sexta-feira, 18 de janeiro de 2019




NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas



Mateus da Silva, Maria Helena, nasceu em 17 de julho de 1943, na Rua Frei Fortunato, muito próximo da Piçarra, numa zona em que pulsava o coração de Alcobaça, um autêntico Centro de Negócios como diz, e onde se encontrava a Agência de Máquinas Singer, explorada pelos pais.
Frequentou o Jardim Escola João de Deus, então junto ao Mosteiro, a Escola Primária do Asilo de Infância Desvalida do Dr. Álvaro Possolo, situada no rés-do-chão do edifício do Visconde Costa Veiga, e o 5º. ano liceal no Externato Alcobacense, no cimo da Rua do Castelo.
Nas décadas de 1950/1960, como Alcobaça não tinha resposta para quem queria continuar estudos, foi trabalhar durante dois anos no Laboratório de Tecnologia de Madeiras, com o Eng.º. Albino de Carvalho.
Nos anos de 1962/1964, concluído em Leiria o Magistério Primário foi lecionar um ano, findo o qual solicitou exoneração, pois queria estudar mais. Assim em Coimbra fez o 7º. Ano de Ciências/alínea F.
De seguida foi para Lisboa, e no Instituto Português de Oncologia foi Secretária Clínica, frequentando à noite o Curso Superior de Turismo no Instituto de Novas Profissões.
Faleceram nessa época, quatro grandes amigos seus, num acidente de automóvel, pelo que não suportando ficar em Lisboa sem eles, voltei para Alcobaça e recomecei a dar aulas numa Escola Primária. Em regime de aulas noturnas, fez o 7º. Ano de Letras, uma vez que a Escola Secundária Dona Inês de Castro abriu essa possibilidade.
Deixou a Escola Primária de Carris, para a convite de colegas e amigos ajudar a criar o CEERIA, onde exerceu durante dois anos de 1977 a 1979. Aqui surgiu-lhe outro desafio, criar mais competências para trabalhar com crianças e jovens deficientes. Para tal de 1979 a 1982, fez a especialização na área da Deficiência Visual, no Instituto Aurélio da Costa Ferreira/Lisboa, tendo sido uma das primeiras professoras do Distrito de Leiria a especializar-se nessa área.
Fez itinerância numa vasta área geográfica, acompanhou alunos cegos e amblíopes até aos dezoito anos de idade, alguns dos quais seguiram para a Universidade e outros para Cursos Técnico- Profissionais.
Obteve a Licenciatura em Educação Especial no ano de 1990, na Escola Superior de Educação de Lisboa.
Convidada pela Direção Regional de Educação do Centro, fez parte dos Serviços da Área Educativa de Leiria-Núcleo de Educação Especial, que geria e criava novas Equipas no Distrito, formando Educadores e Professores dos diferentes graus de ensino de modo a poderem receber alunos deficientes nas suas turmas (entre os anos de 1988 e 1992).
Cursou Psicomotricidade em 1996 na Faculdade de Motricidade Humana, que terminou com um estágio em Paris, no Instituto Superior de Psicomotricidade.
Extintas as equipas de Educação Especial, ficou colocada na Escola do 2º. e 3º. ciclos Frei Estevão Martins, em Alcobaça, onde prestou  serviço como Professora de Apoio, fazendo também itinerância a Escolas onde existem alunos deficientes visuais. Fez também o curso de Musicoterapia.
Aposentou-se no ano de 2001.
Tem vindo a desenvolver relevante trabalho em Terapia de Estimulação Pedagógica e Psicomotora, bem como no âmbito da Grafo motricidade.
É professora (voluntária) na USALCOA, elemento do Grupo de Cavaquinhos Os Farra, do Grupo Coral Cantibaça. Sempre que possível está presente nos Amigos das Letras que no seu dizer, tem sido um bom estímulo para criar textos e diversos tipos de poesia.
Plantou árvores, semeou flores.  
meu refúgio saudável é a Natureza, onde energizo os meus neurónios e encontro maior equilíbrio na simplicidade que me rodeia.
Ultimamente tem envolvido a sua escrita poética, ou não, com os conceitos, os valores e as ferramentas pedagógicas que utilizou na sua profissão. Na sua opinião, é muito agradável brincar com as palavras, apelando à imaginação, sendo este exercício comum a meninos de todos os níveis etários. Faz parte do grupo Amigos das Letras.
Matias, Benvinda, nasceu em 15 de fevereiro de 1906 em Monte Frio, no concelho de Arganil, e reside no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão, há uma década.
Benvinda Matias, poderá ser a mulher mais velha de Portugal. Não há, porém, dados oficiais que permitam chegar a essa conclusão, porque o Instituto Nacional de Estatística apenas contabiliza o número de pessoas que ultrapassaram os 100 anos.
O Lar da Santa Casa da Misericórdia de Alfeizerão, preparou-lhe uma festa no dia 15 de Fevereiro de 2016, em que estiveram presentes os familiares (dois netos, quatro bisnetos e uma nora) e a comunidade da instituição.
Nestes anos vividos, disse que arrependo-me de nunca ter aprendido a ler. A vida foi dura, partilhava o quarto com os nove irmãos e aos sete anos teve o primeiro emprego, ficando encarregue de guardar o gado. Só aos 14 teve um primeiro par de sapatos e, quando se casou, no início da década de 1930, o vestido de noiva foi-lhe emprestado.
A nora, conta que Benvinda chegou a assinar o nome e, há uns anos, antes das cataratas lhe roubarem parte da visão, era capaz de ver/ler as letras gordas da necrologia. Os seus 100 anos de idade foram festejados no Estádio da Luz pois é benfiquista ferrenha, e o filho foi primeiro registado no Benfica e só depois no registo civil.
Depois de passar por dois lares de idosos, Benvinda veio para Alfeizerão em 2013, pelo facto da nora (em casa de quem chegou a viver na terra), ter casa em São Martinho do Porto.
Matias, Fernando Manuel Mateus, de raízes beirãs, nasceu em Lisboa/S. Jorge de Arroios, a 24 de janeiro de 1955.
Diz que do seu casamento resultaram dois filhos, uma rapariga e um rapaz.
Licenciou-se em arquitetura, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1979 e, após inscrição na Ordem dos Arquitetos, começou a exercer como profissional liberal. Foi professor nas escolas preparatórias da Parede e de Nuno Gonçalves, em Lisboa. Foi arquiteto nas Câmaras Municipais de Alcobaça, Ourém, Rio Maior, Vila Franca de Xira e na Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano. De seu rasgo, são vários os projetos em Portugal. Além da  arquitetura, que gosta minimalista e despojada, consagrou muito do seu investimento profissional ao planeamento regional e urbano e, com particular carinho, a intervenções em áreas de património cultural de destaque, designadamente na região de Alcobaça. Deixa-o particularmente satisfeito saber que teve um papel proactivo nas requalificações da cidade, ao longo das duas últimas décadas.  O seu percurso profissional partiu da arquitetura, mas evoluiu substancialmente para o estudo das grandes problemáticas do urbanismo. O Mosteiro de Alcobaça e o nascimento da urbe têm motivado essa trajetória, pois a maior parte da sua vida profissional e pessoal tem decorrido em Alcobaça. Rendeu-se aos encantos de São Martinho do Porto, onde reside.
Entre caminhadas e a jardinagem, não dispensa as viagens, das quais sempre guarda boas memórias gastronómicas dos lugares que visita.
Os irmãos Cohen e os Monty Python são a sua preferência para uma boa tarde no sofá. Isto, se não houver jogo do Benfica, clube do qual é associado desde 1974 e pelo qual nutre uma forte paixão.
Num país de poetas, não aprecia particularmente o género, embora não rejeite um ou outro livro ou autor. Prefere a prosa, sobretudo livros sobre temas históricos ou biografias. Os ensaios também o apaixonam. E, claro, a bibliografia de referência da profissão.
Na música, sente-se seduzido pelo Blues, nas várias vertentes. Aprecia sobretudo guitarristas, como BB King. Também gosta da guitarra portuguesa. Mais que do fado.
Crente em Deus, mas pouco dado a liturgias, considera-se um homem livre e de hábitos sociais salutares.
Tem como ideal político a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado.  Mas tem grande admiração por D. João II, que considera o melhor estadista que Portugal conheceu.
Da sua passagem por Rio Maior ficou a sua ligação ao movimento rotário, através do qual, ainda hoje, exprime parte da sua intervenção social.
Por Alcobaça, nutre um forte afeto que o leva sempre a querer desenvolver novas ideias.                       
Matias, Joaquim, nasceu a 23 de outubro de 1899 e faleceu, aos 82 anos, em 1981.
Depois da morte, parte da sua obra foi continuada pela mulher, Irene Matias, e após o falecimento desta, pelo sobrinho, António Matias.
Natural de Paços de Arcos, foi ali que o Comendador Industrial promoveu várias e importantes obras.
Deve-se a Joaquim Matias a fundação da CIBRA, cimentos brancos de Pataias, mas a sua ação, ao longo da vida, deixou profundas marcas no campo social, pois o homem que começou como aprendiz de canteiro numa oficina, deixou em Pataias, mas também em Paços de Arcos, um legado que espelhou as  preocupações com crianças e os mais necessitados.
A CIBRA instalou-se em Pataias, decidida a tirar partido das vantagens naturais da região.
Na zona de Pataias, Joaquim Matias encontrou as caraterísticas de que necessitava, pois a pedra e as areias apresentam a qualidade necessária ao fabrico de cimento branco e já tinham justificado a fabricação, do único ligante utilizado na construção do Mosteiro de Alcobaça.
Não é exagero dizer que grande parte da vila de Pataias cresceu à sombra da fábrica de cimento, que emprega muita população local.
Matos, Sara Antónia, nasceu em Leiria a 3 de maio de 1978 e cresceu em Alcobaça, filha de um conhecido Advogado, hoje reformado.
Estudou na Escola Secundária D. Pedro I de Alcobaça e praticou natação desde os 7 aos 17 anos, no Clube de Natação de Alcobaça, batendo vários recordes, nomeadamente nos 100 e 200 metros costas.
É licenciada em Escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2001), Mestre em Estudos Curatoriais (2005) e Doutorada com a tese Da Escultura à Espacialidade (2012) pela mesma Universidade. 
Desde 2012, é Diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar, tendo instalado este equipamento museológico de raiz, recebido a coleção de 400 obras aí depositadas pela Fundação do pintor e aberto as portas do museu ao público.
Como comissária independente, desde 2006, destacam-se as exposições: Paisagem interior, no CAM da Fundação Calouste Gulbenkian, Zona Letal, Espaço Vital : obras da Colecção da Caixa Geral de Depósitos, Arquite(x)turas: coleção de fotografia do BES, Khora, Desenhos, Construções e Outros Acidentes, da Fundação Carmona e Costa, entre outras. 
Publica regularmente em catálogos e revistas de arte e é coordenadora editorial da coleção Cadernos do Atelier-Museu Júlio Pomar. 
Faz parte da Direção da Secção Portuguesa da AICA e é membro do CIEBA. 
Como professora convidada, lecionou na Faculdade de Belas-Artes, da Universidade de Lisboa e, entre 2011 e 2014, foi coordenadora e docente do Departamento de Escultura do Arco. 
Salienta que, trabalhar com arte, conceber exposições/ser curadora, dirigir um museu, escrever e publicar livros, etc, é antes de tudo um privilégio. Julgo que este trabalho não se escolhe ou se segue premeditadamente, antes aparece e vai-se abrindo à nossa frente, conforme vamos respondendo a desafios e construindo um percurso próprio. No meu caso houve uma identificação imediata com a escultura e a montagem de exposições, o que fez com que viesse a ser curadora.
Sara Matos, esclarece que decidi vir para Lisboa estudar e permaneci por questões profissionais, dado que na periferia não tinha condições nem estruturas para exercer a especialidade em que me formei e profissionalizei. O que me leva de volta a Alcobaça é sempre a família e a proximidade com o mar.
Diz ainda que aprecia estar com amigos, para um jantar, um café, uma tarde em conjunto, sem recurso a mediações digitais, com tempo para conversar, discutir ideias e partilhar emoções e outras coisas que só são possíveis através da presença física, do estar, e não gosto do barulho e excesso de imagens/informação supérfluas, seja qual for a veículo de mediação (TV, Internet,...). Como lido com muitas imagens diariamente (as imagens da arte, e essas ensinam a ver!), quando chego a casa, por exemplo, tenho necessidade de descansar ou manter os olhos limpos, com paredes brancas e a Tv desligada. O mar tem o mesmo efeito sobre mim: limpar o olhar, para poder ver realmente o que se passa à volta.
Sara Antónia Matos, além das exposições que comissariou no Atelier-Museu desde 2013, já assinou  outras mostras de Júlio Pomar, nomeadamente  na cidade do Porto (a Felicidade em Pomar patente até 21 de Fevereiro de 2016) e na Anadia (O Mundo Habitado, visitável até 30 de Abril) procurando descentralizar os eventos culturais.
Em Alcobaça, fez parte do Conselho de Administração da Fundação Armazém das Artes, onde também participou em exposições como escultora e, no Mosteiro, participou em três exposições coletivas com as instalações: Entre a espada e a parede, Ad Virginem e Pena Suspensa.
-Sara Antónia Matos, a partir de janeiro de 2017, vai passar a ser a  diretora das Galerias Municipais, em Lisboa, substituindo João Mourão.
Sara Antónia Matos,  acumulou este cargo com a gestão dos sete espaços que fazem parte das Galerias Municipais, tutelados pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural.

Mattoso, José João da Conceição Gonçalves, nasceu em Leiria a 22 de janeiro de 1933, é um reputado historiador medievista e professor universitário.
Filho do professor do ensino liceal António Gonçalves Mattoso e sobrinho do pintor Lino António, José Mattoso estudou no Liceu Nacional de Leiria, após o que ingressou na vida religiosa. Durante 20 anos, foi monge da Ordem de São Bento, vivendo na Abadia de Singeverga/Santo Tirso, na Bélgica, e usando o nome de Frei José de Santa Escolástica Mattoso.
Durante esses anos, licenciou-se em História, na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Lovaina, e em 1966, doutorou-se em História Medieval, pela mesma Universidade, com a tese Le Monachisme Ibérique et Cluny: les Monastères du Diocèse de Porto de l'An Mille à 1200.
Em 1970 retornou à vida laica, iniciando uma carreira académica e exercendo várias funções.
Viveu em Timor-Leste, colaborando na recuperação do Arquivo Nacional e no Arquivo da Resistência, e lecionando no Seminário Maior de Díli.
Autor de uma extensa bibliografia, é especialista na História Medieval portuguesa.
Recebeu o Prémio Pessoa, em 1987, o Prémio Internacional de Genealogia Bohüs Szögyeny, em 1991, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (10 de Junho de 1992), e o Troféu Latino (2007).
Desde Maio de 2010, é Presidente do Conselho Científico das Ciências Sociais e Humanidades da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
-O Mosteiro de Alcobaça representa, de certo modo, o marco mais expressivo de identidade estremenha. Esta é a convicção de José Mattoso, historiador e académico natural de Leiria, o convidado de honra do jantar solene que Alcobaça ofereceu aos participantes do 3º Congresso de Leiria e Estremadura, realizado em maio de 1999.
No seu discurso, José Mattoso relacionou a Alcobaça de Cister com a Estremadura de hoje e, com acentuado sentido crítico, alertou para os riscos que a região corre em termos de identidade e de identificação com o seu passado. História, património e economia entrelaçaram-se ao longo de várias pistas de reflexão que o professor foi lançando aos presentes, onde se incluíam muitos dos principais agentes económicos e sociais do distrito.
Porque é que Alcobaça teve um desenvolvimento tão grande?
Porque é que acumulou poder e riqueza?
De que maneira a comunidade usou o que foi juntando?
A resposta a estas e outras perguntas parece-me importante para quem reflete sobre as potencialidades e as carências desta região e para quem pensa que pode encontrar no passado algum valor a preservar no futuro. Parece-me importante, também, para quem acredita que só por meio de empreendimento coletivo é possível responder adequadamente às necessidades reais da Estremadura, referiu, acrescentando que se pode aprender alguma coisa da lição dos monges, memória emblemática de uma realização (…) que valorizou o trabalho, a produção e a inovação técnica (…). O símbolo da superioridade do tempo longo sobre o efêmero, por contraponto à sociedade atual, que não acredita senão no lucro rápido, no consumo pronto, na resposta imediata, no espetáculo fácil, no sucesso de hoje.
Matos, Felisberto dos Santos, nasceu a 16 de agosto 1948 em Pinhel.
Com Licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu de forma intensa a advocacia em Alcobaça, de 1978 a 2013.
Desempenhou outras atividades, como tradutor de francês /português de obras de Lenine e Marx, Professor na Escola do Magistério Primário de Leiria, entre 1975 e 1976 e Oficial Miliciano de 1973 a 1975, encontrando-se em Lagos aquando de 25 de Abril de 1974.
Define-se como ateu, ideologicamente como comunista, política e irremediavelmente de esquerda, embora sem partido.
Entende como muito relevante para a sua formação, a Crise Académica de Coimbra, em 1969.
Na sua Galeria de Heróis, dá especial ênfase ao Pai, Mãe e Irmã, Humberto Delgado, Zeca Afonso, Gandhi, Luther King, Che Guevara, Ho-Chi-Min, Nelson Mandela, Obama e Papa Bento XVI.
Tem como autores de eleição, Luís de Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Zeca Afonso, José Saramago e Gonçalo M. Tavares.
Matos, Luís Manuel Curcialeiro Godinho de, nasceu em Lourenço Marques, a 23 de agosto de 1970.
Bem conhecido a nível nacional e internacional, é o mágico português mais premiado, bem como o mais jovem até hoje a ser distinguido com o The Devant Award, o mais relevante dos troféus atribuídos anualmente pelo centenário The Magic Circle. Em 1995, impressionou os portugueses com uma ilusão de previsão dos números do Totoloto, com uma semana de antecedência.
-O espetáculo de Luís de Matos, na noite de 6 de julho de 2008, anunciado como a maior metamorfose de todos os tempos, gorou a expectativa dos milhares de pessoas que acorreram ao Rossio, esperando ver a imagem do Mosteiro de Alcobaça, momentaneamente, alterada.
Todavia, o ilusionista apenas apresentou um número antigo, que consistiu em libertar-se de uma camisa-de-forças, suspenso de cabeça para baixo, por uma corda a arder, no cimo de uma grua. A arriscada atuação terminou com uma salva de palmas, mas os aplausos rapidamente se transformaram numa vaia monumental, quando o público percebeu que o espetáculo, que não durou mais de 20 minutos, tinha terminado.
Por duas vezes, o artista desceu as escadas do Mosteiro para agradecer ao público, que correspondeu com aplausos durante alguns minutos. Pouco depois, a organização pediu aos convidados VIP para abrir as pequenas caixas distribuídas antes do início do espetáculo, de onde saíram borboletas a voar.
A ideia, explicada pelo ilusionista, era que o efeito do bater de asas de uma borboleta se poderia fazer sentir do outro lado do mundo, mas o efeito fez-se sentir logo na Praça 25 de Abril, após alguns minutos de hesitação do público, que permaneceu no local à espera da continuação do espetáculo. Pouco agradado com o epílogo do truque, sem qualquer relação direta com o Monumento, o público manifestou-se com uma vaia que se prolongou por minutos. Os custos  do espetáculo (180.000Euros), contribuíram para acirrar os ânimos dos muitos presentes. No final, o ilusionista justificou o número apresentado com o facto de ser a última vez  que se predispunha a correr este risco. Luís de Matos manifestou ainda alegria por ter sido escolhido para defender a imagem do Mosteiro de Alcobaça no concurso 7 Maravilhas de Portugal.
Relativamente à expetativa de muitas pessoas de que a maior metamorfose de todos os tempos se aplicaria ao Mosteiro, Luís de Matos assegurou que nunca esteve nos seus planos interagir com o monumento. Acrescentou que a metamorfose começou no século XII, quando a Ordem de Cister decidiu erguer o Mosteiro e que o seu trabalho de metamorfose ocorreu quando conseguiu fazer eleger o Mosteiro de Alcobaça como Maravilha de Portugal.
Gonçalves Sapinho admitiu que o espetáculo foi curto, mas considerou que o número apresentado por Luís de Matos correspondeu às expectativas, revelando um artista bem preparado, de nível mundial. Sapinho não quis revelar o custo do espetáculo (corria que fora de 180.000 Euros como se referiu), mas reconheceu a frustração do público, adiantando que a principal razão da contratação de Luís de Matos foi ajudar a eleger o Mosteiro de Alcobaça como Maravilha de Portugal, o que aconteceu.
Luís de Matos garantiu que nunca estaria disponível para fazer desaparecer o Mosteiro de Alcobaça e que tal ideia não passou de um boato. Em carta à autarquia, afirmou que o erro não esteve naquilo a que as pessoas assistiram, mas sim naquilo que lhes foi transmitido que aconteceria.
Mais tarde, Sapinho assumiu que o espetáculo esteve muito abaixo das expectativas, mostrou-se solidário com o público e anunciou que iria remeter o caso ao gabinete jurídico.
O assunto, nunca devidamente explicado, ficou por aqui. 
E também como normalmente o que fica na memória são as imagens finais, foram os apupos que ficaram na mente dos milhares de espetadores que afluíram ao Rossio de Alcobaça. Terminaram os sons fortes da música ambiente. Apagaram-se os holofotes. O Rossio foi-se esvaziando.
A atmosfera era asfixiante.
Parecia que o colete-de-forças de Luís de Matos flutuava por ali, não vai ser fácil esquece-lo, nem desapertá-lo!
A promessa da maior metamorfose de todos os tempos tinha sido uma desilusão. Tinha terminado da pior maneira uma noite que devia ter sido de festa.
Maurício, Fernando Luís Pereira, nasceu a 22 de Janeiro de 1948 na Benedita aonde reside.
Frequentou cursos na área desportiva, de informática e de saúde, participou em ações de formação para dirigentes desportivos e assuntos relacionados com a comercialização, qualidade e segurança de produtos alimentares. Foi desportista, praticante de ténis de mesa e futebol, tem como habilitações a frequência do primeiro ano do ISEF. Dedica muito do seu tempo à carto filia tendo participado em exposições na região de Alcobaça, Rio Maior e Cadaval. Efetuou apontamentos desportivos na rádio Voz da Benedita. Foi homenageado com a categoria de sócio honorário pela Cooperativa Terras Mágicas das Lendas, Reconhecimento profissional pelo Rotary Club da Benedita, do qual foi presidente.
Publicou três livros entre 1997 e 2002 com o título genérico de Retalhos Desportivos, um sobre Cartofilia-Colecionismo e Memória em 2009 e desde 2006 vinte e oito cadernos culturais da Freguesia da Benedita, abordando vários temas.
Maurício, João Luís Pereira, nasceu na Benedita, em 1949.
Fez a formação académica nas áreas dos Estudos Portugueses e das Humanidades, nas Faculdades de Letras de Coimbra e de Lisboa e no polo de Braga, da Universidade Católica. Licenciado em Língua Portuguesa e História de Portugal – Via Ensino, pela Universidade Aberta, é hoje professor aposentado.
É autor do livro Percurso de um Sonhador – Apontamentos para uma biografia do Padre Dr. Fernando Bernardino Machado Maurício, editado em 2010.
Pereira Maurício é também o autor de Os Sapateiros da Benedita e as suas histórias, onde aborda o quotidiano destes artesãos na primeira parte do século XX, desde a manipulação do calçado até à mecanização dos processos, num livro que o autor dedica à memória dos seus avós, fazendo também uma homenagem aos beneditenses.
Este livro é um claro testemunho de uma época, de uma região, que não tem tido aprofundado tratamento académico, lê-se no prefácio assinado por João Pulquério Antunes de Castro, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior.
Uma tentativa de compreender o passado, a origem e a história dos sapateiros da Benedita, que pretende ser um espelho de memórias de pessoas, de costumes e tradições, escreveu o autor na introdução do livro, onde deixa em aberto a possibilidade para um eventual segundo volume.
Além do enquadramento histórico, o livro Os Sapateiros da Benedita e as suas histórias fala das origens, do dia-a-dia, de figuras e retratos do passado desta arte que percorre toda a obra.

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