram
grupos de independentes, tendo conquistado três câmaras.
Reeleito
em 2005 com maioria absoluta (e pela última vez), na muito concorrida tomada de
posse em 28 de outubro, na Sala do Refeitório do Mosteiro de Alcobaça, Sapinho anunciou
que espera uma política construtiva e
propostas viáveis e exequíveis da oposição, e sobretudo, espera lealdade. Para o autarca, não temos todos que estar de acordo mas
temos de ser leais. Mais referiu ser gratificante,
mesmo visto sob a óptica da humildade, e sem arrogâncias, receber o apoio,
significativamente acrescido, dos cidadãos eleitores, em termos absolutos e
relativos, ganhar claramente em 17 das 18 freguesias, nas quais se inclui a
freguesia de Alcobaça, aumentar o número de vereadores no Executivo municipal e
de representantes na Assembleia Municipal. Julgo ser rigoroso se interpretar
este amplo apoio como um sinal claro de confiança, de reconhecimento pelas
respostas adequadas a cada eixo natural de desenvolvimento, pelo que foi
executado, iniciado ou planificado, pelas obras estruturais e estruturantes e
pela forma como foram assegurados os meios financeiros.
Gonçalves
Sapinho alertou que irá fechar os ouvidos
e a boca ao disse-que-disse, ao boato, à notícia envenenada, condição para
decidir sem condicionalismos e com serenidade. Quem se sente condicionado para
tomar decisões não pode, não deve, assumir estes cargos. Vamos ser dialogantes,
mas não vamos empatar decisões sob a capa e em nome de um diálogo serôdio.
Gonçalves
Sapinho referiu mais que se o Mosteiro de
Alcobaça é a joia da coroa, também temos de colocar em agenda o Convento de
Coz, o castelo e os museus do concelho.
Em
2009, o PSD anunciou que Sapinho não se iria recandidatar, por motivos de
saúde. As eleições confirmaram o Advogado Paulo Inácio, do PSD, ao tempo
Presidente da Assembleia Municipal, como seu sucessor o qual ainda se encontra
(2016) no exercício de funções (2º mandato).
Desde
que abandonou a CMA, Gonçalves Sapinho passou grande parte dos dias em São
Martinho do Porto, onde residia há alguns anos, mantendo como cargos as
Presidências da Mesa da Assembleia Distrital de Leiria do PSD e o Conselho
Fiscal do Instituto Nossa Senhora da Encarnação, que integra o Externato
Cooperativo da Benedita/ECB.
Nasceu
em 28 de agosto de 1938 no Sabugal e faleceu em 9 de setembro de 2011.
O
concelho que durante anos foi a sua casa, foi escolhido para última morada e
nas cerimónias que antecederam o funeral, estiveram presentes centenas de
pessoas. Foi celebrada missa na Igreja Paroquial da Benedita e o corpo ficou em
câmara ardente no Centro Cultural a que deu o nome. No dia seguinte, após uma
homenagem em frente à Câmara Municipal, missa e exéquias fúnebres celebradas no
Mosteiro de Alcobaça, Gonçalves Sapinho foi a sepultar em São Martinho do
Porto.
-Obviamente que não teve unanimidade
nas decisões que tomou ao longo dos seus três mandatos e foi alvo de críticas.
Muitos alcobacenses continuam a não apreciar as alterações feitas pela
requalificação urbana de 2005 e não esquecem o antigo jardim frente ao
Mosteiro, que foi suprimido e substituído por um terreiro tido como próprio de
uma abadia cisterciense.
Também o investimento em 2008 na compra
da Quinta da Serra para a Área de Localização Empresarial da Benedita por 5,5
milhões de euros foi alvo de muitas críticas.
No mesmo ano, o executivo de Gonçalves
Sapinho fez mais um avultado investimento na compra da Quinta da Cela em
Alfeizerão por 3,5 milhões para o novo Hospital do Oeste Norte. Quase nove anos
depois esta propriedade municipal continua sem qualquer rentabilização, sendo
certo que a cidade de Alcobaça e o seu concelho bem precisa de um Hospital novo.
-Gonçalves
Sapinho foi uma personalidade do maior destaque no período pós 25 de Abril em
Alcobaça e região de Leiria.
Gonçalves Sapinho é referido inúmeras
vezes, neste Dicionário.
Goucha,
Fernando Hipólito, nasceu a 2 de abril de 1908 em Alcanena, tendo vindo para
Alcobaça com oito anos, donde aliás era natural a família da mãe.
Fez a
4ª. classe em Alcobaça e começou a trabalhar com o tio Alberto Hipólito,
armazenista de vinhos. Ainda jovem foi tentar a sorte no Brasil, mas ao fim de
três meses, não gostando do ambiente de violência, regressou a Alcobaça indo
trabalhar no Lar Residencial, onde esteve cerca de 20 anos e assumiu, a partir
de certa altura, funções de Tesoureiro, sem prejuízo de manter um part-time no tio Alberto.
Como
não podia ser ao mesmo tempo negociante de vinhos e trabalhar para o Estado,
constituiu uma sociedade com um amigo da Batalha. Quando deixou o Lar
Residencial e por já não haver incompatibilidade de funções, estabeleceu-se em
nome individual, no ramo de vinhos e derivados, atingindo um importante volume
de negócios que manteve até quase à data de falecimento em 21 de janeiro de
1991, no Montepio de Caldas da Rainha.
Nunca
teve filhos e viveu na Avenida João de Deus, onde se encontravam os depósitos
de vinho e escritórios.
Foi Presidente da Direção dos Bombeiros
(fevereiro de 1950) e Vereador da Câmara
Municipal de Alcobaça (antes do 25 de Abril).
Gostava
de contar que um dia escreveu uma carta
ao Prof. Salazar, queixando-se de um auto que a Junta Nacional do Vinho lhe
tinha instaurado, e que reputava injusto. Salazar deu-lhe resposta escrita,
complementada ao fim de algum tempo por uma Lei de Amnistia (que também
abrangia o seu caso
Graça,
Maria de Assunção Oliveira Cristas Machado da, mais conhecida apenas por Assunção
Cristas, nasceu em Luanda a 28 de setembro de
1974.
A a
3ª Conferência Made in Cister:
Fruticultura, promovida pelo semanário Região
de Cister, no dia 6 de setembro de 2015, num pomar do Paúl da Cela, contou
entre os oradores com o presidente da
Associação dos Produtores de Maçã de Alcobaça, o presidente da Cooperativa Agrícola de Alcobaça, representantes da
Cooperfrutas e do Portugal Fresh. A sessão de encerramento
da conferência esteve a cargo da Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção
Cristas, que anunciou a formalização da candidatura do Regadio da Cela a fundos
comunitários.
Esta
iniciativa, que integrou o programa da Festa
da Fruta na Cela, abordou o setor da fruticultura e em especial a Maçã de
Alcobaça que é uma imagem de marca da região e do País. O setor da fruticultura
assume especial relevância nos concelhos de Alcobaça e Nazaré, territórios
utilizados para a agricultura, desde a presença da Ordem de Cister no Mosteiro
de Alcobaça.
Além
da conferência pública, o Região de Cister, anunciou que irá editar uma revista
alusiva ao setor e apresentará um documentário em vídeo sobre a fruticultura.
-Assunção
Cristas e o Secretário de Estado das Florestas Francisco Gomes da Silva
participaram no dia 10 de abril de 2014 numa ação de limpeza da Mata Nacional do Valado de Frades.
A
iniciativa foi promovida pelo Instituto de Conservação da Natureza e das
Florestas no âmbito do projeto Portugal pela Floresta e serviu para Assunção Cristas salientar a importância destas
ações quando o tema dos incêndios
florestais não se encontra na ordem do dia. Trata-se de uma demonstração do trabalho que se pode e deve fazer pela
floresta numa época em que esta não é notícia, essencial para nos prepararmos e
prevenirmos a situações mais difíceis que ocorrerem no Verão.
-O Governo está a avaliar a
possibilidade de instalação de um centro de competências da fruticultura na
Estação Vieira Natividade, em Alcobaça, cenário que recolhe apoio entre os
autarcas do Oeste. Os presidentes dos municípios que integram a OesteCim
reuniram e chegou-se a um consenso de que a Estação Vieira Natividade seria o
local mais apropriado para receber o Centro de Competências, adiantou Paulo Inácio.
O
presidente de Câmara de Alcobaça relembrou que o projeto, que será candidato no
âmbito dos novos fundos comunitários, irá contar com a participação de
empresas, associações e institutos públicos, tendo já sido assinado um
protocolo entre o INIAV e a Universidade de Coimbra para o efeito.
Embora
sem confirmar a sede do Centro de Competências em Alcobaça, após uma visita à
Mata do Vimeiro, Assunção Cristas sublinhou que o importante é encontrar os atores certos e conseguir ter um caderno de
encargos muito claro. Não se está a
criar uma estrutura nova, está-se a potenciar aquilo que são as estruturas e os
recursos das várias entidades, reforçou a Ministra da Agricultura.
Assunção
Cristas salientou, ainda, que o trabalho
desenvolvido na Mata do Vimeiro, que classificou de laboratório vivo, vai ser aproveitado para o centro de
competências do sobreiro, instalado em Coruche.
Para
Daniel Subtil, presidente da Junta do Vimeiro, a visita da ministra vem renovar o que já foi feito para dar vida à mata,
considerando que tem sido feito mais
nestes últimos anos do que anteriormente, uma vez que o espaço esteve ao
abandono durante alguns anos.
-Passos
Coelho, líder da coligação (PSD-CDS) PaF,
para as eleições legislativas de 4 de outubro de 2015 e candidato a
Primeiro-ministro, visitou no dia 28 de setembro de 2015 a empresa de calçado
Sindocal, da Benedita, para conhecer a sua realidade e a condição dos seus 96
trabalhadores. Também esteve presente Assunção Cristas.
Leia-se aqui Pedro Passos Coelho.
-Assunção
Cristas, sucessora de Paulo Portas na liderança do CDS/PP, desde 13 de março de
2016, esteve de visita a Alcobaça no dia 27 de abril de 2016, a convite da
estrutura local do partido para inaugurar a nova sede da Concelhia de Alcobaça,
que se encontra de portas abertas à
comunidade num edifício na rua D. João V, junto ao Mosteiro.
A
líder dos centristas elogiou o esforço da concelhia para aumentar o número de
militantes em Alcobaça. O País tem muito
trabalho pela frente para conseguir crescer e só com o contributo de todos é
que isso é possível, acrescentou a ex-ministra da Agricultura e Mar do
Governo de Pedro Passos Coelho. A inauguração da nova sede do partido, marca a abertura da campanha do CDS-PP às eleições
autárquicas do ano de 2017. Ainda durante a visita a Alcobaça, Assunção
Cristas visitou as instalações da Goanvi,
central de engarrafamento de bebidas, localizada na Maiorga. A escolha recaiu
sob a empresa dado que foi uma das cinco mil empresas que mais cresceram na
Europa há dois anos e por se tratar de uma empresa classificada como PME Líder.
De acordo com Luís Vieira, administrador do Grupo Parras, que gere a empresa, a
Goanvi faturou, no ano passado, qualquer coisa como 20 milhões de euros e
exporta cerca de 80% da produção. A antiga ministra, muito ligada ao setor
agroalimentar, considera que a empresa é um exemplo de sucesso num mercado
globalizado e competitivo.
-Assunção
Cristas, esteve em Alcobaça em visita particular e fez questão de visitar a
Mostra de Doces e Licores Conventuais2016, no próprio dia da inauguração, 17 de
novembro.
Estes
políticos encontram-se sempre em campanha!!!
Graça,
Rafael Barata Gagliardini,
nasceu na Madeira,
veio para o continente com 5 anos, sendo o segundo de 11 irmãos.
Estudou
e formou-se na Universidade de Medicina, do Porto, com alta classificação.
Depois de ter estado a trabalhar em Lisboa, foi efetuar uma especialização em
Paris. Casado em 1930, fixou residência em Lisboa, aí abriu consultório.
Na
memória de muitos, ainda está presente o sorriso e boa disposição de um homem
que fez muito pela vilae seus habitantes. Era tratado carinhosamente como o Dr. Graça.
Aos
25 anos, Gagliardini Graça foi a São Martinho do Porto passar férias com a
família. Na ocasião, o médico residente da vila, Dr. Acácio, encontrava-se
doente (aliás em breve faleceu) e, ao saber da presença de um colega, pediu-lhe
colaboração. Gagliardini Graça prontificou-se e, desde logo, começou a assistir
os doentes e por lá se veio a fixar.
Era um
tempo em que visitava a cavalo as aldeias vizinhas, na procura de quem
precisava de ajuda. Pouco recebia e por
vezes era em galinhas, ovos, batatas. Sorridente, e bem-disposto, estava
pronto a ajudar. Durante 22 anos, prestou assistência médica gratuita aos
filhos dos militares da 3ª. Região Militar de Tomar, que vinham para a colónia
balnear de São Martinho. Clínica geral e obstetrícia (muitos filhos da terra
nasceram com o seu apoio) foram as suas especialidades durante 30 anos, numa
época em que os meios e instrumentos médicos, eram escassos. Mais tarde,
especializou-se em estomatologia. Teve dois consultórios, um em São Martinho e
outro nas Caldas da Rainha. O tempo
livre, era dividido entre Salir do Porto, Vale de Maceira, Casal Pardo, Serra
da Pescaria, e toda a freguesia de São Martinho do Porto.
Pelo
espírito solidário e benemerente, foi condecorado com o Grau de Oficial da Ordem de Benemerência, presidente da Assembleia
Geral dos Bombeiros Voluntários, delegado de saúde e presidente da Junta de
Turismo de São Martinho.
Entre
1976 e 1977, Gagliardini Graça foi secretário de Gonçalves Sapinho, quando este
era presidente da Assembleia Municipal de Alcobaça, no mandato em que sucedeu a
Vasco das Gama Fernandes, que pediu a demissão.
-Faleceu
em 25 de março de 1982. Teve 8 netos, e embora não tenha conhecido o mais novo,
fez o parto do primeiro.
Quis
o destino que não vivesse para além dos 76 anos. Partiu na sequência de um
acidente rodoviário, deixando de luto não só a família e amigos, mas também as
comunidades de São Martinho e Salir do Porto.
Granada
Costa, Maria Judite Isidoro, nas suas próprias palavras esclareceu
que, o ano de 1944 estava no seu início e o mês de janeiro dava os primeiros
passos, quando no dia 12 nasceu. Surpresa talvez para seus pais que gostariam
de ter um rapaz, pois já tinham uma menina com 8 anos. Nasceu em casa como era
hábito nesse tempo. Foi crescendo rodeada de muitos mimos de seus pais, Olívia
Isidoro e Eurico Granada e de sua irmã Julieta Granada. O seu lar era rico em
paz, carinho e muita ternura. O ouro do seu berço era uma forte e
inquebrantável liga de amor. Nascera numa dura época em que a 2ª guerra mundial
continuava a ceifar vidas, mas não se lembra de ter sentido qualquer falta. O
que nessa altura não sabia, também devido à sua
tenra idade, era que para poder
comer um pouco de carne ou pão, sua mãe ou a sua irmã passavam longas horas nas
filas de racionamento, das célebres senhas. Seu pai era comerciante e ganhava
para sustentar a família. Não pode deixar de referir que em sua casa havia
sempre um ou outro animal, encontrado abandonado e socorrido, passando a fazer
parte da família. Com 6 anos de
idade, entrou para a escola primária-Escola Primária Oficial do Asilo da
Infância Desvalida do Dr. Álvaro Possolo e este nome significava que a
essa escola estava agregado um lar de
crianças do sexo feminino que a frequentavam. Situava-se também na rua onde nasceu-Rua
Frei Fortunato.
Gosta de pensar nessa sua primeira
escola, um Livro com muitas páginas e dezenas de histórias. Histórias vividas,
de amizade e companheirismo, de meninas que cresceram juntas, partilharam
sonhos, viveram quimeras. Era o seu pequeno mundo, que se estendia à sua
família e amigos e ía um pouco mais além do lugar onde vivia. Do restante mundo
em constante turbilhão pouco ou nada sabia. Era o tempo em que sem televisão,
as histórias infantis escutadas com os ouvidos encostados ao rádio, faziam
parte do seu imaginário.
Terminou a 4ª classe com dez anos e
ficou em casa tentando, teimosamente, contrariar a vontade de seu pai, que não
queria que ela continuasse a estudar. Ele, seu pai, que era o melhor pai do
mundo, dizia que as meninas deviam aprender a costurar e a bordar, duas “coisas”
que ela abominava (sem ofensa para ninguém). Com o apoio de sua mãe e irmã
conseguiu convencê-lo e inscrever-se na Escola Técnica de Alcobaça, onde fez o
Ciclo Preparatório. Foi depois estudar para Leiria e como seu pai era
comerciante, como já foi referido, resolveram inscrevê-la no curso Geral do
Comércio. Quando terminou, entrou para o Magistério Primário também em
Leiria-1962, que terminou em 1964. Entretanto, a fim de poder contribuir para o
orçamento familiar, foi dando explicações, como nessa época se dizia. Lembra-se
de ter oferecido à sua mãe uns lindos sapatos comprados com o primeiro dinheiro
que ganhou.
Relembrando a infância e as suas
brincadeiras, lenço-queimado, rodinhas, cabra-cega entre outras, a que mais
gostava era a de brincar às escolas e que lhe permitia ser professora.
Assim acabado o curso teve oportunidade
de realizar, verdadeiramente, o seu sonho, ser professora.
Foi numa escola primária do concelho de
Alcobaça, que durante alguns anos exerceu as suas funções. Apesar das dificuldades,
dados os poucos recursos em materiais didáticos, inexistência de funcionários
auxiliares, de limpeza da escola, entre outros, foram anos inesquecíveis. As
suas alunas, cerca de 40, foram as primeiras flores do seu jardim, que foi
crescendo em múltiplos matizes e doces aromas.
Por motivos pessoais, casamento, mudou
para Lisboa em 1972, vivenciando então, as experiências de uma grande cidade:
transportes apinhados, longas distâncias de casa à escola, filas de carros
quase parados, gente correndo sempre apressada, sempre cansada. Por outro lado
existia um sem número de opções apelativas e difíceis de selecionar,
espetáculos, cinema, exposições de arte, conferências, museus.
Teve a grande oportunidade de se
matricular no curso de História da
Faculdade de Letras de Lisboa, em 1975, que terminou em 1979. Mais um
sonho que se tornou realidade.
Continuou a dar aulas, agora no ensino
secundário lecionando a disciplina de História.
Na Escola Secundária da Damaia onde
exerceu durante dez anos, fez uma profissionalização em exercício de dois anos.
Lecionou em mais duas escolas e nos últimos onze anos de serviço, fixou-se em
Massamá na Escola Secundária Stuart Carvalhais, de onde passou à aposentação.
Os seus alunos eram para si, em
primeiro lugar pessoas a quem devia todo o respeito. Só respeitando seremos
respeitados. Empenhou-se numa prática pedagógica apontada para o sucesso dos
alunos, como a melhor forma de realização profissional, tendo sempre presente a
falibilidade do seu ser, como pessoa, mas a certeza de que quando a nossa vida
é pautada pelo amor ao próximo, as dificuldades transformam-se em
vitórias.
Em inícios da década de oitenta, fundou
juntamente com outros professores a Associação Portuguesa de Professores
Cristãos Evangélicos, sem qualquer fim lucrativo, tendo como objetivo a
formação de professores numa vertente pedagógico/cristã, condição relevante na
transmissão de valores e na formação dos jovens.
Abraçou o Cristianismo por convicção e
fé depois de uma real experiência com Jesus.
É membro da Igreja Evangélica Batista
de Alcobaça, onde colabora, integrando um grupo de crentes, na orientação de
Estudos Bíblicos, “que lhe tem permitido fortalecer a sua caminhada com Deus”.
Em regime de voluntariado, durante 20
anos, exerceu cargos no corpo diretivo da Fundação Vida Nova, instituição
fundada pela Igreja Batista de Alcobaça e vocacionada para o ensino de
crianças, desde o Berçário até às Atividades de Tempos Livres.
Apoiou, também em regime de voluntariado, uma instituição de proteção a crianças, no concelho de Sintra e
mais recentemente assistência a idosos, como voluntária do Coração Amarelo.
Colabora desde 2012 com a Universidade
Sénior de Alcobaça, onde leciona a disciplina de História.
Convívio familiar, convívio com os
amigos, a ternura dos seus três gatos, a companhia de muitos livros, são
condições imprescindíveis no dia-a-dia da sua vivência física.
Em todo o seu o percurso, que continua
a gostar de recordar, passaram apenas alguns dias,meses,anos?
A palavra-chave da sua vida:
Granada,
Eurico dos Santos, nasceu na Pederneira a 11 de janeiro de
1910, tendo ido, com poucos meses para Figueiró dos Vinhos, com os pais.
A
convite de José Malhoa, seu pai foi trabalhar para a vila, como artífice do
ferro. Aos 9 anos ficou órfão de pai, tendo por isso regressado à Nazaré, para
casa dos uns tios paternos, com quem viveu uns anos.
Os
tempos eram duros e por isso, depois de ter completado o ensino primário, veio
com 14 anos trabalhar para Alcobaça, iniciando
carreira comercial como empregado na firma João Ferreira da Silva. Alguns anos mais tarde foi admitido, como
sócio.
Em
1933 casou com Olívia Isidoro, com quem partilhou mais de 60 anos de vida.
Na
década de 1960, abriu com outros comerciantes, o primeiro supermercado em
Alcobaça.
Foi um homem estimado pelos que com ele
privaram, quer pela sua dignidade, quer pelo seu temperamento alegre e
comunicativo. Apelidado de comerciante honesto e embaixador da alegria, percorreu durante anos
como viajante, os concelhos de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós, onde granjeou
amigos.
Era um contador de histórias. Os que
melhor o conheciam, sabiam que muitas vezes era ele o protagonista dessas
peripécias. Ator de
teatro (amador) e declamador, participou em eventos de solidariedade, alguns
destinados a juntar receitas para ajudar pessoas doentes, impedidas de
trabalhar e sem meios de subsistência. Era frequentemente acompanhado nestes
gestos solidários, pela filha mais velha, Julieta Granada, que cantava o fado.
Outras
vezes, visitava a cadeia, levando um pouco de alegria e conforto, aos que
estavam privados da liberdade.
Registe-se
aqui o escrito em O Alcoa, de Orlando Pedrosa: De Eurico Granada se pode dizer ser uma figura popular inconfundível,
possuindo aquela graça natural, que só os eleitos possuem.
Suas
filhas, definem-no como homem de
convicções democráticas, de coração aberto aos outros, abraçou a Fé em Cristo
no final da sua vida. Um pai amoroso e querido, que de todos foi amigo.
Solícito a ajudar, desfeito a desculpar, a confiar desmedido. Recordamos a
ternura do seu olhar, seu ar de dança ao andar. Sempre alegre e a brincar,
disfarçava as agruras, decerto para não chorar. Com ele, a vida era mais doce.
Ensinou-nos, com seu sorriso amável, o valor incalculável do amor e da amizade.
-Faleceu
em 18 de outubro de 1997.
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